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Isolino Leal (Três Cerros de Arapey, 6 de dezembro de 1879 — Porto Alegre, 25 de março de 1950) foi um empresário, jornalista, escritor e poeta brasileiro.
Isolino Leal | |
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Nascimento | Artigas |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | jornalista, escritor |
Filho de Luís Nazário Leal e Júlia Joaquina da Silva, naturais do Rio Grande do Sul, nasceu no Uruguai[1] mas tinha cidadania brasileira.[2] Fez seus estudos iniciais em Quaraí e depois cursou agronomia em Pelotas, porém não se formou após ter brigado com um professor.[1] Em 1909 estava vivendo em Santana do Livramento, atuando como redator da Gazeta.[3] Em 1911 viajou a Manaus e no Rio de Janeiro fundou uma revista dedicada a promover os interesses econômicos do Rio Grande do Sul.[4]
Depois mudou-se para Porto Alegre, fazendo parte do grupo de intelectuais e escritores conhecido como "Grupo da Praça da Harmonia", que incluía Marcelo Gama, Sousa Lobo, Roque Callage, Alcides Maya, Alceu Wamosy, entre outros.[5] Também frequentou o círculo de intelectuais reunidos em torno da Editora Globo, que incluía Athos Damasceno, Roque Callage, Vargas Neto, Theodomiro Tostes, Carlos Teschauer e outros.[6] Foi redator e secretário do Diário de Notícias, em 1918 estava entre os fundadores da revista Máscara,[7] em 1921 fez parte da comissão organizadora das celebrações para o sexto centenário do nascimento de Dante Alighieri.[8] em 1926 fez parte de um grupo de destacados escritores liderados por Souza Júnior que se reuniu para divulgar a literatura gaúcha em Santa Catarina e Paraná,[9] em 1930 foi um dos signatários do Manifesto dos Intelectuais em apoio à Revolução de 1930,[10] e em 1933 estava na assembleia realizada na Biblioteca Pública do Estado que criou a Fundação Eduardo Guimarães, com o objetivo de cultuar a memória do escritor e fomentar a literatura no Rio Grande do Sul.[11]
Foi ainda comerciante[12] e funcionário público.[13] Foi diretor comercial dos Serviços Industriais do Município em 1928,[14] e diretor do Abastecimento de Água em 1930.[15] No setor privado em torno de 1919 era chefe de escritório da Companhia Força e Luz, em 1921 diretor suplente,[16] e em 1924, quando a empresa foi reorganizada como sociedade anônima, assumiu uma das diretorias.[17] Foi também sócio e secretário da Companhia Predial e Agrícola,[18] chefe de escritório da companhia de seguros Previdência do Sul,[19] conselheiro e presidente da Sociedade Avícola Porto-Alegrense,[20][21] homenageado com o batismo com seu nome de um dos prêmios da IV Exposição de Avicultura e Indústrias Conexas de 1933,[22] e acionista e conselheiro fiscal da Sociedade Colonizadora Catarinense.[2][23]
Foi conselheiro e presidente do Tiro de Guerra nº 4 em 1922, 1923, 1928 e 1929,[24][25][26][27] homenageado pela companhia em 1923 e 1928.[28][29] Ativo no esporte, foi delegado da Liga Santanense de Futebol,[30] conselheiro, vice-presidente e presidente da Federação Rio-Grandense de Desportos,[31][32][33] redator da revista Ilustração Esportiva de Porto Alegre,[34] e dava palestras sobre cultura física e medicina social.[35] Em 1921 a Liga Santanense homenageou-o organizando um campeonato batizado com seu nome.[36] Compôs, em 1924, o primeiro hino do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, exaltando valores como o heroísmo, a raça, honra, virilidade e a força. Analisando a letra, Francisco dos Santos Rodrigues disse que "não se trata apenas de uma referência ao passado e a história do clube. Em primeiro lugar, a torcida manifesta um compromisso com os valores exaltados na letra. [...] Os torcedores atestam para si, ao cantar o primeiro hino do clube, uma legitimidade que a memória os confere, ao mesmo tempo em que a recriam".[37] Era um admirador do escotismo e recebeu homenagem no Festival dos Escoteiros de 1924.[38]
Foi casado com Eulália Pinheiro, tendo com ela o filho Luís César Leal.[39] Faleceu em Porto Alegre em 25 de março de 1950.[19] Escrevendo um obituário no Diário do Nordeste, Olmiro de Azevedo disse:
Eduardo Guimarães incentivou seu talento poético e, segundo relato de Mansueto Bernardi, "acolheu com simpatia suas primeiras produções".[41] Cronista e poeta, deixou muitos trabalhos avulsos em diversas revistas e jornais. Publicou os livros Rosas de Arapeí (1915), Momentos (c. 1920), Reondilhas e Pensamentos (1920), Alma Simples (1921), Sementes (1924), Água da Sanga (1929).[1][42] Foi colaborador da revista Máscara,[7][43] da Illustração Pelotense[44] e da Revista do Município de Porto Alegre.[45] Assuero Garritano e Marcelo Tupinambá colocaram em música, respectivamente, seus poemas Minha Terra e Mudança, apresentados na década de 1920 em vários recitais, em Porto Alegre no Theatro São Pedro e no Clube do Comércio,[46][47] e no Rio no Teatro Municipal e no Instituto Nacional de Música.[48][49][50][51]
