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Lihou (em inglês: /ˈliːuː/) é uma pequena ilha localizada junto à costa oeste da ilha de Guernsey, no Canal da Mancha, entre o Reino Unido e a França. Administrativamente, Lihou faz parte da Paróquia de St. Peter no Bailiado de Guernsey,[1] e agora é propriedade do Parlamento de Guernsey (conhecido oficialmente como States of Guernsey), embora tenha tido vários proprietários ao longo de sua história.[3] Desde 2006, a ilha tem sido administrada em conjunto pela Guernsey Environment Department e o Lihou Charitable Trust. No passado a ilha foi utilizada pelos locais para a coleta de moliço para uso como fertilizante, mas na atualidade a ilha cumpre uma função turística, incluindo excursões escolares. Lihou é um importante centro de conservação, fazendo parte de uma área protegida pela Convenção sobre as Zonas Húmidas de Importância Internacional para a preservação de pássaros raros e plantas, assim como as ruínas históricas de um priorado e da sede de uma fazenda.
Lihou | |
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Lihou e o promontório vizinho de L'Eree em Guernsey | |
Lihou está à esquerda do mapa | |
Coordenadas: | |
Geografia física | |
País | Reino Unido |
Localização | Guernsey |
Área | 0,15[1] km² |
Geografia humana | |
População | Inabitada[2] |
Em comum com várias ilhas próximas como Jethou e Brecqhou, o nome contém o sufixo normando "-hou" que designa um pequeno morro ou monte.[4] O nome pode ter se desenvolvido a partir das palavras bretãs lydd ou ligg, que significam "dentro ou próximo da água".[5] Historicamente, houve também várias formas alternativas do nome, dentre elas Lihoumel, atestada no século XII,[6]:310[7]:61 e Lehowe, mencionada no século XVI.[8]
Lihou é também um sobrenome comum em Guernsey, com registros informando que o nome tem estado em uso ao menos desde século XVIII,[9][10] incluindo o capitão da Marinha Real Britânica John Lihou, que descobriu e nomeou a Ilha de Port Lihou e o Coral de Lihou na costa australiana.[11] O nome também é atestado em outros países, tais como a Austrália, como no caso do sargento James Lihou, filho de um migrante oriundo de Guernsey, alistado nas forças australianas em 1916 e morto em combate na França em 1918.[12] Há também vários exemplos de pessoas com o sobrenome que migraram das Ilhas do Canal para os Estados Unidos.[13]
Lihou é a ilha mais a oeste das Ilhas do Canal e durante a maré baixa fica ligada ao promontório de L'Erée, em Guernsey, por um caminho de pedra com 400 m de extensão.[3] Praias com calhaus à parte, a ilha tem uma crista de mais ou menos 20 m na direção norte-sul.[14]:5 Lihou é composta principalmente por rocha erodida abaixo da qual se encontra granito e gnaisse.[14] A ilha tem clima oceânico ameno como as outras ilhas do Canal, em função de estarem protegidas pelas costas francesa e inglesa.[15] Por sua posição, Lihou compartilha as características climáticas de Guernsey, com as temperaturas durante o inverno caindo a 4,4 °C em fevereiro e com verões com máximas de 19,5 °C em agosto.[16]
Duas pequenas ilhotas, próximas da ilha Lihou, intituladas Lissroy e Lihoumel, são lugares de procriação de várias espécies ameaçadas de pássaros, incluindo o ostraceiro-europeu e o borrelho-grande-de-coleira.[14]:7[17]:2 Várias outras espécies de aves e plantas são encontradas em Lihou, tais como o falcão-peregrinos e as flores das espécies de Erodium. O departamento de Meio Ambiente de Guernsey não permite o acesso de visitantes às ilhotas e ao banco pedregoso em certas épocas do ano, de modo a garantir a reprodução das avas.[17]:3[18] A aproximadamente 800 m ao norte da ilha está um ressalto submerso conhecido como Grand Etacre, que era considerado um perigo à navegação no século XIX.[19][20]
A ilha de Lihou foi identificada como importante sítio de conservação da natureza em 1989, e como parte de uma área importante de reprodução de aves, que também inclui partes da costa da ilha de Guernsey.[17]:2 Em 1 de março de 2016, Lihou e o promontório de L'Erée foram designados parte da primeira área protegida pela Convenção sobre as Zonas Húmidas de Importância Internacional, cobrindo uma área de 427 hectares em terra e no mar.[17]:2[21][22] Isto criou uma reserva marinha para a grande variedade de vida selvagem, incluindo mais de 200 espécies de algas marinhas na costa de Lihou,[3][14][23] e mais de 150 espécies de aves observadas na área.[24] A geologia de Lihou é complexa, estando muito associada à da vizinha Guernsey.
