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Hangar de dirigíveis Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O chamado Hangar do Zeppelin localiza-se nas dependências da Base Aérea de Santa Cruz, unidade da Força Aérea Brasileira, no bairro de Santa Cruz na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de um hangar, edificação de grandes dimensões destinada a abrigar os dirigíveis alemães conhecidos como zeppelin. Atualmente é um dos últimos hangares de dirigíveis existentes e um dos mais bem conservados do mundo. É tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e poderá ser reconhecido por lei (PL 422/2009 da Câmara de Vereadores da Cidade do Rio de Janeiro) como uma das eleitas sete maravilhas do histórico bairro de Santa Cruz, por real interesse turístico e sociocultural da cidade do Rio de Janeiro.
Hangar do Zeppelin | |
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Porta sul do Hangar | |
Informações gerais | |
Inauguração | 26 de dezembro de 1936 |
Proprietário atual | BASC |
Função atual | Militar |
Geografia | |
País | Brasil |
Cidade | Rio de Janeiro |
Coordenadas | 22° 55′ 39″ S, 43° 42′ 49″ O |
Localização em mapa dinâmico |
A primeira viagem transatlântica de um dirigível entre a Alemanha e a América do Sul foi registrada em maio de 1930, tendo o LZ 127 Graf Zeppelin decolado de Friedrichshafen no dia dezoito e chegado ao Campo do Jiquiá, na cidade do Recife, em Pernambuco, a 21 do mesmo mês. Prosseguindo a viagem, pousou no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro no dia 25, causando alvoroço na então Capital Federal.[1]
Após essa bem-sucedida viagem transatlântica inaugural, os zeppelins realizaram mais três viagens ao Brasil em 1931 e nove em 1932.[2]
Devido a esse sucesso, o seu fabricante e operador da linha aérea, a empresa alemã Luftschiffbau-Zeppelin GmbH, obteve autorização do governo brasileiro para construir um aeroporto, com instalações adequadas para a ancoragem e proteção das suas aeronaves. Desse modo, em 1933, os técnicos alemães da empresa vieram ao Brasil para escolher uma área apropriada para o pouso e abrigo das aeronaves.[3] Após meticulosos estudos climáticos, de direção e velocidade dos ventos e também das possibilidades de meios de transporte terrestres, foi escolhida uma área próxima à baía de Sepetiba, no bairro de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.[4]
No ano seguinte, o hangar, concebido por engenheiros alemães, começou a ser construído pela Construtora Nacional Condor, empresa brasileira que seguiu as instruções estritas de montagem do enorme conjunto pré-fabricado recebido da Alemanha, que mais tarde foi denominado de Aeroporto Bartolomeu de Gusmão, em homenagem ao precursor da navegação aérea no Brasil.[2] Finalmente, em 26 de dezembro de 1936, na presença do então presidente Getúlio Vargas, o hangar foi inaugurado, com a ativação de uma linha regular de transportes aéreos com os dirigíveis, que ligava as cidades de Frankfurt ao Rio de Janeiro (com escala no Recife).[3][2]
Assim que começaram a chegar os primeiros dirigíveis, eram necessários duzentos homens, apelidados de aranhas,[3][2], segurando os seus cabos e que ficavam na pista para ajudar a atracá-los.
O uso do hangar pela empresa alemã foi de pouca duração, uma vez que, em 1937, o último zeppelin decolava do aeródromo após nove viagens ligando o Brasil à Europa. Dentre essas viagens, quatro foram realizadas pelo LZ 129 Hindenburg e cinco pelo LZ 127 Graf Zeppelin.[3][2]
Com a tragédia do LZ 129 Hindenburg em 1937 e a eclosão da Segunda Guerra Mundial em 1939, o antigo Aeroporto Bartolomeu de Gusmão foi transformado na Base Aérea de Santa Cruz no ano de 1941, e o hangar passou a abrigar as diversas unidades aéreas militares que ali se instalaram ao longo dos anos.[4] Ainda no contexto da Segunda Guerra, foi utilizado como base aérea para os Blimps da aviação naval norte-americana (US Navy), que patrulhavam a costa brasileira.[5]
Atualmente é um dos últimos hangares para dirigíveis existentes no mundo. Ainda sobreviveram dentre outros, o que servia a linha alemã de passageiros para os Estados Unidos, o Hangar Number One, em Lakehurst (Naval Air Station Lakehurst), e que se transformou em monumento nacional.[6] Em Akron, estado de Ohio, existe ainda o Akron Airdock da Goodyear [7] , e na cidade de Tustin, no estado da Califórnia, há também outros dois hangares [8]. Na Inglaterra estão preservados, em Cardington, os dois hangares que se destinavam aos dirigíveis R-100 e R-101.[9] Na Alemanha, em 1940, o hangar de Frankfurt foi demolido por ordem de Hermann Göring, após o desmantelamento do LZ-127 e do LZ-130, e os hangares de Friedrichshafen, pesadamente bombardeados pelos Aliados na Segunda Guerra, não foram mais reparados. Na Itália, encontra-se em mau estado o Hangar de Dirigíveis de Augusta,[10] na Sicília, construído após 1917. Transformados em shopping center, ainda são conservados, o conjunto de cinco hangares para dirigíveis na cidade de Riga, capital da Letônia, conhecido como Riga Central Market.[11]
Na cidade do Recife, no estado de Pernambuco, no campo de Jiquiá, sobreviveu a chamada Torre do Zeppelin, antigo mastro de atracação para dirigíveis, considerado o último exemplar original deste equipamento no mundo. É um bem histórico cultural, tombado em 1983 pelo governo daquele estado.[1]
O edifício do hangar da Base Aérea de Santa Cruz, encontra-se tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 1998, recebendo a inscrição de tombamento no 550.[12] É um dos últimos exemplares e um dos mais bem conservados no mundo hoje. Foi utilizado como um dos cenários do filme For All - O Trampolim da Vitória, um filme brasileiro de 1997 dirigido por Buza Ferraz e Luiz Carlos Lacerda, que retrata a Base Aérea de Natal em 1943, também mostrado no documentário Senta a pua!, de Erik de Castro de 1999 e já foi alvo de campanhas publicitárias e programas de tevê.[2] Em 2009, foi encaminhado projeto de lei, para o seu reconhecimento pela Câmara de Vereadores da Cidade do Rio de Janeiro, como uma das eleitas sete maravilhas do histórico bairro de Santa Cruz.[13]
O hangar apresenta grandes dimensões: 274 metros de comprimento, 58 metros de altura e 58 metros de largura.[4] Orientado no sentido norte/sul, o seu portão norte, com 28 metros de largura e 26 metros de altura servia apenas para ventilação e saída da torre de atracação, sendo aberto manualmente. O portão sul, o principal, abre-se em toda a altura do hangar e possui duas folhas de 80 toneladas de peso cada uma. Estas portas eram abertas graças a potentes motores elétricos ou alternativamente, de forma manual. As instalações elétricas eram revestidas por uma blindagem para evitar o surgimento de qualquer fagulha, que poderia causar um incêndio catastrófico nos dirigíveis. No topo do hangar, a 61 metros de altura, existe uma torre de comando, de onde se pode avistar toda a área circundante, desde Sepetiba até o rio Guandu.[14]
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