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Em Física, grandeza conjugada é uma grandeza física atrelada a outra grandeza de forma que a precisão da medida de uma delas mostra-se extremamente dependente da precisão (do desvio padrão) com que se conhece a outra grandeza. Diz-se que uma delas é conjugada à outra.
Grandezas que são duais frente à transformada de Fourier, ou de forma mais geral, relacionadas pela dualidade de Pontryagin, são grandezas conjugadas[1][2].
A relação de dualidade leva naturalmente a uma relação de incerteza para as grandezas conjugadas.
Grandezas conjugadas são em Mecânica Quântica relacionadas pelo Princípio da Incerteza de Heisenberg [3].
Grandezas físicas relacionadas pelo Teorema de Noether são também grandezas conjugadas.
Independências (simetrias) físicas atreladas a uma das grandezas levam à conservação da grandeza conjugada, e vice versa [4].
É exemplo de par de grandezas conjugadas o tempo e a energia.
A determinação de um intervalo de tempo preciso pressupõe um mecanismo (o relógio) onde haja periodicidade de algum evento físico, onde haja um oscilador. Por construção a periodicidade do mecanismo oscilatório mostra-se intrinsecamente dependente da energia atribuída ao oscilador em cada ciclo. Relógios precisos têm mecanismos onde as energias fornecidas aos osciladores são muito bem controladas, de forma que cada oscilação dê-se sempre sob mesma condição de energia total, e por tal com o mesmo período. Perdas de energia nos mecanismos a cada ciclo devem ser meticulosamente repostas. Imprecisões no controle da energia total do oscilador levam à imprecisões na medida de intervalos de tempo (relógios imprecisos).
Energia e tempo são, por tal, grandezas ditas conjugadas.
Há de se ressaltar que a dependência é intrínseca. Qualquer que seja o relógio, deve-se buscar um controle preciso da energia do mecanismo oscilatório a fim de se ter um relógio preciso.
Em Mecânica formam outro par de grandezas conjugadas a posição e o momento linear (ou em termos menos rigorosos, a posição e a velocidade). Medidas precisas de posição requerem conhecimento preciso da velocidade em que o ponto em observação se move; e vice-versa.
Em termodinâmica são pares de grandezas conjugadas a pressão e o volume, bem como a entropia e a temperatura, a exemplo [5].
A Mecânica Quântica nos mostra que há um limite de precisão intrínseco à natureza - que em nada deriva-se das precisões dos instrumentos de medida - com a qual se podem definir o valor de uma grandeza e o de sua grandeza conjugada simultaneamente. Não se podem definir ambas as grandezas conjugadas simultaneamente com exatidão absoluta; quanto mais precisa mostrando-se a definição duma, mais incerta mostrando-se a medida simultânea da grandeza conjugada em proximidade aos limites naturais.
Reforça-se que há uma imprecisão mínima inerente à natureza, e não às precisões ou imprecisões dos aparelhos de medida em si.
Tal imprecisão natural mínima é expressa pelas relações de incerteza de Heisenberg. Segundo o Princípio da incerteza, para o par de grandezas conjugas tempo e energia, em termos da constante natural de Planck, h, a incerteza na medida da energia e a incerteza na medida do tempo se relacionam de tal forma que:
onde é a constante reduzida de Planck, ou seja, a constante de Planck (h) dividida por 2π.
Retomando o exemplo dos relógios, isso quer dizer em prática - já em nível atômico, onde não há atrito e onde valem as leis da Mecânica Quântica - que definir exatamente a energia de um sistema (colocá-lo em um autoestado de energia) de fato inviabiliza seu uso como relógio [6].
Importante perceber que essa imprecisão mínima natural para o produto acima geralmente é, contudo, ínfima perto daquela atrelada aos aparelhos de medida cotidianos; de forma que é sempre possível se construírem relógios[7] de pulsos mais precisos (mais sincrônicos), diminuindo-se simultaneamente a incerteza na energia dos osciladores e a incerteza dos intervalos de tempo medidos, a saber.
Atenção se deve tomar para o fato de se usar uma compreensão equivocada do Princípio da Incerteza a fim de se afirmarem eventuais violações de leis de conservação vinculadas a grandezas físicas, em vista incertezas diminutas em suas grandezas conjugadas. Caso típico ocorre no tocante à lei da conservação da energia [8].
Afirma-se que, por um tempo ínfimo mas preciso - fala-se no tempo de Planck - partículas poderiam simplesmente surgir do nada, sem fonte de energia requerida, desde que voltando à inexistência em seguida, de forma indetectável, dentro do tempo determinado. Afirma-se que, imposta a precisão no tempo, tem-se por conseguinte uma imprecisão muito grande na energia - embora o valor esperado seja zero no vácuo ideal - de forma que partículas são criadas em quantidades ilimitadas a partir do Princípio de Incerteza, gerando uma chuva de partículas virtuais, e logo depois destruídas; deixando para trás seus efeitos, em "momentâneas" violações do princípio da conservação da energia[9]. Importante notar que se afirma que essa energia criada do Princípio da Incerteza gera efeitos externos permanentes e detectáveis, especificamente aqueles derivados das presenças das partículas.
O Princípio da Incerteza faz referência às incertezas com a quais se determinam e se medem, de forma probabilística e estatísticas, simultaneamente, grandezas observáveis e relacionadas [10], mas não afirma que, no limite natural, por se escolher arbitrariamente uma com enorme ou absoluta precisão, pode-se ter a outra a bel prazer. Afirma apenas que, verificada a precisão da primeira, não se está a determinar ou medir a outra [6].
O Princípio da incerteza não estabelece a tão desejada fonte infinita ou inesgotável de energia. De fato, nem sequer é uma possível fonte de energia [11][12].
Afirmar que partículas ou energia surgem simplesmente do nada não é correto. Em particular, há mais que uma energia de ponto zero no vácuo; flutuações de energia ocorrem às custas de energias preexistentes, e interações entre radiação e matéria são descritas pelo Efeito Compton.
A qualquer instante, em qualquer interação, valem as leis de conservação. Violações destas, mesmo que por intervalos ínfimos, são abusos na compreensão dos princípios [13].
A Lei da Conservação da Energia não é violável em vista o Princípio da Incerteza [11]. Igualmente não se deve violar a Lei de Conservação do Momento Linear em vista uma incerteza ínfima em medidas da posição.
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