A história de Lihou está totalmente ligada à história de Guernsey em particular e à história das Ilhas do Canal em geral. As evidências mais antigas de habitação datam do Mesolítico: objetos recuperados de escavações arqueológicas na década de 1990,[25] junto com tumbas datadas do Neolítico nas proximidades em Guernsey.[26][27] A história registrada de Lihou começou no ano de 933 d.C., quando as ilhas do Canal foram tomadas da Bretanha pelo governante da Normandia.[28] Acreditava-se tradicionalmente que Lihou e as tumbas neolíticas próximas fossem pontos de encontro para as bruxas locais,[26][29] e fadas.[27] Isto levou a conflitos com as autoridades,[30] especialmente quando um priorado foi estabelecido em Lihou, dedicado a Santa Maria (conhecido localmente como Nossa Senhora de Lihou).[31]:137 Várias datas foram sugeridas como do estabelecimento do priorado, com estimativas indo de 1114,[4][6]:321[7]:68 a 1156.[31]:38 Registros sugerem que o priorado tenha sido um arriére-fief da abadia beneditina de Monte Saint-Michel, sob cuja autoridade operava.[4][6][7]:60 A propriedade da ilha foi concedida à abadia por Roberto I, Duque da Normandia, na primeira metade do século XI.[10]:492 Acredita-se que o priorado tenha sido construído com contribuições dos moradores da ilha, que possivelmente tinham boas condições financeiras à época.[7]:68
No início do século XIV, Lihou pode ter se tornado a origem de uma lenda local sobre um meirinho rico de Guernsey que tentou executar um camponês inocente sob falsas acusações de roubo de tigelas de prata.[32] EmIn either 1302[32] ou 1304,[33]:217 um servidor do priorado, chamado Thomas le Roer, foi acusado de ter assassinado um dos monges. O meirinho e vários assistentes tentaram prender Le Roer mas ele não se rendeu e foi morto por Ranulph Gautier, um dos assistentes do meirinho.[32] Gautier tentou encontrar refúgio numa igreja próxima e eventualmente fugiu para a Inglaterra, antes de retornar a Guernsey quando o rei o perdoou.[32] No entanto, alguns anos depois Gautier foi torturado até a morte no Castelo de Cornet, embora não se saiba a razão.[32]
O priorado foi confiscado em 1414 pelo rei Henrique V de Inglaterra junto com outros priorados não ingleses.[29] nos primeiros três séculos, houve vários priores indicados, às vezes por períodos curtos, mas em 1500 Ralph Leonard foi indicado como prior vitalício.[4] Entretanto, dentro de décadas o priorado foi abandonado, com evidências de que Thomas de Baugy tenha sido o último prior por volta de 1560.[4] Há também evidências de que em seguida o priorado tenha sido alocado para John After em 1566, também indicado como deão de Guernsey.[8]
Em 1759, o governado de Guernsey, John West, 1º Conde De La Warr,[34] mandou demolir o priorado para impedir que as forças francesas o tomassem durante a Guerra dos Sete Anos.[4] No início do século XIX, uma sede de fazenda foi construída em Lihou,[4] e a ilha foi indicada como propriedade de Eleazar le Marchant, que exercia a função de meirinho-tenente de Guernsey.[6]:322 Eleazar fez uma tentativa malsucedida em 1815 de suprimir a indústria de moliço baseada em torno de Lihou.