Tinamiformes

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Tinamiformes

A ordem Tinamiformes é representada por uma única família, a Tinamidae. São aves de aparência galinácea, endêmicas do neotrópico, ocorrendo do México à Patagônia, e ocupando inclusive os Andes até 4 800 metros de altitude. Representam um dos mais antigos grupos de aves do continente americano, com registros fósseis procedendo do Mioceno da Argentina.[1]

Factos rápidos Ocorrência: Mioceno - Recente, Classificação científica ...
Tinamiformes
Ocorrência: Mioceno - Recente
Thumb
Eudromias elegans
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Infraclasse: Neornithes
Superordem: Paleognathae
Ordem: Tinamiformes
Huxley, 1872
Família: Tinamidae
G. R. Gray, 1840
Distribuição geográfica
Thumb
Gêneros
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Alimentam-se predominantemente de sementes. Diferentemente da maioria das aves, a incubação e o trato dos filhotes são tarefas exclusivas dos machos. Outra constante é a dominância do sexo feminino e a monogamia. Cabe às fêmeas definir territórios, mantê-los, atrair e competir pelos machos que as fecundarão e, feita a postura, chocarão seus ovos e cuidarão de sua descendência.

Existem 47 espécies de tinamídeos, divididos em 9 gêneros, a maioria conhecidos, como inambus e lambus (principalmente as do gênero Crypturellus), ou "codornas"; entretanto, é necessário não confundir este grupo com a verdadeira codorna, explorada comercialmente (Coturnix coturnix), que é um membro da ordem dos Galliformes. Os tinamídeos possuem um parentesco muito mais próximo com os avestruzes, emas, casuares e quivis do que com os galináceos, sendo que a aparência similar à dos Galliformes surgiu através de evolução convergente. Pesquisas publicadas a partir de 2010 descobriram que os tinamídeos são realmente mais próximos da extinta moa da Nova Zelândia.

Distribuição geográfica e habitat

Os tinamídeos são restritos à região Neotropical, sendo encontrados do noroeste do México ao sul da Argentina. Ocupam praticamente todos os ambientes terrestres existentes na América do Sul, habitando desde os desertos andinos, a mais de 5 300 metros de altitude, até a mata atlântica e ao nível do mar. Eles são mais abundantes e diversificados na região amazônica, onde se concentra a maioria das espécies dos gêneros Tinamus e Crypturellus.[2]

Alimentação

A dieta consiste principalmente de sementes, raízes, frutas, insetos e moluscos. Algumas espécies comem também pequenos vertebrados (lagartos, sapos e roedores). Eles se alimentam no solo, revirando as folhas e a matéria orgânica com o bico, mas não esgraveteiam o solo com os pés como fazem os galináceos. Os tinamídeos bebem regularmente sempre que há disponibilidade de água. Bebem sugando, não levantam a cabeça para engolir a água.[2]

História evolutiva

Os tinamídeos representam a linhagem mais antiga de aves do continente sul-americano.[2] Os registros mais antigos datam do Terciário e são restritos à Argentina: uma espécie descrita por Geoffroy (1832), Eudromia indet. sp., datada do Mioceno Superior da província de La Pampa, e duas, Eudromia olsoni e Nothura parvula, do Plioceno Superior da província de Buenos Aires. Os registros do Quaternário incluem diversas espécies ainda existentes, e têm sido encontrados espalhados por diversos sítios do Pleistoceno Inferior na América do Sul.[3]

Espécies fósseis

  • Eudromia indet. sp. É. Geoffroy, 1832 (Mioceno Superior da província de La Pampa, Argentina)
  • Eudromia olsoni Tambussi e Tonni, 1985 (Plioceno Superior da província de Buenos Aires, Argentina)
  • Eudromia intermedia (e) (Rovereto, 1914) (Plioceno da Argentina)
  • Nothura parvula (e) (Rovereto, 1914) (Plioceno Superior da província de Buenos Aires, Argentina)
  • Nothura paludosa Mercerat, 1897 (Pleistoceno da Argentina)
  • Crypturellus cf. C. transfasciatus (Campbell, 1979) (Pleistoceno do noroeste do Peru)
  • Querandiornis romani Rusconi 1958 (Pleistoceno Inferior/Médio da Argentina)

Classificação

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Perspectiva

A ordem Tinamiformes é o grupo-irmão das ratitas (Struthioniformes sensu lato), e estes dois grupos formam o Paleognathae, baseado na característica do palato.

