Maçuá
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Maçuá[1][2][3] ou Massaua[4] (em inglês: Massawa; em italiano: Massaua; em ge'ez: ምጽዋ; romaniz.: miṣṣiwa; em árabe: مصوع; romaniz.: maṣṣawaʿ) é uma cidade portuária da Eritreia, na costa do Mar Vermelho, situada a noroeste de Asmara. É capital da região de Mar Vermelho no Norte. Devido à sua importância geográfica ao longo da história, foi ocupada pelo Egito, Império Otomano, Itália, Reino Unido e Etiópia. Foi capital da colônia italiana da Eritreia até que o governo colonial foi transferido para Asmara, em 1900. Sua população é de 39 758 habitantes (2007).
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Cidade | ||
Centro velho de Maçuá | ||
Localização | ||
Localização de Maçuá na Eritreia | ||
Coordenadas | 15° 36′ 33″ N, 39° 26′ 43″ L | |
País | Eritrea | |
Região (Zoba) | Mar Vermelho no Norte | |
Distrito | Maçuá | |
Características geográficas | ||
População total (2007) | 39 758 hab. | |
Altitude | 63 m | |
Fuso horário | EAT (UTC+3) |
Etimologia e uso
Algumas fontes registram que o topônimo português "Maçuá" advém do árabe maçuu'a.[4] Outras atribuem a sua origem ao etíope dsau'a, "chamar", e medsau'a, "extensão do chamado", "tão longo quanto se possa ouvir um chamado".[5] Algumas fontes onomásticas registram ou preconizam como válida apenas a forma "Maçuá" em português,[6][7][2] enquanto outras admitem o uso moderno de formas advindas de outros idiomas, como "Massaua", "Massawa" ou até "Massaouah".[4]
História
Antiguidade e Idade Média
Maçuá foi mencionada pela primeira vez na Crônica Real do Imperador Yeshaq da Etiópia, quando o mandatário imperial estacionado naquela região se revoltou, no século XV.[8] Na maior parte de sua história, não passou de uma aldeia litorânea, situada em terras que haviam pertencido ao Reino de Axum, nos tempos antigos, e que vivia à sombra do porto vizinho de Adúlis, a cerca de 50 km a sul. Com o declínio de Axum, no século XVIII, a área em torno de Maçuá se tornou um campo de batalha entre as forças islâmicas que invadiram a região (árabes e, posteriormente, bejas) e as forças cristãs pós-axumitas daquela região do país. Foi nesta época que a mesquita mais antiga da atual Eritreia, a Mesquita Sheikh Hanafi, foi construída na ilha de Maçuá, juntamente com diversas outras obras da arquitetura islâmica inicial, tanto dentro da cidade como ao seu redor (no arquipélago Dahlak e na península de Zula).
Domínio otomano
Comerciantes venezianos teriam vivido na região e em Suaquém no século XV. Maçuá tornou-se proeminente no fim do século XVI, quando foi capturada pelo Império Otomano (1557), que a tornou capital de Habexe, uma província que inicialmente englobaria toda a Etiópia, mas que na prática permaneceu centrada na atual Eritreia. Sob Ozdemur Paxá, as tropas otomanas tentaram então conquistar o resto da Eritreia e a província de Tigré, na Etiópia. Devido à forte resistência, e às exigências militares no mar Mediterrâneo e na fronteira com a Pérsia, as autoridades otomanas colocaram a cidade e suas imediações sob o controle de um dos aristocratas dos bejas, que apontaram como naíbe de Maçuá, sob a jurisdição e autoridade do governador otomano em Suaquém.[9] Os otomanos ainda assim transformaram a cidade antiga de Maçuá, na ilha de Maçuá, num porto importante do mar Vermelho, utilizando a arquitetura otomana islâmica típica, utilizando-se de corais secos para as paredes, teto e fundações, assim como madeiras importadas para as vigas, janelas e terraços. Estes edifícios e a cidade antiga de Maçuá ainda existem atualmente, apesar de terem passado por inúmeros terremotos e guerras (incluindo bombardeios aéreos).
Durante o século XVIII, Maçuá foi dominada pelo Egito, com o consentimento otomano, como boa parte da costa africana do mar Vermelho. Logo após a derrota egípcia na Batalha de Gura, o país perdeu o controle do porto, e, com a ajuda do Império Britânico, Maçuá passou para o controle italiano, como parte da colônia italiana da Eritreia, em 1885. Em 1921 a maior parte da cidade e do porto foram destruídos pelo terremoto de Maçuá; os portos não conseguiram se recuperar até 1928,[10] o que teve prejudicou seriamente as ambições coloniais italianas, já que o porto estava sendo projetado para ser o maior e mais seguro da costa oriental da África, e o maior porto de águas profundas no mar Vermelho.
