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Leonel Martiniano de Alencar, 1º Barão de Alencar ComC (Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 1832 – 26 de março de 1921) foi um nobre, advogado, político e diplomata brasileiro. Representou o Brasil como diplomático em várias ocasiões, principalmente na América do Sul e na Europa.[1] Era filho do governador do Ceará, o senador José Martiniano Pereira de Alencar, e irmão mais novo do famoso romancista José de Alencar. Sua avó, Bárbara de Alencar, foi uma heroína da independência do Brasil e uma rica proprietária de terras em Pernambuco e Ceará. Seu primo em primeiro grau foi o Barão de Exu, Guálter Martiniano de Alencar. Às vezes, ele era conhecido com o pseudônimos L.M., León Car e Noel D'Arc.[2]
O Barão de Alencar | |
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O Barão de Alencar durante missão diplomática. | |
Membro da Câmara dos Deputados para o Estado do Amazonas | |
Período | 6 de agosto de 1869 a 18 de junho de 1872 |
Antecessor(a) | Joaquim José Inácio |
Sucessor(a) | Ângelo Thomas do Amaral |
Dados pessoais | |
Nascimento | 5 de dezembro de 1832 Rio de Janeiro, Brasil |
Morte | 25 de março de 1921 (88 anos) Rio de Janeiro, Brasil |
Progenitores | Mãe: Ana Josefina Pereira de Alencar Pai: José Martiniano Pereira de Alencar |
Alma mater | Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo |
Cônjuge | Gregoria Ayoroa Deheza |
Condecorado com a Ordem Militar de Cristo, a Ordem de Isabel a Católica, a Ordem da Rosa e a Ordem de Cristo, também foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.[3] Devido à sua distinta carreira diplomática, política e jurídica, foi nomeado Barão em 1885.[4] Um diplomata destacado, também foi um habilidoso político, representando o Estado do Amazonas na 14ª Legislatura da Assembleia Nacional de 1869-1872.
Leonel Martiniano de Alencar nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, em 5 de dezembro de 1832. Foi membro da distinta família Alencar, que possui uma rica história de serviço público e aristocracia. Sua matriarca foi a heroína brasileira Bárbara de Alencar, uma figura prolífica da independência do Brasil. Ela era proprietária de vastas terras no nordeste do Brasil, que foram herdadas pelo pai de Alencar, José Martiniano Pereira de Alencar. Seu pai foi governador do Estado do Ceará, além de ser um político e senador muito destacado.[5]
Alencar cresceu na vasta fazenda de seu pai em Fortaleza, onde foi treinado como soldado na Milícia do Estado do Ceará, como a maioria dos jovens aristocratas do Império Brasileiro. Alencar estudou Direito na Universidade de São Paulo, formando-se em 1853. Em São Paulo, destacou-se como acadêmico e demonstrou grande interesse em assuntos políticos e legais.
Ao concluir seus estudos de direito, Alencar iniciou uma carreira jurídica de sucesso. Conhecido por sua eloquência e perspicácia jurídica, rapidamente ganhou reconhecimento nos círculos legais e tornou-se uma figura respeitada na comunidade jurídica brasileira, particularmente nos tribunais locais do Rio de Janeiro, para onde se mudou após terminar seus estudos. Embora tenha trabalhado principalmente como diplomata a partir de 1854, na década de 1890, após a queda da monarquia brasileira, Alencar já se consolidara como um destacado "legalista" no Brasil Imperial. Segundo um de seus colegas, João da Silva Carvalho, "seu compromisso com a justiça e o estado de direito lhe rendeu várias nomeações prestigiosas, incluindo a de juiz do Supremo Tribunal Federal (cargo que ocupou entre 1894 e 1898), onde fez contribuições significativas para o desenvolvimento do sistema legal brasileiro."
A carreira diplomática de Alencar começou logo após concluir seus estudos de direito. Embora inicialmente planejasse se juntar à burocracia jurídica do Brasil, foi nomeado adido de primeira classe em uma missão diplomática para Portugal no final de 1854. Passou um ano na corte do rei português Pedro V, onde participou de importantes negociações comerciais que suavizaram as tensas relações entre Rio de Janeiro e Lisboa.[6] Entre 1855 e 1856, Alencar esteve na corte austríaca em Viena.[7]
Em 1856, Alencar retornou ao Brasil, onde se juntou ao séquito pessoal do imperador Pedro II,[8] com quem estabeleceu uma amizade. Em 1857, foi designado para uma missão diplomática na Espanha. Durante essa missão, Alencar destacou-se por suas habilidades oratórias, ganhando o apreço da corte da rainha Isabel II de Espanha, que mais tarde o condecorou com a Ordem de Isabel a Católica. Alencar permaneceu em Madri por vários anos e, embora tenha retornado ao Brasil, passou essencialmente quatro anos na Espanha.
