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Infeções sexualmente transmissíveis (português europeu) ou infecções sexualmente transmissíveis (português brasileiro) (IST) são infeções transmitidas por via sexual, principalmente por sexo vaginal, sexo anal ou sexo oral.[1][5] Muitas das IST não manifestam sintomas nas fases iniciais,[1] o que aumenta o risco de transmissão para outras pessoas.[6][7] Entre os sinais e sintomas mais comuns deste tipo de doenças estão corrimento vaginal, corrimento peniano, úlceras genitais ou dor na região da bacia.[1] As IST podem ser transmitidas de mãe para filho durante a gravidez ou parto.[1][8] Algumas IST podem causar infertilidade.[1]

Factos rápidos Classificação e recursos externos ...
Infeções sexualmente transmissíveis (IST)
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Infeção sexualmente transmissível
Cartaz norte-americano de propaganda durante a Primeira Guerra Mundial, comparando doenças venéreas a grilhões. "Você será livre ou acorrentado" acima, "doenças venéreas" e "hábitos escravagistas" nos grilhões.
Sinónimos doenças sexualmente transmissíveis (DST), doenças venéreas
Especialidade infectologia
Sintomas nenhum, corrimento vaginal, corrimento peniano, úlceras genitais, dor na região pélvica[1]
Complicações infertilidade[1]
Causas infecções transmitidas por contacto sexual[1]
Prevenção preservativo, vacinas, abstinência sexual[2]
Frequência 1,1 mil milhões (outras IST que não VIH/SIDA, 2015)[3]
Mortes 108 000 (outras IST que não VIH/SIDA, 2015)[4]
Classificação e recursos externos
CID-10 A64
CID-9 099.9
CID-11 1904876434
DiseasesDB 27130
MeSH D012749
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Existem mais de 30 diferentes tipos de bactérias, vírus e parasitas que podem ser transmitidos por via sexual.[1] Entre as IST causadas por bactérias estão a infeção por clamídia, gonorreia ou sífilis.[1][9] Entre as IST virais estão o herpes genital, VIH/SIDA e verrugas genitais.[1] Entre as IST causadas por parasitas está a tricomoníase.[1][10] Embora sejam geralmente transmitidas durante uma relação sexual, algumas IST podem também ser transmitidas por via não sexual, como contacto com os tecidos ou sangue da pessoa infetada, através da amamentação ou durante o parto.[1] Embora nos países desenvolvidos estejam amplamente disponíveis exames de diagnóstico, isto nem sempre é o caso nos países em vias de desenvolvimento.[1]

A forma mais eficaz de prevenir doenças sexualmente transmissíveis é a abstinência sexual.[2][11][12] As práticas de sexo seguro diminuem o risco de transmissão. Entre estas práticas está a utilização de preservativos, ter um pequeno número de parceiros sexuais ou manter relações sexuais sempre com o mesmo parceiro numa relação mutuamente monogâmica de longo prazo.[1][2][11][12] Algumas vacinas podem também diminuir o risco de determinadas infeções, como o caso da vacina contra hepatite B ou alguns tipos de vacina contra o VPH[2] A circuncisão masculina pode ser eficaz na prevenção de algumas infeções.[1] A maior parte das IST são tratáveis ou curáveis.[1] Entre as infeções mais comuns, a sífilis, a gonorreia, a clamídia ou a tricomoníase são curáveis, enquanto o herpes, hepatite B, VIH/SIDA e vírus do papiloma humano (VPH) são tratáveis, mas não curáveis.[1] Alguns organismos, como a bactéria que causa a gonorreia, estão a desenvolver resistência antibiótica.[13]

Em 2015, cerca de 1,1 mil milhões de pessoas em todo o mundo estavam infetadas por alguma IST que não VIH/SIDA.[3] Destas, cerca de 500 milhões de pessoas estavam infetadas com sífilis, gonorreia, clamídia ou tricomoníase.[1] Para além destas, cerca de 530 milhões de pessoas estavam infetadas com herpes genital e 290 milhões de mulheres com VPH.[1] No mesmo ano de 2015, as IST que não VIH/SIDA foram a causa de 108 000 mortes.[4] A documentação mais antiga das IST encontra-se no Papiro Ebers, datado de cerca de 1550 a.C, sendo também descritas no Antigo Testamento.[14] Estas infeções estão associadas a vergonha e estigma social.[1] Existe geralmente preferência pelo termo "infeção sexualmente transmissível" em detrimento de "doença sexualmente transmissível" (DST) ou "doença venérea", uma vez que são nomenclaturas em desuso por não englobar também as pessoas portadoras de infeção sem manifestação de sintomas.[15]

