Estação Ferroviária de Marvão-Beirã
estação ferroviária em Beirã, Marvão, Portugal Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A estação ferroviária de Marvão-Beirã, originalmente e por vezes ainda identificada apenas como de Marvão,[4] é uma interface ferroviária desactivada do Ramal de Cáceres, que servia as localidades de Beirã e Marvão, em Portugal. Foi inaugurada, como parte do Ramal de Cáceres, em 6 de Junho de 1880,[5] e encerrada em 2012.[6]
Marvão-Beirã | |||
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Identificação: | 58651 MBE (Marvão-Beirã)[1] | ||
Denominação: | Estação de Marvão-Beirã | ||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3] | ||
Classificação: | E (estação)[1] | ||
Linha(s): | Ramal de Cáceres (PK 238+880) | ||
Altitude: | 375 m (a.n.m) | ||
Coordenadas: | 39°26′58.12″N × 7°22′7.05″W (=+39.44948;−7.36863) | ||
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Município: | Marvão | ||
Serviços: | sem serviços | ||
Conexões: | |||
Inauguração: | 6 de junho de 1880 (há 144 anos) | ||
Encerramento: | 15 de agosto de 2012 (há 12 anos) | ||
Website: |
Nota: Para outras infraestruturas e equipamentos de transporte público com nomes semelhantes ou relacionados, veja Apeadeiro de Marvila, Estação Ferroviária da Beira, Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Baixa.
Descrição
Localização e acessos
A estação tem acesso pelo Largo da Alfândega e pela Rua Dom João da Câmara, na localidade de Beirã.[7] Situa-se a norte de Marvão, localidade nominal primária, distando mais de nove quilómetros por via rodoviária, mormente pela EM539.[8]
Infraestrutura
Em Janeiro de 2011, tinha duas vias de circulação, ambas com 415 m de comprimento, e duas plataformas, que apresentavam ambas 98 m de extensão, e 25 cm de altura.[9] O edifício de passageiros situa-se do lado és-sudeste da via (lado direito do sentido ascendente, para Cáceres).[10][11]
História
Inauguração
O Ramal de Cáceres começou a ser construído em 15 de Julho de 1878, pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, e entrou ao serviço em 15 de Outubro do ano seguinte, mas a abertura oficial só se realizou no dia 6 de Junho de 1880.[5] A implantação da importante estação fonteiriça em Beirã trouxe à freguesia grande afluxo de novos habitantes (decuplicando o parque habitacional entre 1877 e 1912) e a sua construção incluiu melhoramentos hidráulicos que minoraram cheias recorrentes no local.[7]
Em 1913, havia um serviço de diligências entre a estação de Marvão e as termas da Fadagosa.[12]
Expansão
Em 1924 foi elaborado um projeto de expansão desta gare, dado o estado já degradado e insuficiente do edifício original;[7] as obras tiveram início em 1926, tendo o edificado anterior sido totalmente modificado:[13] Foi aumentado o espaço disponível para a delegação aduaneira, os serviços, e os alojamentos para o pessoal, e construiu-se um anexo com um restaurante, e quatro quartos para passageiros, com lavabos individuais.[13]
Esta remodelação ficou a cargo do arquiteto ferroviário Perfeito de Magalhães, que aplicou também aqui um estilo eclético, almejando enquadrar os edifícios da estação na arquitetura local.[7] O edifício de passageiros apresenta três corpos em simetria, elevando-se o corpo central a dois pisos: Sendo o piso superior destinado à habitação do chefe e subchefe da estação, alberga o piso inferior a área para uso dos passageiros (bilheteiras, bagagens, e salas de espera), residindo nos corpos laterais serviços alfandegários e ferroviários.[7] O interior da estação está revestido com um lambril de azulejos enxaquetados em verde e branco, colocados alternadamente.[14]
As obras de 1926 incluiram ainda a criação do albergue-restaurante, igualmente do traço de Perfeito de Magalhães, que dotou este espaço de caraterísticas inovadoras na organização interna do espaço e seu enquadramento, no espírito da Arte Nova, mantendo uma identidade comum junto com o edifício principal da estação e restante edificado.[7]
Em 1938, o Conselho Nacional de Turismo propôs a concessão de um novo subsídio, para custear a compra de um novo painel de azulejo na estação de Marvão - Beirã, com uma imagem da Torre de Belém.[15] Esta decoração ficou a cargo do pintor Jorge Colaço:[16] a fachada exterior da estação foi decorada com vários painéis de azulejo, em azul e branco, colocados de forma a ser facilmente vistos pelos passageiros, servindo como uma espécie de roteiro turístico para o visitante estrangeiro que chegava a Portugal.[14] Os painéis de azulejo retratam vários aspectos locais e nacionais, como o Castelo de Marvão, o Cruzeiro e o Pórtico de Marvão, um casal com trajes regionais e o brasão de Marvão, o Templo de Diana, o Mosteiro de Alcobaça, e a Sé de Braga,[14] além da já referida Torre de Belém. No total, a estação apresenta treze painéis de azulejos.[14][7]
