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A Ponte da Crimeia ou Ponte de Kerch[2] (em russo: Крымский мост, Керченский мост tr. Kerchensky most) ou, ainda, Ponte do Estreito de Kerch é um conjunto de duas pontes paralelas construídas pela Federação Russa sobre o estreito de Kerch entre a península de Taman no krai de Krasnodar (Rússia) e a península de Kerch na Crimeia. O complexo das pontes permite o tráfego rodoviário e o ferroviário. Com 18,1 km foi a ponte mais longa da Rússia[3] e da Europa, ultrapassando a Ponte Vasco da Gama, que liga Montijo/Alcochete a Lisboa/Sacavém em Portugal.[4][5][6][3][7]
Ponte da Crimeia | |
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Ponte da Crimeia | |
Design | Ponte atirantada |
Data de abertura | 16 de maio de 2018[1] |
Dimensões | |
Comprimento total | 18,1 km (ponte ferroviária) 16,9 km (ponte viária) |
Altura máxima | 35 m |
Geografia | |
Cruza | Estreito de Kerch |
Localização | Taman, Rússia, Kerch, Crimeia |
Propostas para a construção de uma ponte sobre o estreito de Kerch foram consideradas a partir do início do século XX.[8]
Durante a Segunda Guerra Mundial, a organização alemã Todt construiu um teleférico sobre o estreito. Concluído em junho de 1943, tinha uma capacidade diária de 1 000 toneladas. A construção de uma ponte rodoferroviária começou em abril de 1943, mas antes de ser concluída, as tropas alemãs, em retirada, explodiram as partes já concluídas da ponte e destruíram parcialmente o teleférico.
Em 1944, a União Soviética construiu uma ponte de 4,5 km (2,80 mi) sobre o estreito. Esta ponte, não projetada como permanente, foi marcada por erros de projeto e de construção, sendo destruída pelo fluxo de gelo em fevereiro de 1945.[9] A proposta de repará-la foi rapidamente rejeitada e os remanescentes da ponte destruída foram desmontados, com projetos de uma ponte permanente previstos no seu lugar.
Em 1949, o governo soviético ordenou a construção de uma ponte rodoferroviária de dois andares de 5,969 km (3,71 mi) (duas vias rodoviárias na camada superior e duas vias ferroviárias na camada inferior) e com 40 m de altura, que ia conectar Yeni-Kale com a península de Chushka, mas em 1950 a construção foi interrompida e uma linha de balsa foi criada em seu lugar.[10]
Uma versão diferente de uma ligação fixa, o projeto de obras aquáticas de Kerch ("Керченский гидроузел"), foi desenvolvido desde meados da década de 1960, propondo a construção de um sistema de barragens e pontes através do estreito. O projeto não foi implementado devido à falta de financiamento[11] e ao colapso da União Soviética.[12][13]
A ideia de uma ponte no estreito de Kerch, agora destinada a se tornar uma ligação fixa internacional entre os estados independentes da Rússia e da Ucrânia, sobreviveu à dissolução da União Soviética, mas em 1994 os governos russo e ucraniano não conseguiram finalizar o projeto. O ex-prefeito de Moscovo Yuri Luzhkov era um defensor de uma ponte rodoviária através do estreito, expressando esperança de que isso aproximaria a Crimeia da Rússia, tanto economicamente quanto simbolicamente.[15] Esperanças semelhantes foram expressas pelas autoridades pró-russas na Crimeia, que esperavam que a ponte contribuísse para um "renascimento da rota da Seda" ou para uma rodovia multinacional ao longo da costa do Mar Negro.[11]
A construção da ponte foi reconsiderada pelo Gabinete de Ministros da Ucrânia em 2006, e o então ministro dos Transportes da Ucrânia, Mykola Rudkovsky, afirmou que esperava que a ponte fosse um "líquido positivo para a Crimeia", pois permitiria que "todos os turistas que visitam o Cáucaso russo, também visitem a Crimeia".[16][17] O assunto foi discutido pelos primeiros-ministros de ambos os países em 2008,[18] e uma estratégia de transporte da Rússia, adotada naquele ano, previa a construção da ponte sobre o estreito de Kerch como uma questão de alta prioridade para o desenvolvimento da infraestrutura de transportes do Distrito Federal do Sul no período de 2016 a 2030, com o projeto a ser criado até 2015.[19]
Em 2010, o presidente russo Dmitri Medvedev e o presidente ucraniano Viktor Yanukovych assinaram um acordo para construir uma ponte através do estreito de Kerch,[20] e a Rússia e a Ucrânia assinaram um memorando de entendimento mútuo sobre a construção da ponte em 26 de novembro de 2010.[21] Um estudo de 2011 do governo ucraniano, anunciou uma preferência preliminar em uma rota entre o cabo Fonar e o Cabo Maly Kut. Se esse projeto tivesse sido realizado, teria significado a construção de uma ponte de 10,92 km, com 49 km (30,4 mi) de estradas e 24 km (14,9 mi) de ferrovias adjacentes.[22]
O arquivamento do Acordo de associação entre a Ucrânia e a União Europeia em novembro de 2013 levou a um aumento do interesse na construção de uma ponte entre a Crimeia e a península de Taman na Rússia e um acordo sobre a construção dessa ponte foi assinado como parte do plano de ação russo-ucraniano de 17 de dezembro de 2013. No final de janeiro de 2014, os governos russo e ucraniano decidiram que uma nova empresa conjunta russa-ucraniana seria contratada para lidar com a construção da ponte, enquanto a empresa estatal russa Russian Highways (Avtodor) ia ser responsável pela ponte a longo prazo. Além disso, foi decidido que um grupo de trabalho especial determinaria a localização e definiria os parâmetros técnicos. O Ministério do Desenvolvimento Económico e Comércio da Ucrânia estimou que a construção levaria cinco anos e custaria entre US$ 1,5 e US$ 3 mil milhões. No início de fevereiro de 2014, a Russian Highways (Avtodor) foi instruída pelo primeiro-ministro adjunto da Rússia a trabalhar em um estudo de viabilidade a ser publicado em 2015.[23]
Nos meses seguintes, à medida que as relações se deterioravam, as negociações bilaterais sobre a ponte desabaram,[24] mas a Rússia alegou que esperava que os acordos de dezembro de 2013 fossem honrados e, em 3 de março, o primeiro-ministro Dmitri Medvedev assinou um decreto governamental para criar uma subsidiária da Avtodor para supervisionar o projeto.[25] Um concurso para o levantamento de engenharia do projeto da ponte foi anunciado por essa subsidiária em 18 de março,[26] mas, por essa altura, a premissa do concurso, que ainda se referia a acordos de 2013,[27] já estava desatualizada.