Causas

Vários tipos de agentes infecciosos (vírus, fungos, bactérias e parasitas) estão envolvidos na contaminação por IST, gerando diferentes sintomas como feridas, corrimentos, dor ao urinar, bolhas ou verrugas.[16]

Bactérias
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Micrografia mostrando o efeito citopático do vírus do Herpes. Exame de Papanicolau.
Fungos
Vírus
Artrópodes
Protozoários

Prevenção

Preservativo

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Um preservativo

O preservativo, mais conhecido como camisinha é um dos métodos mais seguros contra as IST.[32] Sua matéria prima é o látex.[33] Antes de chegar nas lojas, é submetido a vários testes de qualidade.[34] Apesar de ser o método mais eficiente contra a transmissão do VIH (vírus causador da epidemia da SIDA), o uso de preservativo não é aceito pela Igreja Católica Romana, pelas Igrejas Ortodoxas e pelos praticantes do Hinduísmo. O principal argumento utilizado pelas religiões para sua recusa é que um comportamento sexual avesso à promiscuidade e à infidelidade conjugal bastaria para a protecção e pelo fato de que o preservativo não é totalmente eficiente contra IST.[35]

Vacina

Alguns tipos de VPH,[27] a Hepatite A e B podem ser prevenidas através da vacina.[24]

Abstinência sexual

A abstinência sexual consiste em evitar relações sexuais de qualquer espécie.[36] Possui forte ligação com a religião.[37]

Tratamento

Algumas IST são de fácil tratamento e de rápida resolução quando tratadas corretamente, contudo outras são de tratamento difícil ou permanecem latentes, apesar da falsa sensação de melhora. As mulheres representam um grupo que deve receber especial atenção, uma vez que em diferentes casos de IST os sintomas levam tempo para tornarem-se perceptíveis ou confundem-se com as reações orgânicas comuns de seu organismo. Isso exige da mulher, em especial aquelas com vida sexual ativa, independente da idade, consultas periódicas ao serviço de saúde.[16]

Certas IST, quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves como infertilidade,[38] infecções neonatais, malformações congénitas, aborto, cancro e a morte.[39] Num caso, a primeira recomendação é procurar um médico, que fará diagnóstico para que seja preparado um tratamento.[40] Também há o controle de cura, ou seja, uma reavaliação clínica. A automedicação é altamente perigosa, pois pode até fazer com que a doença seja camuflada.[41]

Epidemiologia

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Incidência de IST (exceto SIDA) por idade a cada 100 mil habitantes em 2004.[42]
  sem dados
  < 60
  60–120
  120–180
  180–240
  240–300
  300–360
  360–420
  420–480
  480–540
  540–600
  600–1000
  > 1000

As taxas de incidência de doenças sexualmente transmissíveis continuam em altos níveis em todo o mundo, apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento. Em muitas culturas, especialmente para as mulheres houve a eliminação de restrições sexuais através das mudanças ética e moral além do uso de contraceptivos, e tanto médicos e pacientes acabam tendo dificuldade em lidar de forma aberta e francamente com essas questões. Além disso, o desenvolvimento e a disseminação de bactérias resistentes aos antibióticos fazem que certas doenças sejam cada vez mais difíceis de serem curadas.[43]

Em 1996, a OMS estimou que mais de um milhão de pessoas estavam sendo infectadas diariamente, e cerca de 60% dessas infecções em jovens menores de 25 anos de idade, e cerca desses jovens 30% são menores de 20 anos. Entre as idades de 14 a 19 anos, as doenças ocorrem mais em mulheres em uma proporção quase dobrada. Estima-se que cerca de 340 milhões de novos casos de sífilis, gonorreia, clamídia, tricomoníase ocorreram em todo o planeta em 1999.[44]

A SIDA (e o VIH) é a maior causa da mortalidade na África Subsaariana, sendo que em cinco mortes uma é por causa da doença. Por causa da situação, o governo do Quênia pediu que a população deixasse de fazer sexo por dois anos.[45] No Brasil, desde o primeiro caso até junho de 2011 foram registrados mais de seiscentos mil casos da doença. Entre 2000 e 2010, a incidência caiu na Região Sudeste, enquanto nas outras regiões aumentou. A mortalidade também diminuiu.[26] As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre são as que possuem o maior número dos portadores da doença. Em contrapartida, o país é um dos que mais se destacam no combate, além de ser o líder em distribuição na rede pública do Coquetel anti-VIH.[46]

