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fortificações em Setúbal Da Wikipédia, a enciclopédia livre
As muralhas de Setúbal que envolveram a cidade de Setúbal, em Portugal, datam do século XIV (D. Afonso IV e D. Pedro I), e, numa segunda fase, do século XVII (D. João IV e príncipe D. Teodósio).[1]
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Muralhas de Setúbal | |
---|---|
Muralhas de Setúbal, Portugal: mapa do século XVIII. | |
Informações gerais | |
Aberto ao público | |
Património de Portugal | |
Classificação | Homologação do património |
DGPC | 12724686 |
SIPA | 10264 |
Geografia | |
País | Portugal |
Localização | Nossa Senhora da Anunciada |
Coordenadas | 38° 31′ 24″ N, 8° 53′ 12″ O |
Localização em mapa dinâmico |
O povoamento do sítio de Setúbal pode remontar à fundação pelos Fenícios, cerca de 1000 a.C., de uma colônia na margem esquerda do Sado. Dedicada ao deus Baal, assim como os demais estabelecimentos fenícios vizinhos - Lisboa e Alcácer do Sal - fornecia sal, peixe salgado, cavalos e suprimentos para as embarcações que navegavam em busca do estanho da região da Cornualha, às quais servia ainda como porto de abrigo.
Posteriormente ocupada por Cartagineses e por Celtas, à época da Invasão romana da Península Ibérica foi denominada de Cetóbriga, que se acredita tenha sido abandonada no século VI por falta de condições de segurança aos seus moradores segundo alguns autores, ou devido aos movimentos das dunas de areia, segundo outros. Ele teria sido sucedido, por um novo assentamento, na margem oposta, núcleo gerador da atual cidade, ocupado a partir do século VIII pelos Muçulmanos.
À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, o povoado muçulmano foi conquistado pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques (1112-1185), em 1165. Arrasado durante a ofensiva das forças do califa almóada Iacube Almançor (1190), foi reerguido a partir de 1200, sob o reinado de D. Sancho I (1185-1211).
O seu neto, D. Sancho II (1223-1248), após a retomada do Castelo de Palmela (1194), assegurando a posse desta região, também doou esta povoação à Ordem de Sant’Iago da Espada, para que a defendesse e repovoasse.
Porto privilegiado pela sua localização sobre a rota comercial (e dos Cruzados) pelo oceano Atlântico, pelo desenvolvimento cada vez intenso que vivenciou, Setúbal tornou-se, no reinado de D. Afonso III (1248-1279), um dos principais portos de Portugal, a par do de Lisboa, do do Porto e do de Faro, razão pela qual recebeu o seu foral em 1249. O foral de portagem de Lisboa (5 de Outubro de 1337) refere, entre os produtos que alcançam a capital, uvas, vinhos, figos, peixe fresco e seco, itens que também transitavam pelo porto de Setúbal.
Data deste período a primeira estrutura defensiva da povoação, uma muralha envolvente iniciada ao tempo do rei D. Afonso IV (1325-1357) e concluída no reinado seguinte, sob D. Pedro I (1356-1367), com a função de conter os assaltos de piratas e de corsários que, oriundos do Norte d’África pelo oceano Atlântico, penetravam pela foz do rio Sado. Os trabalhos são referidos nas Crónicas de Fernão Lopes, que noticiam o lançamento das sisas, tributo cuja cobrança permitu essa edificação.
Em 31 de março de 1343 o soberano ordenou que fosse demarcado o termo de Setúbal.[2]
Em 1439, por decreto real, a vila foi isenta de pagar aposentadoria, tendo-se decidido a construção de estaus e casas para neles se receberem o rei e a sua Corte. Será deste porto marítimo que D. Afonso V (1438-81) partirá para a conquista da Praça-forte de Alcácer-Ceguer, no Norte d’África (1458).
Aqui foram celebradas as núpcias de D. João II (1481-1495) com D. Leonor de Viseu (22 de Janeiro de 1471). Posteriormente, no reinado deste soberano, deu-se início à construção de um aqueduto para o transporte de água, proveniente da nascente da Arca d' água (Alferrara), para a vila. A expansão da vila para fora das suas muralhas iniciou-se em fins desse século, com a construção, no sector oeste, do Convento de Jesus.
