Loading AI tools
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O movimento pela cultura livre é um movimento social que busca a defesa da igualdade de direitos para todas as pessoas em relação ao conhecimento e às obras intelectuais, como filmes, música, literatura, pintura etc., promovendo a liberdade para distribuir e modificar obras na forma de conteúdo livre[1][2] por meio da Internet ou outras formas de mídia. O movimento contesta as leis de direitos autorais extremamente restritivas. Muitos membros argumentam que esse tipo de lei impede a criatividade, e chamam esse sistema de "cultura da permissão"[3]
A organização Creative Commons, fundada por Lawrence Lessig, fornece licenças Creative Commons, que permite o compartilhamento de obras sob condições variadas.
O movimento pela cultura livre, com sua característica de intercâmbio livre de ideias, é alinhado ao Movimento software livre. Richard Stallman, fundador do Projeto GNU e ativista do movimento software livre, defende o livre compartilhamento de informações.[4] Ele afirmou que software livre significa livre como em "discurso livre," não "cerveja livre".[5] Hoje, o termo é utilizado por muitos outros movimentos, como o Acesso aberto, o Cultura hacker, o Movimento pelo acesso ao conhecimento, o Open-source learning e o movimento Copyleft.
O termo "cultura livre" foi originalmente usado desde 2003 durante a Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação[6] para apresentar a primeira licença livre para criações artísticas em larga escala, inicializada pelo time dda Copyleft na França desde 2001. (chamada Licença Arte Livre).
A popularização da cultura livre começou a partir de uma tecnologia com uma forte repercussão social: a informática e a Internet. Assim, as primeiras concepções da cultura livre ocorreram entre os especialistas da computação, como resultado da filosofia do software livre.
O aparecimento e popularização das licenças de software livre, que estabelece quatro liberdades essenciais para o software, bem como do copyleft, que faz uso das leis de propriedade intelectual para que as obras derivadas de um software que cumpra com as quatro liberdades as cumpra também, inspirou a exportação dessa filosofia a outros domínios. Foi assim que surgiram as primeiras licenças livres não orientadas especificamente para o software, como foi o caso da Open Communication License para publicações, ou a licença de documentação livre GNU para documentação de software.
Indo de contra a essa filosofia, o congresso dos Estados Unidos da América passou o projeto de lei Sonny Bono Copyright Term Extension Act, o qual o presidente Clinton assinou como lei, em 1998. A legislação estendeu a proteção de diretos autorais para vinte anos adicionais, tornando o tempo total de direitos autorais garantidos para setenta anos após a morte do autor da obra. O projeto de lei teve um lobby muito forte das corporações de música e filme, como a Walt Disney Company, e por isso foi apelidada de Ato de Proteção do Mickey Mouse.
Lawrence Lessig afirma que as os direitos autorais são um obstáculo à produção cultural, ao compartilhamento de conhecimento e à inovação tecnológica, e que os interesses privados, ao contrário dos bem comum, determinam as leis.[7] Ele viajou pelos Estados Unidos em 1998, dando pelo menos cem discursos por ano em campi de universidades, e acendeu o movimento. Como consequência disso, o primeiro capítulo do Students for Free Culture foi fundado no Swarthmore College.
Em 1999, Lessig desafiou o Bonno Act na Suprema Corte dos Estados Unidos. Em 2001, Lessig iniciou o Creative Commons, um sistema de licenciamento alternativo do tipo "alguns direitos reservados", em oposição ao padrão "todos os direitos reservados". Apesar de acreditar firmemente na vitória, citando a linguagem clara da Constituição dos Estados Unidos sobre termos de direitos autorais "limitados", Lessig ganhou apenas dois votos dissidentes: dos juízes Stephen Breyer e John Paul Stevens.
Dentro do movimento pela cultura livre, a Creative Commons foi criticada por não possuir um padrão de liberdade.[8] Por isso, uma parcela dos participantes do movimento consideram que apenas algumas licenças da Creative Commons são de fato livres, baseado na Obras Culturais Livres.[9] Em Fevereiro de 2008, a Creative Commons adicionou um distintivo "aprovado por obras culturais livres" para suas licenças que possuem as características Atribuição e CompartilhaIgual.[10] As licenças com restrições ao uso comercial ou uso derivativo de obras não possuem nenhuma indicação especial.
