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O massacre de Greensboro ocorreu em 3 de novembro de 1979 em Greensboro, Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Cinco manifestantes do Partido Comunista dos Trabalhadores (Communist Workers' Party – CWP) foram assassinados por membros do Ku Klux Klan (KKK) e do Partido Nazi Americano (American Nazi Party – ANP). O protesto foi um dos eventos que culminou da tentativa do CWP de organizar os trabalhadores industriais afro-americanos da região.[1]
Os manifestantes assassinados foram: Sandi Smith, enfermeira e ativista dos direitos civis;[2] Dr. James Waller, presidente de um sindicato local de trabalhadores têxteis que deixou de praticar a medicina para organizar os operários;[3] Bill Sampson, um graduado da Faculdade de Teologia de Harvard;[4] César Cauce, um imigrante cubano que se graduou magna cum lade na Universidade Duke;[5] e o Dr. Michael Nathan, pediatra-chefe do Centro de Saúde Comunitária de Lincoln em Durham, uma clínica que ajudava crianças de famílias de baixa renda.[6]
A hostilidade entre o CWP e o KKK e o ANP se expandiu em julho de 1979, quando manifestantes invadiram uma exibição de O Nascimento de uma Nação, filme épico de 1915 que dramatiza o surgimento do primeiro Ku Klux Klan após a Guerra de Secessão. Provocações inflamadas foram trocadas entre os dois grupos durante os meses seguintes. Em 3 de novembro de 1979, o CWP planejou um comício e uma marcha dos trabalhadores da indústria e militantes comunistas em Greensboro contra o Ku Klux Klan. A Marcha de Morte ao Klan (Death to the Klan March) começaria num conjunto habitacional predominantemente de negros chamado Morningside Homes. Militantes comunistas desafiaram publicamente os membros do Klan a se apresentarem e "enfrentarem a ira do povo".[7] Durante o comício, uma caravana de carros com membros do KKK e do ANP passou pelo local, onde comunistas e outros ativistas anti-KKK se reuniam. Vários manifestantes começaram a atacar os carros dos membros do KKK e do ANP com pedaços de madeira e pedras. Segundo o supremacista Frazier Glenn Miller, o primeiro tiro foi disparado de uma espingarda de um manifestante anti-KKK.[8] No entanto, diversas testemunhas oculares afirmam que um membro do KKK, Mark Sherer, teria dado o primeiro tiro,para o ar.[9] Os membros do KKK e do ANP atiraram de espingarda, rifles e pistolas. Cauce, Waller e Sampson morreram no local. Smith foi atingida na testa ao sair do local onde estava escondida para ver se os membros do KKK e do ANP já haviam se retirado. Outros onze foram feridos. Um deles, o Dr. Michael Nathan, morreria no hospital.[8] A maior parte do confronto foi filmada por quatro equipes de emissoras de televisão locais.
Um dos aspectos mais questionáveis do tiroteio é o papel da polícia local. A polícia nos Estados Unidos geralmente acompanha comícios do tipo. Entretanto, não havia nenhum policial presente no local, o que permitiu aos assassinos fugirem. Um detetive e um fotógrafo da polícia seguiram a caravana do KKK e do ANP até Morningside Homes, mas não intervieram no tiroteio. Edward Dawson, um membro do KKK que virou informante da polícia,[1] estava no carro principal da caravana.[8] Dois dias antes da marcha, um membro do KKK foi à estação da polícia e obteve um mapa da marcha e do comício.[7] Bernard Butkovich, um agente da Agência de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives – ATF) mais tarde testemunhou à justiça que ele estava ciente que membros da unidade do KKK e do ANP no qual ele estava infiltrado iriam entrar em confronto com os manifestantes. Num depoimento, os membros do ANP disseram que Butkovich os encorajou a levar armas de fogo para a demonstração.[10]
Quarenta membros do KKK e do ANP e vários membros do CWP estiveram envolvidos no incidente; dezesseis membros do KKK e do ANP foram presos e os seis melhores casos da promotoria foram levados a julgamento primeiro.[1] Cinco membros do KKK foram acusados de assassinato: David Wayne Matthews,[11] Jerry Paul Smith,[12] Jack Wilson Fowler,[13] Harold Dean Flowers,[14] e Billy Joe Franklin.[15] Durante o segundo julgamento, outros seis homens – Virgil Lee Griffin,[16] Eddie Dawson,[17] Roland Wayne Wood,[18] Roy Clinton Toney,[19] Coleman Blair Pridmore,[20] e Rayford Milano Caudle[21] – foram acusados por outros crimes associados com o incidente. Os dois julgamentos criminais resultaram na absolvição dos acusados pelos dois júris, formados apenas por pessoas brancas.[22] No entanto, numa ação civil aberta em 1985, os sobreviventes do massacre ganharam o direito de receber uma indenização de 350 mil dólares da cidade, do Ku Klux Klan e do Partido Nazista Americano por terem violado os direitos civis dos manifestantes.[23] No entanto, apenas um dos querelantes, Marty Nathan, recebeu seu pagamento.[24]
Em 2005, os residentes de Greensboro, inspirados pelas ações na África do Sul pós-apartheid, iniciaram uma Comissão da Verdade e da Reconciliação para examinar as causas e consequências do massacre. Os esforços pela criação da Comissão receberam a oposição do Conselho Municipal, então liderado pelo prefeito Keith Holliday. O Conselho Municipal decidiu, por 6 votos a 3, não apoiar o trabalho da Comissão, com os três votos a favor sendo dos conselheiros afro-americanos.[25] O prefeito à época do massacre, Jim Melvin, também rejeitou a ideia da Comissão.
A Comissão determinou que os membros do KKK foram ao comício na intenção de provocar um confronto violento e que eles atiraram nos manifestantes. Também ficou provado que os ativistas atiraram de volta após serem atacados.[9] Além disso, a Comissão estabeleceu que a retórica violenta do CWP e do KKK contribuiu nos mais variados graus para a violência e que os manifestantes não haviam conseguido totalmente o apoio dos residentes de Morningside Homes, muitos dos quais não aprovaram o protesto por causa de seu potencial para a violência.
A Comissão também descobriu que o Departamento de Polícia de Greensboro havia se infiltrado no KKK e que, através de um informante pago, sabia dos planos dos supremacistas e do grande potencial para a violência. O informante havia estado na lista de pagamento do Federal Bureau of Investigation (FBI) e mantinha contato com seu supervisor. Consequentemente, o FBI estava também estava ciente do iminente confronto armado.[26]
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