Gâmbia
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A Gâmbia, oficialmente República da Gâmbia, é um pequeno país da África Ocidental que rodeia o curso inferior do Rio Gâmbia. É rodeado pelo Senegal por todos os lados exceto a oeste, onde faz fronteira com o Oceano Alântico. A sua capital é Banjul, que tem a área metropolitana mais extensa em todo o país.
República da Gâmbia Republic of The Gambia | |
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Bandeira | Brasão |
Lema: "Progress, Peace, Prosperity" ("Progresso, Paz, Prosperidade") | |
Hino nacional: "For The Gambia, Our Homeland" ("Pela Gâmbia, Nosso Lar") | |
Gentílico: gambiano(a)[1] | |
Capital | Banjul 13° 27′ N, 16° 34′ O |
Cidade mais populosa | Serekunda |
Língua oficial | Inglês |
Língua nacional | |
Governo | República presidencialista |
• Presidente | Adama Barrow |
• Vice-presidente | Badara Joof |
Independência do Reino Unido | |
• Data | 18 de fevereiro de 1965 |
Área | |
• Total | 11 295 km² (158.º) |
• Água (%) | 11,5 |
Fronteira | com o Senegal apenas, a norte, leste e sul |
População | |
• Estimativa para 2017 | 2,051,363 hab. (146.º) |
• Densidade | 140 hab./km² (52.º) |
PIB (base PPC) | Estimativa de 2017 |
• Total | US$ 3,582 bilhões(171.º) |
• Per capita | US$ 1,686 (151.º) |
IDH (2021) | 0,500 (174.º) – baixo[2] |
Gini (1998) | 50,2[3] |
Moeda | Dalasi (GMD) |
Fuso horário | (UTC+0) |
• Verão (DST) | não observado (UTC+0) |
Cód. ISO | GMB |
Cód. Internet | .gm |
Cód. telef. | +220 |
Website governamental | http://www.statehouse.gm/ |
Árabes muçulmanos fizeram comércio com locais da África Ocidental no território da Gâmbia durante os séculos IX e X d.C. Em 1455, os Portugueses foram os primeiros Europeus a entrar na Gâmbia, embora não tenham estabelecido rotas de comércio significativas lá. Em 1765, a Gâmbia tornou-se uma colónia britânica. Em 1965, a Gâmbia tornou-se independente do Reino Unido. Entre 1982 e 1989, esteve unida ao país vizinho, sob o nome de Senegâmbia. Desde que se tornou um país independente, a Gâmbia teve apenas três presidentes – Dawda Jawara, que comandou o país por três décadas, até 2004 o governante Yahya Jammeh, que ascendeu ao poder ao comandar o golpe que derrubou seu antecessor e Adama Barrow eleito por eleições diretas em 2016.[4]
A economia da Gâmbia é centrada na agricultura, pecuária, pesca e principalmente no turismo.[5]
Em Julho de 2017, a população era de 2 051 363 de habitantes.[6]
História
Gâmbia formou parte do Império do Gana assim como do Império Songai. Os primeiros testamentos escritos que se têm da região provêm de alguns textos escritos por comerciantes árabes, nos séculos IX e X, quando os comerciantes árabes criaram uma rota comercial, que comercializou escravos, ouro e marfim. No século XV, os portugueses herdaram este comércio estabelecendo uma rota de comércio do Império do Mali, o qual era pertencente à zona da época.[7]
Em 1588, António Prior do Crato vendeu os direitos de exclusividade de comércio na região do rio Gâmbia aos ingleses, direitos que foram confirmados pela rainha Elizabeth I.[8] No ano de 1618 o rei inglês Jaime I deu a concessão de comércio na região de Gâmbia e da Costa do Ouro a uma companhia inglesa. Entre 1651 e 1661 partes da atual Gâmbia estiveram sob domínio da Curlândia, na época do príncipe Jacob Kettler, vassalo da Polónia-Lituânia.[9]
