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bem tombado em Belém, Pará, Brasil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Os Últimos Dias de Carlos Gomes é uma pintura dos artistas Domenico De Angelis e Giovanni Capranesi, executada em óleo sobre tela, com 2,24m de altura e 4,84m de comprimento. A obra é do gênero pintura histórica e faz parte do acervo do Museu de Arte de Belém. Criada em 1899, a obra foi encomendada em 1896 por Antônio Lemos, intendente de Belém, e retrata o leito de morte do compositor de ópera Carlos Gomes.
Os Últimos Dias de Carlos Gomes | |
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Autor | Domenico De Angelis e Giovanni Capranesi[1] |
Data | 1899[1] |
Género | Pintura[1] |
Técnica | Óleo sobre tela[1] |
Localização | Museu de Arte de Belém, Belém, Pará, Brasil[1] |
Nascido em 1836, Carlos Gomes foi o mais importante compositor de ópera brasileiro, alcançando uma carreira de destaque na Europa.[2] Em 1896, passou a morar em Belém, no estado do Pará. Ali foi designado como diretor do Conservatório de Música de Belém, cujo cargo foi criado pelo governador Lauro Sodré para ajudar Gomes,[3] que enfrentava problemas financeiros e de saúde.[4][nota 1] De acordo com Gilberto Chaves, ex-diretor do Theatro da Paz, "o governador Lauro Sodré e outras lideranças políticas da época, no momento do auge do Ciclo da Borracha, tinham um grande projeto cultural para Belém, de modo a torná-la uma das cidades mais importantes das Américas, e para isso viam em Carlos Gomes o principal nome para liderar o empreendimento."[4]
Quando Gomes chegou no Pará, em 13 de maio de 1896, o governador Sodré enviou uma junta médica para avaliar seu estado de saúde. A equipe era formada por 23 profissionais, incluindo Paes de Carvalho, Firmo Braga, Miguel Almeida Pernambuco e Antônio Emiliano de Sousa Castro. Os médicos confirmaram o diagnóstico que Gomes havia recebido, de que estava acometido por câncer na língua.[4] Seu estado de saúde era grave, e Gomes não chegou a assumir seu cargo no Conservatório da Música.[6] Nos meses seguintes, personalidades da sociedade se mobilizaram para ajudar Gomes, com a arrecadação de recursos e o envio de profissionais sob a pretensão de curá-lo.[4] Gomes faleceu às 22h20min de 16 de setembro de 1896 em sua casa.[1] O velório ocorreu no Conservatório de Música, o corpo foi embalsamado e o governo paraense havia preparado seu enterro. No entanto, acabou anuindo com o pedido das autoridades paulistas e o sepultamento ocorreu em Campinas, sua cidade natal.[4][7]
Os Últimos Dias de Carlos Gomes retrata o leito de morte do mastro, que faleceu rodeado de autoridades e amigos.[1] A obra foi encomendada no mesmo ano da morte do compositor por Antônio Lemos, que era o intendente da capital. Lemos contratou os artistas Domenico de Angelis e Giovanni Capranesi, ambos italianos radicados em Belém. A pintura foi concluída em 1899 e a primeira exposição foi realizada no mesmo ano. De estilo austero, a pintura explora o contraste de luz e da sombra; os pontos de luz são pontuais e cenográficos, sendo utilizados para destacar os personagens. Seus contornos são ficcionais e alegóricos, mas exibe personalidades reais, num total de 22 pessoas, de jornalistas e músicos a políticos e militares. Todos são homens.[5]
A pintura foi produzida com a técnica de óleo sobre tela. Possui grandes proporções, medindo 2,24 metros de altura e 4,84 metros de comprimento. Na tela há a assinatura de de Angelis e Capranesi; os pintores não incluíram suas assinaturas em todas as suas obras. No centro, há Gomes, a figura central da obra, vestido com um pijama branco e repousando em uma cadeira alongada enquanto gesticulava suavemente. Ao seu lado, estão sentados o governador Sodré[1] e o vice-governador Gentil Bittencourt.[5] Em pé, olham fixamente para Gomes seu enfermeiro Raul Franco e o músico Ernesto Dias, que tem sua mão no queixo.[5]
Também em pé, os médicos Paes de Carvalho, Miguel Pernambuco e Numa Pinto foram retratados conversando com o Dom Antonio Manoel de Castilho Brandão,[5] o bispo de Belém.[8][nota 2] Na ponta esquerda, os autores incluíram suas próprias ilustrações.[nota 3][nota 4] O Visconde de São Domingos encontra-se recostado sobre a cadeira do piano. No lado direito, atrás do governador e do vice-governador, está a maior parte das pessoas retratadas na pintura, incluindo: Antonio Lemos; o jornalista Marques de Carvalho; os médicos Paes de Carvalho, Miguel Pernambuco e Numa Pinto; os militares Cláudio do Amaral Savaget e Augusto de Vasconcelos Chermont; dentre outros.[5]
Na época, a imprensa deu destaque ao número expressivo de pessoas que visitaram Gomes em sua casa, nos momentos anteriores ao seu falecimento. Os pintores utilizaram essas informações para a realização da obra.[nota 5] No ambiente que ilustraram, há duas janelas. A professora Luciane Viana Barros Páscoa pontuou que uma delas encontra-se fechada, devendo "ligar ao outro cômodo da casa, com iluminação artificial", e a outra abre-se para um arvoredo. Para Páscoa, "pode haver aqui uma intenção simbólica dos artistas, com a alusão ao dia e à noite, a vida e à morte." Páscoa também mencionou o quadrante superior direito, representativo do painel Pery e Ceci, igualmente de autoria de de Angelis e Capranesi, e um tapete com pele de onça nos pés de Gomes.[5] Ademais, a moldura do quadro é de autoria de outro italiano, Giuseppe Pucci, que adicionou símbolos de Belém: o escudo foi disposto na parte central e o brasão de armas na parte inferior.[5]
No tocante às influencias dos autores e do contexto relativo a obras que abordavam a morte, Páscoa apontou a evolução da visão dos artistas em relação ao tema. A historiadora referiu que durante o século XIX a "a morte torna-se uma obsessão, pois remete ao sublime, que contém a inadequação do homem ao mundo, que por sua vez é constantemente atormentado pelo sentimento da morte e pelo fascínio do fim." Depois, na ênfase das pessoas que acompanhavam o momento, dada a impossibilidade de retratar o exato momento da morte. Neste contexto, Páscoa concluiu que a pintura estabelece "em torno do sofrimento e da morte de Carlos Gomes, imagens poéticas e apaziguadoras, pois na composição do retrato coletivo a atenção do personagem principal é dividida com outros grupos. Os retratos de homens célebres em seu leito de morte evidenciam a importância e a função histórica dos personagens retratados."[5]
A obra foi exibida pela primeira vez em 17 de setembro de 1899, no Salão de Honra da Intendência, no Palácio Antonio Lemos. Ali permaneceu até 2 de agosto de 1988, quando foi transferida para a sede provisória do Museu da Cidade de Belém (Mubel). Foi restaurada nos anos 1990.[11]
A pintura Os Últimos Dias de Carlos Gomes foi considerada vital para a "formação simbólica do mito gomesiano, um ícone para a história da cidade de Belém e um dos pontos essenciais para a configuração de um museu de arte, o Museu de Arte de Belém."[5] A obra foi tombada em 22 de maio de 1984 pelo Departamento de Patrimônio do Estado do Pará.[12]
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