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A Grammatica da Língua Portuguesa com os Mandamentos da Santa Madre Igreja é uma obra didática de 1540,[1] de autoria do escritor lusitano renascentista João de Barros.
A Grammatica foi a segunda obra a normatizar a língua portuguesa, tal como falada em seu tempo – precedida apenas pela de Fernão de Oliveira, impressa em 1536 – sendo entretanto considerada a primeira obra didática ilustrada no mundo.[2]
Esta obra também inovou por suas considerações acerca do pronome – que, segundo seu autor, é “uma parte da oração que se põe em lugar do próprio nome, e por isso dissemos que era conjunta com ele por matrimônio e daqui tomou o nome” – bem como por admitir, pela primeira vez, a influência da língua árabe na pronúncia e grafia de muitas palavras. É, assim, uma das obras que estabeleceram as bases do moderno português.[2]
A Grammatica possui parte dedicada a informar aos jovens aristocratas, a quem a obra se dirigia, também fundamentos básicos da Igreja Católica, contendo em seu bojo os sacramentos, os Dez Mandamentos e as preces principais (como o Pai-nosso e Ave-Maria).[2]
No aspecto gramatical, propriamente, divide-se em quatro partes, referentes à ortografia, à prosódia, à etimologia (no contexto histórico era, em verdade, a moderna morfologia) e, finalmente, a sintaxe. As duas iniciais são sobre as letras, sílabas e acentuação; a terceira trata de classificar as palavras e analisa as flexões (nominais e verbais); a última define sintaxe como “conveniência” entre os itens que compõem a oração – nesta acrescentando dois capítulos referentes aos barbarismos e à análise detalhada da ortografia.[3]
As imagens constituem-se num recurso didático adicional introduzido por Barros, algo até então inédito nas obras dedicadas à educação. A folha de rosto era gravada em madeira, e as figuras do texto, com as letras em estilo gótico, foram feitas por xilogravura.[2]
Alguns conceitos contidos na "Grammatica", e que refletem as idéias construídas, adaptadas ou até copiadas,[4] por João de Barros, algumas delas incorporadas às conceituações posteriores e ainda vigentes[5]:
(mantida a grafia original)
Para MONTEIRO (op. cit.) existem diversas passagens em que Barros parece plagiar a obra do espanhol Antonio de Nebrija. Apesar de indicar a clara distinção dos propósitos em ambos os autores (Nebrija teria fins doutrinários ou especulativos, enquanto Barros era didático ou normativo), o autor fala em plágio de Barros da obra castelha quando este trata da quantidade de letras e a distinção em "figura" e "poder" destas. José Pedro Machado teria qualificado esta obra de somenos importância e Silveira Bueno o qualificou de plagiador da obra de Fernão de Oliveira.[3]
Outros autores, porém, são o que relevam esta obra como superior dentre as suas contemporâneas; Estanco Louro a coloca dentre as maiores do século XVI e Maria Leonor Carvalhão Buescu destaca-lhe o papel de "aristocracia mental".[3]
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