[10]:189 Num livro publicado no mesmo ano, William Berry notou a presença de "uma gancho de ferro de uma dobradiça de portão" em algumas rochas, aproximadamente a três milhas náuticas 5,5 km de Lihou, junto com resquícios de antigos caminhos e supôs que Lihou fosse consideravelmente maior no passado, mas que o mar tenha erodido porção considerável da ilha.[7]:134–135 Durante o restante do século XIX e o início do século XX, a ilha mudou de mãos várias vezes, através de uma sucessão de proprietários, tais como James Priaulx em 1863, Arthur Clayfield em 1883 e o coronel Hubert de Lancey Walters em 1906.[4]
Durante a Segunda Guerra Mundial, as Ilhas do Canal foram ocupadas pelos alemãs de 1940 a 1945, e Lihou foi usada como lugar de exercício de tiro pela artilharia alemã,[3] fazendo com que sede da fazenda entrasse completamente em colapso.[4] Em meados de 1952, as ruínas do priorado foram estudadas por John e Jean le Patourel.[35]:127 Em 1961, o tenente-coronel Patrick Wootton adquiriu Lihou. Wootton tinha planos de desenvolver a ilha: no ano seguinte começou a limpar a área da antiga sede de fazenda, de modo a substituí-la por uma nova sede, com trabalhos se estendendo até 1963.[4] Ele organizou acampamentos de verão para jovens na ilha e importou ovinos das Ilhas Orkney que podiam consumir o moliço.[35]:172 Em 1983 Wootton decidiu emigrar para a Ilha do Príncipe Eduardo no Canadá e vendeu a ilha para Robin e Patricia Borwick.[33]:219 Em 1995, a ilha foi comprada pelo Parlamento de Guernsey.[36] As ruínas do priorado são possivelmente o mais importante resquício religioso em Guernsey.[3] Houve vários estudos e escavações nas ruínas, inclusive pesquisas arqueológicas em 1996,[37] and in 1998, when several twelfth-fourteenth century graves were unearthed.[38]
Historicamente, Lihou tinha uma importante indústria na coleta de moliço (ou vraic na língua local, o Guernésiais). Registros sugerem atividade considerável desde o início do século XIX.[10]:492 O valor do moliço como fertilizante era tão grande que em 1815 Eleazor Le Marchant, meirinho-tenente de Guernsey e proprietário de Lihou, deu início a um processo legal (court case) para impedir que os moradores secassem o moliço nas praias de Lihou.[4] O caso eventualmente levou a novas regulações, instituídas em 1818 pelo poder legislativo do Bailiado de Guernsey, denominados Chief Pleas à época, baseados numa revisão de antigos decretos régios.[10]:189 No entanto, o Tribunal Real de Guernsey julgou em favor dos moradores em 1821, com o efeito de que a permissão de coleta de moliço em Lihou estendida aos habitantes das paróquias de St. Peters e St. Saviours.[4] Mais de um século mais tarde, em 1927, uma fábrica foi estabelecida para produzir iodo a partir do moliço.[4][39]
O esteio econômico da ilha na atualidade é o ecoturismo, baseado em torno da antiga sede de fazenda, agora administrada pelo Lihou Charitable Trust, ainda que a responsabilidade geral pela ilha caiba ao Departamento de Meio Ambiente de Guernsey.[40] Lihou e várias outras pequenas Ilhas do Canal, tais como Herm e Sark, emitiram seus próprios selos até 1969, quando o Parlamento de Guernsey assumiu a responsabilidade pelos serviços postais no Bailiado, anteriormente providos pelo governo do Reino Unido.[31]:158[41]
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