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futebolista brasileiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Moacir Barbosa do Nascimento[nota 1] (Campinas, 27 de março de 1921 – Praia Grande, 7 de abril de 2000) foi um futebolista brasileiro que atuou como goleiro.
Barbosa em 1945 | ||
Informações pessoais | ||
---|---|---|
Nome completo | Moacir Barbosa do Nascimento | |
Data de nascimento | 27 de março de 1921 | |
Local de nascimento | Campinas, São Paulo, Brasil | |
Nacionalidade | brasileiro | |
Data da morte | 7 de abril de 2000 (79 anos) | |
Local da morte | Praia Grande, São Paulo, Brasil | |
Altura | 1,74 m | |
Pé | destro | |
Informações profissionais | ||
Posição | goleiro | |
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos e gol(o)s |
1940–1941 1942–1944 1945–1955 1955–1956 1957 1958–1962 1962 |
ADCI-SP Ypiranga-SP Vasco da Gama Santa Cruz Bonsucesso Vasco da Gama Campo Grande[1] |
123 (0) 431 (0)[2] 45 (0) 35 (0) 0 (0) 32 (0) | 56 (0)
Seleção nacional | ||
1949–1953 | Brasil | [3] | 20 (0)
Embora tenha sido considerado um dos maiores arqueiros de sua época, Barbosa é mais lembrado por sua participação na derrota da Seleção Brasileira na final da Copa do Mundo de 1950, contra o Uruguai, em particular pelo segundo gol uruguaio, marcado por Alcides Ghiggia. Por causa da derrota, conhecida como "Maracanaço", o goleiro foi acusado de ter falhado ao levar o gol da derrota e carregou até a morte o fardo da derrota. Após o Mundial, ele retornou ao Vasco da Gama, onde foi ovacionado por ser uma referência na história do time, porém sofreu nacionalmente com o estigma do gol sofrido na Copa do Mundo.
Barbosa nasceu em Campinas, no dia 27 de março de 1921, onde viveu até os dez anos de idade.[1]
Foi um goleiro seguro e elástico, dotado de excelente senso de colocação, que jamais temeu mergulhar nos pés dos adversários. Barbosa começou a carreira como ponta-esquerda no extinto Comercial da Capital, mas transferiu-se já como goleiro ao Ypiranga de São Paulo.[5] Suas atuações no clube, pelo qual jogou por três anos, atraíram a atenção do Vasco, que o contratou em 1945, substituindo o goleiro Rodrigues. Ele só conseguiria a vaga de titular em 1946, permanecendo dono da posição até meados de 1955.
Barbosa entrou em um momento especial do Vasco, que na época montava um de seus maiores times, o chamado Expresso da Vitória. Pelo clube, ganhou os Cariocas de 1945, 1947, 1949, 1950, 1952 e 1958. Teve também ativa participação na conquista do Campeonato Sul-Americano de Campeões (precursor da atual Libertadores da América) em 1948.
Ele também jogou pelo Santa Cruz,[6] pelo Bonsucesso, e em junho de 1962 defendeu o Campo Grande, do Rio de Janeiro, seu último clube. Neste mesmo ano, se aposentou como jogador. Foi bicampeão brasileiro pela Seleção Carioca em 1950 e campeão sul-americano pela Seleção Brasileira em 1949.
Titular inquestionável na meta brasileira, Barbosa teve o ponto baixo de sua carreira na Copa do Mundo de 1950. O Brasil sediava a Copa e só precisaria de um empate para sagrar-se pela primeira vez campeão mundial. A partida estava empatada em 1–1, até que o ponta-direita uruguaio Alcides Ghiggia recebeu a bola na grande área, se aproximou do gol do Brasil e chutou num pequeno espaço entre Barbosa e a trave, no canto esquerdo. Barbosa inicialmente pensou que Ghiggia iria cruzar e deu um passo para frente para cortar o cruzamento. Quando Ghiggia chutou na direção do gol, o goleiro foi pego de surpresa, no contrapé, e não conseguiu evitar o gol. No final, o Uruguai acabou sendo o campeão. Barbosa foi acusado de ter falhado no gol de Ghiggia, feito de bode expiatório e escolhido como o culpado pela derrota.
Em 1953, o goleiro ainda foi convocado para a Seleção Brasileira para a disputa da Copa América, na qual jogou a partida contra o Equador, pela segunda rodada da competição. Este acabaria sendo seu último jogo pelo Brasil. No mesmo ano, num jogo do Vasco contra o Botafogo pelo Torneio Rio-São Paulo, Barbosa teve a perna quebrada num choque com o atacante Zezinho. Em princípio, teve uma grande depressão e só se recuperou quando o Hospital dos Acidentados começou a fazer filas para os torcedores que desejavam visitá-lo.[7] Mesmo depois do desastre na Copa do Mundo, o jogador sentiu o quanto ainda era querido pela torcida carioca. Barbosa ainda chegou muito perto de disputar a Copa do Mundo FIFA de 1954, na Suíça, mas essa lesão sofrida em 1953 impediu sua ida ao Mundial. Após a contusão, nunca mais foi convocado para a Seleção Brasileira.
