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Os Humores Artificiais é uma curta-metragem de comédia e ficção científica portuguesa de 2016, realizada, escrita e produzida por Gabriel Abrantes.[1][2] O filme é protagonizado pelo robô Andy Coughman (voz de Margarida Lucas e Patricia Soso)[3] que, ao desenvolver um sentido de humor, se apaixona pela adolescente indígena Jo (interpretada por Amanda Rodarte).[4]
Os Humores Artificiais | |
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Título internacional | The Artificial Humors |
Portugal 2016 • cor • 29 min | |
Género | comédia, ficção científica |
Direção | Gabriel Abrantes |
Produção | Gabriel Abrantes |
Produção executiva | Raquel da Silva |
Roteiro | Gabriel Abrantes |
Elenco | Margarida Lucas Patrícia Soso Amanda Rodarte |
Música | Ulysse Klotz Aamourocean |
Cinematografia | Jorge Quintela |
Direção de arte | Dayse Barreto Tatiane Takahashi Diogo Hayashi |
Figurino | Gabriella Marra |
Edição | Margarida Lucas |
Lançamento |
|
Idioma | português |
A obra estreou na Bienal Internacional de Arte de São Paulo a 7 de setembro de 2016. Os Humores Artificiais foi distribuído comercialmente em Portugal, integrado na antologia Quatro Contos de Gabriel Abrantes, tendo estreado nas salas de cinema a 29 de outubro de 2020.[5]
Entre o grupo Yawalapiti na Bacia do Amazonas, Claude Laroque e uma jovem indígena de 16 anos, chamada Jo, testam metodologias de transmitir emoções a robôs. Juntas, ensinam ao robô Andy Coughman linguagem, pensamento conceptual e um guia para identificar uma variedade de estados emocionais humanos.[6] O programa de inteligência artificial de Coughman reconhece a vantagem de transmitir boa educação, ao fingir compreender quando na realidade não está a entender algo.[7]
Ao tentar criar laços com a população indígena, Coughman assimila a natureza do humor e apaixona-se por Jo. Este amor é correspondido. Inicia-se uma jornada na qual a indígena se une ao robô enquanto este se torna um emergente comediante de stand-up e conquista a fama na indústria cultural de massa brasileira. O poder do amor de Coughman e Jo supera cada reinicialização do software.[8]
Os Humores Artificiais foi comissionado pela 32ª Bienal de São Paulo[8] e desenvolvido em paralelo com a pré-produção da primeira longa-metragem de Gabriel Abrantes (Diamantino), para a qual o realizador estava a estudar comédias românticas clássicas de Preston Sturges ou Howard Hawks. Para além desta influência, os avanços científicos nas áreas da robótica e cibernética serviram de inspiração ao autor para o argumento da curta-metragem: "Estou muito interessado nos mais recentes desenvolvimentos no campo da inteligência artificial, e este filme partiu desse interesse".[11] Para o argumento de Os Humores Artificiais, o realizador procurou unir estas duas influências, de modo a "tentar indagar se a comédia poderia ser a última fronteira, e se a poderia conciliar com a inteligência artificial".[12]
O projeto foi desenvolvido pela produtora Hermaphrodite Films, com o apoio financeiro da Fundação de Serralves (Portugal), Bienal de São Paulo (Brasil), Colección Inelcom (Espanha) e Instituto do Cinema e do Audiovisual (Portugal).