Em 1861, o imperador o enviou a Washington, D.C., com a esperança de estabelecer relações cordiais com os Estados Unidos. No entanto, poucos meses após sua chegada, estourou a Guerra Civil Americana. Convocado de volta ao Brasil, Alencar foi enviado para a Venezuela em 1862. Em 1863, foi enviado à Bolívia com o objetivo de estabelecer uma fronteira permanente entre o Brasil e o país, já que as fronteiras na época não eram totalmente definidas.[9] Esta missão fracassou quando o governo de José María de Achá foi deposto em dezembro de 1864, o que resultou no retorno de Alencar ao Brasil. Nesse mesmo ano, a Guerra do Paraguai ocupou os esforços diplomáticos do Brasil.[10]
Em 1865, Alencar foi enviado à Argentina com uma missão de fortalecer a aliança entre os dois países e coordenar apoios na guerra contra Francisco Solano López. Seus esforços foram amplamente bem-sucedidos e estabeleceram protocolos de cooperação entre os três países que lutavam contra o Paraguai.[11] Ainda em Buenos Aires, Alencar foi enviado novamente à Bolívia em 1866 como membro principal da embaixada que assinou o Tratado de Fronteira de 1867. Recebido calorosamente por Mariano Melgarejo, Alencar foi incentivado a permanecer na Bolívia e assumir o comando da legação brasileira em La Paz.[12] No entanto, ele retornou ao Brasil em 1869 para participar das eleições legislativas daquele ano. Voltaria à Bolívia em 1871 para casar-se com Dona Gregoria Eloísa Ayoroa Deheza, uma dama de família rica e influente em La Paz. Em 22 de dezembro de 1879, como ministro residente de Sua Majestade o Imperador do Brasil, Alencar assinou um acordo com a Bolívia que regulamentava a execução recíproca de cartas rogatórias, entrando em vigor em 15 de outubro de 1880.[13][14]
Em 1881, Alencar representou o Brasil no Congresso de Direito Internacional Privado em Montevidéu, um momento importante no processo de unificação das leis na América Latina. Em 22 de junho de 1881, Alencar tratou, em nome do Brasil, junto ao Uruguai, a Questão do Paso Hondo. Nos anos de 1885 e 1889, foi signatário de dois tratados de fronteira com a Argentina. Seus feitos diplomáticos consolidaram ainda mais sua reputação como uma figura chave na formulação da política externa brasileira durante o século XIX. Ele se tornou um membro importante do conselho do imperador.
Após a morte de Joaquim José Inácio, Visconde de Inhaúma, a cadeira do Estado do Amazonas na Câmara dos Deputados ficou vaga. Depois das eleições realizadas em agosto de 1869, Alencar foi eleito para representar o Amazonas na 14ª Legislatura do Brasil. Ele foi eleito com 81 dos 83 votos possíveis, uma vitória esmagadora. Em 2 de maio de 1870, apesar de já ter sido deputado interino por quase um ano, Alencar foi oficialmente nomeado como substituto de Inhaúma.[15][16]
Por decreto imperial de 7 de novembro de 1885, recebeu o título de Barão de Alencar, em reconhecimento por seus serviços à política externa do Brasil. Este título simbolizava não apenas suas realizações pessoais, mas também o reconhecimento do legado duradouro de sua família ao serviço do Império do Brasil.[17]
O legado do Barão de Alencar se estende pelos campos da política, do direito e da diplomacia. Sua dedicação ao serviço público, sua habilidade jurídica e suas conquistas diplomáticas deixaram uma marca indelével na história do Brasil. Suas contribuições foram fundamentais para estabelecer as bases legais e diplomáticas do país durante um período crucial de transição e crescimento, especialmente na segurança das fronteiras brasileiras por meio da assinatura de diversos tratados de fronteira com os países vizinhos. Ele também é lembrado como uma figura chave na vida de seu irmão, o poeta e escritor José de Alencar, cuja obra influenciou seus próprios escritos. As obras do Barão, A sonâmbula de Ipojuca, publicada em 1861, e Bella: romance de costumes brasileiros, publicada em 1893, são exemplos de seu talento literário.[18]
Alencar permaneceu solteiro durante grande parte de sua juventude, passando muitos anos no exterior. No entanto, nas décadas de 1860 e 1870, enquanto estava na Bolívia, conheceu sua futura esposa, Gregoria Eloísa Ayoroa Deheza. Eles se casaram em 20 de novembro de 1871 em La Paz. Tiveram três filhos, entre eles José Abel Ayoroa De Alencar. Seu filho casou-se duas vezes e, através de sua segunda esposa, Tomasa Calderón de la Barca y Palacios, foi pai de Beatriz De Alencar Calderón de la Barca, esposa do general Hernán Terrazas Céspedes.
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