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rainha de Castela Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Maria de Portugal (1313[1] – Évora, 18 de janeiro de 1357), a «Fermosíssima Maria» a que se refere Luís de Camões em Os Lusíadas,[2] foi uma infanta portuguesa, a filha primogénita do rei de Portugal Afonso IV e sua esposa Beatriz, e rainha de Castela como a esposa do rei Afonso XI.
Maria | |
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Rainha consorte de Castela e Leão
Infanta de Portugal | |
Representação de Maria em Genealogia das Casas Reais de Castela e Portugal de António de Holanda. | |
Rainha Consorte de Castela e Leão | |
Reinado | 1328 - 1350 |
Nascimento | 1313 |
Morte | 18 de janeiro de 1357 |
Évora, Alentejo, Portugal | |
Sepultado em | Mosteiro de São Clemente, Sevilha, Espanha |
Cônjuge | Afonso XI de Castela |
Descendência | Pedro I de Castela |
Casa | Dinastia de Borgonha |
Pai | Afonso IV de Portugal |
Mãe | Beatriz de Castela |
Religião | Cristianismo |
Em 1326, foi proposta por seu pai como noiva de Eduardo III de Inglaterra, então duque da Aquitânia e herdeiro da Coroa inglesa. Para esse efeito, Afonso IV enviou a Inglaterra como embaixadores o almirante Manuel Pessanha e o Mestre Rodrigo Domingues, mas a proposta não teve acolhimento porque aquele príncipe encontrava-se já comprometido com a irmã do rei de Castela.[3][4]
Em 1328, tornou-se rainha de Castela pelo seu casamento, em Alfaiates, com Afonso XI,[5] filho de Fernando IV e da infanta Constança de Portugal.[6] Foi senhora dos alcáceres, castelos e vilas de Guadalajara, Talavera e Olmedo que recebeu do rei Afonso, por ocasião do seu casamento.[7] O rei praticamente esteve para se separar dela, por não dar à luz um herdeiro, o que viria a acontecer em 30 de agosto de 1334 na cidade de Burgos (o futuro rei Pedro I de Castela).[8] Contudo, o rei manteve abertamente uma relação extraconjugal com Leonor de Gusmão,[9] o que levou a jovem rainha a regressar a Portugal, fixando-se em Évora, onde então se achava a corte de seu pai.[10] Tal facto gerou um breve conflito entre Portugal e Castela,[10] pela honra da rainha portuguesa, com o rei português a atacar as terras da raia.
O conflito viria a ser sanado por um tratado assinado em Sevilha em julho de 1340. Para garantir a ajuda do sogro no combate aos muçulmanos, num momento em que o sultão de Marrocos se preparava para invadir a Península Ibérica, Afonso XI enviou D. Maria ao encontro do pai em Évora, a fim de solicitar a sua participação no conflito que se avizinhava.[11]
Maria acedeu ao pedido do marido e depois regressou à corte do rei castelhano "com a obrigação de Afonso XI dar à sua mulher o tratamento e honra que lhe devia e o consequente exílio da corte de Leonor Nunes de Gusmão".
Entretanto, Afonso IV partiu em campanha para Castela, desta feita para batalhar o inimigo da fé cristã. A peleja travou-se nas margens do Rio Salado, donde houve nome a batalha do Salado, com a participação destacada das tropas portuguesas, em 30 de outubro de 1340, tendo os mouros sido completamente derrotados.[12]
Acabada a batalha, o rei castelhano não cumpriu o acordado com o sogro em relação a Leonor de Gusmão, já que, segundo o cronista Fernão Lopes, "Afonso XI não podia sofrer a comverçaçam da mulher, nem a pryvaçam e apartamento da favorita. E em fim tudo se tornaua ao que primeiro fora".[10]
O rei Afonso XI morreu de peste negra em 26 de março de 1350.[2] Na primavera de 1351, a rainha Maria vingou-se da amante de seu esposo e mandou matar Leonor de Gusmão,[13] segundo relata o cronista Pero Lopes de Ayala:
“ | ...por su mandato, mató a la dicha doñá Leonor en el alcázar de Talavera (...) e mucho mal e mucha guerra nació en Castilla por esta razón.[14] | ” |
O rei Pedro I de Castela, cognominado o Cruel, subiu ao trono com 16 anos após a morte de seu pai[2] e praticou todo o género de atrocidades que muito consternaram a mãe. Ironicamente, Pedro também abandonou a sua mulher, Branca de Bourbon, para viver com a sua favorita Maria de Padilla,[2] e o filho que Afonso XI tivera da amante, Henrique de Trastâmara acabaria também por vingar-se, ao assassinar Pedro I e subir ao trono como Henrique II de Castela.
