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O plâncton marinho é composto por organismos que sofrem influências por meio de mudanças ambientais, seja por correntes, temperatura, salinidade, nutrientes, marés ou ecológicas como predação e competição por recursos[1] [2][3]. Alguns desses seres podem fornecer indicativos sobre a qualidade ambiental relacionados a sua distribuição, composição e abundância, sendo possíveis bioindicadores de condições ambientais e/ou oceanográficas[4] .
Dentre os animais do zooplâncton estão os Larvacea ou Appendicularia, classe de animais marinhos pertencentes ao subfilo Urochordata. Herbívoros comuns e cosmopolitas, principalmente em águas quentes costeiras de até 100 m de profundidade. Das cerca de 70 espécies descritas, 25 ocorrem no litoral brasileiro. Ocupam importante lugar na teia trófica, tendo papel de transferência energética para os organismos predadores[5] [6]. Além disso, há evidências que esses organismos atuam no consumo de partículas coloidais de carbono orgânico dissolvido, podendo relacioná-los a distribuição do carbono orgânico no meio [7].
Os apendiculários são organismos planctônicos hermafroditas, com exceção de uma única espécie, Oikopleura dioica, sendo gonocórica. São típicos desses animais a manutenção de características larvais, pedomorfose, tendo corpo dividido em tronco e cauda. Possuem notocorda, fendas faringeanas e cauda pós-anal, mas não se desenvolvem e permanecem com morfologia larval durante toda a vida. No tronco estão presentes as principais estruturas reprodutivas, gastrointestinais e circulatórias. A cauda muscular abriga a notocorda, além de células anficordais ou subcordais, utilizadas na identificação das espécies[8] [9]. A característica mais marcante desses animais é a presença de uma estrutura gelatinosa “casa”, constituída de polimucossacarídeos, secretada por uma região epidérmica especializada, o oicoplasto. Essa estrutura gelatinosa é diferenciada em cada família e atua na filtragem de partículas para alimentação, processo que envolve redes de muco secretado pelo endóstilo e o batimento caudal do animal. Sendo esse processo dividido em três momentos: 1) Cauda bate lentamente, inflando a câmara e iniciando a circulação de água; 2) Cauda bate vigorosamente, a pressão aumenta acionando a abertura do esfíncter para a saída de água; 3) A cauda para, ocorre o refluxo de partículas, a ingestão de partículas pode parar e iniciar o processo de reversão a qualquer momento [10][9].
A classificação mais aceita até os dias atuais foi proposta por Lohman [11], dividindo-os em três famílias: Oikopleuridae, Fritillaridae e Kowaleskidae.
A família Oikopleuridae apresenta como características diagnósticas um tronco compacto, em formato de pêra, lateralmente compacto ou deprimido dorsoventralmente; endóstilo reto; espirais com abertura na região retal; esôfago com entrada no estômago lateralmente ou na porção superior; estômago formado por muitas células pequenas e algumas de glândulas; cauda maior que o tronco[8].
Fritillaridae têm como características diagnósticas: Tronco geralmente alongado e achatado dorsoventralmente; endóstilo reto ou envolto ao final; espirais anteriormente localizados na cavidade faríngea; esôfago com entrada frontal no estômago; estômago constituído de poucas células grandes; cauda raramente maior que tronco[8].
Enquanto que a família Kowalevskiidae é caracterizada pelo tronco curto e anteriormente deprimido; quatro fileiras de processos ciliares unicelulares; fendas faríngeas de formato alongado e elipsoidais; esôfago com entrada frontal no estômago; estômago composto por células grandes, cauda com formato de eixo[8].
A distribuição desses organismos planctônicos muitas vezes se faz relacionada a fatores abióticos, sendo a temperatura um dos principais citados pela literatura, que relaciona a distribuição e desenvolvimento desse tipo de plâncton[12] [6][5][13]. Os resultados obtidos nesses estudos, condições ambientais e em laboratório, relacionam o aumento da temperatura com o aumento da taxa de crescimento desses organismos e consequente diminuição do seu tempo de vida [5][13]. Além disso, regiões costeiras foram indicativas de maior concentração e distribuição de espécies de apendiculários, estando geralmente relacionados ao aporte de nutrientes em regiões costeiras de desembocadura de rios e de turbulência, como por exemplo em estudos desenvolvidos no Pacífico [14][6][13][15] e Atlântico [12][2][16] [5][17].
Appendicularia é considerado uma importante fonte energética na teia trófica. Como parte do mezoplânton esses organismos trabalham no controle da produção primária do fitoplâncton, por meio do efeito top-down. Além de serem aproveitados como importante fontes de alimentos para pequenos invertebrados e grandes recursos pesqueiros, seguindo efeito botow-up [18][5][19][20][21]. Pesquisas recentes também relacionam a sua importância na filtração de partículas de microplástico em áreas oceânicas, podendo ser utilizados como bioindicadores de poluição marinha [22][23].
Esses seres vem sendo estudados desde o século XIX, a maioria das suas pesquisas são voltadas a taxonomia do grupo, sendo definidos até meados do século XX [11][2][10][5][8]. Porém devido a forma em que eram realizadas as amostragens e falta de informações taxonômicas , ainda nos tempos atuais são publicadas validações e ocorrências de espécies novas por todo o globo [17][16][15]. Alguns grupos de trabalho do Pacífico [14][6][13][15] e Atlântico [12] [2][16][5][15][17] tiveram destaques em estudos de apendiculários, porém ainda são poucos os trabalhos desse grupo de animais para o Atlântico Sul, em especial o litoral do Brasil [12][2][24].
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