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Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A Parábola do Mordomo Infiel (também chamada de Parábola do Mordomo Injusto ou Parábola do Administrador Infiel[1]) é uma parábola de Jesus que aparece em apenas um dos evangelhos canônicos. De acordo com Lucas 16:1–13, um mordomo que está prestes a ser demitido grangeia favor com devedores do seu senhor, perdoando algumas de suas dívidas.
“ | «Disse Jesus também aos discípulos: Havia um homem rico, que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como esbanjador dos seus bens. Chamou-o e perguntou-lhe: Que é isto que ouço dizer de ti? Dá conta da tua administração; pois já não podes mais ser meu administrador. Disse o administrador consigo: Que hei de fazer, já que o meu amo me tira a administração? Não tenho forças para cavar, de mendigar tenho vergonha. Eu sei o que hei de fazer para que, quando for despedido do meu emprego, me recebam em suas casas. Tendo chamado cada um dos devedores do seu amo, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu amo? Respondeu ele: Cem cados de azeite. Disse-lhe, então: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve cinqüenta. Depois perguntou a outro: E tu quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de trigo. Disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta. O amo louvou ao administrador iníquo por haver procedido sabiamente; porque os filhos deste mundo são mais sábios para com a sua geração do que os filhos da luz. Eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da iniquidade, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco, também é injusto no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará as verdadeiras? Se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é nosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer a um e amar ao outro, ou há de unir-se a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e as riquezas.» (Lucas 16:1–13) | ” |
A parábola tem causado desentendimento, uma vez que Jesus parece estar elogiando o comportamento desonesto.[2] Esta questão é abordada, por vezes, ao sugerindo-se que o gerente estaria abrindo mão de uma comissão devida a ele, como é sustentado por J. Duncam[3][4] e pela Bíblia de Jerusalém[5]. Porém, essa explicação "não é plausível", segundo Joel B. Green[6]. No entanto, embora o comandante tenha "uma certa admiração" na esperteza[7] do mordomo, Jesus chama o gerente de "desonesto".[6] Contudo, poucos comentaristas bíblicos se utilizam destes artifícios, pois o "mestre" é geralmente uma metáfora para Deus e ficaria sim uma impressão de que, na parábola, a conduta do mordomo contaria com a aprovação divina (do "mestre").
O gerente da parábola é, provavelmente, um escravo ou liberto atuando como agente de seu mestre em assuntos de negócios.[6] Como representante de seu mestre, os acordos que assina com os devedores são, portanto, obrigatórios.[6]
A parábola compartilha o tema com outras passagens onde "Jesus aconselha a alienação de bens (e da hospitalidade) em nome dos pobres com o entendimento de que, ainda que as riquezas desapareçam, o tesouro eterno terá sido garantido".[6] Quando a morte chega, "o poder que temos de fazer o bem com o nosso dinheiro desaparece, por isso devemos fazer o bem com ele quando vivos"[7] para que os amigos que fizemos na terra estejam esperando por nós no céu.[7] Esta interpretação foi também defendida por escritores da igreja primitiva, como Astério de Amasia:
“ | Quando, portanto, qualquer um antecipando o seu fim e sua remoção para outro mundo, diminui a carga de seus pecados através de boas ações, seja cancelando as obrigações de devedores ou doando aos pobres com abundância, dando o que pertence ao Senhor, ele ganha muitos amigos, que irão atestar a sua bondade perante o Juiz e assegurar-lhe, pelo seu testemunho, um lugar de felicidade | ” |
— Astério de Amasia, Sermão 2: O Mordomo Infiel[8]. |
O reformador inglês William Tyndale teve o cuidado de enfatizar a consistência dessa parábola com a doutrina da justificação pela fé, escrevendo um livro sobre a parábola chamado "A Parábola do Mordomo Infiel" (1528)[9] com base numa exposição de Martinho Lutero[10]. Tyndale viu "boas obras" como o resultado da fé[9] e também apontou que o mordomo não foi elogiado por Jesus por sua conduta, mas foi apenas utilizado como um exemplo de sabedoria e diligência, de modo que "nós, com justiça, devamos ser tão diligentes para prover às nossas almas como ele foi, com injustiça, ao prover para o seu corpo"[9].
O teólogo anglicano J.C. Ryle, escrevendo em 1859, rejeitou uma série de interpretações alegóricas da parábola e deu uma interpretação semelhante à de Tyndale:
“ | Vamos batalhar pelas gloriosas doutrinas da salvação pela graça e justificação pela fé. Mas não nos permitamos jamais supor que verdadeiras sanções religiosas brinquem com as leis. Nunca nos esqueçamos, por um momento que seja, que a verdadeira fé será sempre conhecida por seus frutos. Podemos estar muito certos de que onde não há honestidade, não há graça. | ” |
— J. C. Ryle, Expository thoughts on the Gospels[11]. |
A Bíblia do Peregrino, que denomina essa Parábola como "Parábola do administrador", tece comentários por meio de uma nota de rodapé[12], na qual observa que:
A Tradução Ecumênica da Bíblia, que denomina essa Parábola como "Parábola do gerente astuto", tece comentários por meio de uma nota de rodapé,[13] na qual observa que:
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