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professor universitário, cientista político e historiador brasileiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira GCRB (Salvador, 30 de dezembro de 1935 — Heidelberg, 10 de novembro de 2017) foi um professor universitário, cientista político e historiador brasileiro, especialista em política exterior do Brasil e suas relações internacionais, principalmente com a Argentina e os Estados Unidos, sendo autor de várias obras, publicadas no Brasil e na Argentina, bem como em outros países. Encontrava-se radicado na cidade alemã de Heidelberg, onde era cônsul honorário do Brasil.[2]
Moniz Bandeira Barão de São Marcos | |
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Lançamento do Livro o Ano Vermelho, em 1968 | |
2.º Barão de São Marcos | |
Antecessor(a) | Joaquim Cardoso Pereira de Melo |
Dados pessoais | |
Nome completo | Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira |
Nascimento | 30 de dezembro de 1935 Salvador, BA |
Morte | 10 de novembro de 2017 (81 anos) Heidelberg, Alemanha |
Nacionalidade | luso-brasileiro |
Prêmio(s) | |
Ocupação | professor, cientista político, historiador |
Em 2015 foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura pela União Brasileira de Escritores (UBE),[3] em reconhecimento pelo seu trabalho como "intelectual que vem repensando o Brasil há mais de 50 anos", segundo o presidente da UBE Joaquim Maria Botelho.[4]
Em 2016 foi homenageado na sede da União Brasileira de Escritores (UBE), com o grande seminário "80 anos de Moniz Bandeira", ocasião em que sua extraordinária e abrangente obra foi destacada por importantes personalidades do meio acadêmico, político e diplomático.[5]
Descendente de tradicionais famílias da aristocracia de Portugal e da Bahia, sendo descendente inclusive de Garcia D'Ávila, da Casa da Torre, filho de Custódio Ferreira de Vianna Bandeira Filho e Ophélia Moniz de Aragão Dias Lima Bandeira. É o segundo barão de São Marcos (D. Duarte Pio de Bragança, Duque de Bragança, Chefe da Casa Real Portuguesa, ouvindo o Conselho de Nobreza, reconheceu a Luiz Alberto Dias Lima de Vianna Moniz Bandeira o direito ao uso do título de Barão de São Marcos, mediante alvará, datado de 18 de março de 1995, Proc° n° 1617, folhas 52 do Livro Dois, do Conselho de Nobreza, constante em Boletim Oficial do Conselho de Nobreza – Títulos (1948-1998), Lisboa, 2000, p. 181. O Conselho de Nobreza de Portugal, em harmonia com a Ordem Régia de 6 de maio de 1986, também reconheceu ao atual Barão de São Marcos, Luiz Alberto Dias Lima de Vianna Moniz Bandeira, o direito ao uso do brasão de armas e fidalguia).
Moniz Bandeira, aos dezenove anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde publicou, em 1956, seu primeiro livro, um livro de poemas, intitulado Verticais. Formado em direito, doutorou-se em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, com a tese O papel do Brasil na Bacia do Prata, posteriormente publicada como livro, com o título A expansão do Brasil e formação dos Estados na Bacia do Prata.
Enquanto estudava Direito no Rio de Janeiro, trabalhou em importantes jornais como o: Correio da Manhã e o Diário de Notícias. Aos 25/26 anos, Moniz Bandeira publicou seus primeiros livros de ensaio político, intitulado O 24 de Agosto de Jânio Quadros (1961), sobre a renúncia do presidente Jânio Quadros, e O Caminho da Revolução Brasileira, no qual defendeu a tese de que o Brasil já era um país com uma economia capitalista madura, pois esta a produzir e exportar mais bens industrializados que produtos primários e previu o golpe militar de 1964.
Àquele tempo, desenvolveu intensa atividade política, havendo sido assessor político do deputado federal Sérgio Magalhães, do Partido Trabalhista Brasileiro e presidente da Frente Parlamentar Nacionalista. Filiado ao Partido Socialista Brasileiro, dentro do qual foi um dos organizadores da corrente denominada Política Operária (Polop), asilou-se no Uruguai, acompanhando o presidente João Goulart, em consequência do golpe militar no Brasil, em 1964. Algum tempo depois, voltou clandestinamente ao Brasil e esteve dois anos (1969-1970 e 1973) como preso político, por ordem do Cenimar (Centro de Informações da Marinha).
Mesmo perseguido pelo regime militar e na clandestinidade, Moniz Bandeira não cessou suas atividades literárias e de pesquisa. Em 1967, após haver retornado do Uruguai e vivido clandestinamente em São Paulo, publicou O Ano Vermelho – Revolução Russa e seus Reflexos no Brasil, com a colaboração de Clóvis Melo e A. T. Andrade. E, em 1973, quando ele já estava outra vez preso, a Editora Civilização Brasileira lançou sua obra Presença dos Estados Unidos no Brasil (Dois séculos de História) , que se tornou um clássico na área de relações internacionais e também foi traduzido para o russo e publicado na extinta União Soviética.
Ao sair da prisão, às vésperas do Natal de 1973, Luiz Alberto Moniz Bandeira retomou sua atividade acadêmica e passou a lecionar na Escola de Sociologia e Política de São Paulo e e fez seu doutoramento em ciência política na Universidade de São Paulo. Recebeu então uma bolsa da Fundação Ford e foi pesquisar sobre a Bacia do Prata nos arquivos da Argentina, Uruguai e Paraguai. E, em 1977, com uma bolsa pós-doutorado (Post-Doctoral Fellowship) do Social Science Research Council e Joint Committee on Latin-American Studies of the American Council of Learned Societies, dos Estados Unidos, viajou para Washington, Paris e Londres a fim de continuar suas pesquisas.
