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arquiteto português (1922-2012) Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Manuel Tainha GOIH (Oeiras, Paço de Arcos, 6 de março de 1922[1] — Lisboa, 18 de junho de 2012) foi um arquiteto e professor português [2]. É uma figura de referência no panorama português da segunda metade do século XX, com importante papel na renovação dos modos de pensar e fazer arquitetura a partir do período do pós-guerra.
Manuel Tainha | |
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Manuel Tainha, Lisboa, 1975 | |
Nascimento | 6 de março de 1922 Paço de Arcos, Oeiras |
Morte | 18 de junho de 2012 (90 anos) Lisboa |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | Arquiteto |
Formou-se em Arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (ESBAL) em 1950.
Manuel Tainha fez parte da geração que, em Portugal, reconheceu o Movimento Moderno, procurando sintonizar a arquitetura com o espírito contemporâneo. Ainda enquanto estudante da ESBAL, participou no I Congresso Nacional de Arquitectura (1948). Participou na 5.ª, 6.ª, 8.ª e 9.ª Exposições Gerais de Artes Plásticas (1950, 1951, 1954 e 1955). "A propósito da 7.ª EGAP [...] realiza a primeira crítica de arquitetura alguma vez publicada em Portugal [revista Arquitectura, n.º 48, 1953], equacionando corajosamente, com uma surpreendente lucidez, o "mito" da originalidade e da busca de uma nova linguagem como objetivo prioritário da arquitetura. [...] Parece importante chamar a atenção para a clareza da análise exposta pelo então jovem de 30 anos que nos permite antever a visão aguda dos problemas que daria prova ao longo do tempo".[3]
No final da década de 1950, fundou, com o seu irmão, o engenheiro Jovito Tainha, a revista Binário, que pretendia envolver a visão global da Arquitetura com a visão especializada da Engenharia Civil. Abandonou a revista ao décimo número, mas continuou a colaborar com a revista de referência Arquitectura.[4]
Participou na primeira investigação organizada e sistemática de Arquitetura em Portugal, o Inquérito à Arquitetura Regional Portuguesa, que decorreu no final dos anos de 1950 e cujos resultados foram publicados em 1961 com o título Arquitetura Popular em Portugal. Foi membro ativo das sucessivas organizações de arquitetos em Portugal, tendo sido Secretário da Direção e Presidente do Sindicato Nacional dos Arquitetos (1957-58 e 1960-63 respetivamente) e Presidente da Assembleia Geral da Associação dos Arquitetos Portugueses (1982-89).[5]
Trabalhou com Carlos Ramos e na Câmara Municipal de Lisboa até 1954.[6] Como arquiteto profissional, o seu primeiro projeto de relevo foi o das piscinas do Tamariz, no Estoril, trabalho que ganhou num concurso em 1954 e que demonstra já uma cuidada atenção ao local de implantação, um estreito socalco sobre a praia. Também deve assinalar-se a pousada de Santa Bárbara (1957-66), "que se projeta voluntariamente para a paisagem num estudo da relação entre o edifício e os seus vários níveis internos e a forma do terreno, experiência que se continuou, por exemplo, na casa Gallo em São Pedro de Moel (1970-75) ou na casa Martins dos Santos em Cascais (1971-75). Já a casa do Freixial (1958-60) é associável à pousada também pela aproximação às lições da arquitetura popular. A Escola Agroindustrial de Grândola (1959-63) e a Escola de Regentes Agrícolas de Évora (1960-65) representam a maturidade do arquiteto que manipulou com grande à-vontade o conhecimento dos exemplos internacionais de prestígio e as condições do programa e do sítio".[7]
Para os Olivais, em Lisboa, projetou um conjunto de torres (1961-67, com Raul Hestnes Ferreira) onde a organização dos fogos se aproxima de Alvar Aalto e cujas varandas coletivas procuravam favorecer uma vivência mais comunitária.[8]
Entre os anos 70 e 80 Manuel Tainha manteve um perfil relativamente discreto, mas voltou a ser elogiado pelo seu projeto para a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa (1987-90); e o terceiro lugar no concurso para o CCB ou o primeiro lugar no concurso para as instalações do Instituto Superior de Tecnologia de Tomar (1988-93) "mostraram que Manuel Tainha estava em plena forma, continuados por tantos concursos premiados ou obras construídas como o Departamento de Engenharia Mecânica em Coimbra (1990-96), a ponte pedonal do Bom Sucesso em Lisboa (1992-93), a Biblioteca Municipal de Viseu (1994-01), a ampliação da estação da Estação Alameda (Metropolitano de Lisboa) em Lisboa (1994-98), a porta Norte da Expo 98, etc.".[7]
Teve uma importante carreira como pedagogo, tendo lecionado no Curso de Formação Artística da Sociedade Nacional de Belas Artes na década de 1960; anos mais tarde foi professor de arquitetura em diversas instituições de ensino universitário, nomeadamente na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa e, depois, na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa (1976-1992), no Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (1989-1993) e na Universidade Lusíada (1993-2012).[9]
Membro Honorário da Associação dos Arquitetos Portugueses / Ordem dos Arquitetos desde 1994. Foi-lhe atribuído o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Técnica de Lisboa (2004) e pela Universidade Lusíada (2005) [6].
Foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique a 25 de Fevereiro de 2000,[10] e nesse mesmo ano foi-lhe dedicada uma exposição retrospetiva na Casa da Cerca, Almada. Em 2007, doou o seu espólio à Fundação Calouste Gulbenkian, reunindo mais de 50 anos de trabalho na arquitetura.[11] No âmbito das comemorações do Dia Nacional do Arquiteto, em 2010, a Ordem dos Arquitetos organizou uma cerimónia em sua homenagem, seguida de uma Conferência do Homenageado, com apresentação de João Luís Carrilho da Graça e Fernando Bagulho.[12]
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