Sua obra mais conhecida é a coletânea de crônicas Alma Simples, publicada em 1921, que devido à boa receptividade teve uma segunda edição, aumentada, em 1924, publicada pela Editora Globo, quando o jornal A Federação a qualificou de "livro suavíssimo", de "alto valor literário", "fadado ao mesmo sucesso que coroou a edição inicial".[52][53] A obra recebeu várias outras críticas positivas. Zeferino Brasil, sob o pseudônimo de "Phoebus de Montalvão", disse que o autor era "poeta harmonioso que eu já conhecia de há muito e prosador sutilíssimo que vim conhecer melhormente agora. Alma Simples é um livro leve no feitio e na essência, todo ele tecido numa prosa artística, mas sem artifícios, singela e clara como um raio de sol, onde sempre se encontra uma ideia. É certo que Alma Simples não é de agora; apareceu em primeira edição uns anos atrás e recebeu desta vez a consagração da crítica". E depois de tecer muitos louvores, concluiu dizendo: "Alma Simples é um livro admirável e adorável, que todos devem ler, e Isolino Leal, um poeta e prosador que honra e realça a nossa prosa e a poesia, onde a perfeição e o ritmo se acasalam numa harmonia suavíssima, que faz bem, deliciosamente bem, aos corações que amam e os espíritos contemplativos".[54] César de Castro elogiou o livro dizendo que ele trazia "recursos magníficos à orientação em torno do epítome da existência do homem venturoso. [...] Isolino Leal escreve, não direi apenas com muito talento, mas sobretudo com muito coração".[55] João Pinto da Silva disse que era "o jornal do seu espírito", e embora seu conjunto fosse fragmentário, isso se devia à multiplicidade de aspectos da emoção e da sensibilidade que o autor trabalhava, e a simplicidade alegada no título era apenas aparente, sendo no fundo "um escritor de complexa e rica psicologia, dotado de capacidade para agudas introversões, e a cujo estilo a discreta influência dos clássicos lusitanos empresta, por vezes, inesperadas sutilezas, em linhas e tons de austera sobriedade".[56] "O maior interesse, o prestígio do volume aliás, reside justamente nessa ausência de uma simplicidade que seria, ali talvez, sinônimo de monotonia. Nada menos difícil que demonstrar que é aguda e requintada a sensibilidade deste escritor".[57]
Sementes (1924) também foi bem recebido, sendo elogiado na coluna "Livros" de A Federação em seu lançamento pela "atmosfera pura, clara e translúcida", "um formoso breviário sentimental", sendo o autor tomado "pela paixão pela natureza da terra natal e por todas as humildes coisas que o cercam", dotado "da acentuada inclinação de um místico ao modo de São Francisco de Assis", qualidades que garantiam para ele um "lugar nitidamente marcado na moderna literatura rio-grandense".[58] Lindolfo Collor disse que Alcides Maya era um grande apreciador do trabalho, e escrevendo para O País do Rio de Janeiro, Collor afirmou que era "um livro delicioso de frescura de imagens e de modéstia de expressão, e das suas rimas se evola um suave perfume de misticismo cristão e de paganismo sem pecados. [...] Isolino Leal é, no Rio Grande e no Brasil, um poeta à parte. Talvez não seja heresia dizer que ele é no meio gaúcho o que Correia de Oliveira é em Portugal: um cantor emotivo de elocução acentuadamente pessoal, sempre enamorado de sua terra e da sua gente. [...] Sem artifícios e sem rebuscamentos, Sementes é um livro de poeta. Vibra dentro dele uma psicologia, há alguém dentro do livro. Que mais será preciso para compreender que estamos, realmente, em presença de um poeta?"[59]
Em 1920 Pinto da Silva o colocou entre os destaques da nova geração de escritores em seu livro Fisionomia de Novos,[60] assim como fez Roque Callage em artigo publicado no mesmo ano.[61] Sua produção também foi notada no Rio de Janeiro. Em 1926 o crítico Pedro Vergara, escrevendo na Gazeta de Noticias, disse que "esse homem é comparável ao chimarrão: começa amargando, mas acaba agradando, de modo a não se poder passar sem ele". Falando sobre Sementes, disse que seus versos "são fluidos, límpidos, aéreos, parecendo fugir-nos dentre os dedos como um pólen esvoaçante ou como as penas de um pássaro que quiséssemos agarrar no voo. Muito da nostalgia e da melancolia gaúchas e um pouco de Correia de Oliveira. Uma ponta de misticismo e uma ponta de sensualismo". Sobre a prosa de Alma Simples, disse que "Isolino faz o registro de suas emoções, o jornal íntimo da sua sensibilidade. [...] Fundem-se humildade e altivez nas suas reflexões sobre homens e livros, cantigas e fábulas, pássaros e crianças".[62] Em 1927 o Jornal do Brasil o apresentou como um dos nomes mais ilustres das letras rio-grandenses.[63] O escritor cearense Jáder de Carvalho dedicou-lhe o conto "Um supersticioso".[64]
Recentemente a historiadora gaúcha Marisângela Martins disse que em sua época foi considerado um dos ícones literários da capital.[65] Seu nome batiza uma rua em Porto Alegre.[66]
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