Com a necessidade de adequação a um decreto da FIFA, que determinava a obrigatoriedade de entidades nacionais terem dedicação exclusiva ao desenvolvimento do futebol, surgiu, no fim dos anos 1970, a CBF.[5][6]
Em 1938, a Federação Brasileira de Football, até então rival (no contexto do embate amadorismo x profissionalismo: a FBF apoiava o profissionalismo, enquanto a CBD relutou em abandonar o amadorismo), vinculou-se à CBD. Em 1941, após a extinção da FBF, a CBD ratificou seus atos.[7][1]
Atualmente, a lista conta 118 títulos e o nome de 25 clubes. Além das 3 competições nacionais ativas (Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Supercopa do Brasil), consideram-se outras 5 competições extintas, das quais quatro tiveram apenas uma edição.
A história do futebol no Brasil revela uma variedade de campeonatos de caráter nacional:
Campeonato Brasileiro (1937; desde 1959): também conhecido como Brasileirão, é o principal campeonato de futebol do país, tendo sua origem, oficialmente, com o Torneio dos Campeões de 1937 (organizado pela FBF), o primeiro certame da história do futebol brasileiro de clubes que somou caráter nacional e cunho profissional (antes, houve o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais,[15] jogado 29 vezes entre 1922 e 1962, e mais uma edição em 1987). Foi unificado ao Brasileirão em 2023, pela CBF.[16] Descontinuado, o Torneio dos Campeões foi sucedido pela Taça Brasil. Esta, apesar de ter sido instituída em 1954, pela CBD, com a finalidade de apontar o clube campeão brasileiro da temporada, e de ter seu regulamento definido no ano seguinte, a sua primeira edição não pôde ocorrer em 1955, como havia sido planejado. Isto, pois o calendário do futebol nacional entre 1955 e 1958 já havia sido aprovado, não podendo ser alterado em função da Copa do Mundo de 1958. Sendo assim, ficou definido a competição começar somente em 1959.[17] Porém, como na época ainda havia limitação de datas, restrições econômicas e dificuldades para viagens e transporte interestaduais em um país com dimensões continentais, a competição foi montada do modo mais econômico possível. Desta forma, participavam apenas os campeões estaduais e, a partir de 1961, o campeão da edição anterior,[18] que se enfrentavam em um grande sistema eliminatório. Sua última edição ocorreu em 1968.[19] Em 1967, surge o Torneio Roberto Gomes Pedrosa nacional, popularmente conhecido como "Robertão", certame criado a partir da expansão do Torneio Rio-São Paulo (cujo nome oficial era Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1954 a 1966). Foi a primeira competição a englobar os principais clubes do Brasil.[20] Em 1968, passa a ser denominado oficialmente pela CBD como Taça de Prata, embora continuasse a ser conhecido pelo nome anterior, sendo sucedido, em 1971, pelo Campeonato Nacional de Clubes — que foi considerado pela entidade máxima do futebol brasileiro como sendo a primeira edição do Campeonato Brasileiro, de 1976[nota 1] até 2010, quando a CBF unificou os títulos da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa/Taça de Prata aos títulos brasileiros a partir de 1971.[28] Houve pouquíssimas diferenças entre a última edição do "Robertão", em 1970, e a primeira edição do Campeonato Nacional de Clubes. Antes de receber oficialmente sua designação atual, em 1989, o "Brasileirão" também foi chamado de Copa Brasil, Taça de Ouro e Copa União, e posteriormente em 2000, foi denominado Copa João Havelange.[29] De 1971 a 2002 o campeonato teve 32 edições e 32 fórmulas diferentes.[30] Desde 2003, as equipes se enfrentam em turno e returno por pontos corridos, sistema utilizado principalmente na Europa.[31]
Copa do Brasil (desde 1989): competição disputada no sistema eliminatório em uma ou duas partidas, conhecido popularmente como mata-mata. Nela participam representantes de todos os estados.[32]
Supercopa do Brasil (1990-1991; desde 2020): competição disputada entre o vencedor do Campeonato Brasileiro e o da Copa do Brasil do ano anterior, num formato semelhante às supercopas existentes em vários países da Europa.[33][34][35]
Ao longo do tempo, a CBD/CBF deram algum aval para certos torneios esporádicos, tidos em um campo de oficialidade turvo, que objetivavam alcance nacional, mas que não foram organizados por estas entidades. Ainda, mesmo em caso de organização, a taça possuía como característica ser uma "disputa entre eliminados". Para evitar polêmicas sobre estes campeonatos, eles não são incluídos na lista acima, que considera apenas competições organizadas/unificadas pela CBD/CBF e de primeiro nível.