Sociedade e cultura

Alguns grupos, principalmente os religiosos, afirmam que a castidade, a abstinência sexual e a fidelidade conjugal poderiam bastar para evitar a disseminação de tais doenças.[47][48]

História

Algumas civilizações indo-europeias havia o culto à deusas da fertilidade com rituais de sexo grupal, que podiam espalhar diversas doenças entre seus participantes. O nome doenças venéreas faz referência à Vênus, a deusa romana e etrusca do amor (Afrodite para os gregos).[49]

A gonorreia foi citada na Bíblia,[necessário esclarecer] mas a causa da doença só foi conhecida no século XIX. Além disso, no Egito antigo tumbas apresentaram alguns registros sobre a sífilis.[50]

Em 1494 houve um surto de sífilis na Europa. A doença se espalhou rapidamente pelo continente, matando mais de cinco milhões de pessoas.[51] Cada localidade por onde passava recebia um nome diferente. Contudo, em 1536 foi publicado um poema médico, em que um dos personagens da história havia contraído a doença. O nome do personagem era Sifilo.[52]

Antes de serem inventados os medicamentos, as doenças eram consideradas incuráveis, e o tratamento se limitava a diminuir os sintomas.[53] Todavia, no século XX surgiu os antibióticos, que se mostraram bastante eficientes.[50] Em 1980 o herpes genital e a SIDA surgiram na sociedade como doenças incuráveis. Essa, por sua vez se tornou uma pandemia.[53]