Desde o final do século XVII e durante todo o XVIII a região dos rios Senegal e Gâmbia foi alvo da disputa entre ingleses e franceses. Em 1783 o Tratado de Paris deu a posse do rio Gâmbia aos ingleses, mas os franceses retiveram um enclave na região que só foi cedido ao Reino Unido em 1857. Mais de 3 milhões de escravos foram enviados desta região para as colónias na América. Em 1807, a escravatura foi abolida no Império Britânico, para tentar que os britânicos terminassem com o comércio de escravos na Gâmbia. Para isso, criaram o posto militar de Bathurst (hoje Banjul) em 1816. Nos anos seguintes, Banjul estava submetida à jurisdição do governador britânico na Serra Leoa. Em 1888, a Gâmbia converteu-se numa colónia autónoma e, um ano mais tarde, em colónia real.[10]
A Gâmbia ficou independente do Reino Unido em 1965. Em 1970, Dawda Kairaba Jawara se converteu no primeiro presidente do novo estado e foi reeleito em 1972 e 1977.[11] Depois da independência, a Gâmbia melhorou seu desenvolvimento económico graças ao aumento nos preços de sua principal matéria de exportação, o amendoim, e ao desenvolvimento do turismo internacional. Em 1982, junto com Senegal, a Gâmbia formou a Confederação de Senegâmbia. O presidente Jawara foi derrotado em 1994 por Yahya Jammeh, quem estabeleceu uma ditadura. Jammeh foi reeleito em 2001 e revogou a lei que proibia a existência de partidos opositores.[4][11]
Em 23 de novembro de 2010, a Gâmbia rompe todas as suas relações diplomáticas, económicas e políticas com o Irão.[12]
Geografia
A Gâmbia é um dos menores países da África. Trata-se de uma longa faixa de terra pantanosa que se estende ao longo de cerca de 320 km para o interior da África ocidental mas nunca atinge os 50 km de largura, ao longo das duas margens do rio Gâmbia, navegável em todo o seu curso gambiano.[13][14] O país também inclui a ilha de Saint Mary, na foz do Gâmbia, onde se ergue a capital, Banjul, e a ilha James, que foi declarada Património Mundial pela UNESCO.
O clima é tropical, semelhante aos do vizinho Senegal, do sul do Mali e do norte do Benim. De junho a novembro há uma estação quente e bastante chuvosa. De novembro a maio as temperaturas são mais baixas e a estação é seca.[15]
Cerca de 56,1% das terras do país são cultiváveis. De terra cultivável permanente há 41%; culturas permanentes 0,5%; pastagem permanente 14,6%. São dados de 2011.
A fatia equivalente de área florestal é representada por 43,9%.[16]
Os assentamentos são encontrados espalhados ao longo do rio Gâmbia; as maiores comunidades, incluindo a capital de Banjul, e a maior cidade do país, Serekunda, são encontradas na foz do rio Gambia ao longo da costa atlântica.[17]
Demografia
O país possui pouco mais de 2 milhões de habitantes (2017), o que revela uma densidade de 140 habitantes por quilómetro quadrado. O país, apesar de possuir um território muito limitado, de apenas 11 295 quilómetros quadrados, apresenta diversas etnias. Grande parte da população é composta pelos mandingas (42%), seguidos pelos fulas, com 18%, os uolofes (16%), os diúlas (10%), os seraulis (9%) e ainda outras etnias que, somadas, respondem por 5% dos gambianos. 99% da população é negra. Apenas 1% é branca, descendente principalmente de europeus, entre outros povos.
O levantamento de 2007 indica que 56% da população do país vive nas cidades. A taxa de analfabetismo preocupa muito as autoridades, por ser muito alta, 57,5%. Apenas 42,5% da população acima dos 15 anos é alfabetizada.
Eis alguns dados sobre a demografia gambiana:
- Mortalidade Infantil: 74,2/1 000 nascidos vivos (166º);
- Fecundidade: 4,23 filhos por mulher;
- Crescimento Demográfico: 2,3% ao ano;
- Expectativa de vida: 59,4 anos.
