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futebolista brasileiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Francisco Jesuíno Avanzi (Piracicaba, 30 de janeiro de 1949 — São Paulo,[1] 8 de outubro de 2008), popularmente conhecido como Chicão, foi um futebolista brasileiro. Jogou na posição de volante, destacou-se no São Paulo e no Atlético-MG e defendeu, ainda, a seleção brasileira, tendo sido convocado para a Copa do Mundo de 1978, na Argentina.
Chicão no São Paulo em 1976. | ||
Informações pessoais | ||
---|---|---|
Nome completo | Francisco Jesuíno Avanzi | |
Data de nascimento | 30 de janeiro de 1949 | |
Local de nascimento | Piracicaba, São Paulo, Brasil | |
Nacionalidade | brasileiro | |
Data da morte | 8 de outubro de 2008 (59 anos) | |
Local da morte | Piracicaba, São Paulo, Brasil | |
Altura | 1,84 m | |
Apelido | Chicão | |
Informações profissionais | ||
Posição | volante | |
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos e gol(o)s |
1968 1968 1969–1970 1971 1972–1973 1973–1979 1980–1981 1981–1982 1982 1983 1984 1984–1986 |
XV de Piracicaba União Agrícola Barbarense XV de Piracicaba São Bento Ponte Preta São Paulo Atlético Mineiro Santos →Londrina Botafogo Ribeirão Preto Corinthians Presidente Prudente Mogi Mirim |
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Seleção nacional | ||
1976-1979 | Brasil | 9 (0) |
Chicão era um volante que se destacava mais por sua disposição do que pela técnica. Era considerado um jogador raçudo e viril e, ocasionalmente, até violento,[2] mas também foi chamado de "o mais acabado exemplo de raça e amor à camisa que o [São Paulo] teve em sua história".[3] Dizia-se que, "para ele, qualquer um que ameaçasse as vitórias são-paulinas era passível de punição".[4]
Quando jovem, trabalhava numa fábrica de sua cidade natal como aprendiz de torneiro-mecânico, atividade que não o agradava.[5] Preferia jogar futebol pelo Filhos de Funcionários,[6] time amador de sua cidade natal. Em 1967, participou de uma "peneira" no São Paulo, mas, mesmo aprovado, acabou ingressando nas categorias de base do XV de Piracicaba.[7] Lá, foi campeão de torneios juvenis. Lá, foi descoberto pelo treinador Cilinho, o técnico da equipe profissional do clube piracicabano na época, que o chamou para treinar no time principal. Foi contratado, em 1968, mas não conseguiu se tornar titular. Ele ainda jogava como meia armador.
Ainda em 1968, foi emprestado para o União Agrícola Barbarense, de Santa Bárbara d'Oeste, e firmou-se como o principal jogador da equipe.[8] De lá, transferiu-se para o São Bento, de Sorocaba, e depois para a Ponte Preta, por 150 mil cruzeiros.[9] No clube campineiro, jogou novamente em um time orientado por Cilinho, que o colocou na posição de volante.[9] Assim, destacou-se novamente. Em 1973, foi vendido, junto com o goleiro Waldir Peres, para o São Paulo. Seu passe custou 450 mil cruzeiros, com o Tricolor pagando mais 250 mil cruzeiros pelo arqueiro,[9] após uma negociação que durou quase um mês e que teve o Palmeiras concorrendo com o rival para contratar Chicão. "Agora, estou no clube em que deveria estar desde o início da minha carreira", disse, ao ser contratado, lembrando do teste de que participara, seis anos antes.[7] Ele acabaria ficando no Morumbi por quase sete anos. Lá, tornar-se-ia um dos grandes ídolos da torcida tricolor.