Após a anexação da Crimeia pela Rússia em março de 2014, em meio a uma forte deterioração nas relações russo-ucranianas, o projeto da ponte da Crimeia tornou-se uma parte fundamental dos planos russos de integrar o território recém-anexado à Rússia.[28] Embora a Ucrânia tenha perdido o controle da península, ela ainda foi capaz de isolá-la, fechando ligações vitais de transporte, uma vez que a Rússia, ao contrário da Ucrânia, não tinha ligações terrestres com a Crimeia naquela época[29] e o uso da linha de balsa do estreito de Kerch tinha as suas limitações: o tráfego de balsas era frequentemente interrompido por causa do mau tempo,[30] e muitas vezes havia longas filas de veículos.[3]
Além da necessidade prática, a ponte tinha um propósito simbólico: mostrar a determinação da Rússia em manter a Crimeia[28] e como uma ligação "física" da Crimeia ao território russo.[31] Não mais um projeto bilateral de infraestrutura, o projeto e a construção da ponte da Crimeia a partir desse momento foi conduzido pela Rússia unilateralmente e foi apenas neste momento que a construção de uma ligação permanente através do estreito de Kerch deixou de ser um projeto de longa data e se tornou realidade.[32]
O anúncio de que a Rússia construiria uma ponte rodoviária sobre o estreito foi feito pelo presidente russo Vladimir Putin em 19 de março de 2014,[33][34] apenas um dia depois de a Rússia ter reivindicado oficialmente a Crimeia. Em janeiro de 2015, o contrato para a construção da ponte foi concedido ao Grupo SGM, cujo proprietário Arkady Rotenberg (supostamente um amigo pessoal e próximo de Putin) foi sancionado internacionalmente em resposta ao envolvimento dos militares russos na Ucrânia. A SGM normalmente constrói tubos de conduta e não tinha experiência em construir pontes, de acordo com a BBC News.[35]
Em abril de 2014, o governo ucraniano deu à Rússia seis meses de aviso da sua retirada do extinto acordo bilateral da ponte de Kerch.[36] Desde então, o governo ucraniano condenou ativamente a construção da ponte russa[37] como ilegal[38] porque a Ucrânia, "como um estado costeiro no que diz respeito à Península da Crimeia", não deu o seu consentimento para tal construção,[39] e pediu à Rússia que demolisse "as partes dessa estrutura localizadas dentro do território ucraniano ocupado temporariamente".[40] As sanções foram introduzidas pelos Estados Unidos e pela União Europeia contra as empresas envolvidas na construção,[41][42] e desde dezembro de 2018 a Assembleia Geral das Nações Unidas condenou repetidamente a construção e abertura da ponte como "facilitando a militarização adicional da Crimeia"[43][44] e "restringindo o tamanho dos navios que podem chegar aos portos ucranianos na costa de Azov".[45] A Rússia, por outro lado, afirmou que "não pedirá a permissão de ninguém para construir infraestruturas de transporte para o bem da população das regiões russas".[46]
Em 8 de outubro de 2022, às 3:03 UTC, um segmento da ponte da Crimeia foi destruído por uma grande explosão. Parte da ponte rodoviária colapsou. Diversos vagões com combustível foram incendiados na ponte ferroviária, adjacente.[47]
Em fevereiro de 2023 o vice-ministro russo Marat Jusnullin, confirmou a reabertura total da ponte, 39 dias antes do previsto.
Em 17 de julho de 2023 um ataque à ponte, provocou uma explosão que causou duas vítimas mortais.[48]
The process is also fraught with risks, including the possibility that the Ukrainian government could move to further isolate the geographically remote peninsula by shutting vital transportation lines. There is no overland transportation link between Russia and Crimea, and building a bridge across the shortest waterway, near the Crimean city of Kerch, would take years and cost an estimated $3 billion to $5 billion
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