Seu livro O Governo João Goulart - As lutas sociais no Brasil (1961-1964), publicado também pela Civilização Brasileira, enquanto ele residia na Europa, em 1977, foi best-seller durante seis meses. E, ao retornar, em 1979, lecionou na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde foi um dos fundadores do Instituto de Relações Internacionais, e organizou a pós-graduação lato-sensu em ciência política no Instituto Metodista Bennett (Rio de Janeiro).
Luiz Alberto Moniz Bandeira deu assistência ao ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, quando ele foi expulso do Uruguai, em 1977, e foi para os Estados Unidos, e promoveu para ele os contatos com os dirigentes da social-democracia européia Internacional socialista, entre os quais Mário Soares, François Mitterrand e Willy Brandt.
Entre 1981 e 1982, foi pesquisador associado de projeto sobre cooperação e conflito na Bacia do Prata, dirigido pelo professor Dieter Nohlen, do Institut für Politische Wissenschaft (Instituto de Ciência Política) da Universidade de Heidelberg, onde passou alguns meses com uma bolsa do Deutscher Akademischer Austauschdienst (DAAD) e conheceu Margot Elisabeth Bender, de nacionalidade alemã, com quem se casou e teve um filho, Egas.[2]
Com a eleição de Leonel Brizola para o governo do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Alberto Moniz Bandeira foi nomeado Diretor-Superintendente do Instituto Estadual de Comunicação (INECOM) e da Rádio Roquette Pinto, órgãos do Estado, e passou a lecionar na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e na Escola de Administração Pública do Estado do Rio de Janeiro.
De 1974 a 1976, atuou como professor de ciência política na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).
Entre os anos de 1979 e 1983, lecionou no Instituto Metodista Bennet e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Após um período como professor no Instituto Superior de Estudos Brasileiros e Internacionais (UERJ), Moniz Bandeira, em 1987, transferiu sua residência para Brasília para assumir, por concurso público, o cargo de professor titular de História da Política Exteriores do Brasil. Com o apoio da Fundação Friedrich Ebert, da Alemanha, e do Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do qual era Pesquisador 1ª e consultor ad-hoc, continuou a realizar seu trabalho de pesquisa, que resultou em várias obras, como O Eixo Argentina-Brasil-O processo de Integração da América Latina (1967), Brasil-Estados Unidos: a rivalidade emergente (1989), entre outros.
Em 1995, aposentado, colaborou com o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, então diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), do Itamaraty, na organização de um grande simpósio sobre as relações Brasil-Alemanha, com o apoio da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. E em 1996 Moniz Bandeira mudou-se para a Alemanha, onde exerceu a função de Adido Cultural no Consulado-Geral do Brasil em Frankfurt, até 2002.
Moniz Bandeira foi professor visitante na Universidade de Heidelberg e Universidade de Colônia (Alemanha), Universidade de Estocolmo (Suécia), Universidade Federal de Uberlândia (Brasil), Universidade de Buenos Aires e Universidade Nacional de Córdoba (Argentina), bem como no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa.
Também foi conferencista visitante em universidades dos Estados Unidos, Inglaterra, Escócia, Portugal, França, Suécia, Itália, Argentina, Uruguai e Paraguai, bem como em várias universidades do Brasil.
Embora aposentado e residindo na Alemanha, Moniz Bandeira não parou suas atividades de pesquisa e continuou a publicar diversas obras. Em 1998, lançou De Marti a Fidel: a revolução cubana e a América Latina. No ano 2000, publicou O Feudo – A Casa da Torre de Garcia d'Ávila (Da conquista dos sertões à independência do Brasil).
Em 2003, publicou Brasil, Argentina e Estados Unidos: Conflito e Integração na América do Sul (Da Tríplice Aliança ao Mercosul), traduzido para o espanhol e também publicado na Argentina em 2004, e, em 2004 publicou As Relações Perigosas: Brasil-Estados Unidos (De Collor a Lula).
Sua obra Formação do Império Americano (Da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque), lançada em 2005, levou Moniz Bandeira a ganhar o Prêmio Juca Pato, eleito pela União Brasileira de Escritores (UBE), por aclamação, como Intelectual do Ano 2005. Em 2008 publicou o livro Fórmula para o Caos: a Derrubada de Salvador Allende.
Moniz Bandeira, que mora na Alemanha, é Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia e pela UniBrasil - Faculdades Integradas do Brasil, de Curitiba. É também portador da Bundesverdienst Kreuz (Erster Klasse), (Cruz do Mérito - Primeira Classe), conferida pelo governo da República Federal da Alemanha, Grande Oficial da Ordem de Rio Branco (Brasil) e comendador da Orden de Mayo (Argentina). E sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil e da Academia de Letras da Bahia e da Ala - Academia de Letras e Artes, de Portugal (Monte-Estoril-Cascais).
Em 2007, Moniz Bandeira venceu ação judicial apresentada por conta de crítica ofensiva assinada por Reinaldo Azevedo, na qual o Judiciário entendeu que este extrapolou o direito de crítica e atacou a honra de Bandeira, condenando Azevedo e os outros réus ao pagamento de dezessete mil e quinhentos reais ao autor a título de indenização por danos morais.[6] Ele também foi ativo na crítica do Fascismo internacional.[7]
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