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Período da história japonesa de 1912 a 1926, sob o reinado do imperador Taishō Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O período Taishō (
Com o desenvolvimento da industrialização nos principais países ocidentais, deu-se a competição pela busca de matérias-primas e a conquista de mercados internacionais, para a colocação de seus produtos.
Naquela ocasião, destacou-se a Alemanha que, embora tivesse alcançado o seu desenvolvimento industrial após as outras nações poderosas, avançou também na conquista de mercados, cujo dinamismo logo veio causar conflitos com a Inglaterra e a Rússia. Estas duas potências, perante aquela situação, procuraram firmar um contrato de comércio com a França e fazer frente à Alemanha.
Também esta não perdeu tempo e se aliou com a Áustria e a Itália para resistir à pressão dos adversários. A rivalidade entre aqueles países veio motivar conflitos dos Bálcãs e, em 1914, explodiu a Primeira Guerra Mundial. Como o Japão tinha, à época, um contrato assinado com a Inglaterra, também foi obrigado a participar da guerra contra os germânicos e seus aliados, conquistando as concessões orientais da Alemanha.
O Japão, que vinha havia muitos anos criando choques com a China, acabou por fim, durante a Primeira Grande Guerra, impondo algumas condições ao seu vizinho para explorá-lo.[carece de fontes]
Em 30 de julho de 1912, o Imperador Meiji morreu e o Príncipe Coroado Yoshihito tornou-se o novo Imperador do Japão e sucedeu o trono, iniciando o período Taisho.[1] O fim do período Meiji foi marcado grandes investimentos públicos e programas de defesa, crédito perto da exaustão e escassez de reservas para pagar as dívidas.
A influência da cultura ocidental experimentada no período Meiji continuou. Kobayashi Kiyochika adotou estilos de pinturas ocidentais enquanto continuava seu trabalho no ukiyo-e.[2] Okakura Kakuzo manteve interesse na tradicional pintura japonesa.[3] Mori Ogai e Natsume Soseki estudaram no Ocidente e introduziram um modo de ver a vida humana mais moderno.
Os eventos decorrentes da Restauração Meiji em 1868 causaram não só o cumprimento de muitos objetivos econômicos e políticos, domésticos e estrangeiros, - sem o Japão sofrer o destino colonial dos outros países asiáticos – mas também uma efervescência intelectual, em uma época em que havia um interesse mundial no socialismo e um proletariado urbano se desenvolvendo. O movimento esquerdista que estava em formação tinha como principais ideias o Sufrágio universal masculino, o bem estar social, os direitos trabalhistas e os protestos contra a violência. Entretanto, a opressão do governo às atividades esquerdistas levou a uma ação ainda mais radical dos esquerdistas e ainda mais opressão, resultando na dissolução do Partido Socialista Japonês (日本社会党 Nihon Shakaitō?) apenas um ano depois da sua fundação, em 1906, e na derrota do movimento socialista.[4]
O começo do período Taisho foi marcado pela crise política Taisho de 1912 a 1913, que interrompeu as anteriores políticas de compromisso. Quando Saionji Kinmochi tentou cortar o orçamento militar, o ministro do exército renunciou, derrubando o gabinete Rijjen Seiyukai. Tanto Yamagata Aritomo como Saionji se recusaram a assumir o cargo, e o genrō não conseguia encontrar uma solução. A indignação pública sobre a manipulação militar do gabinete e a convocação de Katsura Taro para um terceiro mandato levaram a mais exigências pelo fim da política do genrō. Apesar da oposição da velha guarda, as forças conservadoras formaram um partido próprio em 1913, o Rikken Doshikai, um partido que ganhou a maioria da Casa sobre o Seiyukai, no final de 1914.[5]
Em 12 de fevereiro de 1913, Yamamoto Gonnohyoe sucedeu Katsura como primeiro ministro.[6] Em abril de 1914, Okuma Shigenobu substituiu Yamamoto.[7]
Aproveitando-se da oportunidade da distração do Império Alemão com a guerra européia (que depois se tornaria a Primeira Guerra Mundial) e esperando expandir sua esfera de influência na China, o Japão declarou guerra à Alemanha em 23 de agosto de 1914 e rapidamente ocupou territórios coloniais alemães na província de Shandong, na China, e nas Ilhas Marianas, Ilhas Carolinas e Ilhas Marshall no Oceano Pacífico.[8] Em 7 de novembro, Jiaozhou foi ocupada pelo Japão.[9]
Com os seus aliados ocidentais intensamente envolvidos na Guerra na Europa, o Japão buscou consolidar ainda mais sua posição na China apresentando as Vinte e Uma Exigências (対華二十一ヶ条要求?) à China em janeiro de 1915.[10] Além de aumentar o seu controle sobre os domínios alemães, a Manchúria e a Mongólia Interior, o Japão também buscou anexar um grande complexo mineiro e metalúrgico na China central, proibir a China de ceder ou emprestar qualquer região costeira para uma terceira potência, além de outros assuntos exceto o controle político, econômico e militar, que, se alcançado, reduziria a China a um protetorado japonês. Diante das lentas negociações com o governo chinês, sentimento antinipônico generalizado na China e condenações internacionais forçaram o Japão a abandonar o grupo final de demandas e os tratados foram assinados em maio de 1915.[11]