- Expectativa de vida masculina: 58,6 anos.
- Expectativa de vida feminina: 60,3 anos.
Religião
Em 2013, a Central de Inteligência Americana forneceu que 95,7% da população seguia o Islã como religião, 4,2% seguiam o cristianismo e de ateus apresentava 0,1 %.[18]
Quem promoveu a religião islâmica para a bacia da Senegâmbia, incluindo a Gâmbia, foram os comerciantes árabes berberes que regularmente atravessavam o deserto do Saara desde o ano 1000. Após a morte do profeta Maomé em 632, o Islã alcançou o norte da África. No século XI, o Futa Toro, no Senegal, foi convertido ao islamismo. No mesmo século, o movimento puritano almorávida fez uma aparição entre as tribos berberes do sul da Mauritânia e fez um forte impacto religioso lá. Foram essas pessoas convertidas que lançaram os fundamentos da religião na Gâmbia e no Senegal. [19]
Os primeiros viajantes comentaram favoravelmente a piedade, a bolsa e as características das importantes cidades comerciais. Por outro lado, eles também observaram a continuação dos costumes e cerimônias tradicionais que eram inaceitáveis para o Islã. Parece que o Islã no vale da Gâmbia antes de 1800 era pouco mais do que uma crença imperial de grande prestígio que existia lado a lado com os cultos de outros deuses. Poucos governantes poderiam escapar da necessidade de tirar o poder e a legitimidade das religiões tradicionais. Muitas pessoas adoraram nas mesquitas e sacrificaram às divindades locais. [20]
Foi principalmente por esta razão que, na última parte do século XIX, os jiadistas gambianos, como Maba Diakhou e Foday Kabba Dumbuya, castigaram governantes nominalmente muçulmanos por suas práticas religiosas relaxadas em seus estados e, assim, travaram as Guerras Soninquê-Marabuto que grassaram na Gâmbia por toda parte o século XIX colocando o Islã em uma nova base.[21]
Os cristãos por sua vez, passaram a existir em Gâmbia com práticas durante e depois da ocupação britânica nos séculos XVIII, XIX e XX, mesmo sendo minoria na representação religiosa.
Política
A vigente Constituição de Gâmbia foi aprovada, depois de um referendo, em 16 de janeiro de 1997, após um golpe de estado em 1994 que dissolveu o Parlamento e derrogou a Constituição de 1970.
A Gâmbia é uma República presidencialista. O Presidente da República é eleito por sufrágio universal para um período de cinco anos. O poder legislativo reside na Assembleia Nacional composta por quarenta e oito membros, dos que 43 são eleitos por sufrágio universal, e cinco os escolhe o Presidente da República.
O poder executivo está dividido entre o Chefe do Estado e o Presidente do Governo, nomeado pela Assembleia entre uma trinca eleita pelo Presidente da República.
O poder judiciário articula-se em volta do Tribunal Supremo que se organiza administrativamente segundo o modelo francês.
O novo presidente em Julho de 2017 lançou um projeto que poderá mudar a atual constituição do país.
