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Projétil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Uma flecha (do francês flèche, que por sua vez veio do frâncico flukka), frecha[1] ou seta é um projétil de madeira ou metálico, pontiagudo e disparado com um arco.[2] Suas origens são remotas. É um artefato comum à maioria das culturas humanas.
Uma flecha consiste em uma haste longa e fina, com seção circular, feita originalmente de madeira e agora também de alumínio, fibra de vidro ou de carbono. Ela é afiada na ponta ou armada com uma ponta de flecha em uma extremidade, dispondo na outra de um engaste (o conto,[3] em inglês denominado de "nock" ) para fixação na corda do arco.
Pontas de flecha são disponibilizadas em uma variedade de tipos, adequando-se ao uso que será feito da flecha, seja desportivo, caça ou militar. Próximo à extremidade posterior da flecha, são colocadas superfícies de estabilização que constituem a empenagem da flecha, a fim de ajudarem na estabilização da trajetória de voo. Geralmente em número de três, as penas são dispostas ao redor da haste formando um ângulo de 120 graus entre si. Nas flechas modernas, as penas são fabricadas em plástico e afixadas com cola especial.
Artesãos que fabricam flechas são conhecidos como "flecheiros".
No que toca ao comprimento, as flechas costumam ser tão compridas quanto a amplitude de abertura tênsil máxima do fio do arco, acrescida de mais dois ou três centímetros. Quer isto dizer que, se estivermos a falar do arco simples ou laminado médio, as setas medirão entre 35% a 45% do comprimento do arco, ao passo que, se estivermos a falar de arcos compósitos, que por sinal são mais flexíveis e por isso têm uma amplitude de abertura tênsil maior, já poderemos estar a falar de setas com até 70% do comprimento do respectivo arco.[4]
Em média, portanto, as flechas dos arcos curtos mediriam entre 30 a 40 centímetros de comprimento, ao passo que as dos arcos longos, já mediriam 70-80 centímetros.[5]
No que toca ao peso, as flechas devem estar equilibradas face ao poder de tracção do arco que as vai disparar. Assim sendo, se estivermos a falar da prática de tiro com arco, basta ao arco que o seu poder de tracção seja 900 a 1.400 vezes superior ao peso da seta.[6] Se estivermos a falar de um contexto bélico, o arco deverá ter um poder de tracção pelo menos 700 vezes superior ao peso da flecha. Por último, se estiver em causa a prática de "tiro à distância", então o arco já terá de ter um poder de tracção 4.300 vezes superior ao do peso da seta, de feição a dispará-la o mais longe possível.[4]
Contam-se, portanto, as seguintes categorias de peso, para as flechas:
No que toca à sua composição, as flechas são compostas por uma haste de madeira; uma ponta, geralmente metálica e perfurante; e uma contraponta, o chamado conto.
A haste é o corpo da flecha e é nela que encaixam as suas outras componentes. Na Europa, as hastes das flechas pré-históricas eram feitas de viburno ou noveleiro (Viburnum lantana), ulteriormente, na Idade Média, tornam-se mais populares as hastes de choupo (Populus tremula), de faia (Fagus sylvatica), freixo (Fraxinus angustifolia) e aveleira (Corylus avellana).[5] Actualmente, ainda há alguns tipos de flechas de madeira, feitas de cedro, mas em geral costumam ser feitas de fibras de carbono ou tubos ocos de alumínio, o que as torna particularmente leves e potencia as distâncias máximas que aquelas conseguem percorre, com a vantagem acrescida de que são menos propensas a entortar e nunca ganham farpas.[12] O espectro de grossuras das hastes alterna entre os 3 milímetros, nas flechas de fibra de carbono, que têm maior alcance, e os 13 milímetros nas flechas de guerra de madeira mais pesadas. Por seu turno, a flecha-média de caça medieval mediria cerca de 8 milímetros, ao passo que para as flechas de guerra ascenderia aos 9,5 milímteros.[7][4]
É a parte final da flecha, geralmente é metálica e serve finalidades perfurantes, porém, tal como sucede com os virotes, há muitas variedades de pontas diferentes, e nem todas almejam as mesmas finalidades. As flechas além de classificados em função do tamanho, também eram classificadas em função do tipo de ponta.[13]
