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O Jogo do Pau é uma arte marcial portuguesa de combate com paus. A arma tradicional é um varapau de cerca de metro e meio de comprimento, um pouco mais largo numa das pontas.
Em muitas sociedades ao longo da história populares desenvolveram práticas de combate com instrumentos quotidianos, como instrumentos de lavoura. Em Portugal o povo desenvolveu um sistema de combate usando como arma o cajado que acompanhava os pastores e camponeses. Este sistema veio a ser conhecido pelo nome de Jogo do Pau Português.
Já bem dentro do século XX, eventos com o Jogo do Pau eram ainda frequentes por Portugal inteiro, com destaque para o norte do país, em feiras e romarias. Por vezes, aldeias inteiras envolviam-se em rixas, outras vezes as lutas eram individuais, ou de um jogador contra vários. Era o tempo dos “puxadores” (nome que se dava aos jogadores do Norte) e dos “varredores de feiras” (jogadores afamados que se deslocavam às feiras e romarias para desafiarem outros). Na literatura podemos encontrar histórias sobre o Jogo do Pau, nomeadamente em autores como Aquilino Ribeiro e Miguel Torga. A partir dos anos 30, o jogo do pau começou a perder importância. Os motivos são vários: a acção das autoridades policiais, que para evitar lutas sangrentas proibiram o uso de paus nos recintos de feiras; a emigração de muitos homens para os meios urbanos ou para o estrangeiro; a generalização do uso de armas de fogo, que tornou desnecessária a difícil e demorada aprendizagem desta técnica de defesa pessoal.[1][2]
Em Lisboa, praticava-se já então, principalmente a partir do século XIX, um estilo próprio, desenvolvido nos quintais da capital e em clubes como o Ateneu Comercial de Lisboa e o Real Ginásio, que depois veio a ser o Ginásio Clube Português, nos quais ainda hoje se ensina esta arte. Surgem duas grandes escolas, diferenciadas tecnicamente e com base em factores histórico-sociais: a Escola do Norte e a Escola de Lisboa (também praticada no Ribatejo e Estremadura). Esta última desenvolveu uma série de inovações técnicas e passou a dar menos importância ao combate contra vários adversários. O Jogo do Pau existe ainda em diversas escolas espalhadas por Portugal e no Estrangeiro, mantendo na região de Lisboa treinos regulares no Ginásio Clube Português, no Estádio Universitário ou na Associação Jogo do Pau de Cascais.
Ao longo da história do Jogo do Pau foram muitos os mestres famosos em diversas regiões do país, entre os quais José Maria da Silveira, António Nunes Caçador, Frederico Hopffer, Júlio Hopffer, Joaquim Baú, Calado Campos, pai e filho, Chula, Custódio Neves, Pedro Ferreira, Elias Gameiro, Abel Couto, Nuno Russo e Manuel Monteiro.[1][2]
O Jogo do Pau começou um processo de organização a nível nacional com a fundação, em 1977, sob impulso de Mestre Pedro Ferreira, da Associação Portuguesa de Jogo do Pau que mais tarde se veio a transformar na Federação Portuguesa de Jogo do Pau. Como testemunho da qualidade técnica deste sistema, é de mencionar que nos campeonatos abertos de lutas com pau comprido realizados em França na década de 80, com a presença de sistemas de combate do Japão, Vietname, França, e de outras nações, os jogadores do pau portugueses foram campeões absolutos, tendo ganho todos os combates em que entraram.[1]
Enquanto em Portugal o Jogo do Pau teve sempre alguma visibilidade na sociedade, tendo sido adaptado às convenções e estruturação das artes marciais modernas, a história nacional da Galiza fez com que este jogo ancestral caísse progressivamente no esquecimento. Há documentação que refere a existência de mestres galegos desta arte marcial, sendo que não existe identificação de uma escola ou técnica que a caracterize, é provável que tenham aprendido com os seus congéneres Portugueses da região Minhota ou de Trás os Montes, região em que as fronteiras nem sempre eram fisicas e que chegou a desenvolver um dialecto próprio o Mirandes. Há ainda pessoas vivas que aprenderam na mocidade a jogar o pau, e que empregaram activamente esses conhecimentos em situações de luta real. Pessoas como Isidro Piñeiro[3] na costa do Salnés ou grupos como a Gallaecia in Armis ou o Jogo do Pau Compostela,[4] bem como outros no resto do país, estão a recuperar, de primeira mão, estas testemunhas e a incorporá-las a uma prática moderna. Actualmente, realizam-se na Galiza estágios e exibições de Jogo do Pau, destinados a difundir esta prática entre a população interessada em artes marciais.[5]
O sistema de graduação utilizado na Escola de Lisboa do Jogo do Pau foi criado pelo mestre Pedro Ferreira e distingue-se pelas seguintes cores das cintas:
Cinta amarela | Principiantes |
Cinta verde | Intermédios |
Cinta vermelha | Avançados |
Cinta preta | Mestres (*) |
Cinta roxa | Grão-Mestre (**) |
(*) Cinta atribuída a professores, contramestres e mestres podendo esta ter até cinco estrelas vermelhas ou quatro listas roxas
(**) Cinta que Mestre Pedro Ferreira, antes de morrer, decidiu entregar a um sucessor escolhido por si, mas que depois alguns Mestres de outros clubes da Escola de Lisboa decidiram que seria reservada ao mestre mais antigo ainda vivo
Nota: Existem escolas que usam um sistema de graduação alternativo ou onde as graduações não se aplicam de todo.
As cores das cintas foram inspiradas na vida social e religiosa da vila de Melgaço (província do Minho) nos finais do século XIX e princípios do século XX.
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