A hegemonia japonesa no norte da China e em outras regiões da Ásia foi facilitada através de outros acordos internacionais. Um deles, assinado com a Rússia em 1916, ajudou a assegurar a influência do Japão na Manchúria e na Mongólia Interior,[12] e acordos com a França, Reino Unido e os Estados Unidos, em 1917,[13] reconheceram os ganhos territoriais japoneses na China e no Pacífico. Os Empréstimos de Nishihara (nome que veio de Nishihara Kamezo, representante de Tóquio em Pequim) de 1917 e 1918, apesar de ajudarem o governo chinês, tornaram a dívida chinesa com o Japão ainda maior. Perto do fim da guerra, o Japão cada vez mais recebia pedidos de materiais de guerra dos aliados europeus, ajudando a diversificar a indústria do país, aumentar suas exportações e transformar o Japão de um país devedor para um país credor pela primeira vez.
O poder do Japão na Ásia cresceu com a derrubada do regime czarista na Rússia e os distúrbios da Revolução Bolchevique de 1917, na Sibéria. Almejando aproveitar a oportunidade, o exército japonês planejou ocupar a Sibéria a oeste até o Lago Baikal. Para isso, o Japão teve de negociar um acordo com a China permitindo o trânsito de tropas japonesas pelo território chinês. Embora a força tenha sido reduzida para evitar animosidades com os Estados Unidos, mais de 70 mil soldados japoneses se juntaram às unidades muito menores das Forças Expedicionárias Aliadas enviada à Sibéria em 1918.
A Primeira Guerra Mundial permitiu ao Japão, que lutou do lado vitorioso dos Aliados, expandir sua influência na Ásia e em outros territórios no Pacífico. Agindo virtualmente independente do governo civil, a Marinha Imperial Japonesa tomou as colônias alemãs na Micronésia.[14]
Em 9 de outubro de 1916, Terauchi Masatake assumiu como Primeiro Ministro no lugar de Okuma Shigenobu.[15] Em 2 de novembro de 1917, o Acordo Lansing-Ishii reconheceu os interesses japoneses na China e prometeu manter uma "política de portas abertas" (門戸開放政策?).[16] Em julho de 1918, a Expedição na Sibéria foi iniciada com o envio de 75 mil soldados japoneses.[17] Em agosto de 1918, revoltas do arroz surgiram em vilas e cidades em todo o Japão.
O período pós-guerra trouxe ao Japão uma inédita prosperidade. O Japão foi para a conferência em Versalhes, em 1919, como uma das grandes potências militares e industriais do mundo e recebeu o reconhecimento oficial como uma das "Grandes Cinco" da nova ordem internacional.[18] Tokyo garantiu um assento permanente no Conselho da Liga das Nações e o tratado de paz confirmou a transferência para o Japão dos direitos alemães sobre Shandong,[19] uma medida que levou a revoltas anti-Japão e um movimento político de massa na China. Semelhantemente, as antigas ilhas alemãs no Pacífico foram passadas para o domínio japonês. O Japão também se envolveu na intervenção pós-guerra dos Aliados na Rússia e foi a última potência aliada a sair (em 1925). Apesar de seu pequeno papel na Primeira Guerra Mundial (e da rejeição pelas potências ocidentais da inclusão de uma cláusula de igualdade racial no tratado de paz), o Japão emergiu como um grande protagonista no cenário político internacional no fim da guerra.[20]
O sistema politico bipartidário que havia sendo desenvolvido no Japão desde a virada do século finalmente amadureceu depois da Primeira Guerra Mundial, originando o apelido ao período, "Democracia Taisho". Em 1918, Hara Takashi,[21] um protegido de Saionji e uma pessoa de muito influência nos gabines Seiyukai do pré-guerra, tornou-se o primeiro cidadão comum a servir como Primeiro Ministro.[22] Ele aproveitou-se de seus relacionamentos de longo prazo no governo, ganhou o apoio do genro sobrevivente e da Câmara dos Iguais e trouxe ao seu gabinete como Ministro do Exército Tanaka Giichi,[23] que tinha mais apreço às relações civil-militares amistosas do que seus antecessores. No entanto, Hara enfrentou grandes problemas: inflação, a necessidade de ajustar a economia japonesa para o cenário do pós-guerra, o influxo de idéias estrangeiras e um movimento trabalhista em formação. Soluções do pré-guerra foram aplicada pelo gabinete a esses problemas do pós-guerra e pouco foi feito para reformar o governo. Hara trabalhou a fim de assegurar uma maioria do Seiyukai através de métodos tradicionais, tais como novas leis eleitorais e redistribuição eleitoral, embarcando em programas de grandes obras públicas bancadas pelo governo.
