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cineasta brasileiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Eduardo de Oliveira Coutinho OMC (São Paulo, 11 de maio de 1933 — Rio de Janeiro, 2 de fevereiro de 2014) foi um cineasta e jornalista brasileiro. É considerado por muitos como o maior documentarista da história do cinema do Brasil.[1][2][3]
Eduardo Coutinho | |
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Nome completo | Eduardo de Oliveira Coutinho |
Nascimento | 11 de maio de 1933 São Paulo, SP |
Nacionalidade | brasileiro |
Morte | 2 de fevereiro de 2014 (80 anos) Rio de Janeiro, RJ |
Ocupação | diretor de cinema, documentarista, jornalista |
Parentesco | Heloísa de Oliveira Coutinho (irmã) |
Cônjuge | Maria das Dores de Oliveira (?—2014) |
Filho(a)(s) | 1 |
Outros prêmios | |
Golfinho de Ouro do Festróia 1985 |
Tinha como marca realizar filmes que privilegiavam as histórias de pessoas comuns.[2][4][5] Sua obra-prima é Cabra Marcado para Morrer, que marcou sua carreira como o principal documentarista do Brasil. Entre outros trabalhos destacados de sua carreira estão os documentários Santo Forte, Edifício Master, Peões, Jogo de Cena e As Canções. O assassinato do cineasta entrou na lista da revista Veja (2014) de crimes que "chocaram" o Brasil.[6]
Paulistano, Eduardo Coutinho nasceu em maio de 1933 e estudou no Colégio São Luís. Aos 19 anos, ele ingressou na Universidade de São Paulo para cursar Direito, mas não concluiu a graduação.[7]
Teve seu primeiro contato com cinema em 1954, em seminário promovido pelo MASP e dirigido por Marcos Marguliès.[carece de fontes] Também naquele ano, começou a trabalhar como revisor e copidesque na revista Visão, função que exerceu até 1957.[7] Dirigiu a peça infantil Pluft, o Fantasminha, escrita por Maria Clara Machado. Após ter conquistado um prêmio em dinheiro ao vencer um concurso de televisão respondendo perguntas sobre Charles Chaplin, Coutinho mudou-se para Paris, ainda em 1957, a fim de estudar direção e montagem no IDHEC, onde realizou seus primeiros documentários.[2]
Regressou ao Brasil em 1960 e ingressou no Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes. No núcleo dirigido por Chico de Assis, trabalhou na montagem da peça Mutirão em Nosso Sol, apresentada no I Congresso dos Trabalhadores Agrícolas que aconteceu em Belo Horizonte em 1962.[8] Ao mesmo tempo, entrou em contato com nomes do Cinema Novo, como Leon Hirszman e Joaquim Pedro de Andrade, e foi o gerente de produção do longa-metragem de episódios Cinco Vezes Favela, primeiro filme produzido pelo CPC e um marco do movimento.[7] Apesar de não ter qualquer afinidade em administrar recursos financeiros, aceitou o convite que lhe proporcionou viajar com o UNE Volante para o Nordeste. Nessa viagem, Coutinho filmou o comício de Elizabeth Teixeira, viúva do líder das Ligas Camponesas João Pedro Teixeira, na cidade de Sapé, e esse material originou o argumento da primeira versão do filme Cabra Marcado para Morrer.[9] O projeto até então seria o mais importante do jovem cineasta, que pretendia fazer o filme de ficção tendo como atores e atrizes os próprios camponeses do Engenho Galileia, no interior de Pernambuco, inclusive a viúva de João Pedro, Elizabeth Teixeira, que interpretaria a si própria.[2][8] O filme chegou a ter duas semanas de filmagens, mas com o Golpe Militar de 1964, parte da equipe foi presa sob a alegação de comunismo e o restante se dispersou, interrompendo a realização do filme por quase duas décadas.[2][7]
Ainda na década de 1960, Coutinho constituiu, com Leon Hirszman e Marcos Faria, a produtora Saga Filmes. Foi roteirista do filme A Falecida (1965) e Garota de Ipanema (1967), ambos de Hirszman, e dirigiu os filmes de ficção O Pacto, episódio do longa-metragem de ABC do Amor (1966), e O Homem que Comprou o Mundo (1968), neste último tendo sido o diretor substituto.[7]
No início da década de 1970, Coutinho retornou ao jornalismo como meio de ganhar a vida e atuou como revisor e crítico de cinema no Jornal do Brasil.[9] Paralelamente, manteve-se no cinema, embora este não fosse seu principal meio de sobrevivência. Dirigiu uma adaptação de Shakespeare para o cangaço brasileiro, em que o personagem Falstaff tornou-se Faustão (1971). Também continuou assinando roteiros de produções nacionais, como dos longas Os Condenados de Zelito Viana (1973), Lição de Amor de Eduardo Escorel (1975) e Dona Flor e Seus Dois Maridos de Bruno Barreto (1976).