D. Manuel I (1495-1521) outorgou-lhe o Foral Novo em 1514 e seu sucessor D. João III (1521-1557) o título de notável vila em 1525. No ano de 1526, começaram as obras do chamado Paço do Trigo, bem como as da abertura da Praça do Sapal (atual Praça de Bocage). Neste período, no século XVI, a vila de Setúbal já excedia, a nascente e poente, a muralha construída no século XIV.
Durante a crise dinástica de 1580 Setúbal tomou partido por D. António prior do Crato, mas foi facilmente conquistada a 22 de julho desse ano pelas forças espanholas sob o comando do duque de Alba, reflectindo a vulnerabilidade das defesas da povoação nesta época.
Durante a Dinastia Filipina, para reforço da defesa, foi iniciado o Forte de São Filipe de Setúbal (1582).
Com a Restauração da Independência Portuguesa, a 1 de Dezembro de 1640, a nobreza portuguesa aclamou a D. João IV (1640-1656) como novo soberano, pondo termo a sessenta anos de domínio dos Habsburgos sobre o país. Neste momento, o foco estratégico da defesa militar deslocou-se para as fronteiras terrestres, visando conter as invasões espanholas que se antecipavam ao território português.
Por essa razão, o litoral foi guarnecido por baterias apenas com fins de alerta e de defesa restrita, uma vez que, enfraquecido o poder da Armada Espanhola e feita a paz com os Países Baixos, não se esperavam maiores ameaças pelo mar. Organizam-se, desse modo, linhas de defesa nas barras dos principais rios: rio Douro, rio Tejo (principalmente de Belém ao Guincho) e rio Sado.
É nesta estratégia defensiva que se enquadra a construção, ao longo do século XVII, do Forte de Albarquel (1643) que complementaria o poder de fogo da Forte de São Filipe de Setúbal, as obras de acrescentamento da Forte de Santiago do Outão (1643-1657), a construção do Forte de Santiago de Sesimbra (1648) e dos revelins adossados à muralha em Sesimbra (1648), a construção do Forte de São Teodósio da Ponta do Cavalo em Sesimbra (1652) e finalmente o Forte da Arrábida (1676).
Dentro desta nova estratégia, foram projectadas novas muralhas para a vila de Setúbal. Neste projecto trabalharam grandes nomes da arquitectura militar portuguesa da época, tendo as obras se prolongado por um longo período, até 1696. Em diversas ocasiões tanto o rei D. João IV quanto o príncipe D. Teodósio se deslocaram a Setúbal para acompanhar a evolução das mesmas. Os custos da sua construção foram arcados quer pelos negociantes de sal quer pela população da vila, que teve de arcar com novos impostos. Concluídos os trabalhos, a nova cintura de muralhas ostentava onze baluartes e dois meio-baluartes.
Dos baluartes que ainda subsistem, destaca-se o de Nossa Senhora da Conceição onde esteve instalado um aquartelamento militar. Este edifício é constituído por duas partes: o baluarte propriamente dito e construções mais recentes. No seu pórtico está uma inscrição a partir da qual se fica a saber que foi concluído em 1696 por ordem do duque do Cadaval.
À semelhança do que sucedeu em Lisboa e outras localidades do país, Setúbal também foi bastante castigada pelo grande terramoto de 1755. No decurso das obras de reconstrução, sob o reinado de D. José I (1750-1777), o Marquês de Pombal lançou um imposto de dois réis sobre cada arrátel de carne negociado, a fim de, com esse recurso, proceder-se à reedificação dos Paços do Concelho (Câmara Municipal) um dos muitos edifícios, profanos e religiosos, que foram destruídos pela catástrofe, entre os últimos dos quais a Igreja de Nossa Senhora da Anunciada e a Igreja de São Julião.
As muralhas foram erguidas utilizando-se alvenaria de pedra argamassada. Do período islâmico, ainda se podem ver junto da cisterna as ruínas da Casa dos Vereadores, que ainda funcionava nos inícios do século XVI.
A muralha tinha as seguintes portas e postigos, abertos em diferentes momentos da sua existência (começando pela face Oeste e prosseguindo pelas faces Norte, Leste e Sul):[nota 3]
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