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Nobre castelhano, Conde de Nájera Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Garcia Ordonhes (em castelhano: García Ordóñez; m. 29 de maio de 1108 na batalha de Uclés), também chamado "Garcia de Granhon" (de Grañon) e apelidado "Crespo" e "Boquitorto" (Boquituerto), foi um nobre castelhano, conde de Nájera, filho do conde Ordonho Ordonhes e de Enderquina. Sendo seu pai filho do infante Ordonho Ramirez e da infanta Cristina Bermudes, [1][2] Garcia era, por conseguinte, primo em segundo grau do rei Afonso VI de Leão.
Garcia Ordonhes | |
---|---|
Conde de Nájera | |
Mandato | 1081 – 1108 |
Morte | 29 de maio de 1108 |
Batalha de Uclés | |
● Urraca Garcês ● Ava ou Eva | |
Pai | Ordonho Ordonhes |
Mãe | Enderquina |
Aparece pela primeira vez na documentação, junto com o seu pai, roborando um cartulário do Mosteiro de São Pedro de Arlanza datado de 10 de maio de 1062.[3] Mais tarde confirma um documento em 1068 no Mosteiro de San Millán de Suso como Sennor Garsea Ordoniz, e continuará depois a figurar, nos diplomas, como um membro proeminente da cúria régia do rei Sancho II de Castela.[3] Foi um dos principais magnatas na corte real do rei Afonso VI de Leão, confirmando em 3 de dezembro de 1072 o primeiro diploma do monarca, que o nomearia tutor do seu único filho, Sancho Alfónsez, quando este nasceu, entre 1092 e 1095. Em 1074 era armígero real (armiger regis) de Afonso VI.
Seria já conde em 1077 — neste ano é mencionado um Garsias comes de Nazara[4] na documentação do Mosteiro de San Juan de Burgos - e foi-o de certeza absoluta de 1081 até à sua morte. Neste período, apenas dois magnatas de Castela eram condes. Governou a tenência de Pancorbo em 1070,[5] a de Calahorra em 1085, a de Grañón[6] em 1089, e a de Madriz (Berceo, La Rioja) em 1092.
Em 1079, Afonso VI enviou-o a recolher as parias do rei zírida da Taifa de Granada, Abedalá ibne Bologuine, e Garcia ajudou este na luta contra Almutâmide, da Sevilha, o qual contava por sua vez com o apoio d'Cid Rodrigo Diaz, que também fora então enviado pelo rei Afonso VI a fim de recolher as parias deste rei. Nesta luta, em que os exércitos cristãos lutaram entre si, ganhou o Cid, o que pode ter dado origem à animosidade que se seguiu entre os dois nobres. De qualquer modo, em 1092, o Cid saqueará as terras riojanas do conde Garcia Ordonhes.[7]
No que concerne à sua acção política no território sob o seu governo, transferiu o peso político e militar de Nájera para Logronho, desenvolvendo esta antiga localidade situada junto à ponte sobre o rio Ebro (à entrada do Caminho de Santiago nas terras de La Rioja). Após a devastação causada pelas invasões e saques do Cid, o conde Garcia e a sua esposa repovoaram a cidade de Logronho. O rei Afonso concedeu o foral de vila, ou Carta, a Logronho em 1095.
O Conde Garcia participou em várias campanhas contra os Almorávidas em 1104 e 1105[7] e participou na batalha de Uclés, desastrosa para as tropas leonesas e castelhanas, na qual morreram outros seis condes e muitos cavalheiros,[8] incluindo o próprio conde Garcia ao tentar salvar a vida do infante Sancho Afónsez, o filho do rei Afonso VI.[6]
Num dado momento do combate mataram o cavalo do infante e, tal como se narra o feito nas crónicas da época:
“ | ..ao arrastar (o cavalo) consigo o filho do rei, apeou-se o conde e resguardou como pôde o jovem entre si e o seu escudo (...) valente como era, não só protegeu o jovem com o escudo como ainda repeliu os ataques que choviam de todos os lados, mas, ao ser-lhe cerceado um pé de um golpe, não pôde aguentar-se mais e caiu sobre o jovem, para morrer antes dele. | ” |
De acordo com crónicas muçulmanas e cristãs, isto aconteceu enquanto outros nobres e cavaleiros fugiam, sendo este um quadro muito diferente do que é dado pelas fontes literárias — a biografia latina Historia Roderici (1188-1190) e o hino panegírico do Campeador, Carmen Campidoctoris (ca. 1190) dão uma imagem de Garcia Ordonhes caracterizada pela sua inimizade com o Cid, pela sua cobardia em enfrentar o Campeador e pelo seu orgulho.
O que não pode ser posto em dúvida é que Garcia Ordonhes foi um vassalo diligente de Afonso VI, que conseguiu repovoar as referidas terras de La Rioja, as quais foram incorporadas em Castela, e que morreu com dignidade a proteger até ao seu último instante o herdeiro da coroa de Leão e Castela.[9]
O seu primeiro casamento foi com Urraca Garcês, filha legítima do rei Garcia Sanches III de Pamplona e de Estefânia de Foix. Este casamento é registado na documentação já em 1081, quando aparecem juntos: Comite Garsia Ordoniz cf. Uxor eius comitissa domna Urraka.[10] Deste primeiro casamento nasceram:[6]
Segundo vários historiadores e genealogistas, em particular Jaime de Salazar y Acha, o conde Garcia Ordonhes e a sua esposa, a infanta Urraca Garcês, tiveram outro filho, Fernando Garcia de Hita, senhor de Uceda, Guadalajara, e Medinaceli, e tronco da Casa de Castro.
Contraiu um segundo casamento cerca de 1105 com a condessa Ava ou Eva, a qual autores antigos consideraram filha de Pedro Froilaz de Trava. No entanto, Ava não aparece na documentação medieval como filha do conde Pedro,[12] e atualmente considera-se que provavelmente foi filha de Aimerico, visconde de Rochechouart, cuja mãe era chamada Ava, ou quiçá de Hugo II de Ampurias e de Sancha de Urgell.[13] Depois de enviuvar, Ava casou-se com o conde Pedro Gonçalves de Lara.[6]
O conde Garcia e Ava foram pais de:
Se a hipótese de Jaime Salazar Acha sobre a filiação de Fernando Garcia de Hita está correta, o conde Garcia teve um filho ilegítimo também chamado Fernando Garcia, "o Menor", que surge na documentação com o cognome de "Pellica", o qual parece significar "bastardo", de "pellicatus", ou seja, do adultério.[a]
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