Mestre-sala e porta-bandeira são um casal de dançarinos que exercem a função de conduzir e apresentar a bandeira de uma escola de samba durante o seu desfile no carnaval[1][2].

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Casal de mestre-sala e porta-bandeira.

História

A dança do mestre-sala e da porta-bandeira surgiu nos ranchos, em que o baliza e o porta-estandarte deviam defender os símbolos da associação. A defesa, nesse caso, não era apenas simbólica: membros de um rancho costumavam tentar roubar a bandeira do outro. Por isso, muitos dos primeiros porta-bandeiras eram homens, inclusive quando as figuras foram incorporadas pelas escolas de samba. Um dos primeiros porta-bandeiras de que se tem registro foi Ubaldo, da GRES Portela. Por sua vez, Maria Adamastor foi uma das primeiras mestre-salas.

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Hilário Jovino Ferreira, criador do casal de mestre-sala e porta-bandeira e primeiro mestre-sala da história.

Com o tempo, a atuação dos balizas e porta-estandartes evoluiu para o giro da porta-bandeira acompanhada pelo gingado do mestre-sala. Uma hipótese é de que essa mudança foi influenciada por danças rituais pré-nupciais das adolescentes africanas cortejadas pelos jovens guerreiro. Outra possível origem do formato atual é a dança encontrada nas festas populares e sepultamentos, em que as tribos eram identificadas por bandeiras coloridas.

Em 1938, a fantasia do mestre-sala e da porta-bandeira passou a ser um quesito de julgamento no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. A partir de 1958 o quesito passou a incluir a dança do casal[3].

O Carnaval já era citado no início do século XIX sobre os blocos carnavalescos do Rio de Janeiro, muitos inclusive denominados também de grupos Maltas de capoeira, que eram grupos de ex-escravizados que usavam da violência e brigas de gangues nos centros urbanos, e toda essa violência acabou sendo chamada de capoeiragem, fato que fez a capoeira ser proibida a sua prática entrando como contravenção no código penal de 1890.

Esses grupos eram divididos por bairros, e cada grupo era muito envolvido em festas populares e até c comícios políticos. No carnaval cada grupo possuía o seu escudo, sua bandeira denominado de pavilhão, e nos desfiles era comum grupos rivais roubarem o pavilhão de outro grupo, que seria uma espécie de troféu, diante desse fato a porta pavilhão denominada atualmente de porta bandeira, ela passou a ser escoltada pelo melhor capoeirista do grupo, que além de vir dançando executava golpes de capoeira em cima de quem tentasse se aproximar do pavilhão, muitas vezes eles vinham também armados de navalhas, facas, e punhais, armas brancas usadas por esses grupos na época. Com o passar dos anos e mais tranquilidade nos centros urbanos e fim dos grupos de Maltas, a navalha foi substituída simbolicamente pelo leque, a faca e punhal pelos lenços, mais os passos sambados e ágeis são sem dúvidas herança dos capoeiras do fim da escravidão.

Regras

No desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, os casais devem se apresentar para os jurados, que vão avaliar a fantasia e a dança. Entre os passos obrigatórios estão os meneios, as meias-voltas, os giros completos, os torneados e as mesuras.

Os dois jamais podem dar as costas um ao outro ao mesmo tempo. O mestre-sala precisa passar a impressão de que está protegendo a sua parceira, que por sua vez não pode jamais deixar a bandeira se enrolar no mastro ou bater em seu corpo[4][5].

Em São Paulo, os jurados devem avaliar o bailado do casal e a integridade de suas fantasias. Também devem tirar pontos caso a porta-bandeira se curve diante de alguém, ou se deixar a bandeira se enrolar ou tocar no seu rosto ou no do parceiro. O mestre-sala não pode cair nem tocar o joelho no chão. os dois também perdem pontos se conversarem entre si[6]

Ganhadores do Estandarte de Ouro

Estes foram os ganhadores do Estandarte de Ouro, prêmio oferecido pelo jornal O Globo:

