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De acordo com a Constituição do país, o tétum é a "língua nacional" de Timor-Leste, de origem malaio-polinésia com uma profunda influência da língua portuguesa, com a qual partilha o estatuto de "língua oficial". Existem mais quinze "línguas nacionais" em Timor-Leste: ataurense, baiqueno, becais, búnaque, cauaimina, fataluco, galóli, habo, idalaca, lovaia, macalero, macassai, mambai, quémaque e tocodede.
À língua indonésia e ao inglês é reconhecido apenas o estatuto de "línguas de trabalho em uso na administração pública a par das línguas oficiais, enquanto tal se mostrar necessário", segundo reza o artigo 159.º da Constituição da República Democrática de Timor-Leste.
Mercê de fluxos migratórios de população chinesa, o mandarim, o cantonês e, principalmente, o hacá são também falados por pequenas comunidades.
A ilha de Timor foi, por primeiro, povoada pelos povos papua, cerca de 7000 a.C., e pelos povos austronésicos, aproximadamente 2000 anos a.C., tendo, posteriormente, sido abordada por outros povos em migração entre a Ásia e a Austrália e os arquipélagos do Pacífico. A diversidade geográfica da ilha, as guerras internas entre povos e a consequente integração de subgrupos em outros grupos étnico-linguísticos provocaram uma diversidade cultural e linguística no território, de tal forma que, hoje, dificilmente se podem identificar e territorializar os diferentes grupos étnicos. Um único grupo pode actualmente falar até cinco línguas diferentes, da mesma forma que uma mesma língua pode constituir a forma de expressão de vários grupos étnicos. Se atendermos apenas às características linguísticas dos povos, são reconhecíveis cerca de 20 grupos principais em Timor-Leste e um número mais reduzido de dialectos.
A grande maioria das línguas timorenses filia-se na família austronésica, ou malaio-polinésia, muito provavelmente difundida graças à ocupação proto-malaia da Insulíndia e ilhas do Pacífico. Outras línguas, como o búnaque, o fataluco e o macassai possuem, provavelmente, raízes nas línguas papuas.
A necessidade de comunicação entre povos, especialmente com fim a trocas comerciais, originou, ao longo dos tempos, a eleição de línguas francas. É neste sentido que deve ser compreendida a expansão do tétum, língua original dos Belos, divulgada pela sua conquista da parte leste da ilha de Timor.
Naturalmente, a evolução linguística e as diferentes ocupações do território têm vindo a provocar o desaparecimento de algumas línguas, absorvidas por outras de maior expressão ou reduzidas a minorias circunscritas. Desde meados do século XX até hoje, as principais línguas timorenses têm mantido uma percentagem de falantes semelhante ou manifestado uma tendência para a diminuição, como é o caso do tocodede e do quémaque. Apenas o tétum manifesta uma tendência para crescer, sabendo-se, inclusive, que, não obstante o facto de apenas 23% da população actual o considerar como primeira língua, mais de 80% da população o utiliza como a sua língua veicular.
Em termos territoriais, à excepção do tétum, que se difunde numa área mais vasta mas descontínua, as línguas de Timor-Leste possuem uma expressão bem demarcada na ilha. No Oecusse a principal forma de comunicação é o baiqueno, língua original dos atoni, povo de Timor indonésio, prevendo-se a sua continuidade linguística devido ao isolamento do enclave. Ainda assim, o tétum já é falado por uma percentagem significativa da população.
Junto à fronteira com a Indonésia, a situação é de heterogeneidade. No sul, em Cova Lima, predomina o tétum, e no interior, em Bobonaro, o quémaque e o búnaque misturam-se.
Esta diversidade linguística é quebrada pela homogeneidade linguística dos municípios de Liquiçá e Díli e da zona do interior montanhoso. Em Liquiçá toda a população fala tocodede e em Díli a língua franca venceu como meio de comunicação. Nas montanhas é o mambai que se afirma como língua principal, estendendo-se até à costa sul do território, entrando pelos municípios de Ainaro e Manufahi. O mambai é ainda hoje a língua materna mais falada em todo o território, representando grupos étnicos variados.