Copa da Primeira Liga do Brasil: surgida como um movimento de liga nacional de clubes, teve o seu torneio aprovado pela CBF na condição de jogos amistosos.[48] Disputada em 2016 e 2017, a Primeira Liga amparava-se no inciso I do art. 217 da Constituição Federal e na legislação desportiva federal, gozando de autonomia quanto à organização e funcionamento. Porém, tendo a CBF como parâmetro, a competição deve ser tida como amistosa.[48][49]
Copa dos Campeões Mundiais: disputada entre todos os clubes do Brasil (daí o caráter nacional do torneio) que haviam sido campeões da Copa Intercontinental, foi organizada pelo SBT. Inaugurada em 1995, foi incluída no calendário oficial da CBF em 1996 e 1997.[nota 9][nota 10]
Torneio Heleno Nunes: torneio não colocado na lista, pois mesmo tendo sido organizado pela Federação Paulista de Futebol com o apoio da CBF, foi disputado uma única vez, em 1984, por alguns dos clubes eliminados no Campeonato Brasileiro do mesmo ano.[53][46] Não possuía critério objetivo de classificação (não sendo seguida a sequência dos melhores eliminados), funcionando por convite.[53]
Torneio do Povo: torneio inaugurado em 1971, cujo critério original era incluir o clube supostamente de maior torcida em seu respectivo estado (independentemente do desempenho do clube no respectivo Campeonato Estadual), sendo organizado pelo Flamengo e gerido pelos clubes participantes, e cuja edição de 1973 foi patrocinada pela CBD. Apenas no fim desta edição, a terceira e última, discutiu-se se o torneio era reconhecido como oficial pela CBD.[46][49]
Torneio de Integração Nacional: competição disputada no estado de Goiás, em 1971, reunindo 16 times de 11 estados, contando-se 6 goianos. Foi realizado em protesto contra a exclusão de algumas regiões do país no I Campeonato Nacional de Clubes, que se realizou no mesmo ano. Portanto, em que pese a chancela da CBD, por ter sido uma "concorrência", de menor nível técnico, ao Brasileiro, não será incluso.[54]
Torneio Norte-Nordeste: apesar dos seus clubes campeões entenderem que se trata de um campeonato nacional, merecedor de unificação ao Campeonato Brasileiro, tal posição não foi homologada pela CBF. A argumentação é de que o Robertão era praticamente jogado apenas pelo eixo Sul-Sudeste.[56] Foi disputado como torneio independente de 1968 a 1970.[57] Está listado em Lista de títulos interestaduais do futebol brasileiro, pois tido como um inter-regional. Possuía como equivalente para as demais regiões o Torneio Centro–Sul.
Torneio Quadrangular de Belo Horizonte: competição amistosa entre campeões estaduais e convidados, principalmente da região Sudeste, organizada pela Federação Mineira (FMF) ou mesmo por clubes participantes.[58] Teve-se nove edições, entre 1948 (patrocinada pelo América-MG) e 1967 (nomeada Copa Minas, foi organizada pela FMF).[59][60][61] Por algumas edições contar com campeões estaduais, parte da imprensa entendeu, erroneamente, que tratava-se da mesma competição vencida pelo Paulistano em 1920 ou da competição vencida pelo Atlético-MG em 1937.
Nota: o Troféu Roberto Gomes Pedrosa também não é contabilizado por ser um dos módulos do Campeonato Brasileiro de 1987.
A conquista do Módulo Verde, cujo nome comercial foi o de Copa União, da competição, pelo Flamengo, tratada à época por parte da imprensa como um título brasileiro ao clube,[62][63] chegou a ser reconhecida como Campeonato Brasileiro pela CBF, através de Resolução de Presidência da CBF,[64] mas o reconhecimento foi revogado por força de decisão judicial, da qual o então presidente da CBF Ricardo Teixeira disse discordar porém acatar,[65] fazendo esta revogação através de nova Resolução de Presidência.[66] Isso tudo em 2011.