À contraponta da flecha dá-se o nome de «conto», deste tempos medievais[3]. Esta componente da flecha era, geralmente, emplumada ou empenada, isto é, dotada de rémiges.[14] As rémiges das flechas medievais geralmente eram de pena de ganso ou cisne; os povos orientais, por seu turno, perferiam-nas de pena de águia, gavião, faisão ou garça, enquanto que os ameríndios brasileiros privilegiavam as penas de mutum, arara e harpia. As flechas eram emplumadas com 3 rémiges, presas com fio ou resinas, e dispostas de forma helicoidal, de maneira a imprimir uma trajectória giroscópica à seta, conferindo-lhe assim um maior poder cinético, uma maior estabilidade de voo e, por conseguinte, um maior poder de penetração.[8] Os japoneses distinguiam entre as flechas que descreviam trajectórias giroscópicas que giram em sentido horário, as haya e as que giram em sentido anti-horário, as otoya, essas diferenças de sentido eram dadas pelo sentido helicoidal em que eram dispostas as rémiges do conto da flecha.[15]
Conforme a flecha voa em direção ao alvo, sua haste irá entortar-se e flexionar de um lado para o outro, lembrando um peixe debatendo-se fora da água e caracterizando um fenômeno conhecido como paradoxo do arqueiro.
O equipamento, espécie de coldre ou estojo, usado para carregar as flechas usadas pelos arqueiros desde a mais remota antiguidade, é chamado de aljava.
O termo "flecha" também é usado para o símbolo gráfico utilizado universalmente para apontar ou indicar direção, sendo em sua forma mais sintética um segmento de linha com um triângulo afixado numa ponta, e em formas mais complexas a representação de uma flecha de verdade. Pode ser utilizado para indicar uma posição no mapa, um item na tela do computador (no caso de um cursor), ou em uma lista, por exemplo.
Em aviação, o termo flecha serve para dar a maior distância entre a linha média (linha formada pelos pontos médios entre o intradorso e o extradorso) e a corda de um perfil de uma asa.
Havia uma enorme variedade de pontas de flechas, muitas dos quais coincidem com os tipos de pontas usadas nos virotes, pelo que se elencam as de uso mais corrente, sendo certo que haverá outros tipos ou mesmo que houve tipos mistos de pontas:
Os nativos do Novo Mundo fabricavam suas flechas utilizando os mais diversos tipos de espécies vegetais. As pontas das flechas podiam ser de madeira, osso, ferrão de arraia, dentes de tubarão, obsidiana, ágata, jaspe, madeira petrificada e outros materiais. As pontas podiam ser envenenadas ou não[36]
Os Uru-Eu-Wau-Wau, ou Boca Negra, de Rondônia, utilizavam, para a pescaria, flechas com pontas de pupunha e algumas vezes de osso de onça.[37] Os Carijó do Estado de São Paulo faziam as pontas das flechas com nervos e chifres de veados.[38] Os Tapirapé do Mato Grosso usavam osso ou ferrão de arraia para as pontas das flechas. Já os Kaingang, ou Coroado, do Paraná e Santa Catarina empregavam pontas farpadas para o abate de veados, peixes e pequenos mamíferos; pontas lisas e maiores eram para a caça de antas e onças; pontas rombudas eram para macacos e aves.[39]
Os Shasta da Califórnia, quando não queriam danificar pequenos animais atingidos, empregavam flechas com pontas rombudas, formadas por duas pequenas peças de osso ou madeira dura fixadas transversalmente na ponta. O mesmo tipo de flecha era adotado para atingir trutas em águas rasas. A ponta era colocada logo abaixo da superfície da água e a flecha era disparada em direção da cabeça do peixe.[40]
