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Piaçava, piaçaba, piaçá,[1] coqueiro-piaçaba, japeraçaba, pau-piaçaba, piaçabeira, piaçaveira e vai-tudo são os nomes populares de duas espécies (Attalea funifera e Leopoldinia piassaba) de palmeira cujas fibras são usadas na fabricação de vassouras, artesanato e coberturas de cabanas. A Attalea funifera é uma espécie de piaçava endêmica da Mata Atlântica na Bahia,[2] no Brasil e a Leopoldinia piassaba é uma espécie endêmica da região Amazônica. Os nomes "piaçava", "piaçaba" e "piaçá" também designam as vassouras que são fabricadas com essa fibra.[1] Seu nome tem origem etimológica na língua tupi, significando "instrumento de varrer". De peir, varrer, e o sufixo -saba, que, no caso, significa "instrumento de".[3]
Piaçava | |||||||||||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||||||||
Attalea funifera (Mart. ex Spreng. |
Possui um estipe cilíndrico, que parte desde o subsolo até os 15 metros de altura, folhas eretas, verde-escuras. A fibra dura e flexível é extraída das margens dos pecíolos e geralmente utilizada na confecção de vassouras e escovas de excelente qualidade. Suas sementes, por sua vez, fornecem marfim-vegetal.[4]
Essa palmeira fora primeiramente citada na carta de Pero Vaz, em que se registravam os fatos, costumes e espécies encontradas durante o período de descobrimento do Brasil em 1500 sem que tenha sido descrito o seu uso, apenas a sua existência. Durante o período colonial brasileiro as fibras eram procuradas pelos navegadores de diversos locais para fabricar cordas utilizadas como amarra de navios, por serem mais seguras às embarcações.[5]
A piaçava é uma planta pertencente à família Arecaceae, também conhecida pelo nome obsoleto Palmae, cujas plantas pertencentes apresentam flores monocotiledóneas. A família inclui 183 gêneros com cerca de 2600 espécies descritas.[6] A seiva de algumas espécies passam por processos de fermentação para produzir o vinho de palma.
A palavra piaçaba tem origem no tupi-guarani ‘pyá-açaba’ e significa, na linguagem tupi, o traspasse de apertar, a atadura.[7]
A Attalea funifera pode ser facilmente encontrada ao longo da faixa litorânea brasileira, normalmente em áreas de restinga, onde existe em abundância. Essa espécie de piaçava cresce adequadamente em terrenos sedimentares e arenosos. Podem ocorrer também em solos com baixa concentração de argila, desde que sejam permeáveis. Não ocorrem em solos argilosos ou alagados. Vegeta espontaneamente nas áreas de transição entre a faixa costeira e as áreas de solo mais compacto, vegetando melhor nos solos arenosos, leves e profundos. Uma das características importantes é de ser uma planta bem adaptada a solos de baixa fertilidade natural, considerados impróprios para outras culturas.[8] A Attalea funifera desenvolve-se abundantemente na restinga do sul da Bahia e norte do Espírito Santo, mas principalmente nos distritos de Santa Cruz, Belmonte e Porto Seguro, na Bahia, onde as palmeiras formam verdadeiras florestas.[9] Já a Leopoldinia piassaba é uma espécie de piaçaba endêmica da bacia do Rio Negro.[10]
As plantas estão distribuídas desordenadamente podendo estar em diferentes estágios de desenvolvimento vegetativo, competindo com outras espécies. Quando plantadas de seguindo critérios e racionais, começa a produzir a partir do décimo quarto semestre.[5]
A necessidade de pouco recurso financeiro para cultivar torna a piaçava uma opção agrícola atraente, visto que apresentam pequenos riscos de prejuízos mas altos rendimentos aos produtores.[2] Quando plantadas seguindo todos os critérios necessários, as palmeiras começam a produzir a partir do sétimo ano.
A piaçava possui diferentes denominações que variam de acordo com a sua idade. Até os três anos, é chamada de Patioba; quando está entre os 3 aos 12 anos é chamada de bananeira, quando começa a produzir a fibra de piaçava e já apresenta frutos; dos 12 aos 15 anos é chamada de coqueiro jovem, é mais alta e mais difícil de cortar a piaçava, está no auge de produção; a partir dos 15 anos é conhecida como coqueiro velho, período em que a produção começa a cair mas continua por mais de 50 anos[11]
As piaçavas menores apresentam uma fibra de coloração vermelha, enquanto as mais velhas apresentam coloração mais escura.[11]
Geralmente, as piaçavas são colhidas na propriedade de fazendeiros através do sistema de meia, onde o fazendeiro contrata cortadores e fica com metade da piaçava coletada ou do valor obtido com a venda, pagando a outra metade ao cortador.[11]
Existem algumas dificuldades no extrativismo da Piaçava, dentre as principais podemos citar:
- Riscos ao funcionário cortador de se cortar com o instrumento utilizado para realizar o corte ou até mesmo com a própria piaçava;
- Perigo de ser picado por animais peçonhentos;
- Os coletores geralmente são mal remunerados visto que muitos deles trabalham como autônomos;
- O corte, muitas vezes, não é supervisionado, consequentemente os cortadores acabam entrando em áreas não autorizadas para a colheita e, nesses casos, para obter mais fibra de uma só vez, muitos cortadores cortam mais do que o necessário, prejudicando a sua recuperação, ou mesmo matando a árvore.
A Piaçava da Bahia, por exemplo, é uma grande contribuidora para a sustentabilidade econômica de comunidades que a utilizam como matéria-prima para a confecção de artesanatos. Nos últimos anos, esses produtos passaram a ser comercializados por empresas particulares e instituições públicas, trazendo para a comunidade uma perspectiva maior de inclusão social.
A importância econômica da piaçaveira está justamente na extração e industrialização de suas fibras, destacando-se a utilização das mesmas para a fabricação de vassouras e escovões, por exemplo.[5] Durante vários séculos, a utilização das fibras se restringia exclusivamente para amarras (cordas reforçadas) para navios pela sua flexibilidade e alta resistência à salinidade.[8]
O produto principal da piaçaveira é a fibra, no entanto, existem os subprodutos. São eles a borra, palha, coquilho e sementes. As sementes podem ser usadas na indústria de cosméticos, tendo como matéria-prima o fino óleo extraído da amêndoa. Os frutos, além do aproveitamento para formação de mudas destinadas às ações de recuperação de áreas degradadas e para ampliação de áreas cultivadas, despontam como uma grande alternativa na utilização como carvão vegetal (incluindo os frutos velhos e os estragados) para indústrias e siderúrgicas e carvão ativado para velas de filtros de água.[8] A piaçaveira oferece, além da fibra, uma grande quantidade de frutos. A polpa pode ser empregada para fazer farinha, por exemplo, enquanto o caroço, carvão de qualidade.[12]
A fibra também é utilizada em escovões dos carros de limpezas de ruas. Países estrangeiros importam a piaçava para fazer equipamentos de varredura. Os Estados Unidos e a Rússia, por exemplo, usam a piaçava em equipamentos para varrer a neve.[5] Além destes, a fibra de piaçava extraída da Leopoldinia piassaba, conhecida como piaçava do Pará, é utilizada para escovas, vassouras, chapéus e cestos.[10]
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