Forte da Vera Cruz do Itapecuru
antiga fortificação em Rosário, Maranhão, Brasil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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O Forte da Vera Cruz do Itapecuru, também conhecido como Forte do Calvário, localizava-se na margem esquerda da foz do rio Itapecuru, antiga Calvário do Itapecuru, hoje município de Rosário, no litoral do estado brasileiro do Maranhão.
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Forte da Vera Cruz do Itapecuru | |
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Mapa de George Marcgraf mostrando a localização do Forte do Calvário | |
Construção | Filipe II de Portugal (1620) |
Conservação | Mau |
MARQUES (1970) refere uma disputa política como pano de fundo para a fundação deste forte, apoiado em BERREDO ("Anais Históricos"), que refere a chegada de Bento Maciel Parente à cidade de Belém do Pará, e "ardendo nos desejos de ocupar o governo da Capitania, intentou lograr as suas esperanças pelos meios ilícitos das alterações do sossego público; mas o Capitão-mor Pedro Teixeira, que era tão valoroso como acautelado, desenganou de sorte as suas pretensões, que se recolheu logo ao Maranhão, onde fundou um forte no rio Itapicuru". Completa a informação referindo que o forte foi erguido em 1620, para defesa contra os ataques indígenas, que embaraçavam o cultivo da cana-de-açúcar (op. cit., p. 284).
No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), este forte foi ocupado quando da conquista neerlandesa de São Luís (25 de novembro de 1641). As versões para o fato são diferentes:
A historiografia brasileira reporta que, naquele momento, os conquistadores neerlandeses fintaram os cinco proprietários de engenhos na ribeira do Itapicuru em cinco mil arrobas de açúcar, e que, com o produto destas, reedificaram e alargaram este forte, então desguarnecido e em ruínas (MARQUES, 1970:284).
A historiografia neerlandesa reporta que: "(...) Na terra firme existiam alguns [engenhos] em Itapecuru. Os moradores deste lugar, prometendo fidelidade à Companhia [das Índias Ocidentais] e passando-lhe à jurisdição, abriram o seu forte ao capitão Schadde." (BARLÉU, 1974:233)
A mesma fonte refere que esta ocupação não foi pacífica:
Quando da contra-ofensiva portuguesa de 1644 na capitania de Pernambuco, Antônio Muniz Barreiros, reforçado por tropas de Antônio Teixeira de Melo, atacou o Forte de São Luís do Maranhão (Fevereiro de 1644), mas foi rechaçado, vindo a perecer. Teixeira de Melo recuou e tomou o Forte do Calvário (1 de Outubro de 1644), que se encontrava guarnecido por um destacamento de setenta homens, artilhado com oito peças. Após a conquista, essa artilharia foi retirada para tomar parte na reconquista de São Luís (GARRIDO, 1940:38-39). Teixeira de Melo prosseguiu fazendo uma campanha de emboscadas, até que, fortalecido, marchou sobre São Luís, conquistando-a, e expulsando os neerlandeses.
Durante o governo de Francisco de Sá de Menezes, o Forte da Vera Cruz, ou Forte do Calvário, foi reedificado em 1682, à custa de João de Souza Soleima, com a intenção de levantar uma Casa-forte para defesa dos ataques indígenas, sob a invocação do Santo Cristo da Serra de Semide (Forte do Santo Cristo), da qual não restam vestígios (MARQUES, 1970:284).
O Ofício de 21 de Janeiro de 1777, do Governador Joaquim de Melo e Póvoas ao Sr. Martinho de Melo e Castro, informou que este forte estava artilhado com seis peças (MARQUES, 1970:284).
O Relatório de 21 de Março de 1797 sobre as fortalezas de São Luís, pelo Ajudante de Ordens Luís Antônio Sarmento da Maia para o Governador da Capitania, D. Fernando Antônio de Noronha (1792-1798), informou: "Este forte, que defende a ribeira do Itapicuru deve ser reedificado e guarnecido de artilharia, por ser um lugar forte e único, onde os defensores desta cidade se podem fazer fortes no caso de ser esta tomada." (MARQUES, 1970:284).
O mesmo autor cita o Roteiro da viagem que fez às fronteiras da Capitania do Maranhão e de Goiás no ano de 1815, do Capitão Francisco de Paula Ribeiro, que afirma que ainda então se divisavam "os fragmentos de um pequeno fortim, que há poucos anos acabou de se arruinar, tendo sido grande prudência o haver-se conservado, coisa que custava bem pouco, como chave dos sertões da Capitania por aquele lado, pois que no caso de futuras precisões o auxílio da referida Capitania não permitiria passar por ali contra a vontade de qualquer pequena guarnição, que ali tivesse o mais pequeno barco de pescadores." (op. cit., p. 284-285)
Foi avaliada em 20:000$000 réis perante o Juízo Municipal do termo do Rosário (16 de Abril de 1836). No contexto da Balaiada (1838-1841), o 1º Tenente de Engenheiros João Vito Vieira da Silva, encarregado pela Presidência da Província da fortificação da Vila do Rosário, uma légua acima, no curso do rio, procedeu à reconstrução do Forte da Vera Cruz em 1840. Reconstruiu o portão principal, que não tinha coxia, ergueu uma dependência para Oficial inferior, o Corpo da Guarda, Casa do Comandante e Armazém da Pólvora, calçou a praça superior, ergueu duas paredes para conter o aterro desta praça, e duas plataformas para artilharia, tendo gasto apenas 2:728$980 réis, pelo que recebeu elogio do Marquês de Caxias, então Presidente e Comandante das Armas da Província (MARQUES, 1970:285).
Estava relacionada entre os Próprios Nacionais, assim descrita nos livros da Tesouraria Geral:
De acordo com BARRETTO (1958) as suas ruínas se encontravam, à época (1958), "afogadas na mata" (op. cit., p. 16).
As ruínas do forte, de propriedade do Município de Rosário, encontram-se tombadas pelo Decreto Estadual nº 11.588 de 12 de Outubro de 1990, publicado em Diário Oficial em 24 do mesmo mês (inscrição nº 47 no Livro de Tombo Estadual, fl. 10, em 29 de Novembro de 1990). Projetava-se, à época, a sua restauração e requalificação como espaço museológico municipal, o que não ocorreu, permanecendo as ruínas em condições precárias, encobertas pela mata, acedidas por estrada carroçal.
Em 2009 foram iniciados entendimentos entre a Prefeitura Municipal de Rosário e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) visando o tombamento das ruínas como patrimônio nacional. Para esse fim, foram iniciadas visitas preliminares de avaliação por técnicos daquele instituto. A municipalidade pretende a recuperação e requalificação do sítio do forte com finalidades turísticas.
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