Isfahan
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Isfahan[1] ou Isfahã[2][3][4] (em persa: اصفهان; romaniz.: Esfahan),[5][6] antigamente grafada Ispahan,[nota 1] aportuguesada como Ispaã e Ispaão,[7][8] é uma cidade do Irão, no centro do país, a 340 quilômetros ao sul de Teerã.
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Monumentos de Ispaão | ||
Localização | ||
Localização de Ispaão no Irão | ||
Coordenadas | 32° 38′ N, 51° 39′ L | |
País | Irão | |
Província | Ispaão (província) | |
Características geográficas | ||
Área total | 106,179 km² | |
População total (2006) | 1 583 609 hab. | |
Altitude | 1 590 m | |
Sítio | Municipalidade de Ispaão |
Terceira maior cidade do país, e capital da província homônima, conta com uma população de 1 583 609 habitantes (dados de 2006),[9] e sua região metropolitana tem 3 430 035, de acordo com o censo de 2006. Cidade antiquíssima, foi conhecida na Antiguidade por Aspadana, tendo sido à época uma das maiores cidades do mundo.
A Praça de Naqsh-e Jahan, um enorme espaço público rodeado de edifícios levantados no início do século XVII, foi inscrita em 1979 na lista do Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.[10]
Pouco é conhecido sobre a história antiga de Ispaão. Na Antiguidade era conhecida como Aspadana, mas parece não ter sido um assentamento de grande importância.[11] Foi parte dos impérios elamita e parta,[12] e na época sassânida era chamada Jai, (Gabas em grego), um nome que persistiu até após a conquista islâmica em moedas cunhadas na cidade.[11] Jai possuía quatro portas, uma das quais era chamada "Porta dos Judeus". De fato, a parte principal da cidade, onde vivia a comunidade judia, era chamada Jaudia (Yahudyya) ou Jaudié (Yahoudieh; "cidade dos judeus").[11][12]
Em 640 ou 644, dependendo da fonte historiográfica consultada, Ispaão foi conquistada pelos árabes do Califado Omíada junto com o resto da Pérsia, passando a ser parte da província de Jibal.[11] A partir de 747, com a revolta dos abássidas, a cidade passou a ser governada por esta dinastia quase continuamente até o século X, quando passou ao domínio da dinastia buída, de origem iraniana xiita.[11][13] O célebre filósofo persa Avicena foi um protegido do governador Alá Daulá, vivendo e ensinando em Ispaão desde 1024 até sua morte em 1037.[14] Durante o turbulento período buída Ispaão passou por grandes melhorias, com a construção de mesquitas, palácios, jardins, banhos públicos, bazares e uma muralha.[11][13]
Em 1051, Ispaão foi definitivamente conquistada por Tugril Bei (c.990-1063), da dinastia seljúcida.[11][15] Um cronista descreve que em 1052 a cidade era a mais populosa e pujante das terras persas, com uma grande mesquita e muitos bazares.[11] Togrul Begue transformou Ispaão em capital e viveu ali os últimos doze anos do seu reinado, dotando-a de grandes riquezas e melhorias.[11] No reinado do seljúcida Maleque Xá I (r. 1072–1092) e seu vizir Nizã Almulque (c. 1018-1092), Ispaão continuou a prosperar e tornou-se um importante centro religioso sunita.[11] Muitos edifícios foram levantados ou expandidos, como a Grande Mesquita da cidade.[11] Com a morte de Maleque, em 1092, este período dourado de Ispaão terminou.[11]
Ispaão foi, até 1118, capital do império seljúcida, mas a partir desta data o centro do poder foi levado à região de Coração, no leste.[11] A cidade passou por vários governantes até 1140-1, quando foi tomada e incorporada ao Império Mongol. A complexa história da cidade continuou no séculos seguintes. Em 1387, Ispaão foi tomada por Tamerlão (1336-1405).[11] Inicialmente tratada com misericórdia, a cidade revoltou-se contra os impostos punitivos de Tamerlão, matando os cobradores de impostos e alguns soldados do turco-mongol. Como represália, Tamerlão ordenou um massacre em que morreram mais de 70 000 cidadãos.[11] O período sob domínio do Império Timúrida não foi particularmente brilhante para a cidade. Viajantes venezianos calcularam a população em apenas 50 000 pessoas em 1474-5.[11]
Em 1502-3, o xá Ismail I da dinastia safávida toma Ispaão. Tanto Ismail como seu sucessor, Tamaspe I, favoreceram os moradores da cidade.[11] No início do século XVII, o Império Safávida ocupava uma área enorme, desde a Geórgia a oeste até o Afeganistão a leste e do Mar Cáspio a norte até o Golfo Pérsico no sul. Tal como na época seljúcida, o centro geográfico, comercial e administrativo deste enorme território era Ispaão, que foi feita capital pelo Xá Abas I em 1596-7.[11] Sob esse líder e alguns dos seus sucessores, Ispaão foi grandemente remodelada e enriquecida. O viajante francês Jean Chardin (1643-1713), que esteve na Pérsia nas décadas de 1660 e 1670, descreve Ispaão como "a mais grandiosa e bela das cidades do Oriente", com 162 mesquitas, 48 colégios, 1802 caravançarais e 273 banhos públicos.[11] Baseando-se nos detalhes da descrição de Chardin, a cidade teria entre 600 000 e 700 000 habitantes nessa época, senão mais.[11]
