Maria Cristina Fernanda (Palermo, 27 de abril de 1806 – Le Havre, 22 de julho de 1878) foi a quarta e última esposa do rei Fernando VII e Rainha Consorte da Espanha de 1829 até 1833, além de regente durante a menoridade de sua filha Isabel II, entre 1833 e 1840. Era filha do rei Francisco I das Duas Sicílias e de sua esposa, a infanta D. Maria Isabel da Espanha.
Maria Cristina foi uma das figuras mais corruptas da história da Espanha, ela teve que deixar o país duas vezes (1840 e 1854) acusada de roubo e corrupção.[1][2] Apoderou-se de 78 milhões de reais em joias e 27 milhões de dinheiro público.[3] Foi a maior escravagista de seu tempo, recebendo comissão por cada escravizado que chegava a Cuba.[3][4]
Biografia
Princesa de Bourbon-Duas Sicílias, filha do rei Francisco I das Duas Sicílias e da Infanta da Espanha Maria Isabel, extremamente semelhante a Manuel Godoy, o Príncipe da Paz, mas filha de Maria Luísa de Parma com o rei Carlos IV. Fernando VII, viúvo três vezes, continuou sua busca de uma noiva encontrando-a em Nápoles. Os liberais espanhóis celebraram, porque afastava Carlos de Molina do trono e prometia a implementação de políticas mais liberais. Maria Cristina de Bourbon-Duas Sicílias prometeu implementar uma anistia para os espanhóis exilados pelo governo do futuro marido. Chegou a Madrid em 1829 e meses depois já anunciava a gravidez. O que enfureceu Carlos e sua camarilha reacionária. Carlos sentiu certa alegria enquanto o desejado herdeiro varão não nascia: os reis eram pais de duas meninas. Mas a rainha aconselhou ao marido a Pragmática Sanção para que sua filha primogênita, Isabel, pudesse herdar, como o fez, sendo a rainha Isabel II e não o infante Don Carlos Maria Isidro, conde de Molina. Pela Pragmática Sanção, Fernando VII confirmava a revogação, por Carlos IV, da lei sálica introduzida por Filipe V). Ao enviuvar, tornou-se regente da filha até 1840.[5]
Três meses depois de enviuvar, casou-se em 28 de dezembro de 1833 com Agustín Fernando Muñoz y Sánchez, capitão da guarda, filho de uma estanquera de la localidad conquera de Tarancón, que como regente fez Duque de Riánzares com Grandeza de Espanha, sendo a bênção nupcial dada por decreto apenas em 13 de outubro de 1844. Cada pequeno Muñoz que nascia ia sendo enviado a Paris para ser ali criado.[6][7]
Cristina comprou por 500 mil francos o número 24/28 da rue de Courcelles, em Paris, um suntuoso hotel onde o imperador vivera com o genro (Monsieur de Tamisier) Delorme, ex-advogado do parlamento de Nancy, especulador em terrenos e em 1830 vivera o imperador D. Pedro I do Brasil. Mais tarde o palacete foi comprado por Napoleão III que o doou a sua prima Matilde Bonaparte.
Em 15 de Julho de 1834, como rainha regente, formal e definitivamente terminou a Inquisição Espanhola.[8]
Posteridade
Nome | Imagem | Nascimento | Morte | Observações |
---|---|---|---|---|
Havidos de Fernando VII, Rei da Espanha (14 de outubro de 1784 – 29 de setembro de 1833; casados por procuração a 11 de dezembro de 1829) | ||||
Isabel II | 10 de outubro de 1830 | 9 de abril de 1904 | Rainha da Espanha. Casou-se com Francisco, Duque de Cádis em 1846, com descendência.[9] | |
Luísa Fernanda | 30 de janeiro de 1832 | 2 de fevereiro de 1897 | Infanta da Espanha e Duquesa de Montpensier. Casou-se com Antônio, Duque de Montpensier em 1846, com descendência.[10] | |
Havidos de Agustín Fernando Muñoz, Duque de Riánsares (4 de maio de 1808 – 11 de setembro de 1873; casados a 28 de dezembro de 1833)[6] | ||||
Maria Amparo | 17 de novembro de 1834 | 19 de agosto de 1864 | Condessa de Vista Alegre. Casou-se com Ladislau Czartoryski em 1855, com descendência.[11] | |
Maria dos Milagres | 08 de novembro de 1835 | 9 de julho de 1903 | Marquesa de Castillejo. Casou-se com Filippo del Drago, Príncipe de Mazzano e d'Antuni em 1856, com descendência.[12] | |
