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província de Angola Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Lunda Sul é uma das 18 províncias de Angola, localizada no leste do país. A capital é a cidade de Saurimo, no município do mesmo nome.
Lunda Sul | |
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Localidade de Angola (Província) | |
Jardins do Palácio da Sede da Província, em 2015. | |
Dados gerais | |
Fundada em | 13 de julho de 1895 (129 anos) |
Gentílico | sul-lundense lunda-sulenho |
Província | Lunda Sul |
Características geográficas | |
Área | 77 636 km² |
População | 609 851[1] hab. (2018) |
Densidade | 1.67 hab./km² |
Localização da Lunda Sul em Angola | |
Dados adicionais | |
Código postal | 55 |
Prefixo telefónico | +244 |
Sítio | Governo Provincial do Lunda Sul |
Projecto Angola • Portal de Angola | |
Segundo as projeções populacionais de 2018, elaboradas pelo Instituto Nacional de Estatística, conta com uma população de 609 851 habitantes e área territorial de 77 636 km².[1]
A província é constituída pelos municípios de Cacolo, Dala, Muconda e Saurimo.
Antes da efetiva ocupação colonial portuguesa, as terras de Lunda Sul eram território de vários povos bantos, destacadamente das etnias chócues e ganguelas, havendo também algumas frações de lubas. Esses três povos começaram a se organizar politicamente no século XVI.[2]
A região leste de Angola, assim como parte da República Democrática do Congo e Zâmbia, foi unificada, em 1590, sob a égide do rei Muanta Gandi, que formou o reino Lunda, um poderoso Estado pré-colonial que tinha inicialmente sede em Mussumba, atualmente no sul do Congo.[3]
O Estado Lunda acabou por tornar-se, no século XVII, o Império Lunda (1º império), que por fim esfacelou-se em vários Estados confederados em virtude de inúmeras guerras pelo trono da rainha Lueji A'Nkonde. O seu principal ente confederado substituto foi Reino Lunda-Chócue, que tinha sede em Luena e zona importante em Saurimo. O próprio Reino Lunda-Chócue costurou a formação de um 2º Império Lunda, em meados do século XIX.[4]
As potências colonias, Bélgica, Grã-Bretanha e Portugal, não aceitaram a formação dessa nova unidade imperial, fazendo diversas incursões militares na região, até que, como resultado da Conferência de Berlim, procederam a divisão definitiva dos lundas, extinguindo-se o Reino Lunda-Chócue.[3][5]
Em 13 de julho de 1895 é criado o "distrito de Lunda", para administração portuguesa junto ao Protetorado Lunda-Chócue.[5] A capital foi assentada em Saurimo, preterindo a histórica Luena. No ano de 1896 a capital muda-se para Malanje, permanecendo até o ano de 1921, quando volta novamente para Saurimo.[6]
O ano de 1912 é marcado pelo retorno do interesse colonial na região, após dois geólogos da empresa Forminière encontrarem diamantes no ribeiro Mussalala. Neste mesmo ano foi formada a Companhia de Pesquisas Mineiras de Angola, na qual as primeiras explorações mineiras foram realizadas no território sul-lundense.[7]
No final da década de 1960 a guerra atinge Lunda Sul, com a abertura da "Frente Leste" e da "Rota Agostinho Neto" pelo MPLA, expulsando os portugueses da maioria do território. Entre 1973 e 1975 a UNITA passa a pressionar de maneira muito forte o MPLA na província, fazendo o grupo recuar para zonas remotas. Tal cenário somente viria mudar a partir de 1976, já no bojo Operação Carlota.[8]
No dia 4 de julho de 1978, pelo decreto-lei nº. 84/78, a província de Lunda foi dividida em duas, ficando a porção primitiva com o nome de Lunda Sul, enquanto que se criou oficialmente a província de Lunda Norte.[9]
Para fins estatísticos, a província sul-lundense está localizada no leste do país. Toda sua faixa territorial noroeste, norte, nordeste faz fronteira com a Lunda Norte. Ao leste, sua fronteira é feita com o Congo-Quinxassa, sendo o marco o rio Cassai. Ao sudeste e sul, sua fronteira dá-se com a província do Moxico, e ao sudoeste uma pequena faixa de fronteira dá-se com Bié, e ao oeste com Malanje.
Composta por somente 4 municípios, Lunda Sul ainda subdivide-se em 14 comunas: Saurimo (sede), Mona Quimbundo, Cacolo, Chiluage, Muriege, Cazage, Luma Cassai, Alto Chicapa, Xassengue, Cucumbi, Sombo, Muconda, Cassai Sul e Dala.