A gestão do Império sob o xá Abas I (1587-1629) era muito centralizada, com todas as sedes administrativas concentrando-se em Ispaão.[11] A cidade foi remodelada e em seu centro foi criada a Praça de Naqsh-e Jahan, chamada "a Imagem do Mundo" pela sua beleza e dimensões, onde se localizam o portal do Bazar de Ceissarié (1602-19), a Mesquita Real (1612-30), a Mesquita de Lofolá (1602-18) e o Pavilhão de Ali Capu, um pequeno palácio da época timúrida (século XV) ampliado pelo xá.[10] Todos estes edifícios, assim como os palácios da nobreza localizados na avenida Chahar Bagh, foram ricamente decorados com painéis caligráficos, azulejos com motivos florais e, no interior, pinturas.[10][16] A cidade atraiu artistas e comerciantes que vinham de todo o Império, e a população incluía cristãos e judeus. Muitos armênios instalaram-se no bairro de Julfa, onde controlavam o comércio da seda.[16][17] Abas I também converteu a cidade num grande centro religioso xiita, trazendo religiosos de várias partes do Império.[11] A tolerância desta época, porém, diminuiu com os sucessores de Abas, que passaram a perseguir outras religiões, inclusive muçulmanos sunitas e sufistas na época do xá Sultão Huceine.[11]
O reinado do xá Sultão Huceine (1694-1722) foi um período de decadência para Ispaão, com redução do padrão de vida da cidade e do Império.[11] No século XVIII os afegãos liderados por Mamude Hotaqui rebelaram-se, invadiram a Pérsia e derrotaram os safávidas na Batalha de Gulnabade (8 de março de 1722), pondo cerco à cidade logo depois.[11][17] O assédio durou seis meses, durante o qual dezenas de milhares de cidadãos de Ispaão morreram nas batalhas, de fome e de doenças.[11] Após um período curto de dominação afegã, Nader Xá assumiu o trono em 1736, fundando a dinastia dos Afexáridas, mas a capital foi transferida a Mexede, na região de Coração.[11] Em meados do século XVIII a cidade foi disputada continuamente pelos afegãos e pelos membros dos Zande e Cajar. Sob o governo de Carim Cã, a partir de 1758-9, a paz voltou à cidade, mas a capital do Império foi transferida a Xiraz. Com a subida ao trono da dinastia Cajar a capital passou a ser Teerã. Nos finais do século XVIII a população da cidade era estimada por viajantes europeus em apenas 60 000.[11]
Sob os Cajar, Ispaão chegou a ser a principal cidade comercial da Pérsia, mas na segunda metade do século XIX perdeu essa posição para Tabriz.[11] A população da cidade aumentou durante o século XIX,[11] apesar de que o período Cajar também é visto como um período negro pelos impostos excessivos e falta de desenvolvimento da cidade.[18] Durante a dinastia Pahlavi os principais monumentos de Ispaão foram restaurados, ainda que o urbanismo antigo da cidade tenha sido muito alterado.[18] Nas primeiras décadas do século XX a cidade industrializou-se, adquirindo fábricas de têxteis como tapetes e tecidos de seda.[11]
Hoje Isfahan, a terceira maior cidade do país, produz tapetes finos, têxteis, aço e artesanato. Isfahan também tem reatores nucleares experimentais, bem como instalações para a produção de combustível nuclear (UCF). Isfahan tem uma das maiores produtoras de aço em toda a região, bem como instalações para a produção de ligas especiais.
O urânio em Isfahan é convertido em hexafluoreto de urânio (UF6). Em sua forma gasosa, é girada em alta velocidade nas centrífugas para extrair o isótopo físsil. Isfahan é a única fonte interna do Irã de UF6. Segundo a AIEA, em 2006, o Irã estava construindo bunkers endurecidos em Isfahan para proteger a produção de UF6.
As cidades de Najafabad, Khaneh Esfahan, Khomeini-Shahr, Shahin-Shahr, Zarrinshahr, Mobarakeh, Fouladshahr e Falavarjan constituem as cidades da região metropolitana de Isfahan. A cidade possui um aeroporto internacional e está em fase final de construção de sua primeira linha de metrô.
Mais de 2 000 empresas estão trabalhando na área, que tem com potencial econômico, cultural e social. Isfahan contém uma refinaria de petróleo e uma base aérea de grandes dimensões.
Isfahan sediou a Olimpíada Internacional de Física em 2007.
A cidade está localizada a 1 580 msnm de altitude, na planície verdejante do rio Zayandeh, a oeste e sul da cordilheira de Zagros.[19] Ao norte e leste a cidade é circundada por desertos. Porém, a proximidade com o rio Zayandeh e os solos férteis da planície foram um importante fator no crescimento da cidade e província, que tem uma agricultura desenvolvida.[19]
O clima é temperado, com longos e frios invernos e verões curtos e relativamente frios.[19] A pluviosidade média é de entre 60 e 100 mm.[19]
Ispaão é uma das cidades artisticamente mais ricas do Irã. A época mais brilhante correspondeu ao período safávida (1598-1722), quando a cidade foi um grande centro artístico e viu florescer a arquitetura, a pintura e as artes decorativas.[20] Consequentemente, Ispaão é também uma das cidades iranianas mais atrativas do ponto de vista turístico.[21][22] As atrações incluem a Praça de Naqsh-e Jahan com seus palácios e mesquitas, a avenida Chahar Bagh, as várias pontes antigas sobre o rio Zayandeh, o quarteirão arménio com a Catedral Vank e o Grande Bazaar de Ispaão.[21][22]
A cidade de Isfahan inclui o sítio "Meidan Emam", Património Mundial da UNESCO. |
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