Nota: "Ideia do Bem" redireciona para este artigo. Para outros usos, veja Bem (desambiguação).

Platão descreve "A Forma do Bem", ou mais literalmente "Ideia do Bem" (τοῦ ἀγαθοῦ ἰδέαν toú agathoú idéa) no seu diálogo, A República, falando através do personagem de Sócrates. A Forma do Bem é descrita como sendo análoga ao Sol, que seria uma manifestação física de maneira similar ao filho (ἔκγονος ekgonos) da Forma do Bem (508c-509a), no que, como o sol torna os objetos visíveis e gera vida sobre a Terra, o Bem faz todas as outras coisas inteligíveis e, em certo sentido, dá vida a todas as outras formas, embora o Bem propriamente dito exceda a vida.[1] Platão introduz várias formas em suas obras, mas identifica a Ideia do Bem como o superlativo. Essa forma é a que permite ao filósofo em treinamento avançar para um rei-filósofo. Não pode ser claramente vista ou explicada, mas uma vez reconhecida, é a forma que permite a realização de todas as outras formas.

Em A República (7:517c) é descrita como o conhecimento máximo (megiston mathema), e que:[2]

"...quando vista, deve nos levar à conclusão de que esta é de fato a causa de todas as coisas, de tudo que tem de correto (orthós) e belo (kálos), dando à luz no mundo visível para a luz, e mestra da luz, a si mesma no mundo inteligível fonte autêntica da verdade (aletheia) e razão (nous), e qualquer um que agir sabiamente em particular ou público deve tomar vista disso"

Ela é relacionada também à Ideia do Belo, ambas sendo objeto do Amor na scala amoris descrita por Platão em O Banquete. Nele, Diotima de Mantineia afirma: “aquilo que os homens amam é simplesmente e somente o bem”[3]

No Timeu, Platão considera Deus como determinando a expansão da Forma do Bem no universo: "Agora, tudo isso está entre as Causas auxiliares que Deus emprega como seus ministros para aperfeiçoar, na medida do possível, a Forma do Bem Máximo",[4] e o Demiurgo, visando ao Bem, atua espelhando-o na criação.[5]

"Sendo, portanto, a natureza necessária de todas essas coisas, o Demiurgo, do mais belo e bom, assumiu-as naquele tempo entre as coisas geradas quando Ele estava engendrando o Deus autossuficiente e mais perfeito; e suas propriedades inerentes ele usou como causas subservientes, mas Ele mesmo projetou o Bem em tudo o que estava sendo gerado."[6]

Aristóteles relata um discurso público tardio realizado por Platão aos atenienses, o qual é narrado por Aristóxenes, "Sobre o Bem", em que, sob pressão de esclarecer os estudos internos de sua Academia, ele tentou explicar a Ideia do Bem através demonstrações matemáticas e concluiu afirmando "O Um é o Bem". O público leigo não entendeu e essa palestra foi satirizada em pelo menos 3 obras teatrais diferentes da época.[7] Esse episódio serve de evidência para a fundamentação das doutrinas não escritas de Platão, pela Escola de Tübingen e Milão. Anteriormente, Euclides de Mégara, um outro discípulo de Sócrates, havia elaborado uma doutrina de síntese em que o Bem supremo é o Uno em sua escola megárica.[8]

A filósofa Iris Murdoch faz uma descrição da alegoria da caverna em A Soberania do Bem (1971) e defende a metáfora do Sol como adequada para a Ideia do Bem.[9]

Ver também

Referências

  1. "Você estará disposto a dizer, imagino, que o sol não apenas provê as coisas visíveis de poderem ser vistas, mas também de poderem existir, crescer e se alimentar, embora isso não lhes dê vida" - Como isso poderia acontecer? - Portanto, você deve também dizer que não apenas os objetos do conhecimento devem seu reconhecimento ao Bem, mas devem o seu próprio existir; embora o Bem não seja um ser, porém seja mais do que isso ". Republic 509b, tradução para o inglês de G.M.A. Grube.
  2. Platão. O Banquete, 206a
  3. «Timeu, 46c». www.perseus.tufts.edu. Consultado em 8 de junho de 2020
  4. Perilli, Lorenzo; Taormina, Daniela P. (12 de dezembro de 2017). Ancient Philosophy: Textual Paths and Historical Explorations (em inglês). [S.l.]: Taylor & Francis
  5. «Timeu, 68e». www.perseus.tufts.edu. Consultado em 8 de junho de 2020
  6. Laércio, Diógenes (1925), "Sócrates, com predecessores e seguidores: Euclides", Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres, 1:2, trad.Hicks, Robert Drew (ed. 2 vol.), Loeb Classical Library, § 106–113
  7. Murdoch, Iris. A Soberania do Bem. Editora Unesp.

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