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atleta olímpico e recordista brasileiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
João Carlos de Oliveira, conhecido como João do Pulo (Pindamonhangaba, 28 de maio de 1954 — São Paulo, 29 de maio de 1999),[1] foi um atleta, político e militar brasileiro, especializado em saltos, sendo ex-recordista mundial do salto triplo, medalhista olímpico e tetracampeão panamericano no triplo e no salto em distância, militar e político brasileiro.
João do Pulo | ||||||||||||||||||||||||||||||||
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João do Pulo quebrando o recorde mundial do salto triplo nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México, em 1975. | ||||||||||||||||||||||||||||||||
Atletismo | ||||||||||||||||||||||||||||||||
Nome completo | João Carlos de Oliveira | |||||||||||||||||||||||||||||||
Apelido | João do Pulo | |||||||||||||||||||||||||||||||
Modalidade | salto triplo e salto em distância | |||||||||||||||||||||||||||||||
Nascimento | 28 de maio de 1954 Pindamonhangaba, SP | |||||||||||||||||||||||||||||||
Nacionalidade | brasileiro | |||||||||||||||||||||||||||||||
Morte | 29 de maio de 1999 (45 anos) São Paulo, SP | |||||||||||||||||||||||||||||||
Compleição | Peso: 76 kg • Altura: 1,86 m | |||||||||||||||||||||||||||||||
Clube | EC Pinheiros | |||||||||||||||||||||||||||||||
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Militar por formação profissional, após abandonar o atletismo em virtude de um desastre automobilístico em que perdeu uma perna, tornou-se político, sendo eleito para dois mandatos como deputado estadual em seu estado natal, São Paulo.[2][3][4]
Órfão de mãe, começou a trabalhar aos sete anos de idade, como lavador de carros. Na adolescência, ingressou no exército, onde vestiu a indumentária militar por 14 anos e chegou à patente de sargento.[5] Em 1973, treinado pelo então professor da USP Pedro Henrique de Toledo, o Pedrão, quebrou o recorde mundial júnior de salto triplo no Campeonato Sul-Americano de Atletismo com a marca de 14,75 m.
Em 1975, já como atleta adulto nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México, o cabo do Exército Brasileiro conquistou a medalha de ouro no salto em distância com a marca de 8,19 m e, em 15 de outubro, também a medalha de ouro no salto triplo, com a incrível marca de 17,89 m, quebrando o recorde mundial desta modalidade em 45 cm, e que pertencia ao soviético Viktor Saneyev.
Era o favorito à medalha de ouro no salto triplo nos Olimpíada de Montreal mas, convalescendo de uma cirurgia na barriga, saltou apenas 16,90 m e foi superado por Saneyev (17,29 m) e pelo norte-americano James Butts (17,18 m), ficando com a medalha de bronze. Além disso, foi quarto colocado no salto em distância.
Nos Jogos Pan-americanos de Porto Rico, tornou-se bicampeão tanto do salto triplo como do salto em distância, acumulando um tetracampeonato panamericano em duas provas. Neste último, derrotou ninguém menos que o futuro tetracampeão olímpico da prova, Carl Lewis.[6]
A disputa do salto triplo em Moscou 1980 foi coberta de controvérsias com relação ao favorecimento aos atletas da casa pelos juízes soviéticos. O tricampeão olímpico Viktor Saneyev e seu compatriota Jaak Uudmae eram os atletas do país na prova. João, recordista mundial com a marca até então inatingível de 17,89 m, conquistada em 1975 nos Jogos Panamericanos da Cidade do México era o maior adversário dos dois atletas da casa. João teve dois saltos anulados durante a disputa pelos fiscais soviéticos e um deles considerado por analistas internacionais como um novo recorde mundial, acima dos 18 metros; os mesmos observadores consideraram os dois saltos perfeitamente válidos. A intenção, segundo os críticos, era dar um quarto e inédito título olímpico a Saneyev, então tricampeão olímpico da modalidade. Mesmo assim, Saneyev ficou apenas com a prata – 17,24 m – sendo superado por Uudmae – 17,35 m – e João ficou com o bronze de um de seus saltos menores validados, 17,22 m.[3][4][7]
