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pintora brasileira Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Maria Auxiliadora da Silva (Campo Belo, 24 de maio de 1935 – São Paulo, 20 de agosto de 1974) foi uma pintora e artista autodidata brasileira.[1] Maria Auxiliadora conquistou reconhecimento nacional e internacional com suas obras que retratam cenas da vida doméstica e rural, religiões afrobrasileiras, danças, festas, carnaval, temáticas populares brasileiras e aspectos da vida urbana e cotidiana em comunidades da cidade de São Paulo, como por exemplo os bairros Brasilândia e Casa Verde.[2] Realizou ainda autorretratos, principalmente perante a proximidade da morte por câncer em 1974, retratando sua batalha com a doença.[3]
Maria Auxiliadora da Silva | |
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Nascimento | 24 de maio de 1935 Campo Belo, MG Brasil |
Morte | 20 de agosto de 1974 (39 anos) São Paulo, SP Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Área | Pintura |
Formação | Autodidata |
Publicações | Maria Auxiliadora Da Silva. Torino: G. Bolaffi, 1977 |
Provém de uma família de 18 irmãos, muitos dos quais artistas que expuseram seus trabalhos em feiras populares no Embu das Artes e na Praça da República, em São Paulo. Pertencem a família Silva o desenhista e pintor Sebastião Candido da Silva (1929 - 2016), o escultor Vicente Paulo da Silva (1930-1980); o artesão e pintor Benedito da Silva (1953-1998); o desenhista, o pintor e escultor João Cândido da Silva (1933) e sua esposa, a pintora Ilza Jacob da Silva (1946); a pintora Conceição Aparecida Silva (1938); a poeta Natália Natalice da Silva (1948); a pintora e criadora de bonecos Georgina Penha da Silva, mais conhecida por Gina (1949); e a contadora de histórias Efigênia Rosário da Silva (1937).[4] A matriarca, Maria Trindade de Almeida Silva (1909-1991) era escultora, pintora, poetisa e bordadeira,[5] e o pai, José Cândido da Silva, um trabalhador braçal de estrada de ferro, tocava acordeão de sete cordas. [carece de fontes]
Maria Auxiliadora e sua família transferiram-se para a cidade de São Paulo quando ela tinha apenas três anos. Ela deixou de frequentar à escola aos 12 anos de idade para ajudar no sustento de sua família. Passou então a trabalhar como empregada doméstica, só retornando ao ensino formal em 1972, aos 37 anos.[4][6] Com 19, trabalha como bordadeira numa fábrica na Rua José Paulino, no bairro do Brás em São Paulo.[7]
Em 1972, retorna aos estudos, se inscrevendo no Centro de Alfabetização de Adultos Beato Marcelino Champagnat, organizado pela Associação de Pais e Mestres do Colégio Arquidiocesano de São Paulo (universo que também retratou em seus trabalhos).[4]
A partir de 1972, Maria Auxiliadora travou uma batalha contra o câncer, passando por seis operações, além de tentar a cura em centros espíritas e candomblé.[3] Nunca parou de pintar, registrando cenas desta realidade como hospitais, ambulâncias, anjos e funerais. Faleceu em 20 de agosto de 1974, de câncer generalizado, na cidade de São Paulo.[8]
Sem treino formal em artes, Maria Auxiliadora começa as atividades artísticas ainda jovem, aprendendo bordado com a mãe aos 9 anos, desenhando com carvão aos 14, passando para o lápis de cor aos 16-17 anos. Passou logo para o guache, e só aos 26 anos experimentou a tinta a óleo.[8]
Em 1967, aos 32, decidiu se dedicar integralmente à pintura.[9]
Em 1968, juntou-se (com outros integrantes de sua família) ao grupo que girava em torno do músico, teatrólogo e poeta negro Solano Trindade, no Embu das Artes, SP, onde se formara um centro de artesanato voltado principalmente para a arte e cultura afrobrasileira No mesmo ano, participa de diversos salões no estado de São Paulo, inclusive recebendo o primeiro prêmio no V Salão de Artes Plásticas do Embu das Artes.[carece de fontes]
