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Francisco Vieira Servas (Freguesia de Sam Paio de Eira Vedra, batizado em 22 de janeiro de 1720 — São Domingos do Prata, 17 de julho de 1811) foi um escultor e entalhador português ativo no Brasil e um dos principais representantes da talha do Barroco mineiro.
Membro de uma família de artífices, era filho de Domingos e Teresa Vieira, tendo como irmãos Domingas, Isidoro, falecido pequeno, André, Isidoro e Ana Maria. Fez seu aprendizado em Portugal. Não se sabe ao certo quando se dirigiu para o Brasil. Seus primeiros registros datam de 1752, quando já aparece como um profissional plenamente qualificado, trabalhando na equipe liderada por Manoel Valente. Na data, ele e alguns outros entalhadores receberam pagamento pelo trabalho realizado na Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Catas Altas.[1] Depois montou sua própria oficina e deixou trabalhos em várias outras igrejas de Minas Gerais.[2]
Foi membro da Venerável Ordem Terceira do Monte do Carmo de Vila Rica, da Irmandade das Almas de Vila Nova da Rainha e da Casa Santa de Jerusalém de Mariana. Em seu testamento, lavrado em 1809, declarou-se solteiro e sem filhos, e deixou seu sobrinho José Vieira Servas como herdeiro universal.[1]
Provavelmente foi companheiro da negra Juliana Maria d'Assumpção, com quem possuía uma lavoura e escravos na freguesia de São Miguel do Rio Piracicaba. Em 1793 ambos solicitaram à Coroa portuguesa a concessão de uma sesmaria no mesmo local. Seus escravos José Angola, oficial entalhador, e Antônio Macuco, foram libertos após sua morte por instrução testamentária. Servas foi sepultado na Capela de São Domingos da Prata.[1]
Seu estilo parece ter sido inicialmente influenciado pelo do entalhador Francisco de Faria Xavier, caracterizado como Barroco joanino, mais tarde recebendo influência Rococó.[2] De sua autoria são os retábulos do arco cruzeiro da Catedral de Mariana;[3] o retábulo da esquerda e o retábulo-mor da Igreja de Nossa Senhora do Carmo de Sabará;[4] os retábulos e estatuária para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de Mariana; dois anjos grandes para o arco do cruzeiro e outros dois para a arbaleta do retábulo-mor do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos de Congonhas; dois retábulos para a Igreja de Nossa Senhora do Carmo de Ouro Preto; parte da decoração da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Catas Altas; um retábulo para a Matriz de São José da Lagoa de Nova Era; um trono e as portas das torres da Igreja de São Francisco de Assis de Mariana; um retábulo para a Matriz de São Gonçalo do Rio Abaixo; um retábulo para a capela da fazenda de São Miguel do Rio Piracicaba com seu sócio José Fernandes Lobo.[2]
Atribuídos a ele com base no estilo são o retábulo da Capela de Nossa Senhora da Boa Morte de Mariana;[5] o arco do cruzeiro e o retábulo-mor da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Congonhas;[6] anjos para os altares de São Miguel e Nossa Senhora da Conceição na Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso em Caeté; uma colaboração com Luís Pinheiro nos retábulos do cruzeiro da Igreja de São Francisco de Mariana; uma colaboração com João Antunes de Carvalho no retábulo-mor da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Itaverava, e uma colaboração com João Antunes de Carvalho no retábulo-mor do Santuário de Congonhas.[2]
Sua obra mais relevante são os retábulos e estatuária produzidos para o Rosário dos Pretos de Mariana, que segundo o pesquisador Adriano Reis Ramos primam pela classe e elegância, sendo a melhor representação do seu estilo original e uma das contribuições mais importantes para a definição daquilo que se tornou conhecido como o Barroco mineiro.[7] Segundo a pesquisadora Myriam Ribeiro de Oliveira, analisando seu estilo:
Sobrevive também estatuária portátil a ele atribuída, incluindo um Bom Senhor no Santuário de Congonhas,[9] um São Benedito e uma Santa Ifigênia na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Socorro, uma Nossa Senhora da Conceição e anjos na Igreja de São Pedro dos Clérigos de Mariana, um São José com o Menino Jesus na Matriz de Itaverava.[10]
A importância do seu legado inspirou o estabelecimento do Circuito Cultural Vieira Servas, uma parceria entre a Universidade Federal de Minas Gerais, a Fundação Rodrigo Melo Franco de Andrade e a Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Piracicaba, com o objetivo de "preservar e valorizar a identidade histórica e cultural do Médio Rio Piracicaba; investigar o legado artístico-cultural deixado por Francisco Vieira Servas e a memória e o patrimônio histórico cultural da região; fortalecer os sentimentos de identidade e cidadania junto à população e grupos diversos das comunidades a partir de um trabalho de educação patrimonial, e promover suporte de comunicação para a mobilização social da região e fortalecer os sistemas locais de cultura e suas políticas públicas de cultura e patrimônio".[11] Em 2015 os Correios do Brasil lançaram um selo, um carimbo e um cartão-postal comemorando o Ano Vieira Servas.[12] Em 2017, na solenidade de entrega do restauro da Igreja do Rosário de Marina, foi anunciada a criação de um museu dedicado ao artista.[13] Seu nome batiza uma rua em São Paulo.
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