Tradicionalmente os tinamídeos são subdivididos em duas subfamílias: Tinaminae, espécies florestais e que têm a abertura das narinas na metade rostral do bico; e Rhynchotinae, espécies campestres e que possuem a abertura das narinas na base do bico.

Tinamidae
Rhynchotinae

Tinamotis

Eudromia

Taoniscus

Nothura

Nothoprocta

Rhynchotus

Tinaminae

Crypturellus

Tinamus

Nothocercus

Mais informação Variação da composição da família Tinamidae entre autores, Autor(es) (Ano) ...
Variação da composição da família Tinamidae entre autores
Autor(es) (Ano)N° de gênerosNº de espécies
Del Hoyo (1992) [4]947 [a]
Sibley e Monroe (1990; 1993) [5][6]947 [a]
Howard e Moore (2003) [7]947 [a]
Clements (2005) [8]947 [a]
SACC (2008 v.08/08) [9]945 [b]
Birdlife International (2008, v. 1) [10]947 [c]
IOC (2008, v. 1.6) [11]947 [c]

a. ^ Inclui boucardi, cinnamomeus e kalinowski; mas não inclui maculicollis.
b. ^ Inclui maculicollis; mas não inclui boucardi, cinnamomeus e kalinowski.
c. ^ Inclui boucardi, cinnamomeus e maculicollis; mas não inclui kalinowski.

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Notas

  • Nota (a): Stotz et al. (1996) propôs saltuarius, idoneus e columbianus como espécies distintas de erythropus. Entretanto a proposta foi rejeitada pela SACC 2006.
  • Nota (b): Tratados como espécies distintas do C. erythropus por diversos autores, entre os quais del Hoyo et al. (1992); Sibley e Monroe (1990;1993); NACC (1998, supl. 49º de 2008); Dickinson (2003); Clements (2005); Birdlife (2008, v.1); e IOC (2008, v.1.6). Rejeitado pela SACC por causa do material publicado ser insuficiente.
  • Nota (c): Recentemente elevado a espécie (Maijer 1996). Aprovado pela SACC em 2005.
  • Nota (d): Considerado sinônimo de N. ornata (Krabbe e Schulenberg 2005). Aprovado pela SACC em 2007.
  • Nota (e): Inicialmente as espécies parvula e intermedius foram descritas no gênero Tinamisornis por Rovereto (1914). Posteriormente, Brodkorb (1961), moveu o intermedius para o gênero Roveretornis.[12]

Ver também

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Referências

  1. «Tinamidae» (em inglês). ITIS (www.itis.gov)
  2. SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
  3. BERTELLI, S.; CHIAPE, L. M. (2005). Earliest Tinamous (AVES: PALAEOGNATHAE) from the Miocene of Argentina and their Phylogenetic Position. Contributions in Science 502: 1-20.
  4. del HOYO, J.; ELLIOT, A.; SARGATAL, J. (eds.). Handbook of the Birds of the World volume 1: Ostrichs to Ducks. Lynx Edicions, 1992.
  5. SIBLEY, C. G.; MONROE, B. L. Jr. Distribution and Taxonomy of Birds of the World. New Haven: Yale University Press, 1990.
  6. SIBLEY, C. G.; MONROE, J. E. Jr. A Supplement to Distribution and Taxonomy of Birds of the World. New Haven: Yale University Press, 1993.
  7. DICKINSON, E. C. (ed.). The Howard and Moore Complete Checklist of the Birds of the World. eª ed. Princeton: Princeton University Press, 2003.
  8. CLEMENTS, J. F. The Clements Checklist of Birds of the World. Cornell: Cornell University Press, 2005.
  9. REMSEN, J. V.; CADENA, C. D.; JARAMILLO, A.; NORES, M.; PACHECO, J. F.; ROBBINS, M. B.; SCHULENBERG, T. S.; STILES, F. G.; STOTZ, D. F.; ZIMMER, K. J. Version [8 de agosto de 2008]. A classification of the bird species of South America. American Ornithologists' Union. Acessado em <http://www.museum.lsu.edu/~Remsen/SACCBaseline.html Arquivado em 2 de março de 2009, no Wayback Machine.>.
  10. BirdLife International (2008). The BirdLife checklist of the birds of the world, with conservation status and taxonomic sources. Version 1. Acessado em <http://www.birdlife.org/datazone/species/>.
  11. GILL, F.; WRIGHT, M.; DONSKER, D. (2008). IOC World Bird Names (version 1.6). Acessado em <http://www.worldbirdnames.org/> [09 de agosto de 2008].
  12. BRODKORB, P. (1961). Notes on fossils tinamous. The Auk 78: 256-257.

Ligações externas

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