Nativo digital

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O nativo digital é um termo criado pelo norte-americano Marc Prensky,[1] que representa uma pessoa que nasceu e cresceu com as tecnologias digitais presentes em sua vida, como videogames, Internet, telefone celular, MP3, iPod, etc. Caracterizam-se principalmente por não necessitar do uso de papel nas tarefas com o computador. No sentido mais amplo, refere-se a pessoas nascidas a partir da década de 1980.

O termo consolida um abismo com relação aos imigrantes digitais (termo também criado pelo autor e que define pessoas que desconhecem o funcionamento dos meios de comunicação e tornam-se consumidores passivos[2]). E contribui para o reconhecimento de outros tipos de aprendizagem e expressão cultural dessa nova geração.[3] Este termo têm sido aplicado em contextos como a educação,[4] relacionado ao termo Aprendizes do Novo Milênio.[5]

Uma característica habitual dos nativos digitais é trabalhar com gratificações imediatas e recompensas frequentes. E em sua maioria são leitores das notícias em formatos diferentes do tradicional, jornais impressos. Não que esses sejam ultrapassados, mas para essas pessoas tornar-se estranho o seu uso, por estarem acostumadas com a internet. E costumam estar sempre ligados/online.

Controvérsia

O autor do livro A Fábrica de Cretinos Digitais, o neurocientista francês Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França apontou o uso de dispositivos digitais como um dos fatores responsáveis pela queda de QI nas novas gerações de jovens:

Simplesmente não há desculpa para o que estamos fazendo com nossos filhos e como estamos colocando em risco seu futuro e desenvolvimento (...) O QI é medido por um teste padrão. No entanto, não é um teste "estático", sendo frequentemente revisado. Meus pais não fizeram o mesmo teste que eu, por exemplo, mas um grupo de pessoas pode ser submetido a uma versão antiga do teste.
(...)
E, ao fazer isso, os pesquisadores observaram em muitas partes do mundo que o QI aumentou de geração em geração. Isso foi chamado de 'efeito Flynn', em referência ao psicólogo americano que descreveu esse fenômeno. Mas recentemente, essa tendência começou a se reverter em vários países. É verdade que o QI é fortemente afetado por fatores como o sistema de saúde, o sistema escolar, a nutrição, etc. Mas se considerarmos os países onde os fatores socioeconômicos têm sido bastante estáveis por décadas, o 'efeito Flynn' começa a diminuir. Nesses países, os "nativos digitais" são os primeiros filhos a ter QI inferior ao dos pais. É uma tendência que foi documentada na Noruega, Dinamarca, Finlândia, Holanda, França, etc.
(...)
As causas também são claramente identificadas: diminuição da qualidade e quantidade das interações intrafamiliares, essenciais para o desenvolvimento da linguagem e do emocional; diminuição do tempo dedicado a outras atividades mais enriquecedoras (lição de casa, música, arte, leitura, etc.); perturbação do sono, que é quantitativamente reduzida e qualitativamente degradada; superestimulação da atenção, levando a distúrbios de concentração, aprendizagem e impulsividade; subestimulação intelectual, que impede o cérebro de desenvolver todo o seu potencial; e o sedentarismo excessivo que, além do desenvolvimento corporal, influencia a maturação cerebral.[6]

Bibliografia

  • PALFREY, John e GASSER, Urs. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração de nativos digitais. Porto Alegre: Artmed, 2011.
  • Aducci, Romina; et al. (2008), «The Hyperconnected: Here They Come!» (publicado em maio de 2008), An IDC Whitepaper sponsored by Nortel, consultado em 22 de dezembro de 2009, arquivado do original em 8 de agosto de 2010
  • Lusoli, Wainer; Miltgen, Caroline (2009), «Young People and Emerging Digital Services. An Exploratory Survey on Motivations, Perceptions and Acceptance of Risks», Sevilla: EC JRC IPTS (publicado em março de 2009), JRC Scientific and Technical Reports (EUR 23765 EN), doi:10.2791/68925
  • Palfrey, John; Gasser, Urs (2008), Born Digital: Understanding the First Generation of Digital Natives, Basic Books
  • Prensky, Mark; (2010), "Não me atrapalhe, mãe - eu estou aprendendo!": Como os videogames estão preparando os nossos filhos para o século XXI - e como você pode ajudar, São Paulo: Porte.
  • A Fábrica de Cretinos Digitais, livro do neurocientista francês Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França[6]

Ver também

Referências

  1. Palfrey, John (2011). Paulo Gileno Cysneiros, ed. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração de nativos digitais. Traduzido por Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed. ISBN 978-85-363-2483-8
  2. Román-García, Sara; Almansa-Martínez, Ana; Cruz-Díaz, María-del-Rocío (2016). «Adults and Elders and their use of ICTs. Media Competence of Digital Immigrants». Comunicar (em espanhol). 24 (49): 101–110. ISSN 1134-3478. doi:10.3916/c49-2016-10
  3. Jenkins, H. (2007). Reconsidering Digital Immigrants.... Confessions of an ACA-FAN.
  4. Bennett, S.; Maton, K.; Kervin, L. (2008). The ‘digital natives’ debate: A critical review of the evidence[ligação inativa]. British Journal of Educational Technology 39 (5): 775-786
  5. OECD (2008). New Millennium Learners. Initial findings on the effects of digital technologies on school-age learners, OECD/CERI International Conference “Learning in the 21st Century: Research, Innovation and Policy”, 15-16 Maio 2008 Paris
  6. «'Geração digital': por que, pela 1ª vez, filhos têm QI inferior ao dos pais». BBC. 30 de outubro de 2020. Consultado em 31 de outubro de 2020

Ligações externas

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