Pé de moleque

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Pé de moleque
 Nota: Não confundir com Pé de Zumbi.

O pé de moleque[nota 1] é um doce típico da culinária brasileira, feito a partir da mistura de amendoim torrado com rapadura.

Pé de moleque industrializado.
Um pacote de chikki, como é conhecido o pé de moleque na Índia.

O pé de moleque surgiu em meados do século XVI, com a chegada da cana-de-açúcar ao Brasil.[3] A cidade de Piranguinho, no sul do estado de Minas Gerais, é conhecida pela produção artesanal da guloseima, e tem se destacado no cenário nacional através da festa do maior pé de moleque do mundo, que faz parte do calendário cultural de festividades do município.[4][5]

Há uma derivação do doce na versão de um bolo, comum a festas juninas de locais do Nordeste do Brasil. O bolo de pé de moleque também é chamado de "bolo preto", no qual a castanha de caju pode substituir o amendoim, mantém-se a rapadura e adiciona-se massa de mandioca fermentada (pubada, massa puba) e outros ingredientes.[6][7][8][9]

Etimologia

A denominação "pé de moleque" tem duas hipóteses para sua origem:[10]

  • referência ao calçamento de pedras irregulares presente em cidades históricas brasileiras como Paraty e Ouro Preto, que era assim denominado.
  • motivado pelas quituteiras das ruas do passado que os vendiam e que eram alvo de furtos por parte da meninada. Para não serem mais importunadas diziam aos meninos, para que pedissem, pois não precisavam furtar:
  •  : — Pede, moleque!

História

A receita que deu origem ao pé de moleque chegou à Europa na Alta Idade Média, levada pelos árabes em suas incursões à península Itálica e à Península Ibérica. Dessa invenção árabe se originaram, antes do doce brasileiro (feito com mel de cana, a rapadura), o similar português de mel de abelhas chamado "nogat" (nome que veio do francês), como também o nougat francês de Montélimar no Vale do Ródano, o espanhol turró de Alicante, Valência, de Toledo, de Castuera (na Estremadura), o italiano torrone de Cremona, Alba, Siena, Benevento, o siciliano cubbàita e ainda o indiano chikki, que foi levado para o oriente pelos portugueses no início do século XVI.[11]

Uma das primeiras referências a esse doce no Brasil encontra-se no livro Doceiro Nacional. Neste livro é possível encontrar duas receitas: o pé de moleque preparado com açúcar e o preparado com rapadura.[12]

Fabricação

Resumir
Perspectiva

A fabricação tradicional do doce se dá através da mistura de amendoins torrados e moídos que são posteriormente misturados a uma rapadura previamente derretida, com o cuidado de quebrar a garapa, que tem a dureza do açúcar cristalizado, dai o nome antigo de "quebra queixo" ou "quebra dentes", quando era fabricado artesanalmente, por vendedores ambulantes. A mistura é lentamente batida em fogo brando até atingir o ponto prévio à quebra da chamada cristalização e rapidamente a mistura deve ser distribuída sobre uma superfície lisa e fria de pedra.[13] A utilização de um tacho de cobre é desejável. Depois de resfriado o doce adquire a consistência macia que é característica do processo tradicional por incorporar o óleo do próprio amendoim macerado. Alguns grãos inteiros podem ser acrescentados à mistura, com o fim de quebrar a resistência do cristal, que costuma ficar muito duro, próximo da dureza da pedra de açúcar de cana, muito duro.[carece de fontes?]

Tal processo artesanal foi posteriormente substituído por outros similares, mais simples, ao se misturar o açúcar derretido com os amendoins torrados de modo a obter um pé de moleque bastante crocante e não - rígido (igualmente popular, o rígido é o "quebra queixo ou quebra dentes"). Assim se pôde manufaturar o doce em maior escala mantendo um padrão industrial, e a satisfação do consumidor.[carece de fontes?]

Na literatura

O doce pode ser encontrado ainda na literatura, tal como em O dialeto caipira,[14] de Amadeu Amaral, há referência ao "pé de muleque". Em 1983, Carlos Drummond de Andrade se referiu ao pé de moleque como sendo a "pura joia mineira". O texto foi enviado a uma das doceiras de Piranguinho.[13]

Ver também

Notas

  1. De acordo com o Vocabulário do Acordo Ortográfico, lançado pela Academia Brasileira de Letras em 2008, a grafia deixa de ter hifens como era até a vigência do Acordo Ortográfico de 1990 (pé-de-moleque). A forma hifenizada foi registrada pela primeira vez em 1889, uma vez que era conhecido esse doce no Brasil, anteriormente, como "quebra-queixo" (mas não confundir com o quebra-queixo atual) ou "quebra-dentes".[1][2]

    Referências

    1. Tufano, Douglas. Guia Prático da Nova Ortografia. São Paulo: Melhoramentos, 2008.
    2. «Doçaria no Nordeste brasileiro». Fundação Joaquim Nabuco. Consultado em 27 de janeiro de 2020
    3. «O Maior Pé-de-moleque do Mundo é Notícia Nacional». Prefeitura Municipal de Piranguinho-MG [ligação inativa] Parâmetro desconhecido |wayback= ignorado (ajuda)
    4. Da Redação. «Bolo Pé-de-moleque com rapadura». Plantão PB. Consultado em 17 de junho de 2018
    5. ”Revista Gosto”– Editora Rickdan- Nº 25 – 10/2011
    6. ”Revista Gosto” (Culinária) – Editora Rickdan- Outubro 2011 (nr. 25)
    7. Doceiro Nacional. Rio de Janeiro: B.L Garnier, Livreiro-Editor. 1895. pp. 111, 112
    8. Siqueira, Iara. "Pede, moleque". Menu. pág. 65.
    9. AMARAL, Amadeu. O dialeto caipira. São Paulo: HUCITEC, 1976.

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