No inicio dos anos 1970, descontente com a situação no Embu, Maria Auxiliadora retorna a capital paulista, passando a expor seus trabalhos na Praça da República. Lá, conhece o marchand alemão Werner Arnhold e crítico de arte Mário Schemberg, que a apresentou para o cônsul dos Estados Unidos, Alan Fisher. Este último organizou em 1971 uma exposição da artista na Biblioteca do Consulado Americano em São Paulo.[4] Foi Arnhold, todavia, que contribuiu definitivamente para seu renome na Europa, levando seus trabalhos a feiras de arte e exposições na Basiléia, Dusseldorf e Paris.[5] Em 1971, o diretor do Musée d'art Naïf de Laval, na França, Pierre Bouvet adquire para o museu obras da artista.[carece de fontes]
O reconhecimento de sua obra se deu postumamente, principalmente pela crítica internacional. Três anos depois de sua morte, a editora italiana Giulio Bolaffi publicou o livro Maria Auxiliadora da Silva, com textos de Max Fourny, diretor do Museu de Arte Naïf de l’Ile, França; Emanuel von Lauenstein Massarani, adido cultural do Brasil na Suíça; e Pietro Maria Bardi, diretor do Museu de Arte de São Paulo (MASP).[3] Foram montadas exposições individuais em homenagem póstuma na Itália, França e Alemanha, além de no MASP e no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.[carece de fontes] No início da década de 1970, ela ficou descontente com a cena artística de Embu, que estava perdendo o foco na arte e na cultura afro-brasileira. Voltou para a cidade de São Paulo onde conheceu o marchand alemão Werner Arnhold e o crítico de arte brasileiro Mário Schemberg. Este último a apresentou ao cônsul da embaixada americana, Alan Fisher, que organizou uma mostra de suas obras na biblioteca da embaixada em 1971.[4]
Em entrevista à crítica de arte Lélia Coelho Frota em 1972, a artista contou que suas primeiras pinturas, em 1968, eram planas, sem textura. Ela começou a brincar com a dimensionalidade, adicionando camadas grossas de tinta ou gesso misturadas com seu próprio cabelo ao pintar figuras e formas. O texto foi apresentado postumamente em 1978.[10]
Em 2018, o Museu de Arte de São Paulo apresentou a exposição individual intitulada Maria Auxiliadora: vida cotidiana, pintura e resistência. Sua última exposição de grande circulação havia ocorrido em 1981, na mesma instituição.[11]
Emanuel von Lauenstein Massarani a situou na fronteira entre a arte primitivista e a arte bruta, longe do conformismo social e cultural.[4]
Léia Coelho Frota caracteriza sua expressão visual pelo trabalho híbrido entre a pintura e o alto relevo, estando fronteiriça com a arte pop.[8]
A variedade temática é um dos pontos principais de Maria Auxiliadora, que parece fazer uma crônica daquilo que via e vivia. Utilizava tinta acrílica de cores geralmente fortes, e salientava partes do corpo humano e das paisagens. Uma de suas características marcantes foi a frequente utilização do branco, proporcionando efeitos sutis e de extrema leveza plástica na representação de vestidos de escola de samba ou divindades do candomblé.[3]
Em depoimento para Léia Coelho Frota em 1972, a artista diz que seus primeiros óleos, de 1968, eram chapados, sem relevo, "mas no fim desse ano eu comecei a fazer relevo com cabelo. Primeiro usando o próprio óleo para fixar, porque nessa época eu não conhecia ainda a massa da Wanda. Pegava a tinta bem grossa e imprimia o cabelo no meio da tinta. Eu pegava cabelo natural, muitas vezes o meu mesmo, pois muitas vezes eu pinto crioulos. Tive essa ideia quando estava pintando um quadro grande de candomblé, em 1968”.[13]
A mesma época, explora a apropriação da escrita em suas obras, escrevendo diálogos diretamente nas telas saindo da boca das personagens, à maneira das histórias em quadrinhos.[carece de fontes]
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