No município de Manatuto são quatro os idiomas falados, com áreas de difusão claramente demarcadas: no norte fala-se o galóli, no centro o habo e no sul o tétum. Ainda que, percentualmente, o galóli não seja dos principais dialectos do país, ele assume alguma importância em Timor-Leste, na medida em que foi adoptado pela Igreja neste município e, por isso, fixado em gramáticas e dicionários.
Nos municípios de Baucau e Viqueque predomina o macassai como forma de expressão, ainda que não corresponda a um grupo étnico único, comunicando-se também em tétum nos postos administrativos mais ocidentais.
A chamada "Ponta Leste" é globalmente dominada pelo fataluco, ainda que na sua costa sul e na fronteira com Viqueque, se encontrem outras línguas com menor expressão.
Atualmente, o tétum é a língua com maior expressão em Timor-Leste, devido à sua utilização enquanto língua franca. Esta realidade é fruto do percurso do próprio país. O tétum é uma língua da família austronésia, ou malaio-polinésia, que parece originária da Formosa e talvez também do sul da China continental.
O primeiro tétum, o tétum-térique, já se havia estabelecido como língua franca antes da chegada dos portugueses, aparentemente em consequência da conquista da parte oriental da ilha pelo império dos Belos e da necessidade de um instrumento de comunicação comum para as trocas comerciais. Com a chegada dos portugueses à ilha, o tétum apodera-se de vocábulos portugueses e malaios e integra-os no seu léxico, tornando-se uma língua crioula e simplificada – nasce o tétum-praça.
Muito embora, em finais do século XIX, os jesuítas de Soibada tenham já traduzido para tétum parte da Bíblia e, em 1913, o governador da colónia tenha tentado introduzir o tétum no sistema educativo timorense, é apenas em 1981 que a Igreja adopta esta língua na liturgia.
Apesar do tétum-praça possuir variações regionais e sociais, hoje o seu uso é alargado porque é compreendido por quase toda a população timorense. É este tétum-praça que foi adoptado como "língua oficial" com a designação de Tétum Oficial.
Durante o domínio português, quer na administração, quer no sistema de ensino, era usada exclusivamente a língua portuguesa, embora coexistindo, no dia-a-dia, com o tétum e com outras línguas. O português influenciou profundamente o tétum, especialmente o dialecto falado em Díli, conhecido como tétum-praça, que constitui atualmente a versão oficial da língua e a que se ensina nas escolas.
Com a anexação do território pela Indonésia, o uso do português foi proibido, impondo-se a língua indonésia, idioma até então desconhecido no território. Por vezes o indonésio é referido em português como "bahasa", mas isso é incorrecto porque "bahasa" significa "língua" ("bahasa Indonesia" = língua indonésia, "bahasa tetun" = língua tétum, "bahasa portugis" = língua portuguesa). Durante 24 anos, toda uma geração de timorenses cresceu e foi educada nesta língua. O português sobreviveu, no entanto, como língua de resistência, usada pela Fretilin e pelas outras organizações da resistência nas suas comunicações internas e no contacto com o exterior. Este uso do português, muito mais do que do tétum, conferiu-lhe uma enorme carga simbólica.
Com o termo da ocupação e a independência de Timor-Leste em 20 de Maio de 2002, as novas autoridades do país fizeram questão de recuperar o idioma da antiga potência administrante. A Constituição reconhece ao português o estatuto de língua oficial" ao lado do tétum.
Para os timorenses mais idosos, o indonésio é negativamente conotado com o regime repressivo de Suharto mas, por outro lado, muitos jovens têm-se mostrado adversos à reintrodução do português, visto como "língua colonial", um pouco como os indonésios veem o holandês. No entanto, enquanto a língua e a cultura holandesas tiveram reduzida influência na Indonésia, as culturas portuguesa e timorense interligaram-se ao longo dos séculos, nomeadamente através de casamentos mistos, criando-se uma afectividade em relação ao português em Timor-Leste que nunca existiu com o holandês na Indonésia. Um bom exemplo da aceitação popular do português é o facto de 70% dos apelidos (sobrenomes) e 98% dos nomes próprios dos timorenses serem, ainda hoje, portugueses.
Contando com a colaboração activa de Portugal e do Brasil, o português tem vindo progressivamente a recuperar terreno, sendo que actualmente cerca de 30% dos timorenses falam português[1] (23,5% de acordo com o censo de 2010[2]).
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