Índios de Pernambuco utilizavam, no início do século XVII, dentes de tubarão como pontas de suas flechas.[41] Várias tribos amazônicas colocavam na ponta de suas flechas, nas suas pescarias, o raio ósseo de mandi que mantinha o peixe fisgado devido à serrilha nele presente.[42] Os Botocudo da Amazônia faziam as pontas de flecha de taquara ou de madeira dura provida de inúmeras farpas, que dificultava sua remoção quando penetrava no alvo.[43] Eles empregavam diferentes pontas de flechas, dependendo da finalidade a que se destinavam. Para o abate de pequenas aves e para não destruí-las, ao invés de flechas eram arremessadas com o arco pequenas bolas de cera ou madeira.[44] Os índios da bacia do rio Uaupés da Amazônia faziam as pontas das flechas de paxiúba, bambu, osso, dente de onça ou de peixe e de espinhos de patauá.[45] Os Maués do Amazonas tinham vários tipos de flechas: dois tipos para pesca, um tipo para caça grande, um para aves e um para guerra.[46]
Os Xiriana-Teri do norte do estado do Amazonas fabricavam seus arcos e pontas de flechas de várias palmeiras. Os arcos eram confeccionados principalmente da Oenocarpus bacaba e da Jessenia bataua utilizando como ferramenta de corte a parte inferior do maxilar da queixada. Cerca de 10 espécies de palmeiras eram usadas no fabrico de pontas de flechas. Estas muitas vezes recebiam fendas laterais para que se quebrassem dentro do corpo da caça. Na caça ao macaco a ponta da flecha era impregnada com um veneno derivado da resina de Virola theiodora, que relaxa os músculos. Penas eram fixadas nas flechas com linhas que eram fortalecidas com o emprego de resinas como a obtida da árvore anani (Symphonia globulifera L.F.).[47]
Flechas incendiárias eram utilizadas pelos índios chilenos do século XVI para queimar malocas dos inimigos e mesmo embarcações dos europeus.[48]
Os Panari do Mato Grosso e Pará faziam o tratamento com sucesso de dores fortes e febres com técnica semelhante à acupuntura. Uma miniflecha de vinte centímetros de comprimento era atirada com pequeno arco e a ponta de osso bem fino penetrava dois milímetros na pele do local afetado.[49]
Para endireitar as varetas das quais seriam feitas as flechas, os Hupa as passavam pelo orifício do perfilador de flechas e as flexionavam até não apresentarem nenhuma curvatura.[40]
Índios venezuelanos faziam intenso uso do fogo e água para confeccionar suas armas e embarcações. Com o fogo queimavam a madeira com maior ou menor intensidade, dependendo do que se queria produzir e com conchas davam o acabamento para se tornar um tacape, arco ou ponta de flecha, por exemplo. A ponta da flecha era da própria madeira afiada ou de ferrão de arraia aí preso com auxílio de resina. O curare também era de largo uso entre eles.[50] Os Tupinambá do litoral brasileiro no século XVI também empregavam como ponta de suas flechas, além de ossos e taquaras, o ferrão da arraia.[51]
Flechas dos índios do norte da Califórnia eram feitas de madeira pesada como Philadelphus lewisii, que, embora fossem mais lentas que as flechas do sul feitas de Phragmites spp., tinham alto poder de impacto. Os Modoc e os Klamath empregavam, na caça às aves aquáticas, flechas sem penas na rabeira e com um pequeno anel de tendão e breu próximo à ponta. Assim, quando atiradas, as flechas defletiam na superfície da água sem afundar, o que aumentava a chance de atingir algum animal[40] Vários outros materiais eram usados na fabricação das pontas de flecha como obsidiana, ágata, jaspe e outras pedras coloridas, além de madeira petrificada.[52]
To test a steel bodkin pointed arrow such as was used at the battle of Cressy, I borrowed a shirt of chain armor from the Museum, a beautiful specimen made in Damascus in the 15th Century. It weighed twenty-five pounds and was in perfect condition. One of the attendants in the Museum offered to put it on and allow me to shoot at him. Fortunately, I declined his proffered services and put it on a wooden box, padded with burlap to represent clothing. Indoors at a distance of 6 meters, I discharged an arrow at it with such force that sparks flew from the links of steel as from a forge. The bodkin point and shaft went through the thickest portion of the back, penetrated an inch of wood and bulged out the opposite side of the armor shirt. The attendant turned a pale green. An arrow of this type can be shot about 180 meters, and would be deadly up to the full limit of its flight.
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