Em 26 de janeiro de 1356, a rainha e outros nobres, incluindo o seu mordomo-mor Martim Afonso Telo de Meneses, estavam no Alcazar de Toro quando o rei Pedro, acompanhado por vários escudeiros, entrou e mandou matar muitos dos que estavam lá com a rainha.[8] Pero Lopes de Ayala na crónica dos reinados de Pedro e três de seus sucessores, descreveu os acontecimentos da seguinte forma:[15]
“ | E então logo enviou dizer el Rei à Rainha Dona Maria, sua mãe, que estava dentro do Alcácer que saísse de ali e se viesse para ele. E a Rainha enviou-lhe pedir mercê para aqueles Cavaleiros que ali estavam com ela, que os perdoasse. E el Rei enviou-lhe dizer que ela se viesse, que depois ele saberia que fazer com os Cavaleiros que com ela estavam (...) E a Rainha saiu do Alcácer, e vinha com ela a condessa dona Joana, mulher do conde Dom Henrique, outrossim Dom Pero Estevanez Carpentero, Mestre que se chamava de Calatrava, e Ruy Gonçalves de Castanheda, e Alfonso Tellez Girón, e Martin Alfonso Tello (...) Outro Escudeiro chegou e matou a Martim Alfonso Tello (...) E a Rainha Dona Maria, mãe del Rei, quando viu matar assim a estes Cavaleiros, caiu em terra sem nenhum sentido, como morta (...) e depois levantaram-na e viu os Cavaleiros mortos em derredor de si, e desnudos e começou a dar grandes vozes maldizendo ao Rei seu filho, e dizendo que a desonrara e lastimara para sempre, e que mais já queria morrer, que não viver. | ” |
Depois deste episódio, Maria retornou a Portugal em 1356,[2] acolhendo-se a Évora (onde então estava a corte), onde viria a falecer, em 1357.[2][16]
Havia outorgado testamento em Valladolid no dia 8 de novembro de 1351, e nele dispôs que o seu cadáver, revestido com o hábito de Santa Clara, fosse enterrado na Capela Real da Catedral de Sevilha, onde estava o seu esposo, Afonso XI, e que, se a este último o trasladassem, o mesmo fizessem aos seus restos mortais.[17]
Após o seu falecimento recebeu sepultura em Évora, até que, contrariamente aos desejos expressos no seu testamento, os seus restos foram trasladados a Sevilha. Em 1371, o rei Henrique II dispôs que o seu pai recebesse sepultura definitiva na Real Colegiada de São Hipólito em Córdova, e é provável que ao mesmo tempo haja decidido que a rainha Maria, que tinha sido responsável pela morte de sua mãe, Leonor, fosse enterrada no Mosteiro de São Clemente em Sevilha.[2] «Desta maneira se separavam definitivamente os que em vida estiveram pouco unidos».[18] Os seus restos mortais repousam num sepulcro de madeira singelo, decorado com escudos heráldicos e coberto por um arco no lado do Evangelho da igreja do mosteiro.[18]
O epitáfio da rainha, numa lápide de azulejos singelos, reza:[17]
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