Subdivisões
A divisão administrativa da Gâmbia é feita num primeiro plano por divisões. Depois, numa divisão paralela, que se mantém desde a independência do país em 1965, está dividido em Áreas de Governo Local, que por sua vez se dividem em distritos. Existem 5 divisões e uma cidade, Banjul, com esse estatuto:
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Economia
A Gâmbia é um estado agrícola economicamente subdesenvolvido, no qual 30% do PIB é fornecido pela agricultura, que emprega cerca de 75% da população ativa (cerca de 20% a mais que no início dos anos 1990). A principal cultura agrícola é tradicionalmente o amendoim, que serve como principal fonte de câmbio (40% do valor das exportações). A indústria é pouco desenvolvida e representada por pequenas e médias empresas. Existem empresas para a produção de materiais de construção, cerveja e refrigerantes, descascamento e processamento de amendoim. O artesanato é desenvolvido - curativos em couro, cerâmica e outros. O setor de serviços responde por 3,3% do PIB. O turismo está se desenvolvendo rapidamente, fornecendo um influxo de moeda forte no país.[22]
A Gâmbia não tem recursos naturais ou minerais confirmados, e tem uma agricultura pouco desenvolvida. Aproximadamente 75% de sua população depende do cultivo da terra ou da criação de animais para subsistência. As atividades industriais principais são o processamento de amendoim, peixes e peles. O comércio de reexportação era uma atividade económica importante, porém o aumento de fiscalização do governo a partir de 1999 e a instabilidade da moeda do país, o dalasi, fez com que esta atividade sofresse redução.[23]
As belezas naturais do país e a proximidade com a Europa tornaram-no um destino turístico importante.[23] Sua economia era a 194a do mundo em 2007.[24]
Feriados
Data | Nome em português | Nome local |
---|---|---|
18 de fevereiro | Dia da Independência | Independence Day |
Festa móvel | Sexta-feira Santa | Holy Friday |
1 de maio | Dia do trabalho | Worker's Day |
15 de agosto | Dia da Assunção | Assumpcion's Day |
Referências
- «Relatório de Desenvolvimento Humano 2021/2022» 🔗 (PDF). Programa de Desenvolvimento das Nações Unida. Consultado em 8 de setembro de 2022
- Publications, Europa (2003). Africa South of the Sahara 2004. [S.l.]: Psychology Press. ISBN 9781857431834
- «The World Factbook». www.cia.gov. Consultado em 14 de dezembro de 2015
- «The World Factbook :www.CIA.gov». Julho de 2017. Consultado em 23 de dezembro de 2017
- «Ibn Battuta: Travels in Asia and Africa 1325–1354». Nature (em inglês). 261 (124): 323-335. Agosto de 1929. doi:10.1038/124261b0
- «Annual Report on the Social and Economic Progress of the People of The Gambia» (PDF). Bathurst: HM Stationery Office. Colonial Reports Annual: 1–10. 1938
- Yevstratyev, O (2018). «Chronological Dating of the Duchy of Courland's Colonial Policy» (PDF). Latvijas Vēstures Institūta Žurnāls (em inglês). 3: 34–72. doi:10.22364/lviz.108.02. Consultado em 22 de fevereiro de 2019. Arquivado do original (PDF) em 23 de fevereiro de 2019
- «Gâmbia: o país que se converteu ao islamismo para escapar da falência». BBC News Brasil. Consultado em 29 de julho de 2018
- «Gambia cuts ties with Iran and orders diplomats to go». BBC News. Consultado em 14 de dezembro de 2015
- Philip Briggs e Simon Fenton: Gâmbia. 2ª edição. Bradt Travel Guides, 2018, ISBN 978-1-78477-064-8, p.25
- Manual das Leis e Regulamentos de Mineração da Gâmbia. 1ª edição. International Business Publications, Washington, DC 2008, ISBN 978-1-4330-7743-2, p. 14
- The World Factbook 2011 : Os Aspectos Geográficos de Gâmbia. Washington D.C.: CIA. 2011
- Pompeu, Mike (2011). «The World Factbook : A Revista de Inteligência Americana e a mais credível do mundo em informações políticas, geográficas e históricas». The World Factbook. Consultado em 23 de dezembro de 2017
- «The World Factbook». 2013
- «Fundamentos Históricos do Islã». 2010. Consultado em 23 de dezembro de 2017
- «Access Gambia : The History of Islam in Gambia». 2010. Consultado em 23 de dezembro de 2017
- «Acess Gambia : The History of Islam in Gambia». 2010. Consultado em 23 de dezembro de 2017
- Thegambia.name. «Гамбия - общие сведения о стране» (em russo). Consultado em 10 de fevereiro de 2020. Cópia arquivada em 13 de fevereiro de 2008
- «CIA World Factbook Gambia» (em inglês)
Bibliografia
- Gray, J. M. (1940). A History of the Gambia (em inglês) 2015 ed. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 9781107511965
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