O público ficou desiludido com a crescente dívida nacional e as novas leis eleitorais, que mantiveram as antigas qualificações de renda mínima para votar.[24] O povo clamava pelo sufrágio universal e a substituição do antigo sistema partidário. Estudantes, professores universitários e jornalistas, apoiados pelos sindicatos trabalhistas e inspirados por uma variedade de escolas de pensamento do Ocidente, como a democrática, a socialista, a comunista e a anarquista, fizeram grandes, mas ordenadas, demonstrações públicas a favor do sufrágio universal masculino em 1919 e 1920. As novas eleições trouxeram novamente uma maioria Seiyukai, mas apenas isso. No meio político, havia uma proliferação de novos partidos, incluindo os partidos socialista e comunista.
No meio dessa agitação política, Hara foi assassinado por um trabalhador ferroviário desiludido em 1921.[25] Hara foi seguido por uma sucessão de Primeiros Ministros sem partido e gabinetes de coalizões. O medo de um eleitorado mais amplo, do poder da esquerda e da crescente demanda por mudanças sociais trazida pelo influxo de cultura popular ocidental levou à aprovação das Leis de Preservação da Paz, em 1925,[26] que proibiu qualquer mudança na estrutura política e a abolição da propriedade privada.
Coalizões instáveis e falta de consenso na Dieta levaram à fusão do Kenseikai ( 憲政会 Associação Governamental Constitucional?) e do Seiyu Honto (政友本党 Verdadeiro Seiyukai?), originando o Rikken Minseitō (立憲民政党 Partido Democrático Constitucional?), em 1927.[27] A plataforma do Rikken Minseito estava comprometida com o sistema parlamentar, políticas democráticas e a paz no mundo. A partir daí, até 1932, o Seiyukai e o Rikken Minseito se alternaram no poder.
Apesar dos realinhamentos políticos e da esperança de um governo mais organizado, a crise econômica doméstica atormentou todos os políticos que estiveram no poder. Programas de austeridade fiscal e apelos pelo apoio público a políticas conservadoras do governo como as Leis de Preservação da Paz – incluindo as mensagens de obrigação moral de fazer sacrifícios para o imperador e o estado – foram tentadas como soluções. Embora a depressão mundial do final da década de 1920 e começo dos anos 1930 tivesse efeitos mínimos sobre o Japão – na verdade, as exportações japonesas cresceram substancialmente durante esse período[28] – havia um senso de descontentamento crescente que aumentou com o ataque ao Primeiro Ministro do Rikken Minseito, Osachi Hamaguchi, em 1930.[29] Apesar de Hamaguchi ter sobrevivido à agressão e ter continuado trabalhando mesmo com a gravidade de seus ferimentos, ele foi forçado a renunciar no ano seguinte e morreu pouco tempo depois.
A vitória dos bolcheviques na Rússia, em 1917,[30] e suas esperanças por uma revolução mundial levaram ao estabelecimento do Comintern.[31] O Comintern percebeu a importância do Japão em ter sucesso em sua revolução no leste asiático, e, por isso, trabalhou ativamente para formar o Partido Comunista Japonês, que foi fundado em julho de 1922.[32] As metas anunciadas pelo partido em 1923 foram o fim do feudalismo, abolição da monarquia, reconhecimento da União Soviética e a retirada das tropas japonesas da Sibéria, Sacalina, China, Coreia e Taiwan. Uma forte repressão ao partido se seguiu. Os radicais responderam com uma tentativa de assassinato do Príncipe Regente Hirohito.[33] As Leis de Preservação da Paz de 1925 foram uma resposta direta para a "filosofia perigosa" perpetrado por elementos comunistas no Japão.
A liberalização das leis eleitorais com a Lei de Eleições Gerais, em 1925, beneficiou candidatos comunistas, muito embora o Partido Comunista Japonês tenha sido banido.[34] Uma nova Lei de Preservação da Paz, em 1928, entretanto, impediu ainda mais os esforços comunistas ao banir os partidos nos quais eles tinham infiltrado. O aparato policial da época era onipresente e muito completo, a fim de tentar controlar o movimento socialista. Em 1926, o Partido Comunista Japonês foi forçado a agir na clandestinidade;[35] no verão de 1929, as lideranças do partido foram virtualmente destruídas, e, em 1933, o partido foi completamente desintegrado.