Segunda Guerra Mundial
A Itália se aliou às forças do Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial, e Maçuá foi o porto principal da Frota do Mar Vermelho da Marinha Real Italiana (Regia Marina). Quando a cidade caiu para os Aliados, durante a campanha do leste da África, um grande número de navios de guerra italianos e alemães foram afundados, numa tentativa de impedir que os inimigos se utilizassem do porto.
Em 1942, os navios foram resgatados, e o porto foi restaurado à atividade, por obra do capitão da Marinha dos Estados Unidos Edward Ellsberg, para integrar o que havia se tornado o protetorado britânico da Eritreia. Com o fim da guerra, em 1945, o porto sofreu graves danos depois que as forças britânicas que ocuparam a cidade desmantelaram e destruíram boa parte das instalações. Estas ações foram relatadas pela sufragista britânica Sylvia Pankhurst, em seu livro Eritrea on the Eve.[11]
Segunda metade do século XX
De 1952 a 1990, quando a Eritreia se juntou à Etiópia, numa federação, Maçuá passou a ser brevemente o quartel-general da Marinha da Etiópia, já extinta. Eventualmente a Etiópia desfez a federação e anexou à força a Eritreia, ocupando-as com suas tropas; isto levou à Guerra da Independência de Eritreia (1961–1991). Em fevereiro de 1990, unidades da Frente para a Libertação do Povo Eritreu capturaram Maçuá num ataque surpresa, realizado tanto pela terra quanto pelo mar. O sucesso deste ataque cortou a principal linha de abastecimento do Segundo Exército Etíope, em Asmara, que teve então de ter seus suprimentos entregues por via aérea. Como retaliação, o então líder da Etiópia, Mengistu Haile Mariam, ordenou que a cidade fosse bombardeada, arrasando-a consideravelmente. Até 2005 ela ainda estava sendo reconstruída pelo governo da Eritreia.
Demografia
Maçuá tem 39.758 habitantes (2007).[12] A cidade vem passando por um período de crescimento populacional nos últimos vinte anos.
Ano | Habitantes |
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1984 (censo) | 15.441 |
1983 (estimativa) | 16.576 |
1993 (estimativa) | 19.404 |
2007 (cálculo) | 39.758 |
Lugares de interesse
Maçuá conta com uma base naval, grandes pieres de carga, um aeroporto e uma ferrovia que une a cidade com Asmara. As balsas que partem da cidade a ligam com as ilhas Dahlak e com a ilha Green, situada nas cercanias.
Entre os edifícios mais notáveis da cidade estão a Mesquita Xeique Hanafi, do século XV, e diversas casas feitas de coral. Também sobrevivem muitos palácios da época otomana, como o bazar, e outros e construção mais recente, como o Palácio Imperial, reconstruído em 1872 pelo linguista e explorador suíço Werner Munzinger; a Catedral de Santa Maria; a Villa Melotti, edificada na década de 1930, e o edifício do Banco da Itália. A Guerra de Independência Eritreia é comemorada num memorial, formado por três tanques, que se encontra no centro de Maçuá.
Referências
- Fernandes, Ivo Xavier (1941). Topónimos e Gentílicos. I. Porto: Editora Educação Nacional, Lda.
- Gonçalves, Rebelo (1947). Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa. Coimbra: Atlântida - Livraria Editora. p. 37, 364
- Machado, José Pedro. Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, verbete "Maçuá".
- Nascentes, Antenor. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, tomo II, verbete "Maçuá".
- Gonçalves, Rebelo. Vocabulário da Língua Portuguesa, verbete "Maçuá": "forma ver. que pretere o estrangeirismo Massaouah".
- Nascentes registra apenas a forma "Maçuá".
- Huntingford, G. W. B.; Pankhurst, Richard; Appleyard, David (1989). The Historical Geography of Ethiopia: From the First Century AD to 1704. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 0-19-726055-1
- Richard Pankhurst, The Ethiopian borderlands (Lawrenceville: Red Sea Press, 1997), p. 270.
- Killion, Tom (1998). Historical Dictionary of Eritrea. [S.l.]: The Scarecrow Press. ISBN 0-8108-3437-5
- Incidentes detalhados também no capítulo "The Feminist Fuzzy-Wuzzy" do livro I didn't do it for you: how the world betrayed a small African nation, de Michela Wong (New York: Harper-Perennial, 2005), pp. 116-150.
Ligações externas
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