No ano seguinte ao de sua chegada ao São Paulo, Chicão disputou a Libertadores da América, conseguindo o vice-campeonato. A derrota, na final, por 1 a 0, para o Independiente, da Argentina, chegou a ser classificada pelo próprio volante como a "maior decepção" de sua vida.[5] Mesmo assim, seu estilo de jogo de sempre buscar a vitória e mostrar muita disposição fazia dele um ídolo para os são-paulinos. Em 1976, por exemplo, antes de um jogo entre São Paulo e Palmeiras, foi advertido com um cartão amarelo antes mesmo de a partida começar. "Eu cheguei próximo do José de Assis de Aragão e disse a ele: 'Vê se apita direito essa porcaria.' O Aragão não teve dúvida e me deu o amarelo antes do começo do jogo", lembraria, anos mais tarde, o volante.
Em 1975, conquistou seu primeiro título pelo São Paulo — e também da carreira — ao vencer o Campeonato Paulista. No ano seguinte, foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira que disputaria alguns torneios amistosos. Estreou na vitória por 2 a 1 sobre o Uruguai, em jogo pela Taça do Atlântico e manteve-se como titular nas quatro partidas seguintes, até romper os ligamentos do joelho direito aos 23 minutos do segundo tempo do jogo contra a Argentina em 19 de maio.[10] A lesão não foi grave, e ele voltou a jogar menos de um mês depois, em 13 de junho, em partida do São Paulo contra o América de São José do Rio Preto.[11]
Sua maior glória, no entanto, viria em 1977, quando ajudou o time do Morumbi a vencer seu primeiro Campeonato Brasileiro, mesmo depois de se especular sua saída para o Corinthians.[6] O título foi conquistado em cima do Atlético-MG na final, e Chicão foi considerado o melhor jogador em campo.[12] Foi também acusado de quebrar, propositalmente, a perna do atleticano Ângelo, ao pisar nela depois de um carrinho dado por Neca. A partir daí, a torcida atleticana passou a xingá-lo e odiá-lo.[13]
Em 1978, por sua garra, foi convocado para a Copa do Mundo de 1978, na Argentina, em que o Brasil ficou com a terceira colocação. O treinador Cláudio Coutinho queria contar com um jogador como ele para jogos mais tensos contra adversários que usassem a catimba. Coutinho tinha assistido à partida do São Paulo contra a Ponte Preta, em 1 de fevereiro, quando Chicão foi o melhor jogador em campo, e saiu dizendo que o futebol do volante era "feito de competição pura".[14] "Eu só havia atuado meio tempo contra o Peru e meio tempo contra a Áustria. Saí jogando contra a Argentina no lugar de Cerezo, porque o Coutinho queria mais pegada", contou o ex-jogador ao site de A Gazeta Esportiva em 2003.[15]
Foi nesta partida que Chicão teve sua atuação mais famosa pela Seleção — e sua única como titular em uma Copa do Mundo. Coutinho pediu ao volante que impusesse seu jogo sem ser expulso. Ele se estranhou com o atacante argentino Mario Kempes logo no início do duelo, e, coincidência ou não, o artilheiro da equipe adversária teve fraco desempenho em toda a partida.[16] "Os argentinos queriam fazer aquela catimba de sempre e não conseguiram. Eu cheguei arrepiando e eles se encolheram", lembrou ele, também em entrevista ao site de A Gazeta Esportiva.[15] No início do segundo tempo, levou um cartão amarelo, por uma entrada em Kempes,[17] apesar de ter cometido apenas duas faltas, além de uma não marcada.[18] "A imagem que ficou foi a do implacável Chicão literalmente caminhando sobre Ardiles", escreveria a revista Placar, um ano depois.[19] Ganhou dos argentinos o apelido de "Matador".[20] "Tenho certeza de que 'dei o meu recado'", diria o volante, poucos dias depois da partida.[21] Em 2009, entretanto, o jornalista Mauro Beting reviu a partida e não ficou impressionado com a atuação do volante: "Não foi aquele monstro sanguinário pintado — e que muitas vezes foi, mesmo. Jogou muito menos que o imenso Batista, o melhor em campo, ao lado do imperial Oscar na zaga brasileira".[18]
Chicão permaneceu no São Paulo até o fim de 1979, tendo atuado em 312 jogos e marcado dezenove gols.[2] Foi para o Atlético-MG, onde teve dificuldades para ser aceito por sua nova torcida, por causa do incidente na final do Brasileiro de 1977, mas, ao chegar a Belo Horizonte, conseguiu cativar a torcida depois de ser contratado para jogar justamente ao lado de Ângelo.[22] Já com 31 anos, chegou para ser exemplo para o jovem time que estava sendo montado. "Nós [os veteranos] puxamos a fila no treino, chegamos mais cedo ao clube, tranquilizamos o pessoal em campo", explicou o jogar à Placar.[23] Em Minas Gerais, conquistou o Campeonato Mineiro de 1980.