Para ser considerada livre, uma obra deve garantir as quatro liberdades essenciais.[11] Essas quatro liberdades são as mesmas liberdades do software livre, mas adaptadas ao caso das obras culturais:
Para o movimento, a criatividade é o ato de usar um recurso existente de um modo não vislumbrado anteriormente. Portanto, essas liberdades deveriam estar disponíveis para qualquer pessoa, em qualquer lugar, e em qualquer momento, e elas não deveriam estar restritas ao contexto no qual a obra é utilizada.
A organização comumente associada à cultura livre é a Creative Commons (CC), fundada por Lawrence Lessig. A CC promove o compartilhamento de obras criativas e a difusão de ideias para produzir a vitalidade cultural, o progresso científico e a inovação empresarial.
QuestionCopyright.org é uma outra organização cuja missão estabelecida é "ressaltar o dano econômico, artístico e social causado pelos monopólios de distribuição, e demonstrar como uma distribuição baseada em liberdade é melhor para os artistas e para as audiências."[12] A QuestionCopyright é possivelmente mais conhecida pela sua associação com a artista Nina Paley, cuja animação Sita Sings The Blues, ganhadora de múltiplos prêmios, ficou conhecida como um exemplo extremamente bem sucedido de distribuição livre sob a proteção do "Sita Distribution Project".[13] O site da organização possui um número de recursos, publicações e outras referências relacionadas a várias questões de direitos autorais, patentes e marca registrada.
A organização estudantil Students for Free Culture é, às vezes, chamada de "Movimento pela cultura livre", mas esse não é o nome oficial dela. Ela é, na verdade, um subconjunto do movimento maior. O primeiro capítulo foi fundado em 1998 na Swarthmore Colleege, e, até 2008, a organização possuía vinte e seis capítulos.[14]
O movimento pela cultura livre toma ideias do movimento pelo software de código aberto e as estende do campo de software para todas as obras culturais e criativas. No inicio da vida da Creative Commons, Richard Stallman (fundador da Free Software Foundation e do movimento pelo software de código aberto) apoiou a organização. Ele retirou seu apoio devide à introdução de várias licenças, incluindo uma licença de nações em desenvolvimento e de amostragem[15] e depois restaurou parte do apoio quando a Creative Commons retirou essas licenças.
O movimento de música livre começou com a Filosofia da Música Livre,[16] por Ram Samudrala, logo quando a Web se popularizou, no início de 1994. O movimento também era baseado na ideia de software livre de Richard Stallman e coincidiu com o nascimento dos movimentos de arte aberta e de informação aberta.
Críticas contra o movimento pela cultura livre vêm principalmente dos proponentes de direitos autorais. Rick Carnes, presidente da Corporação Compositores dos Estados Unidos, e Coley Hudgins, o diretor executivo do arts+labs, uma aliança de companhias de tecnologia e de mídia, afirmam que, apesar do argumento do movimento pela cultura livre de que os direitos autorais estão "matando a cultura", o próprio movimento, e a mídia que ele cria, deteriora a industria das artes e causa dano ao crescimento econômico.[17]
Além disso, alguns argumentam que a atmosfera do debate acerca dos direitos autorais mudou, e que o movimento pela cultura livre pode ter alguma vez defendido os produtores de cultura contra as corporações, mas que agora prejudica os produtores menores de cultura. Jaron Lanier, tecnologista e músico proeminente, discute essa perspectiva e muitas outras críticas à Cultura Livre no seu livro de 2010 You Are Not a Gadget. Suas inquietações incluem a despersonalização das mídia anônimas com contribuições da população (como a Wikipedia) e a dignidade econômica de artistas criativos da classe média.
Andrew Keen, um crítico da Web 2.0, critica algumas das ideias da Cultura Livre no seu livro O Culto do Amador, descrevendo Lessig como um "comunista da propriedade intelectual.
Nos meios de comunicação, alguns culpam a cultura livre pela queda em seu mercado. Entretanto, estudiosos como Clay Shirky afirmam que o próprio mercado, não a cultura livre, é o que vem destruindo a indústria do jornalismo.
|url=
(ajuda) Texto "Visitado em 16-12-2015" ignorado (ajuda); Em falta ou vazio |título=
(ajuda)Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.