Na época, o técnico letão de Uudmae, Harry Seinberg, chegou a confessar, em conversas informais, que as marcas de João haviam sido alteradas para favorecer os atletas da casa, mas nunca confirmou sua afirmação à IAAF nem ao COI. Apenas em 2000, vinte anos após os Jogos de Moscou, e por ocasião da proximidade dos Jogos de Sydney, o jornal australiano The Sydney Morning Herald (o maior da Austrália) fez uma grande reportagem demonstrando que os saltos anulados do brasileiro faziam parte de uma operação soviética para dar o tetracampeonato olímpico a Saneyev. O plano acabou não dando totalmente certo por causa do melhor salto de Uudmae, mas mesmo assim a medalha de ouro ficou com a URSS.[3]
Em contraponto à falta de sorte em Olimpíadas, na era pré-Campeonato Mundial de Atletismo, João do Pulo foi tricampeão mundial do salto triplo em 1977 (em Düsseldorf), 1979 (em Montreal) e 1981 (em Roma, com 17,37 m, vencendo Jack Uudmae, um ano depois dos Jogos Olímpicos, e o futuro recordista mundial Willie Banks, dos Estados Unidos).[8]
Porta-bandeira do Brasil no desfile de abertura em Montreal 1976 e em Moscou 1980, João foi o principal ídolo do esporte dito amador brasileiro entre 1975 e 1981.[3]
João Carlos de Oliveira teve a carreira de atleta brutalmente interrompida em 22 de dezembro de 1981, quando sofreu um grave acidente automobilístico na Via Anhanguera, na altura do quilômetro 86, no sentido Campinas-São Paulo. O veículo Passat no qual estava com seu irmão, Francisco, e um amigo foi atingido por uma Variant.[9][10] Após quase um ano de internação na UTI do Hospital Irmãos Penteado, em Campinas, ter passado por 16 cirurgias e quatro paradas cardiorrespiratórias, sua perna direita teve de ser amputada no final de 1982, no que significou o encerramento de sua carreira de atleta.[9] O então presidente da República, João Figueiredo, chegou a visitá-lo pessoalmente no hospital.[9]
Nos anos seguintes, estudou Educação Física e entrou na vida política, tendo sido eleito deputado estadual em São Paulo pelo Partido da Frente Liberal, em 1986, e reeleito em 1990.[11] Não conseguiu se reeleger em 1994 e 1998.[3]
Antes de ser internado, sua rotina se resumia a tomar cerveja num bar no bairro da Ponte Grande, em Guarulhos, onde vivia, e passar o resto do dia trancado, quase sempre em jejum.[12][13] João do Pulo morreu em 29 de maio de 1999, no dia seguinte ao seu aniversário de quarenta e cinco anos, devido a cirrose hepática e infecção generalizada; passou os últimos anos de vida solitário, sofrendo de depressão, alcoolismo e com problemas financeiros — chegou a ser preso por não pagar pensão alimentícia a um de seus dois filhos.[13] Sua única fonte de renda era o soldo de segundo tenente reformado do Exército.[3]
A família vendeu suas duas medalhas olímpicas e aquela do recorde mundial de 17,89m, obtida no Pan da Cidade do México 1975, ao ex-presidente da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), Roberto Gesta de Melo.[9]
Seu recorde mundial somente foi batido quase dez anos depois, pelo norte-americano Willie Banks, com 17,90 m, em Indianápolis, em 16 de junho de 1985. Seu recorde brasileiro e sul-americano só foi batido mais de vinte e um anos depois, por Jadel Gregório, com 17,90 m, em Belém, em 20 de maio de 2007 (que coincidentemente também foi atleta do antigo técnico de João do Pulo, Pedrão).[3] Eleito pela Federação Mundial de Atletismo como o 4.º maior triplista da história, João também teve seu nome marcado na MPB: foi homenageado pelos compositores Aldir Blanc e João Bosco com a canção "João do Pulo".[9][14]
O atleta recebeu uma homenagem póstuma dos Correios em 15 de outubro de 2016, pelos 41 anos do recorde estabelecido no Pan de 1975, com um selo postal.[15]
Em janeiro de 2022, uma estátua de João, obra do artista espanhol Hugo Lukas, foi instalada em Pindamonhangaba, na rotatória que leva o nome do atleta.[16]
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