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Gaspar Barreiros (Viseu, c. 1515/1516 – Convento de São Francisco de Órgens, Viseu, 6 de Agosto de 1574) foi um clérigo e erudito português do séc. XVI, que se notabilizou sobretudo pela sua obra genealógica e geográfica. A par de Xisto Tavares e Damião de Góis, Gaspar Barreiros foi o mais antigo genealogista português, depois dos medievais conde D. Pedro de Barcelos e os autores dos Livro Velho e Livro do Deão.[1] É também considerado um dos melhores geógrafos do seu tempo.[2]
Autor do manuscrito genealógico «Verdadeira Nobreza ou Linhagens Antigas de Portugal»,[3] ainda por publicar, o Doutor Gaspar Barreiros era meio sobrinho materno do grande historiador João de Barros e no final da sua vida, em inícios de 1574, foi chamado para continuar as «Décadas» de seu tio, mas declinou, por se sentir doente.[4]
Apenas com 9 anos de idade, Gaspar Barreiros foi provido com um canonicato na Sé de Viseu.[4] Veio depois a doutorar-se em Teologia na Universidade de Salamanca, onde também estudou Retórica e Aritmética. Foi então tomado como fidalgo da Casa do cardeal infante D. Henrique, com quem viveu 25 anos. Quando o infante foi feito cardeal, Gaspar Barreiros foi por ele enviado a Roma, onde esteve entre 1543 e 1548, como seu embaixador e agente de negócios de Portugal, tendo privado com os cardeais Pedro Bembo e Jacobo Sadoleto.
Regressado a Portugal, foi em 1549 feito cónego doutoral da Sé de Évora e inquisidor desta cidade. Mas pouco depois renunciou o canonicato em seu irmão Lopo de Barros, abade de Tavares, que depois foi deão da Sé de Leiria. Voltou a Roma, donde enviou a 15 de Junho de 1549 uma carta ao Cabido de Viseu sobre a sua partida para o Santa Sé.[5] Por bula do Papa Júlio III de 7 de Março de 1552 foi confirmado como cónego prebendado da Sé de Viseu.[5]
Por influência do futuro São Francisco de Borja, duque da Gandia, entrou para a Companhia de Jesus, em Roma, em 1561. Mas lembrando-se que fizera voto de ser franciscano, alguns meses mais tarde pediu ao Papa Pio IV autorização para abandonar os Jesuítas e tomar o hábito de São Francisco, o que fez a 30 de Abril de 1562, no convento de Ara Celi, adoptando então o nome de Frei Francisco Barreiros.
Voltou depois a Portugal, sendo professor de Teologia nos conventos da ordem em Santarém, Alenquer, Viseu e Lamego. Nos inícios de 1574, por se sentir doente, recolheu ao convento de São Francisco de Órgens, em Viseu, onde nesse mesmo ano faleceu.
Gaspar Barreiros era irmão do Dr. Lopo de Barros, abade de Tavares, cónego da Sé de Évora e deão da Sé de Leiria, e do Doutor António Barreiros de Seixas.
Eram todos filhos Rui Barreiros de Seixas, cavaleiro fidalgo da Casa Real, cavaleiro da Ordem de Cristo, e nesta ordem comendador de Stº André de Pinhel, que por várias vezes presidiu à Câmara de Viseu (1503, 1511 e 1515) e foi juiz dos órfãos (13 de Fevereiro de 1538), recebedor das sisas (2 de Junho de 1518) e contador do almoxarifado desta cidade,[6] e de sua mulher e prima Maria de Barros, meia-irmã do historiador João de Barros, autor das «Décadas». Com efeito, o historiador era filho natural de Lopo de Barros, cavaleiro fidalgo da Casa Real, corregedor de Entre-Tejo-e-Guadiana (15 de Janeiro de 1499), ouvidor do rei na Covilhã (22 de Janeiro de 1496), corregedor e juiz de fora em Évora (12 de Novembro de 1499), capitão de quatro navios na tomada de Arzila, etc,[7] sendo Maria de Barros sua filha legítima, havida do seu casamento em Viseu com Leonor Dias de Figueiredo.
Rui Barreiros de Seixas era filho de Rui Barreiros, senhor da honra e quintã de Barreiros, em Viseu, e de sua segunda mulher Filipa de Seixas.
Foi autor de vasta bibliografia, principalmente de ordem geográfica, histórica e genealógica:
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