Em 2015, a CBF "dividiu" o título em seu "Guia Oficial", antes em 2012, alegou "erro no material enviado à gráfica".[67] Porém, sem formalização via Resolução de Presidência, com o Guia trazendo informações de fontes externas à CBF (como por exemplo a própria Wikipédia), citadas na seção Bibliografia do mesmo.[68] A partir do ano seguinte, não houve mais nenhuma publicação de guia listando campeões brasileiros por parte da CBF.
Em março de 2016, a questão foi decidida em definitivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de forma desfavorável ao pleito do Flamengo, permanecendo o Sport Club do Recife como único campeão brasileiro de 1987.[69]
Em 2019, em uma nota enviada a imprensa, a CBF informou que acata a decisão do Supremo Tribunal Federal de que o Sport é o único campeão brasileiro de 1987,[70][71] mas que, "a título de opinião, sob o ponto de vista esportivo, o Flamengo também é merecedor da designação de campeão brasileiro de 1987".[72][73] Quando foi entregar o troféu de Campeão Brasileiro de 2019 ao Flamengo, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, ergueu o troféu 7 vezes, segundo alguns meios de comunicação, ratificando, a opinião da CBF sobre a conquista da Copa União de 1987.[74][75] Noticiando a conquista do clube carioca em seu site oficial, a CBF incluiu "1987 (Copa União)" entre os títulos brasileiros de 1983 e 1992.[76]
Destarte, existe uma interpretação, um entendimento, de que a conquista do Módulo Verde foi um título de âmbito nacional em separado do Campeonato Brasileiro de Futebol. Tal abordagem não será adotada neste presente verbete. Sendo este presente verbete uma lista quantitativa de títulos, em que os diferentes títulos são somados sem distinção de status ou importância, não há na prática qualquer diferença, para os fins deste presente verbete, entre contabilizar a conquista do Flamengo seja como Campeonato Brasileiro ou como título apartado do mesmo, de modo que contabilizá-lo como título apartado do Campeonato Brasileiro estaria, também, em desacordo à situação vigente imposta pelo STF.
Nas tabelas dos títulos principais nos verbetes dos clubes, por exemplo, competições anexas, além de amistosos e taças do futebol de base, não são consideradas. Por competição anexa compreende-se títulos simbólicos decorrentes de chave, eliminatória, fase, zonal, módulo ou turno, os quais estão englobados em um campeonato maior.
JAL & GUAL - A história do futebol no Brasil através do cartum; Bom Texto Editora, 2004 - ISBN 85-87723-49-9
PERES, José Carlos; CUNHA, Odir. Dossiê – Unificação dos Títulos Brasileiros a partir de 1959: o documento que resgatou a história do futebol brasileiro. São Paulo: 2011.
KLEIN, Marco Aurélio e AUDININO, Sérgio Alfredo - O almanaque do futebol brasileiro. São Paulo: Editora Escala, 1998.
UNZELTE, Celso - O Livro de Ouro do Futebol; Editora Ediouro, 2002 - ISBN 85-00-01036-3
Em seus boletins oficiais entre 1971 e 1975,[21][22][23][24][25][26][27] a CBD colocava as edições do Torneio Roberto Gomes Pedrosa/Taça de Prata em igualdade de condições com as edições posteriores do Campeonato Brasileiro, apenas mantendo os nomes próprios, excluindo esta informação a partir do boletim de 1976.
O Campeonato Brasileiro a partir de 1959, em que pese na época a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa não estivessem unificados às edições a partir de 1971.
Em 1967 e 1968, foram realizados dois Campeonatos Brasileiros. Esta colocação refere-se ao torneio denominado na época de Torneio Roberto Gomes Pedrosa.
A revista Placar (Agosto de 1997, nº 1130, página 62) considerou que a Copa dos Campeões Mundiais foi disputada "mais como um amistoso", ou seja, "como se fosse um amistoso".[52]