A curta-metragem foi filmada em película 16mm, no Estado do Mato Grosso: em Canarana e no Parque Indígena do Xingu (nas aldeias Yawalapiti e Kamayura), bem como em São Paulo.[13]
A empresa especializada em VFX IrmaLucia colaborou nos efeitos especiais do filme. Esta é uma componente que o realizador considerou essencial: "Procuro fazer filmes que misturam um lado fantástico com temas atuais da nossa realidade contemporânea, e os efeitos especiais facilitam essa mistura".[11]
A abordagem da sátira está na vanguarda do trabalho de Gabriel Abrantes e é uma das componentes transversais dos seus filmes. Particularmente em Os Humores Artificiais, o cineasta aborda o sentido de humor como componente central nas relações humanas, método de controlo social, e uma das mais complexas formas de comunicação.[14] A obra ironiza acerca de como emoções e vocabulário podem ser resultado de gestos codificados e transmitidos através de media social.[13]
A curta-metragem mistura estéticas típicas de Hollywood com as do registo documental e da telenovela, permitindo criar várias camadas de leitura invulgares. Para além desta comunhão de estilos, o argumento alterna as narrativas tradicionais com elementos absurdos e de folclore, resultando em diálogos e situações inesperadas, como quando o robô Coughman exclama à humana Jo "Vamos começar uma família".[15]
Para além dos temas de humor da premissa, o filme de Abrantes propõe uma reflexão antropológica. Com esta obra, o realizador cita Ludwig Wittgenstein ao argumentar que as grandes questões da vida que não podem ser discutidas sem humor, mesmo perante o contraste do estilo de vida da comunidade indígena e as idiossincrasias da inteligência artificial.[16] Neste conflito narrativo, Os Humores Artificiais aborda questões históricas, políticas e sociais, discutindo ao mesmo tempo temas pós-coloniais, de género e identidade.[17]
Os Humores Artificiais viria a servir de título para a própria produtora de Gabriel Abrantes.[18]
O personagem do robô-drone Andy Coughman voltaria a surgir em Coughman's Lament (2020), um programa de realidade virtual exibido na exposição do cineasta intitulada Melancolia Programada, no MAAT. Nesta obra, Coughman canta um solilóquio, lamentando o aprisionamento que sente por ser apenas um algoritmo, entre baladas de bossa nova.[19] Este trabalho desenvolve as expansivas cenas paisagísticas já exploradas em Os Humores Artificiais[20] e permite que os visitantes interajam com o robô.[21]
A curta-metragem estreou a 7 de setembro de 2016 na 32ª Bienal de São Paulo (Brasil).[22] Em Portugal, a sua primeira exibição pública foi a 12 de julho de 2017, no 25° Festival Internacional de Curtas-Metragens de Vila do Conde. Os Humores Artificiais viria a estrear em sala apenas três anos depois, a 29 de outubro de 2020, enquadrado na antologia Quatro Contos de Gabriel Abrantes, com as curtas-metragens Freud und Friends, A Brief History of Princess X e Les Extraordinaires Mésaventures de la Jeune Fille de Pierre.[23]
A curta-metragem foi selecionada para inúmeros festivais e mostras de cinema, de entre os quais se destacam os seguintes:
Os Humores Artificiais integrou também várias exibições de arte, de entre as quais:
Em 2020, aquando o lançamento da curta-metragem nas salas de cinema com a antologia Quatro Contos de Gabriel Abrantes, a obra totalizou apenas 638 espetadores em Portugal.
Os Humores Artificiais foi geralmente bem recebido pela crítica especializada nacional e internacional. Paulo Portugal (Comunidade Cultura e Arte) descreve o filme como "uma pequena obra-prima".[12] Doreen Matthei, escrevendo para a publicação alemã Testkammer, elogia o modo como o realizador "maravilhosamente captura esse forte contraste" entre os avanços científicos e a vida natural dos povos indígenas "e mostra que as raízes do desenvolvimento não precisam de estar apenas nos padrões modernos".[31]
Ano | Premiação | Categoria | Trabalho | Resultado | Ref. |
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2017 | Festival Internacional de Cinema de Berlim | Melhor Curta-metragem Europeia | Os Humores Artificiais, Gabriel Abrantes | Indicado | [32][15] |
Curtas Vila do Conde | Melhor Realizador | Gabriel Abrantes | Venceu | ||
Festival International du Film de La Roche-sur-Yon | Melhor Filme | Os Humores Artificiais, Gabriel Abrantes | Menção especial | ||
Caminhos do Cinema Português | Melhor Curta-metragem | Os Humores Artificiais, Gabriel Abrantes | Venceu | ||
Verín International Short Film Festival | Melhor Argumento | Gabriel Abrantes | Venceu | ||
2018 | Córtex - Festival de Curtas Metragens de Sintra | Grande Prémio do Júri | Os Humores Artificiais, Gabriel Abrantes | Venceu | [33] |
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