O peristômio encontra-se na região anterior dos anelídeos, sendo identificado como o segundo “anel” no corpo desses animais.[1] O peristômio é diretamente posterior ao prostômio, e anterior aos metâmeros verdadeiros dos anelídeos. Nos indivíduos com desenvolvimento indireto, o peristômio é derivado da porção da hiposfera da larva trocófora que se encontra em posição anterior ao telotróquio.[2]

Poliqueta da espécie Lysidice oele (família Eunicidae), encontrado na Indonésia. a=lobo do lábio superior; b=prostômio; c=peristômio; d=olho; e=palpo; f=parapódio com cerdas. Em literatura mais antiga, com classificação defasada, "a" era palpo e "e" era antena.

Os anelídeos possuem uma boca ventral, e essa, geralmente, pode ser encontrada entre o prostômio e o peristômio, ou apenas no peristômio. Dorsalmente, também entre prostômio e peristômio, podem ser encontrados um par de órgãos nucais com função sensorial, que podem apresentar-se em longas projeções, ou como um robusto lobo carnoso.[1][3]

O peristômio pode apresentar um único par de cirros; os chamados cirros peristomiais. Devido a possíveis fusões entre o peristômio e os metâmeros seguintes a ele, é possível identificar uma série de parapódios atrofiados, dos quais os únicos remanescentes são os cirros dorsais, que, então, são chamados de cirros peristomiais (ou tentaculares). O número de cirros tentaculares varia entre famílias, mas costuma apresentar-se constante dentro das mesmas, com frequentes exceções. Nota-se que a fusão do peristômio aos seguintes segmentos é comum, e costuma estar presente mesmo na ausência de cirros tentaculares.[4]

Entre o peristômio e o pigídio, pode ser identificada uma série de número variável de metâmeros verdadeiros. Esses metâmeros verdadeiros são derivados da zona de crescimento presente na porção posterior do corpo desses animais, que corresponde À zona de crescimento da trocófora.[1] Por não ser uma estrutura derivada da zona de crescimento, o peristômio não é considerado um metâmero (ou segmento) verdadeiro. Pela definição, apenas crescimentos com câmara celômica derivados da zona de crescimento podem ser classificados como metâmeros verdadeiros. Esse é o mesmo caso para o prostômio e o pigídio, que se originam, respectivamente, de porções diferentes da região da larva trocófora chamadas episfera e hiposfera.[2]

Referências

  1. Nogueira, João M. de M. (2011). Tese de Livre-Docência. «Taxonomia e Morfologia de Annelida Polychaeta, com ênfase em Sabellidae, Serpulidae, Syllidae e Terebellidae»
  2. BLEIDORN, Christoph; HELM, Conrad; WEIGERT, Anne; AGUADO, Maria T. (2015). «Capítulo 9 Annelida». Evolutionary Developmental Biology of Invertebrates 2: Lophotrochozoa (Spiralia). Viena, Áustria: Springer-Verlag
  3. Purschke, Günter (1997). «Ultrastructure of Nuchal Organs in Polychaetes (Annelida) — New Results and Review». Acta Zoologica
  4. FAUCHALD, Kristian (1977). The Polychaete Worms Definitions and Keys to the Orders, Families and Genera. Los Angeles, EUA: Natural History Museum of Los Angeles County

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