Agustín | 15 de março de 1837 | 15 de julho de 1855 | Visconde de Rostrollano e Duque de Tarancón. Não se casou, morreu aos 18 anos. Foi pretendente ao trono do Equador.[13] | |
Fernando | 27 de abril de 1838 | 7 de dezembro de 1910 | Grande de Espanha, Visconde de Rostrollano, Visconde de la Alborada, Conde de Casa Muñoz, Marquês de San Agustín, Duque de Riánsares, Duque de Tarancón e Duque de Montmorot. Casou-se com Eladia Bernaldo de Quirós González de Cienfuegos em 1861, com descendência.[14][15] | |
Maria Cristina | 19 de abril de 1840 | 20 de dezembro de 1921 | Viscondessa de La Dehesilla e Marquesa de La Isabella.[16] Casou-se com José María Bernaldo de Quirós y González de Cienfuegos, Marquês de Campo Sagrado em 1860, com descendência.[17][18] | |
João | 29 de agosto de 1844 | 2 de abril de 1863 | Visconde de Villarrubio e Conde de Recuerdo. Não se casou, morreu aos 18 anos.[19] | |
José | 21 de dezembro de 1846 | 17 de dezembro de 1863 | Visconde de la Arboleda e Conde de Gracia. Não se casou, morreu aos 16 anos. |
Referências
- María Angeles Casado Sánchez; Borja de Riquer i Permanyer; Joan Lluís Pérez Francesch; María Gemma Rubí i Casals; Lluís Ferran Toledano González; Oriol Luján (2018). «María Cristina de Borbón-Dos Sicilias. Escándalos y corrupción». La corrupción política en la España contemporánea. Espanha: [s.n.] pp. 279–294. ISBN 978-84-16662-60-9
- den Brule, Álvaro Van (14 de novembro de 2020). «María Cristina de Borbón, la vergonzosa ambición económica de una reina impune». El Confidencial. Consultado em 4 de julho de 2021
- Pons, Marc (22 de março de 2020). «María Cristina de Borbón: la reina de la corrupción». El Nacional. Consultado em 4 de julho de 2021
- Piqueras, José Antonio (2011). La esclavitud en las Españas: un lazo transatlántico. Madrid: Catarata. pp. 112–113. ISBN 9788483196595. OCLC 804745995
- Izquierdo Hernández, Manuel (janeiro–março de 1950). «La cuarta boda de Fernando VII, rey de España». 126. Madrid: Boletín de la Real Academia de la Historia. pp. 162–205. ISSN 0034-0626
- Zorrilla y González de Mendoza, Francisco Javier, Conde de las Lomas: Genealogía de la Casa de Borbón de España. Madrid, 1971, pp. 149-179.
- José María Zavala: Bastardos y Borbones: Los hijos desconocidos de la dinastía Consultado em 25 de janeiro de 2016.
- Rawlings, Helen (2006). The Spanish Inquisition. [S.l.]: Blackwell Publishing. pp. 142–143
- Campo, Carlos Robles do (2009). «Los Infantes de España tras la derogación de la Ley Sálica (1830)» (PDF) (12). Anales de la Real Academia Matritense de Heráldica y Genealogía. pp. 329–384. ISSN 1133-1240. Consultado em 19 de agosto de 2019
- «HRH Infanta Doña Luisa Fernanda and her descendants». Consultado em 6 de julho de 2006. Cópia arquivada em 28 de outubro de 2009
- «Princely and ducal house of Czartoryski». Almanaque de Gotha. Consultado em 22 de outubro de 2020
- Maria de los Milagros Muñoz y de Borbón, Marquesa de Castillejo. Consultado em 8 de julho de 2022.
- Orrego Penagos, Juan Luis (março de 2012). «El general Juan José Flores y el Perú». Historia del Perú, América Latina y el mundo. Siglos XIX y XX (em espanhol). Consultado em 9 de fevereiro de 2013
- "Fernando María Muñoz y Borbón". Diccionario biográfico español. Academia Real de História da Espanha. Consultado em 8 de julho de 2022.
- F. J. Zorrilla y González de Mendoza, 1971: Genealogía de la Casa de Borbón de España, Madrid, Editorial Nacional
- Conde de Borrajeiros (1987). «La sanción morganática. Su pasado, su presente, su futuro». Hidalguía. 202–203. p. 735. ISSN 0018-1285
- «La Vida del Gran Mundo. La marquesa de Isabela y de campo Sagrado». La Acción. Madrid. 21 de dezembro de 1921. p. 2. ISSN 2171-5181
- «Muerte de una dama ilustre. La marquesa de Isabela y Campo Sagrado». La Época. Madrid. 20 de dezembro de 1921. ISSN 2254-559X
- Juan Muñoz y de Borbón, Conde de Recuerdo. Consultado em 8 de julho de 2022.
Bibliografia
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