Segundo a classificação climática de Köppen-Geiger predomina na província o clima subtropical úmido (Cwa), com temperaturas que oscilam entre o máximo de 34ºc e mínimo de 22ºc, registrando grande precipitação pluviométrica.[2]
A população de Lunda Sul é constituída maioritariamente pelos chócues, coexistindo com grupos etnolinguísticos ambundos e ganguelas.[10] Em função das guerras na fronteira, um certo contingente de refugiados quinxassa-congoleses — majoritariamente das etnias lunda e luba — migrou para terras sul-lundenses. Grupos minoritários, ou subgrupos relevantes, incluem imbangalas, xinges, minungos e muvales,[2] além das origens miscigenadas, como luso-angolanos e ango-brasileiros.[11]
Ao extremo leste da província domina o "mosaico floresta-savana do sul da bacia do Congo",[12] uma ecorregião composta de florestas, savanas e pastagens.[13] Já ao centro-norte, oeste, sul e sudoeste, a paisagem é dominada pela ecorregião das "florestas de miombo angolanas",[12] com flora de savana de folha larga decídua úmida e floresta com domínio de miombo, além de pastagens abertas.[14]
Importantes rios cortam terras sul-lundenses, com destaque para o Cassai, o Chiumbe-Luateche e o Cuango. Outros rios relevantes são o Luia, o Chicapa (que banha Saurimo), o Luachimo, o Luxiza e o Cucumbi, todos estes com nascente na província. Todos os rios citados são tributários do Cassai que, por sua vez, é um dos maiores tributários da bacia do Congo.[15]
O principal acidente geográfico da província é o Planalto da Lunda,[16] que domina toda a porção leste, norte e sul da província.[17] Ao sudoeste há formações do Planalto Central de Angola (ou Planalto do Bié).[18]
O grande sustentáculo da economia sul-lundense está na extracção de diamantes, fato econômico que afetou, desde o início do século XX, até mesmo aos fenômenos demográficos e a formação cultural da província. A grande empregadora provincial é a Endiama.[19]
A produção agrícola de lavoura temporária encontra-se assentada nas culturas de mandioca, milho, arroz, ginguba, batata-doce, inhame e abacaxi ananás; esta última lavoura é uma das bases produtivas locais. Já na lavoura permanente exite produção destacada de abacates, goiabas e mangas.[19]
No extrativismo vegetal existe uma grande cadeia de extração de recursos madeireiros, como o pinheiro, e; no extrativismo animal há um importante excedente pesqueiro extraído dos inúmeros rios da província.[19]
Em relação aos rebanhos de animais, destaca-se a pecuária bovina para corte e leite, havendo também registros de criação de caprinos e suínos; existe a criação de galináceas para carne e ovos.[19]
O setor mais pujante da província de Lunda Sul é a mineração industrial, que têm nos diamantes, no manganês e no minério de ferro seus produtos extraídos de maior valor bruto. Nos diamantes, sua área de operações mais importante é na mina de diamantes Catoca.[19]
É no parque industrial de Saurimo que concentra-se a maior parte da produção industrial da região, havendo manufatura de alimentos, bebidas, roupas, produção agroindustrial e construção civil.[19]
O setor de comércio e serviços concentra-se na capital, Saurimo, que sedia centros atacadistas e de abastecimento tanto para a província de Lunda Sul quanto para as demais províncias do leste angolano. A capital é também o centro financeiro do leste da nação.[19]
No âmbito da cultura, existem vários grupos de danças, centros recreativos, agrupamentos musicais, grupos de teatro, assim como monumentos de arquitectura civil, religiosa e sítios históricos.[2]
O povo chócue, também chamado de lunda-chócue, possui uma rica tradição histórica e cultural,[2] tendo em conta o valor das letras das suas canções folclóricas e danças tradicionais, tais como: macoopo chianda, chissela, chiliapanga, mitingue, muquixi, etc. Este povo também herdou uma notável riqueza cultural, vislumbrada nas esculturas produzidas.[2]
O governador ou comissário da província é indicado pelo Presidente da República de Angola.
Abaixo uma tabela com todos os governadores da Lunda Sul desde a independência da nação.
Ordem | Nome | Início | Término | Notas |
1 | José Manuel Salukombo | 1975 | 1978 | |
2 | Celestino Figueiredo Chinhama Faísca | 1978 | 1981 | |
3 | José César Augusto Kiluange | 1981 | 1983 | |
4 | Luís Doukui Paulo de Castro | 1983 | 1986 | |
5 | Rafael Sapilinha Sambalanga | 1986 | 1988 | |
6 | Graciano Mande | 1988 | 1991 | |
7 | José Manuel Salukombo | 1991 | 1992 | |
8 | Manuel Gonçalves Muandumba | 1992 | 1998 | |
9 | Francisco Sozinho Chihuissa | 1999 | 2003 | |
10 | Marcial Miji Satambi Kalumbi Itengo | 2003 | 2008 | |
11 | Cândida Maria Guilherme Narciso | 2008 | 2016 | |
12 | Ernesto Fernando Kiteculo | 2017 | 2018 | |
13 | Daniel Félix Neto | 2018 | actualmente | |
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