Depois de encerrar a carreira, passou a trabalhar no Maracanã como funcionário da Suderj.[8]
Sempre que Barbosa saía na rua, era criticado por causa da derrota de 1950. Ele costumava contar que, certa vez, estava em uma padaria quando entrou uma senhora segurando uma criança com as mãos. Ao ver o goleiro, a senhora apontou para ele e disse para a criança: "Esse homem que fez o Brasil chorar".[9]
Barbosa também contava que seus vizinhos haviam preparado um grande banquete na rua para comemorar o título de 1950. Mas, após a derrota, ninguém quis comer a comida na mesa, nem mesmo os cachorros que estavam ali por perto.
Em 1993, às vésperas da partida entre Brasil e Uruguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994, Barbosa foi impedido de ver a Seleção Brasileira na Granja Comary, e o episódio também lhe causou profunda tristeza.[10] Após o ocorrido, mudou-se do Rio de Janeiro, para tentar uma vida mais tranquila. Foi para o litoral paulista, onde sua vida melhorou um pouco, mas continuou a ser criticado pela derrota de 1950.
Em 1997, a esposa de Barbosa, Clotilde, faleceu devido a um câncer de medula. Os dois foram casados por 54 anos. Sofrendo dificuldades financeiras, o ex-goleiro não conseguiu manter o apartamento onde morava, que acabou sendo vendido. Barbosa passou então a sobreviver com a ajuda de amigos e do seu clube, o Vasco da Gama, que lhe enviava dinheiro para que ele pudesse alugar um apartamento.[11]
Apesar da dor da derrota, Barbosa também dizia que tinha orgulho em ter sido vice-campeão mundial, e lamentava o vice-campeonato não ser valorizado no Brasil como em outros países.
Barbosa morreu no dia 7 de abril de 2000 na cidade de Praia Grande-SP, onde vivia com uma filha adotiva.[1] Faleceu devido a uma parada cardiorrespiratória, após complicações de um AVC.[12] Foi enterrado no cemitério Morada da Grande Planície, em Praia Grande-SP.
A respeito de Barbosa, assim escreveu o cronista Armando Nogueira:
“ | Certamente, a criatura mais injustiçada na história do futebol brasileiro. Era um goleiro magistral. Fazia milagres, desviando de mão trocada bolas envenenadas. O gol de Ghiggia, na final da Copa de 50, caiu-lhe como uma maldição. E quanto mais vejo o lance, mais o absolvo. Aquele jogo o Brasil perdeu na véspera.[13] | ” |
— Armando Nogueira |
A família de Barbosa mantém sua memória viva e sempre está na mídia em defesa da história do goleiro, de quem querem que seja lembrado pelo que fez no Clube Carioca e não apenas pelo revés na Copa de 1950. Em recente entrevista, a filha do jogador defendeu que o Centro de Treinamento do Vasco, que está em construção, tenha o nome do ex-goleiro, que segundo ela, jogou por amor e honrou a camisa cruzmaltina.
Em 1988, foi tema do curta-metragem Barbosa, em que um homem (Antônio Fagundes) volta no tempo para tentar evitar o segundo gol do Uruguai na final da Copa de 1950. Já em 1999, foi homenageado com o título de cidadão honorário do Rio de Janeiro.[14]
Em 2014, foi homenageado na cidade de Santos com uma estátua em arame criada pelo escultor Laércio Alves.[15]
Em 2020, foi homenageado durante a cerimônia de inauguração do novo Centro de Treinamento do Club de Regatas Vasco da Gama, cujo campo principal recebeu seu nome. A cerimônia contou com homenagens de sua filha, Tereza Borba, e do presidente do clube, Alexandre Campello.[16] Após votação por parte dos sócios, o novo CT foi renomeado CT Moacyr Barbosa em sua homenagem em agosto de 2021.[17]
Após a derrota do Brasil para a Alemanha por 7–1 na semifinal da Copa do Mundo de 2014, na partida conhecida como Mineiraço (e na segunda Copa do Mundo sediada no Brasil), torcedores e imprensa saíram em defesa de Barbosa.[18][19] Tereza Borba, a filha adotiva do goleiro, declarou: "Sou brasileira, queria que o Brasil ganhasse, mas estou vendo de outra forma agora. Muita gente está dizendo que o Barbosa hoje está sendo inocentado. Acho que ele lavou a alma agora. Ele não passou essa vergonha."[20]
Sobre a derrota do Brasil em 2014 e a redenção de Barbosa, assim escreveu o jornalista Diego Garcia:
“ | Segundo o falecido cronista Armando Nogueira, Barbosa foi "certamente, a criatura mais injustiçada na história do futebol brasileiro. Era um goleiro magistral. Fazia milagres, desviando de mão trocada bolas envenenadas. O gol de Ghiggia, na final da Copa de 50, caiu-lhe como uma maldição. E quanto mais vejo o lance, mais o absolvo". Pois agora, tanto Tereza quanto seu pai, onde quer que esteja, podem ficar tranquilos: a 'maldição' foi enterrada nesta terça. A sete palmos abaixo da terra. Em cada um dos sete gols alemães. Descanse em paz, Barbosa.[21] | ” |
Darwin Pastorin (2005). L'ultima parata di Moacyr Barbosa. Itália: Mondadori. p. 92. ISBN 978-88-04-52511-0
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