Em 10 de setembro de 1981 o Santos anunciou a contratação de Chicão e de Palhinha junto ao Atlético, por 26,5 milhões de cruzeiros.[24] A decisão do time mineiro, que colocou os jovens De Rosis e Helinho no lugar dos dois, foi criticada pela imprensa.[25] Menos de um ano depois, Chicão foi emprestado ao Londrina, para o Campeonato Paranaense. Quando seu empréstimo venceu, ameaçou aposentar-se, caso o Santos não lhe concedesse passe livre.[26] "Primeiro, financeiramente sou uma pessoa que conseguiu a estabilidade", avaliou. "Segundo, quero fazer uma avaliação comigo mesmo, para ver se tenho condições de disputar a Taça de Ouro ou mesmo a Taça de Prata, porque sei que time para eu jogar é que não vai faltar. E terceiro é que eu ainda não sei como vou me sentir depois que encerrar a carreira".[26]
Nos anos seguintes, jogou ainda no Corinthians de Presidente Prudente e no Botafogo de Ribeirão Preto, antes de chegar ao Mogi Mirim, em abril de 1984, como o veterano que o clube buscava para liderar um elenco jovem.[27] Foi uma das peças-chave[28] no acesso do time à primeira divisão paulista, em 1985. Nessa campanha, ficou de fora de apenas 3 das 36 partidas do time, sendo uma por expulsão, uma por cartões amarelos e só uma por contusão.[28] Encerrou a carreira em 1986, aos 37 anos: com os quatro meniscos operados, não conseguiu mais continuar.[3] Além disso, sofria de um problema crônico no nervo ciático. No entanto, sua determinação e raça não deixavam que isso o atrapalhasse quando jogava. Sofria ainda de problemas estomacais que mais de uma vez fizeram com que ele vomitasse em campo — mas seguia jogando do mesmo jeito que antes.[1]
No total, vestiu a camisa do Brasil em nove partidas oficiais e duas não oficiais, com sete vitórias, três empates e uma derrota. Não marcou gols. Sua primeira partida oficial foi em 25 de fevereiro de 1976, pelas Taças do Atlântico e Oswaldo Cruz, contra o Uruguai (vitória por 2 a 1), enquanto a última foi contra o Paraguai, em 24 de outubro de 1979, pela Copa América (derrota por 2 a 1).[29]
Quando se aposentou dos gramados, tentou a profissão de técnico. Começou no XV de Piracicaba e, em seguida, foi para o Independente de Limeira. Além disso, teve uma loja de material esportivo em sua cidade por seis anos.[22] Em 2001[30] voltou a treinar um time de futebol, o Clube Atlético Montenegro, de Paranapanema, atualmente licenciado da Federação Paulista de Futebol e que chegou à série B-2 sob seu comando.[3]
Chicão morreu no dia 8 de outubro de 2008, aos 59 anos, vítima de câncer de esôfago. O presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, decretou luto oficial no São Paulo, cujo elenco entrou em campo no dia seguinte, contra o Náutico, pelo Campeonato Brasileiro, com tarjas pretas nos braços.[31] Em 9 de dezembro o São Paulo inaugurou sua terceira loja oficial, cuja temática da decoração foi dedicada a Chicão.[32]
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