Fernando VI de Espanha
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Fernando VI (Madrid, 23 de setembro de 1713 – Villaviciosa de Odón, 10 de agosto de 1759) foi Rei da Espanha de 1746 até sua morte. Era o quarto filho do rei Filipe V e de sua primeira esposa Maria Luísa de Saboia.
Fernando VI | |
---|---|
Retrato por Louis-Michel van Loo, c. 1750 | |
Rei da Espanha | |
Reinado | 9 de julho de 1746 a 10 de agosto de 1759 |
Antecessor(a) | Filipe V |
Sucessor(a) | Carlos III |
Dados pessoais | |
Nascimento | 23 de setembro de 1713 Real Alcázar de Madrid, Madrid, Espanha |
Morte | 10 de agosto de 1759 (45 anos) Villaviciosa de Odón, Espanha |
Sepultado em | Convento de Salesas Reales, Madrid, Espanha |
Nome completo | |
nome pessoal: Fernando de Borbón y Saboya | |
Esposa | Bárbara de Portugal |
Casa | Bourbon |
Pai | Filipe V de Espanha |
Mãe | Maria Luísa de Saboia |
Religião | Catolicismo |
Assinatura | ![]() |
Biografia
Resumir
Perspectiva
Primeiros anos

Nascido no Real Alcázar de Madrid, Fernando suportou uma infância solitária. Sua madrasta, a dominadora Isabel Farnésio, não tinha afeição senão por seus próprios filhos e considerava Fernando um obstáculo aos seus desígnios. A hipocondria e o desequilíbrio psíquico de Filipe V deixaram Isabel senhora das rédeas do poder.[1]
Fernando era por temperamento melancólico, tímido e descrente de suas próprias capacidades. Quando foi elogiado pelas suas proezas como caçador, respondeu: "Seria difícil se não houvesse algo que eu pudesse fazer." Tiro e música eram seus únicos prazeres, e ele era o patrono generoso do famoso cantor Farinelli, cuja voz acalmava sua melancolia.[1]
Casamento
Fernando casou-se em 1729 com a infanta Dona Bárbara, filha de Dom João V de Portugal e Maria Ana da Áustria, num casamento duplo, onde a irmã de Fernando, Mariana Vitória, casou-se com Dom José I de Portugal, irmão de Bárbara. Tal episódio histórico ficou conhecido como a "Troca das Princesas" e foi essencial para a manutenção da aliança entre Espanha e Portugal.[1][2]
Reinado


Por Louis-Michel van Loo
Museu do Prado
Fernando VI sofreu problemas mentais, os quais se agravaram depois da morte de sua mulher, Bárbara em 1758.[3] Ambos esposos estavam muito unidos afetivamente, compartindo uma paixão pela música.[4] Não tinham filhos sobreviventes (o casal teve somente um filho natimorto em 1733) nem ambições de expansão política, pelo que procurou uma política de estrita neutralidade.
Começou o seu reinado eliminando a influência da rainha viúva Isabel Farnésio e do seu grupo de cortesões italianos.[1] Só manteve no governo o Marquês de La Ensenada, como Secretário da Fazenda, Marinha e Índias. O contrapeso político ao marquês de la Ensenada, francófilo, era o Secretário de Estado José de Carvajal y Lancaster, de tendência anglófila. A competição entre ambos terminou em 1754, ao falecer Carvajal e cair Ensenada, passando Ricardo Wall a ser o novo homem forte da monarquia.[1]
Quando subiu ao trono, Espanha encontrava-se envolvida na Guerra de Sucessão da Áustria, que terminou em pouco tempo pelo Tratado de Aquisgrão, em 1748, sem nenhum benefício para Espanha, sendo esta obrigada a conceder aos ingleses autorização para participarem no comércio de escravos negros com as colónias espanholas das Caraíbas. Desde então, e durante todo o reinado, a obsessão foi manter esta neutralidade a todo o custo, a qual permitiu ao governo concentrar-se sobre a reconstrução económica e financeira do país. Desta forma, melhoraram as receitas da Fazenda Real e, ao mesmo tempo, aliviou-se a pressão fiscal, facilitando a recuperação económica, assim como a reconstrução da Marinha de Guerra.[1]
Em 30 de agosto de 1749, Fernando VI autorizou uma perseguição para prender e exterminar os ciganos do reino,[5] conhecida como a Grande Captura Cigana. Mediante uma lei, em 2 de julho de 1751, proibiu a maçonaria.[6]
O seu reinado caracterizou-se também por um florescimento cultural: criação da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando em 1752 e das Reales Sociedades Económicas de Amigos del País. Foi um mecenas das artes, em especial da música. Protegeu e incentivou o trabalho de historiografia de Enrique Flórez de Setién y Huidobro, o famoso padre Flórez, devendo-se-lhe o empenho posto na publicação da España Sagrada, a sua principal obra.[7]
Após a morte de sua amada esposa, ele viveu recluso no Palácio de Villaviciosa até falecer em 1759, exatamente um ano após a morte da esposa.[8]
Representações na cultura
- No longa-metragem Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas (2011), o rei Fernando VI foi interpretado por Sebastián Armesto.[9]
Referências
- Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.
- Noel, 2004, p. 174.
- Discurso sobre a doença de Nosso Senhor Rei Fernando VI (que Deus me salve), escrito pelo Sr. Andrés Piquer, médico de Sua Majestade, na coleção de documentos inéditos para a história da Espanha, vol. XVIII, p. 156–221.
- Badura-Skoda, Eva (2017). «3. Domenico Scarlatti». The Eighteenth-Century Fortepiano Grand and Its Patrons: From Scarlatti to Beethoven (en inglês). Indiana University Press. p. 119. ISBN 9780253022639.
- «Extinção dos Ciganos», Gómez Alfaro, op. cit., pág. 73.
- FLÓREZ, Enrique (1792). España Sagrada. Theatro geographico-histórico de la Iglesia de España. [S.l.: s.n.] OCLC 46247736
- Voltes, 1998, p. 231-233.
Bibliografia
Wikiwand - on
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.