Ano Mestre-sala[7] Porta-bandeira[8]
2020 Sidclei Santos (Salgueiro) Marcella Alves (Salgueiro) [9]
2019 Phelipe Lemos (União da Ilha) Squel Jorgea (Mangueira)[10]
2018 Daniel Werneck (Grande Rio) Verônica Lima (Grande Rio)[11].[12]
2017 Sidclei Santos (Salgueiro) Verônica Lima (Grande Rio)[13]
2016 Phelipe Lemos (Unidos de Vila Isabel) Marcella Alves (Salgueiro)[14]
2015 Claudinho (Beija-Flor) Squel (Mangueira)[15]
2014 Phelipe Lemos (Imperatriz Leopoldinense) Giovanna Justo (Unidos de Vila Isabel)[16]
2013 Phelipe Lemos (Imperatriz Leopoldinense) Marcella Alves (Mangueira)[17]
2012 Julinho Nascimento (Unidos de Vila Isabel) Rute Alves (Unidos de Vila Isabel)
2011 Julinho Nascimento (Unidos de Vila Isabel) Giovanna Justo (Unidos da Tijuca)
2010 Julinho Nascimento (Unidos de Vila Isabel) Rute Alves (Unidos de Vila Isabel)
2009 Julinho Nascimento (Unidos de Vila Isabel) Selminha Sorriso (Beija-Flor)
2008 Rogerinho (Mocidade Independente de Padre Miguel) Ana Paula (Unidos do Porto da Pedra)
2007 Raphael Rodrigues (Unidos de Vila Isabel) Lucinha Nobre (Unidos da Tijuca)
2006 Claudinho (Beija-Flor) Lucinha Nobre (Unidos da Tijuca)
2005 Claudinho (Beija-Flor) Selminha Sorriso (Beija-Flor)
2004 Ronaldinho (Acadêmicos do Salgueiro) Giovanna Justo (Mangueira)
2003 Ronaldinho (Acadêmicos do Salgueiro) Lucinha Nobre (Unidos da Tijuca)
2002 Claudinho (Beija-Flor) Selminha Sorriso (Beija-Flor)
2001 Ronaldinho (Acadêmicos do Salgueiro) Marcella Alves (Acadêmicos do Salgueiro)
2000 Paulo Roberto (Unidos da Tijuca) Selminha Sorriso (Beija-Flor)
1999 Rogerinho (Mocidade Independente de Padre Miguel) Rita Freitas (Império Serrano)
1998 Sidclei Santos (Acadêmicos do Salgueiro) Selminha Sorriso (Beija-Flor)
1997 Bira (Unidos de Vila Isabel) Tuca (Unidos de Vila Isabel)
1996 Claudinho (Beija-Flor) Rita Freitas (Império Serrano)
1995 Ronaldinho (São Clemente) Babi (União da Ilha do Governador)
1994 Claudinho (Estácio de Sá) Maria Helena (Imperatriz Leopoldinense)
1993 Jerônimo (Imperatriz Leopoldinense) Lucinha Nobre (Mocidade Independente de Padre Miguel)
1992 Carlinhos Brilhante (Unidos de Vila Isabel) Selminha Sorriso (Estácio de Sá)
1991 Robertinho (Mangueira) Rita Freitas (Acadêmicos do Salgueiro)
1990 Alex (Acadêmicos de Santa Cruz) Regina (Lins Imperial)
1989 Marco Aurélio (Beija-Flor) Vilma Nascimento (Tradição)
1988 Ronaldo (Acadêmicos do Salgueiro) Maria Helena (Acadêmicos do Salgueiro)
1987 Chiquinho (Imperatriz Leopoldinense) Irene (Império Serrano)
1986 Amauri (Acadêmicos do Salgueiro) Rita Freitas (Acadêmicos do Salgueiro)
1985 Chiquinho (Imperatriz Leopoldinense) Rita Freitas (Acadêmicos do Salgueiro)
1984 Élcio PV (Beija-Flor) Mocinha (Mangueira)
1983 Élcio PV (Beija-Flor) Juju Maravilha (Beija-Flor)
1982 Delegado (Mangueira) Adriana (Acadêmicos do Salgueiro)
1981 Élcio PV (Beija-Flor) Mocinha (Mangueira)
1980 Sérgio Jamelão (Império Serrano) Mocinha (Mangueira)
1979 Élcio PV (Beija-Flor) Vilma Nascimento (Portela)
1978 Delegado (Mangueira) Vilma Nascimento (Portela)
1977 Cidinho (Unidos de São Carlos [Estácio de Sá]) Vilma Nascimento (Portela)
1976 Robertinho (União da Ilha do Governador) Neide (Mangueira)
1975 Sérgio Jamelão (Império Serrano) Neide (Mangueira)
1974 Bagdá (Portela) Neide (Mangueira)
1973 Élcio PV (Mangueira) Neide (Mangueira)
1972 Zequinha (Mangueira) Neide (Mangueira)