O Pan-asianismo era característico da direita política e do militarismo conservador desde a formulação da Restauração Meiji, contribuindo em grande medida para as políticas pró-guerra da década de 1870. Antigos samurais desapontados estabeleceram sociedades pan-asiáticas e organizações de coleta de informações, como a Genyosha (玄洋社, fundada em 1881) e sua ramificação, o Koryukai (黒竜会 Sociedade do Dragão Negro ou Sociedade do Rio Amur, fundado em 1901). Esses grupos tornaram-se ativos na política doméstica e estrangeira, ajudaram a fomentar sentimentos pró-guerra e apoiaram causas pan-asiáticas até o final da Segunda Guerra Mundial.
A ascensão do nacionalismo chinês, a vitória do comunismo na Rússia e a crescente presença dos Estados Unidos no leste asiático trabalharam contra os interesses da política externa do Japão do pós-guerra. Os quatro anos gastos na Intervenção na Sibéria e as atividades na China, combinados com grandes programas de gastos domésticos, esgotaram os ganhos de guerra do Japão. Apenas através de práticas de negócios mais competitivas apoiadas por mais desenvolvimento econômico e modernização industrial, acompanhado pelo crescimento dos zaibatsu, poderia trazer a esperança de o Japão se tornar dominante na Ásia. Os Estados Unidos, por muito tempo uma fonte de muitos produtos importados e empréstimos necessários para o desenvolvimento, estava se tornando um grande obstáculo para esse objetivo devido a suas políticas de contenção do imperialismo japonês.
A Conferência de Washington de 1921-1922, que produziu uma série de acordos que resultaram em uma nova ordem na região do Pacífico, foi um ponto decisivo na virada da diplomacia militar do período.[36] Os problemas econômicos do Japão tornaram o desenvolvimento de sua marinha quase impossível e, percebendo a necessidade de competir com os Estados Unidos em uma base econômica ao invés de militar, a reaproximação tornou-se inevitável. O Japão adotou uma atitude mais neutra em relação à guerra civil na China, despendeu esforços para expandir sua hegemonia na China e se juntou aos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, incentivando o autodesenvolvimento chinês.
No Tratado das Quatro Potências assinado em 13 de dezembro de 1921,[37] Japão, Estados Unidos, Grã-Bretanha e França concordaram em reconhecer o status quo no Pacífico, enquanto o Japão e a Grã-Bretanha concordaram em terminar formalmente o seu Tratado de Aliança.[38] O Tratado de Desarmamento Naval das Cinco Potências assinado em 6 de fevereiro de 1922[39] estabeleceu um proporção internacional na frota marítima dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Japão, França e Itália (5, 5, 3, 1,75 e 1,75, respectivamente[40]) e limitou o tamanho e armamento dos navios de guerra construídos ou em construção. Em uma medida que deu à Marinha Imperial Japonesa maior liberdade no Pacífico, Washington e Londres concordaram em não construir nenhuma base militar entre Singapura e Havaí.
O objetivo do Tratado das Nove Potências, assinado em 6 de fevereiro de 1922,[41] por Bélgica, China, a Holanda e Portugal, além das cinco potências originais,[42] era de evitar a guerra no Pacífico. Os países signatários concordaram em respeitar a independência e a integridade da China, não interferir no esforço chinês em estabelecer um governo estável, não buscar privilégios especiais da China nem ameaçar a posição dos outros países com ela, apoiar uma política de oportunidades iguais para o comércio e a indústria de todas as nações na China e reexaminar as políticas de extraterritorialidade e autonomia tarifária. O Japão também concordou em retirar suas tropas de Shandong,[43] não tendo qualquer intenção a não ser a puramente econômica e ordenar o retorno de suas tropas na Sibéria.
No geral, durante a década de 1920, o Japão passou a contar com um sistema de governo democrático. Entretanto, o governo parlamentarista não estava enraizado profundamente o suficiente para suportar as pressões econômicas e políticas dos anos 1930, durante o qual os líderes militares tornaram-se cada vez mais influentes. Estas mudanças no poder foram possíveis devido à ambigüidade e imprecisão da constituição Meiji, principalmente com relação à posição do Imperador na constituição.[44]
Coincidentemente, a numeração dos anos do período Taisho é a mesma do Calendário Juche, da Coreia do Norte, e do calendário Minguo, da República da China (Taiwan).[45]
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