Ver também

Referências

  1. «How You Can Prevent Sexually Transmitted Diseases». cdc.gov. Centers for Disease Control and Prevention. 31 de maio de 2016. Consultado em 13 de dezembro de 2017. Cópia arquivada em 9 de dezembro de 2014
  2. «Sexually transmitted infections». womenshealth.gov (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2017
  3. Murray PR, Rosenthal KS, Pfaller MA (2013). Medical microbiology 7th ed. St. Louis, Mo.: Mosby. p. 418. ISBN 9780323086929. Cópia arquivada em 1 de dezembro de 2015
  4. Goering, Richard V. (2012). Mims' medical microbiology. 5th ed. Edinburgh: Saunders. p. 245. ISBN 9780723436010. Cópia arquivada em 3 de julho de 2015
  5. «Preventing Mother-to-Child Transmission of HIV». HIV.gov (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2017
  6. Von Glehn, Mateus De Paula; Silva, Andrea De Morais Garay; Dos Reis, Leandro Junio Barreto; Machado, Eleuza Rodrigues (8 de julho de 2015). «SÍFILIS SECUNDÁRIA E DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA». Revista de Patologia Tropical. 44 (2). ISSN 1980-8178. doi:10.5216/rpt.v44i2.36652
  7. Glehn, Mateus De Paula von; Sá, Lana Cristina Evangelista Ferreira; Silva, Hian Delfino Ferreira da; Machado, Eleuza Rodrigues (31 de março de 2017). «Prevalence of Trichomonas vaginalis in women of reproductive age at a family health clinic». Journal of Infection in Developing Countries. 11 (3): 269–276. ISSN 1972-2680. PMID 28368862
  8. «STI 101 (Sex Ed. Basics): Online - HIV Alliance» (em inglês). 7 de maio de 2020. Consultado em 29 de setembro de 2024
  9. «5 Ways to Prevent STDs». Access Community Health Network (ACCESS) (em inglês). Consultado em 29 de setembro de 2024
  10. Centers for Disease Control and Prevention, (CDC) (10 de agosto de 2012). «Update to CDC's Sexually transmitted diseases treatment guidelines, 2010: oral cephalosporins no longer a recommended treatment for gonococcal infections.». MMWR. Morbidity and Mortality Weekly Report. 61 (31): 590–4. PMID 22874837
  11. Organization, World Health (2003). Guidelines for the management of sexually transmitted infections (PDF). Geneva: World Health Organization. p. vi. ISBN 9241546263. Cópia arquivada (PDF) em 8 de dezembro de 2014
  12. Copacabana. «Doenças sexualmente transmissíveis - DST». Consultado em 7 de janeiro de 2011
  13. Saúde na Internet. «Cacro mole ou cancroide». Consultado em 3 de janeiro de 2012
  14. Copacabanarunners. «Clamídia - Sintomas, complicações, tratamento». Consultado em 3 de janeiro de 2012
  15. CefetSP. «Granuloma Iguianal». Consultado em 3 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 1 de outubro de 2011
  16. «Gonorreia». Consultado em 3 de janeiro de 2012
  17. ABC da Saúde. «Sífilis». Consultado em 3 de janeiro de 2012
  18. DST. «Infecção por Gardnerella». Consultado em 3 de janeiro de 2011
  19. Portal São Francisco. «Candíase, Vaginal, Sintomas, Tratamento, O que é Candidíase». Consultado em 3 de janeiro de 2012
  20. Vaccini. «Vacina combinada contra Hepatite A e B». Consultado em 3 de janeiro de 2012
  21. Terra. «Herpes simples e suas manifestações». Consultado em 3 de janeiro de 2012
  22. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. «Aids no Brasil». Consultado em 3 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 11 de outubro de 2013
  23. «Condiloma Acuminado - Infecção por HPV». dst.com.br. Consultado em 3 de janeiro de 2012
  24. DST. «Molusco Contagioso». Consultado em 3 de janeiro de 2012
  25. «Cópia arquivada». Consultado em 3 de março de 2016. Arquivado do original em 6 de março de 2016
  26. Arquivo Multilígua. «Piolho de Cranguejo». Consultado em 3 de janeiro de 2012[ligação inativa]
  27. InfoEscola. «Tricomoníase». Consultado em 3 de janeiro de 2012
  28. Mariana Araguaia. «Como Usar a Camisinha Masculina». Brasil Escola. Consultado em 2 de janeiro de 2012
  29. Adolescência. «Vivendo a Adolescência». Consultado em 2 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 31 de agosto de 2011
  30. Mundo estranho. «Como é feita a camisinha?». Consultado em 3 de janeiro de 2012
  31. Reconhecido cientista assegura: papa tinha razão sobre a AIDS. [S.l.: s.n.] Consultado em 3 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 14 de setembro de 2011
  32. Almas. «Razões para viver a abstinência sexual no namoro». Portal da família. Consultado em 3 de janeiro de 2012
  33. ArmárioX. «Homossexualidade: As Religiões e o Homossexualismo». Consultado em 3 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 6 de janeiro de 2012
  34. Jornal da Mídia (19 de dezembro de 2007). «Especialista adverte para DST e o risco da infertilidade». Consultado em 2 de janeiro de 2012
  35. «Salves». Consultado em 2 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 16 de dezembro de 2011
  36. Copacabana runners. «DSTs Testes». Consultado em 3 de janeiro de 2012
  37. DST. «DST - Considerações Gerais». Consultado em 3 de janeiro de 2012
  38. World Health Organization (2004). «WHO Disease and injury country estimates» (em inglês). Consultado em 3 de janeiro de 2011
  39. Mary-Ann Shafer, Anna-Barbara Moscicki (2006). «Sexually Transmitted Infections, 2006» (em inglês). 8 páginas. Consultado em 3 de janeiro de 2012
  40. «STD Statistics Worldwide». Avert.org. Consultado em 3 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 10 de junho de 2010
  41. Eduardo de Freitas. «A Aids na África». Brasil Escola. Consultado em 3 de janeiro de 2012
  42. Tiago Casagrande. «A real da AIDS hoje». Consultado em 5 de janeiro de 2012
  43. G1. «Ensinar castidade não previne gravidez e DST». Consultado em 2 de janeiro de 2011
  44. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (30 de setembro de 2004). «Papa pede 'castidade' contra aids». Consultado em 2 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 26 de fevereiro de 2014
  45. Instituto Beneficente Viva a Vida (6 de junho de 2005). «Histórico das doenças sexualmente transmissíveis». Consultado em 2 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 16 de setembro de 2011
  46. UOL (12 de janeiro de 2001). «Doenças sexualmente transmissíveis: Milênio Novo, Antiga Preocupação». Consultado em 2 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 23 de julho de 2011
  47. Oriel, J.D. (1994). The Scars of Venus: A History of Venereology (em inglês). Londres: Springer-Verlag. ISBN 354019844X
  48. Potyguar. «Doenças». Consultado em 3 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 25 de outubro de 2012

Ligações externas

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