A estação de Marvão foi servida pelo TER Lisboa Expresso, que ligou Lisboa a Madrid entre 1967 e 1989.[17][18] O Lusitânia Comboio Hotel, que circulou desde 1995,[19] também passava por Marvão.[20]
Encerramento e recuperação
A operadora Comboios de Portugal suprimiu todos os comboios Regionais no Ramal de Cáceres no dia 1 de Fevereiro de 2011,[21][22][23] ficando esta estação apenas com os serviços do Lusitânia Comboio Hotel,[24] No entanto, em Outubro o governo anunciou a decisão de alterar o percurso destes comboios para a Linha da Beira Alta até ao final do mesmo ano, e assim proceder ao total encerramento do Ramal de Cáceres, no âmbito do Plano Estratégico de Transportes.[24] Com efeito, em Agosto de 2012 a Rede Ferroviária afirmou que o percurso do Lusitânia Comboio Hotel sido alterado, passando a transitar pela Linha da Beira Alta, pelo que o Ramal de Cáceres iria ser encerrado no dia 15 desse mês.[6][25][7] Efetivamente todo o ramal foi removido da rede em exploração pelo regulador no mesmo mês, explicitamente incluindo o interface de Marvão-Beirã.[26]
Após o encerramento, o edificado da estação foi alvo de manutenção continuada por parte da Junta de Freguesia local, presidida por um ex-ferroviário, apresentando, em finais da década de 2010, um estado de conservação muito superior ao das restantes interfaces abandonadas do Ramal de Cáceres.[7] Num projeto inciado em 2011, o albergue restaurante e alguns edifícios anexos, incluindo o armazém da estação, foram integrados num espaço de restauração e hotelaria local (TrainSpot).[7] Desde[quando?] pelo menos 2018,[27][carece de fonte melhor] parte do Ramal de Cáceres é utilizada para fins turísticos com um serviço de rail bike entre esta estação e Castelo de Vide.[28]
Ver também
Referências
- Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
- Diretório da Rede 2025. I.P.: 2023.11.29
- Carlos Manitto Torres (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 21 de Novembro de 2016
- «Ramal de Cáceres - Encerramento à exploração ferroviária». Rede Ferroviária Nacional. 3 de Agosto de 2012. Consultado em 15 de Agosto de 2012. Cópia arquivada em 29 de outubro de 2013
- Ricardo Alexandre Ferreira Guerreiro: A arquitetura das estações de caminho-de-ferro em Portugal no início do século XX : quatro estudos de caso (dissertação para a obtenção do grau de Mestre). Universidade Lusíada / Faculdade de Arquitetura e Artes: Lisboa, 2017.01.09: 80-93
- OpenStreetMaps / GraphHopper. «Cálculo de distância rodoviária (39,44905; −7,36868 → 39,39405; −7,37622)». Consultado em 18 de julho de 2023: 9120 m: desnível acumulado de +500−48 m
- «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
- (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
- «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 9 de Março de 2018
- «A estação de Marvão-Beirã» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 39 (928). 16 de Agosto de 1926. p. 249. Consultado em 21 de Novembro de 2016
- SAPORITI, 2006:285-286
- «Vida Ferroviária» (PDF). 50 (1222). 16 de Novembro de 1938. p. 511. Consultado em 21 de Novembro de 2016
- PEREIRA, 1995:304
- IGLESIAS, Javier (Março de 1985). «El TER, Veinte Años Despues». Carril (em espanhol) (11). Barcelona: Associació d'Amics del Ferrocarril-Barcelona. p. 11
- BLAZQUEZ, Jose (1992). «Exposicion de Trenes Miniatura en Badajoz». Maquetren (em espanhol). Ano 1 (4). Madrid: Resistor, S. A. p. 46
- REIS et al, 2006:150
- RODRÍGUEZ, Angel (Abril de 2001). «Oferta de trenes internacionales con Francia, Italia, Portugal y Suiza». Via Libre (em espanhol). Ano 38 (441). Madrid: Fundación de los Ferrocarriles Españoles. p. 14
- «Serviços regionais no ramal de Cáceres suprimidos em Fevereiro». Sol. 17 de Janeiro de 2011. Consultado em 27 de Outubro de 2011. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2011
- AMARO, José (2 de Fevereiro de 2011). «Encerramento do ramal de Cáceres: Medida com custos sociais, económicos e ambientais». Público. Consultado em 27 de Outubro de 2011
- AMARO, José Bento (1 de Fevereiro de 2011). «Lotação esgotada para o último silvo da "Calhandra" no ramal de Cáceres». Público. Consultado em 22 de Janeiro de 2013. Arquivado do original em 6 de fevereiro de 2011. Resumo divulgativo
- NORONHA, Alexandra (14 de Outubro de 2011). «Governo vai desactivar parte da linha do Oeste e do Alentejo». Negócios Online. Consultado em 29 de Outubro de 2011. Cópia arquivada em 15 de outubro de 2011
- «Lusitânia Comboio Hotel - Novo Horário - 15 de agosto». Comboios de Portugal. Consultado em 15 de Agosto de 2012. Cópia arquivada em 26 de agosto de 2012
- whois:railbikemarvao.com: «Created: 2018-08-31 11:24:03 UTC»
Bibliografia
Ligações externas
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