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escritor brasileiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Milton Assi Hatoum (Manaus, 19 de agosto de 1952) é um escritor, tradutor e professor brasileiro.[1] Hatoum é considerado um dos grandes escritores vivos do Brasil.[2]
Milton Hatoum | |
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O escritor em 2014 | |
Nome completo | Milton Assi Hatoum |
Nascimento | 19 de agosto de 1952 (72 anos) Manaus, Amazonas |
Residência | São Paulo |
Nacionalidade | Brasileiro |
Ocupação | Escritor |
Principais trabalhos | Relato de um certo oriente: romance |
Prémios | Prémio Jabuti 1990, 2006 Prêmio Portugal Telecom de Literatura (2006) Ordem do Mérito Cultural (2008) |
Filho de um libanês com uma brasileira do Amazonas, ensinou literatura na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e foi professor visitante nas Universidade da Califórnia, em Berkeley, e Sorbonne, em Paris. Escreveu seis romances: Relato de um Certo Oriente (1989), Dois Irmãos (2000), Cinzas do Norte (2005; este último vencedor do Prêmio Portugal Telecom de Literatura e todos os três primeiros ganhadores do Prêmio Jabuti de melhor romance), Órfãos do Eldorado, e dois volumes da trilogia O Lugar Mais Sombrio: A Noite da Espera (2017) e Pontos de Fuga (2019). Seus livros já venderam mais de 400 mil exemplares no Brasil e foram traduzidos em dezessete países, como a Itália, os Estados Unidos, a França e a Espanha.[3]
Em 2018 recebeu o Prêmio Roger Callois (Maison de l'Amérique Latine/PEN Club-França).[4] Em 2023, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Amazonas.[5]
Hatoum costuma em suas obras falar de dramas familiares com alcance histórico e político.[6]
Nasceu na cidade de Manaus, no Amazonas. Aos quinze anos mudou-se para Brasília, cidade onde foi preso por participar de uma passeata contra o governo. Em 1970 mudou-se para São Paulo, onde ingressou, em 1972, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.[7] Foi perseguido ainda na FAU pelo DOPS da ditadura por participar do movimento estudantil. Em 1978, passou a lecionar História da Arquitetura na Universidade de Taubaté,[8] onde permaneceu até pedir o afastamento devido a uma bolsa de estudos que lhe havia sido concedida na Europa. Em 1980, viajou para a Espanha como bolsista do Instituto Iberoamericano de Cooperación. Viveu entre Madri e Barcelona. Logo depois, mudou-se para a França, onde cursou pós-graduação na Universidade de Paris III.[7]
Em 1984, Milton retornou a Manaus, onde passou a lecionar língua e Literatura francesa na Universidade Federal do Amazonas. Relato de um Certo Oriente foi publicado em 1989, quando ele tinha 37 anos.
Em 1999, mudou-se para São Paulo, onde iniciou o doutorado em Teoria Literária na USP.[9] Em 2000, deligou-se da Universidade Federal do Amazonas e do programa de Pós Graduação da USP para se dedicar exclusivamente à literatura. Onze anos após a publicação do primeiro romance, Milton publica Dois Irmãos. Foi colunista do Terra Magazine, da revista Entrelivros, do jornal O Globo e do jornal O Estado de São Paulo. Vem publicando também em jornais e revistas brasileiras e estrangeiras e dando cursos e palestras em escolas, universidades e instituições.
Em janeiro de 2017, Dois Irmãos estreou em formato de minissérie na TV Globo, com direção de Luiz Fernando Carvalho e o ator Cauã Reymond no papel dos irmãos gêmeos radicados em Manaus.[10]
Em 2015, Órfãos do Eldorado estreia nos cinemas, com direção de Guilherme Coelho.[11]
Em 2023, é a vez de O Rio do desejo, uma adaptação do conto "O adeus ao Comandante", com direção de Sergio Machado.
A adaptação de Relato de um certo Oriente é aguardada para 2024, com a direção de Marcelo Gomes.[12]
Dois Irmãos foi adaptado para quadrinhos pelos irmãos Gabriel Bá e Fábio Moon. O HQ foi publicado em vários países e vencedor do prestigioso Eisner Award for "Best Adaptation from Another Medium".[13]
Hatoum é conhecido por misturar experiências e lembranças pessoais com o contexto sociocultural da Amazônia e do Oriente.[2] Sobre o primeiro livro, assim ele explica: "No Relato de um certo Oriente há um tom de confissão, é um texto de memória sem ser memorialístico, sem ser auto-biográfico; há, como é natural, elementos de minha vida e da vida familiar. Porque minha intenção, do ponto de vista da escritura, é ligar a história pessoal à história familiar: este é o meu projeto. Num certo momento de nossa vida, nossa história é também a história de nossa família e a de nosso país (com todas as limitações e delimitações que essa história suscite)."[14]
O colunista Roberto Amorim considera a escrita de Milton possuidora de "uma linguagem caudalosa e envolvente que faz o leitor sentir a força da boa literatura."[2] Flora Sussekind observa que a prosa de Hatoum deixa de lado velhos temas típicos do regionalismo, como o conflito do homem com a natureza e os seringueiros e destaca o grande esforço técnico na estruturação de seu primeiro romance.[6]
A partir do romance Relato de um certo Oriente, Milton Hatoum vem gozando de um reconhecimento muito grande por parte dos críticos e também dos leitores do seu país e do exterior.[14] O primeiro livro, assim como seu recente Órfãos do Eldorado, são considerados por diversos críticos como "obras-primas".[2] Milton já foi chamado de "O escritor que coleciona prêmios",[15] mas disse certa vez: "não escrevo para ganhá-los".[2] Foi considerado pelo crítico literário Luiz Costa Lima "um dos grandes ficcionistas do milênio".[6]
Desde a infância, Hatoum sempre frequentou bibliotecas, que considera "um lugar democrático do saber, do conhecimento, na medida em que os livros transmitem saber, conhecimento, permitem viagens imaginárias".[16]
As novas obras de Milton Hatoum começam a ganhar novas fronteiras. Dois livros do escritor e um conto foram adaptados para o cinema, e Dois Irmãos ganhou uma minissérie exibida na TV Globo — além de uma versão em quadrinhos lançada há pouco tempo. Hatoum ainda trabalha num novo livro, O Lugar Mais Sombrio e diz, a ser levado ou não a sério, que, depois dessa publicação, não irá mais escrever, pois considera que não terá mais nada a dizer.[17]
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