O Eptesicus serotinus, comummente conhecido como morcego-hortelão-escuro[2][3], é uma espécie de morcego da família dos vespertilionídeos.
Morcego-hortelão-escuro | |
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Morcego-hortelão-escuro, numa superfície de madeira | |
Classificação científica | |
Domínio: | Eukaryota |
Reino: | Animalia |
Filo: | Chordata |
Classe: | Mammalia |
Ordem: | Chiroptera |
Família: | Vespertilionidae |
Gênero: | Eptesicus |
Espécies: | E. serotinus |
Nome binomial | |
Eptesicus serotinus (Schreber, 1774) | |
Descrição
Esta espécie caracteriza-se pelo porte médio e robusto, podendo atingir até cerca de 38 centímetros de envergadura.[2][4] Apresenta uma pelagem de cor castanha, com tonalidade variável, se bem que frequentemente escura.[2][4]
Conta ainda com focinho e orelhas pretos e membranas alares escuras.[2][4]
Morcego-hortelão-claro
O morcego-hortelão-escuro assemelha-se à espécie Eptesicus isabellinus, comummente conhecida como morcego-hortelão-claro, a qual apenas difere, na medida em que apresenta uma pelagem tendencialmente mais clara e dimensões tendencialmente mais reduzidas.[2]
Ambas as espécies de morcegos-hortelões emitem vocalizações bastante plásticas e adaptáveis ao meio, fazendo variar a duração e a intensidade das componentes FM e CF.[2][5] Com efeito, as frequências de máxima energia, destas espécies, ocorrem na gama dos 23-28 kHz, podendo raramente chegar aos 33 kHz.[2][5]
Distribuição
É uma espécie abundante e de distribuição alargada no Paleártico.[2][4] Ocorre em quase toda a Europa, não ocorrendo a norte da Lituânia, Inglaterra e Suécia. Fora da Europa, ocorre no Médio Oriente e Cáucaso até à Ásia central, China e Formosa.[2][4]
Portugal
Trata-se de uma espécie de distribuição alargada em Portugal continental, assumindo-se como uma das espécies de morcego mais abundantes no país.[2][6] Crê-se que se encontre ausente das zonas mais quentes e secas do país, como o interior Alentejano. Não se afigura limitada pela altitude, de tal sorte que marca presença assídua na Serra da Estrela.[2][6]
Habitat
Esta espécie de morcego, encontra-se amiúde nas imediações de edifícios, pontes e árvores.[2][7] Há também relatos da sua presença em caixas-abrigo, falésias ou na orla de grutas.[2][7]
Na zona mediterrânica especula-se que a maioria dos indivíduos hiberne em edifícios devolutos ou em falésias.[2][8]
Alimentação
Trata-se de uma espécie generalista, pelo que tanto pode ser vista a caçar em zonas florestais, rurais e em espaços verdes de espaços mais urbanos.[2]
Posto isto, o morcego-hortelão-escuro tende a caçar ao pé da orla de vegetação, privilegiando os voos ao rés das copas das árvores.[2][8]
As áreas de alimentação preferenciais do morcego-hortelão-escuro incluem courelas agricultadas, leitos de rios, florestas nas cercanias de cursos de água, charnecas e talhadas.[2][9]
Conservação
As populações desta espécie afiguram-se estabilizadas, se bem que nalgumas regiões da Europa se tenha assinalado algum declínio das populações, por exemplo no sudeste de Inglaterra.[2] As principais causas de ameaça dos morcegos-hortelões-escuros prendem-se com a destruição ou intervenção em habitats, principalmente quando estes se localizam em edifícios.[2][10] A este factor acresce, ainda, o uso abusivo de pesticidas e a expansão da agricultura em moldes intensivos, a qual espartilha a quantidade de presas disponíveis.[2][10]
Legislação
Esta espécie consta no anexo B-IV da Diretiva Habitats[11] e anexos II das Convenções de Berna e de Bona.[12]
Referências
- Godlevska, L.; Kruskop, S.V.; Gazaryan, S. (2021) [amended version of 2020 assessment]. «Eptesicus serotinus». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2021: e.T85199559A195834153. doi:10.2305/IUCN.UK.2021-1.RLTS.T85199559A195834153.en. Consultado em 18 de abril de 2021
- Rainho, Ana (2013). Guia dos Morcegos de Portugal. Lisboa: Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. pp. 47–48. ISBN 978-972-775-226-3
- «morcego-hortelão-escuro». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia
- Dietz, Christian, Dr (2009). Bats of Britain, Europe and Northwest Africa. Dietmar Nill, Otto von Helversen English ed ed. London: A & C Black. OCLC 416263549
- Russo, Danilo; Jones, Gareth (setembro de 2002). «Identification of twenty‐two bat species (Mammalia: Chiroptera) from Italy by analysis of time‐expanded recordings of echolocation calls». Journal of Zoology (em inglês) (1): 91–103. ISSN 0952-8369. doi:10.1017/S0952836902001231. Consultado em 5 de março de 2023
- Cabral, M.J.C (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Lisboa: Instituto da Conservação da Natureza. p. 659. ISBN 978-972-37-1082-3
- Medinas, Denis; Marques, J. Tiago; Mira, António (1 de março de 2013). «Assessing road effects on bats: the role of landscape, road features, and bat activity on road-kills». Ecological Research (em inglês) (2): 227–237. ISSN 1440-1703. doi:10.1007/s11284-012-1009-6. Consultado em 5 de março de 2023
- Catto, C. M. C.; Hutson, A. M.; Raccey, P. A.; Stephenson, P. J. (abril de 1996). «Foraging behaviour and habitat use of the serotine bat ( Eptesicus serotinus ) in southern England». Journal of Zoology (em inglês) (4): 623–633. ISSN 0952-8369. doi:10.1111/j.1469-7998.1996.tb05419.x. Consultado em 5 de março de 2023
- Glendell, Miriam; Vaughan, Nancy (novembro de 2002). «Foraging activity of bats in historic landscape parks in relation to habitat composition and park management». Animal Conservation (em inglês) (4): 309–316. doi:10.1017/S1367943002004067. Consultado em 5 de março de 2023
- Wickramasinghe, Liat P.; Harris, Stephen; Jones, Gareth; Vaughan, Nancy (dezembro de 2003). «Bat activity and species richness on organic and conventional farms: impact of agricultural intensification». Journal of Applied Ecology (em inglês) (6): 984–993. ISSN 0021-8901. doi:10.1111/j.1365-2664.2003.00856.x. Consultado em 5 de março de 2023
- «Convenção de Berna». eur-lex.europa.eu. Consultado em 5 de março de 2023
- SIMMONS, N. B. Order Chiroptera. In: WILSON, D. E.; REEDER, D. M. (Eds.). Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference. 3. ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2005. v. 1, p. 312-529.
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