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Paulo, o Diácono (em latim: Paulus Diaconus; c. 720 – 13 de abril de 799 (79 anos)), também conhecido como Varnefredo e Cassinensis ("de Monte Cassino"), foi um monge beneditino e historiador dos lombardos.
Paulo, o Diácono | |
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Paulo, o Diácono, em manuscrito medieval | |
Nascimento | c. 720 |
Morte | 13 de abril de 799 (79 anos) Monte Cassino, Ducado de Benevento |
Um ancestral seu chamado Leupiquis chegou à península Itálica juntamente com o grupo liderado por Alboíno (em 568), e recebeu terras nas proximidades de Fórum de Júlio (Forum Julii; atual Cividale del Friuli). Durante uma invasão os ávaros raptaram os cinco filhos de Leupiquis, levando-os até a Panônia, porém um, com o mesmo nome, logrou retornar à Itália e restaurar as fortunas de sua dinastia. O neto do Leupiquis mais novo foi Varnefrido,[1] que casou-se com Teodelinda e se tornou pai de Paulo.
Nascido em torno de 720 d.C. em Cividale no Friul,[1] desta família nobre lombarda, Paulo recebeu sua educação provavelmente na corte do rei lombardo Raquis, em Pávia, onde foi instruído por um professor chamado Flaviano[1] nos rudimentos do grego. É provável que tenha sido secretário do rei Desidério, sucessor de Raquis; sabe-se com certeza que a filha do rei, Adelperga, foi sua pupila. Depois do casamento de Adelperga com Ariquis II, duque de Benevento, Paulo escreveu, a pedido dela, a continuação da obra de Eutrópio.
Sabe-se que, além de ter vivido na corte lombarda em Benevento, a partir de 758 d.C., refugiou-se lá quando Pavia foi tomada por Carlos Magno, em 774 d.C.. Pouco tempo depois entrou para o mosteiro beneditino de Montecassino.[2]
Por volta de 776, seu irmão havia sido levado como prisioneiro para a Frância, e cinco anos mais tarde, quando o rei franco visitou Roma, Paulo conseguiu escrever-lhe, pedindo, com sucesso, que intercedesse em favor de seu irmão.
Passou um tempo na corte de Carlos Magno, provavelmente entre 782 e 786[3] e Paulo tornou-se um fator importante no renascimento carolíngio.
Em 787, retornou à Itália e a Montecassino, onde morreu em 799.[3] Seu sobrenome em latim, Diaconus, mostra que recebeu suas ordens como diácono, e acredita-se que tenha sido um monge antes da queda do Reino Lombardo.
A principal obra de Paulo é a sua Historia gentis Langobardorum ("História dos Lombardos"). Esta história incompleta, em seis livros, foi escrita depois de 787, e até no máximo 795/796, provavelmente em Montecassino. O texto aborda a história dos lombardos desde 568 até a morte do rei Liuprando, em 744[3], e contém muitas informações a respeito do Império Bizantino, dos francos, e de outros povos do período. A história é narrada do ponto de vista de um lombardo, e tem um valor especial por suas informações acerca das relações entre os francos e os lombardos.
Entre os documentos usados por Paulo como fontes estão o Origo Gentis Langobardorum ("Origem dos Povos Lombardos"), o Liber Pontificalis ("Livro Pontifício"), a história perdida de Segundo Concílio de Trento, e os anais perdidos de Benevento; também utilizou com liberalidade as obras de Bede, Gregório de Tours e Isidoro de Sevilha.
Cognato desta obra é sua Historia Romana, uma continuação do Breviarium historiae Romanae de Eutrópio, compilada entre 766 e 771 em Benevento. Paulo teria aconselhado a princesa Adelperga a ler Eutrópio. Ela o teria feito, porém queixou-se de que este escritor pagão nada dizia sobre os assuntos eclesiásticos, e interrompia seu relato com a ascensão do imperador Valente, em 364. Paulo, consequentemente, entrelaçou relatos das Escrituras, dos historiadores eclesiásticos e de outras fontes junto com os relatos de Eutrópio, acrescentando mais seis livros e trazendo a história até 553. A obra tem grande valor pela sua apresentação histórica antiga do fim do Império Romano do Ocidente, embora tenha sido muito popular durante a Idade Média. Foi editada por H Droysen e publicada no Monumenta Germaniae Historica. Auctores antiquissimi, volume ii. (1879), bem como por A. Crivellucci em Fonti per la storia d' Italia, n. 51 (1914).
Paulo escreveu, a pedido de Angilram, bispo de Metz (d. 791), uma história dos bispos de Metz até 766, a primeira obra do gênero a norte dos Alpes. Esta Gesta episcoporum Mettensium foi publicada no volume ii. do Monumenta Germaniae historica Scriptores, e foi traduzido para o alemão (Leipzig, 1880). Paulo também escreveu diversas cartas, versos e epitáfios, incluindo os do duque/príncipe Ariquis II de Benevento, e de muitos membros da família carolíngia. Algumas das cartas foram publicadas com a Historia Langobardorum no Monumenta; os poemas e epitáfios editados por Ernst Dümmler podem ser encontrados na Poetae latini aevi carolini, volume i. (Berlim, 188f). Mais recentemente algum material inédito seu voltou a aparecer; uma nova edição de seus poemas (Die Gedichte des Paulus Diaconus) foi editada por Karl Neff (Munique, 1908), que negou, no entanto, a Paulo o crédito do mais famoso poema da coletânea, o Ut queant laxis, um hino a São João de onde Guido d'Arezzo retirou as sílabas iniciais dos primeiros versos para dar o nome das primeiras notas da escala musical. Paulo também escreveu uma epítome, que sobreviveu, de Sexto Pompeu Festo, De significatu verborum, dedicada a Carlos Magno.
Ainda em sua estada na Frância, Paulo recebeu um pedido do próprio Carlos Magno para compilar uma coletânea de homílias, que ele fez depois de seu retorno a Montecassino, e que foi usada com frequência nas igrejas frâncicas. Uma vida do papa Gregório, o Grande também lhe foi atribuída, bem como uma tradução para o latim do original grego da Vida de Santa Maria Egipcíaca.
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