Em 1975, Coutinho aceitou um convite para integrar a equipe do programa Globo Repórter, da Rede Globo, atraído tanto pela estabilidade financeira que a televisão oferecia naquele tempo quanto pela oportunidade de trabalhar a linguagem documental com maior liberdade editorial, visto que o país vivia sob censura do governo militar.[9] Com programas rodados em 16 mm, Coutinho acabou desenvolvendo sua vocação de documentarista em filmes para TV, entre outros, como O Pistoleiro da Serra Talhada (1976), Seis Dias em Ouricuri (1976) e Theodorico, o Imperador do Sertão (1978), este último sobre o líder político potiguar Theodorico Bezerra.[8]
Em 1981, Coutinho reencontrou os negativos de Cabra Marcado para Morrer, que haviam sido escondidos da polícia por um membro da equipe, e resolveu retomar o projeto.[8] Ele decidiu, então, mudar a concepção original de filme de ficção para um documentário sobre a interrupção de suas filmagens e sobre a vida real das pessoas que seriam os atores do longa. Graças à estabilidade financeira conseguida com o Globo Repórter, ele pode financiar o filme com seus próprios recursos e, durante três anos, ele aproveitou as viagens a trabalho pela Globo ao Nordeste para localizar os atores da versão de 1964 e gravar entrevistas com os mesmos.[7] Cabra Marcado para Morrer foi finalizado e lançado em 1984 e foi vencedor de 12 prêmios em festivais internacionais, entre os quais, prêmio da crítica internacional do Festival de Berlim e melhor filme no Festival du Réel.[7]
Após o sucesso de Cabra marcado para morrer, Coutinho pediu demissão do Globo Repórter para se dedicar exclusivamente ao cinema.[9] Ao longo dos 15 anos seguintes, o cineasta teve muitas dificuldades para sobreviver apenas de cinema, tendo assim dirigido ou escrito roteiros de vídeos institucionais. Ele dirigiu para o CECIP - Centro de Criação da Imagem Popular (com temas ligados a cidadania e educação) e escreveu roteiros para séries documentais da Rede Manchete (como "90 Anos de Cinema Brasileiro" e "Caminhos da Sobrevivência", este último sobre a poluição em São Paulo). Com as dificuldades de financiamento impostas à produção cinematográfica ao longo daquele período, Coutinho realizou documentários de curta ou média-metragem de pouca repercussão, entre os quais, Santa Marta - Duas Semanas no Morro (1987), Volta Redonda - Memorial da Greve (1989), Boca de Lixo (1993) e Mulheres no Front (1996). Seu único longa-metragem naquele período foi O Fio da Memória (1991). Ele ainda realizou em 1994 Os Romeiros de Padre Cícero, documentário financiado pela TV alemã ZDF Arte e cujo resultado foi considerado ruim pelo próprio Coutinho e o fez acreditar que deveria desistir de fazer documentários autorais e viver apenas da produção de vídeos institucionais encomendados.[9]
Em 1997, Coutinho foi contratado para fazer a pesquisa de "Identidades Brasileiras", uma série de programas da TVE que abordaria dez temas diferentes e envolveria pesquisa e gravações em diversas partes do país. Embora o projeto tenha acabado antes das gravações, o cineasta teve a ideia de fazer um filme sobre religião e pediu ajuda para José Carlos Avellar, então diretor-presidente da RioFilme, para financiar o documentário.[9] Com custo de 300 mil reais e quase dois anos de trabalho e a produção do Centro de Criação da Imagem Popular, Coutinho lançou Santo Forte em 1999.[10]
A partir dali, a carreira de Coutinho renasceu mais uma vez e ele passou a trabalhar com colaboradores regularmente e conseguiu manter uma produção constante de filmes graças à parceria com a produtora VideoFilmes, do também documentarista João Moreira Salles, que desenvolveu fortes laços de amizade com o cineasta paulistano, ajudando-lhe a viabilizar e se envolvendo na elaboração dos seus sete documentários seguintes, realizados entre 2000 e 2011.[9]
Durante estes onze anos, Coutinho foi premiado três vezes no Festival de Gramado pelos filmes Santo Forte e Edifício Master, além de um Kikito de Cristal pelo conjunto da obra, e duas vezes pelo Festival de Brasília pelos filmes Santo Forte e Peões, sem contar o reconhecimento da crítica especializada como o maior documentarista brasileiro em atividade.[9] Em 2013, ao completar 80 anos, Coutinho foi homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.[11]
Em fevereiro de 2014, Coutinho finalizava um documentário no qual entrevistava adolescentes da rede pública de ensino do Rio de Janeiro, quando foi morto a facadas em seu apartamento pelo próprio filho, que sofria de esquizofrenia.[2][12][13] No mesmo ano de seu assassinato, o cineasta foi homenageado na cerimônia do Oscar 2014.[14]
Cronologicamente, sua última aparição em vídeo foi em Sete Visitas, de Douglas Duarte.[15] Seu último trabalho acabou finalizado por João Moreira Salles, ganhou o nome de Últimas Conversas e foi lançado em 2015 no festival É Tudo Verdade.[16]
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