Ganhadores do Tamborim de Ouro

Estes foram os ganhadores do Tamborim de Ouro, prêmio oferecido pelo jornal O Dia[18]:

Ano Escola Mestre-sala Porta-bandeira
1999 Beija-Flor Claudinho Selminha Sorriso
2000 Beija-Flor Claudinho Selminha Sorriso
2001 Beija-Flor Claudinho Selminha Sorriso
2002 Beija-Flor Claudinho Selminha Sorriso
2003 Beija-Flor Claudinho Selminha Sorriso
2004 Unidos da Tijuca Rogério Lucinha Nobre
2005 Unidos da Tijuca Bira Lucinha Nobre
2006 Acadêmicos do Grande Rio Sidclei Santos Squel
2007 Unidos da Tijuca Bira Lucinha Nobre
2008 Mocidade Independente de Padre Miguel Rogério Dornelles Marcella Alves
2009 Acadêmicos do Grande Rio Sidclei Santos Squel
2010 Acadêmicos do Grande Rio Sidclei Santos Squel
2011 Mangueira Raphael Rodrigues Marcella Alves
2012 Mangueira Raphael Rodrigues Marcella Alves
2013 Beija-Flor Claudinho Selminha Sorriso
2014 Beija-Flor Claudinho Selminha Sorriso
2015 Beija-Flor Claudinho Selminha Sorriso
2016 Imperatriz Leopoldinense Rogério Dornelles Rafaela Theodoro
2017 União da Ilha Phelipe Lemos Dandara Ventapane
2018 Salgueiro Sidclei Santos Marcella Alves[19]
2019 Salgueiro Sidclei Santos Marcella Alves[20]
2020 Portela Marlon Lamar Lucinha Nobre[21]

Referências

15. A alma encantadora das Ruas de 1908 - João do Rio

  1. Como se avalia um desfile de escolas de samba? Super Interessante 197, fevereiro de 2004
  2. RODRIGUES, Tarcila Mariana Gomes. A dança do mestre-sala e porta-bandeira: tradição e influências. Trabalho de conclusão do curso de pós-graduação em Gestão de Projetos Culturais e Organização de Eventos. CELACC-ECA-USP, 2012
  3. A realeza na avenida. Cidade das Artes, 3 de março de 2014
  4. Quesitos - Mestre-sala e porta-bandeira. Extra, 8 de fevereiro de 2007
  5. Manual do Julgador. LigaSP - Carnaval 2017
  6. «Estandarte de Ouro 2020: Confira a lista dos Vencedores». woomagazine.com.br. 25 de fevereiro de 2020. Consultado em 19 de março de 2020
  7. https://oglobo.globo.com/rio/confira-lista-dos-vencedores-do-estandarte-de-ouro-de-2019-23500489 Confira a lista dos vencedores do Estandarte de Ouro de 2019]. O Globo, 5 de março de 2019
  8. «Cubango ganha os dois Estandartes de Ouro da Série A». O Globo. Consultado em 11 de fevereiro de 2018
  9. «Salgueiro leva Estandarte de Ouro de melhor escola». O Globo. Consultado em 13 de fevereiro de 2018
  10. «Mangueira é bicampeã do Estandarte de Ouro». O Globo. Consultado em 28 de fevereiro de 2017
  11. «Mangueira ganha o Estandarte de Ouro de melhor escola». O Globo. Consultado em 9 de fevereiro de 2016
  12. O Globo. «Imperatriz Leopoldinense leva o prêmio Estandarte de Ouro 2015». Consultado em 17 de fevereiro de 2015
  13. O Globo. «Salgueiro leva o prêmio Estandarte de Ouro 2014». Consultado em 9 de março de 2014
  14. O Globo. «Mangueira leva o prêmio Estandarte de Ouro 2013». Consultado em 4 de março de 2012
  15. tamborim de Ouro. Academia do samba
  16. «Tamborim de Ouro é da Portela». O Dia. Consultado em 19 de março de 2020

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