A Diocese do Algarve é uma diocese católica desta região do sul de Portugal, com uma história que remonta ao século IV. É dependente da Arquidiocese de Évora.
Diocese do Algarve Pharaonensis | |
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Localização | |
País | Portugal |
Arquidiocese metropolitana | Arquidiocese de Évora |
Estatísticas | |
População | 400 000 |
Área | 5 071 km² |
Informação | |
Denominação | Católica Romana |
Rito | Romano |
Criação | Século IV (em Ossónoba; restaurada em Silves em 1189, transferida para Faro em 30 de Março de 1577) |
Catedral | Sé Catedral de Faro |
Padroeiro(a) | São Vicente |
Governo da diocese | |
Bispo | D. Manuel Neto Quintas |
Bispo emérito | D. Manuel Madureira Dias |
Jurisdição | Diocese |
Página oficial | www.diocese-algarve.pt |
dados em catholic-hierarchy.org |
História
É antiquíssima a história da Diocese do Algarve. O cristianismo teria entrado no território que actualmente corresponde a Portugal pelo Sul, vindo do Norte de África (morada de grandes Padres da Igreja, como Cipriano de Cartago ou Agostinho de Hipona), onde florescia com especial pujança.
A primeira sede da diocese algarvia foi na cidade romana de Ossónoba, que se presume não ser muito longe da actual Faro. Em 304, o bispo Vicente, primeiro prelado de que há registo histórico, assistiu ao Concílio de Elvira, primeira reunião magna do clero peninsular. O bispado manteve-se aí ao longo da dominação visigótica e mesmo muçulmana, continuando a existir um bispo moçárabe na região, tendo no entanto o termo Ossónoba cedido gradualmente lugar a Šanta Maria al-Harun, isto é, Santa Maria de Faro.
Em 1189, com a conquista de Silves por Sancho I de Portugal, foi recriada a diocese de Ossónoba, na dependência da arquidiocese de Braga, seguindo o rito romano dos cristãos do Norte, naquela cidade (e não em Faro, que permanecia em mãos muçulmanas) sendo no entanto destruída logo em 1191, ante o avanço das forças do Califado Almóada. A restauração definitiva da diocese deu-se por instigação de Afonso X de Leão e Castela, em 1253,[1] na sequência da pretensa doação do Reino do Algarve pelo emir de Niebla ao monarca castelhano; contudo, ao nomear um novo prelado para a diocese, Afonso X envia-o ao seu futuro genro Afonso III de Portugal, a fim de o prover no cargo (reconhecendo assim tacitamente a soberania portuguesa sobre o Algarve).
Não obstante, a diocese agora recriada ficava na dependência da Catedral de Sevilha, sendo que só mais tarde se tornou de novo sufragânea de Braga. Em 1394, com a elevação de Lisboa a metrópole eclesiástica, passou Silves a depender da arquidiocese da capital, e não da bracarense.
Os bispos do Algarve iriam permanecer em Silves até ao século XVI. A sua localização no interior da região e o progressivo assoreamento do rio Arade contribuíram para o declínio da cidade, pelo que o prelado algarvio pediu ao Rei e ao Papa a mudança da Sé-Catedral mais para o litoral. Através da bula «Sacrossancta Romana Ecclesia» (20 de Outubro de 1539), Paulo III autorizou a transferência, e nesse sentido João III de Portugal procedeu à elevação de Faro, vila litorânea que então conhecia grande incremento económico e demográfico, ao estatuto de cidade, condição imprescindível para a transferência do bispado.
Porém, o regresso da Sé do Algarve à primitiva Igreja de Santa Maria de Ossónoba/Faro (Sé Catedral de Faro) só se efectuou em 30 de Março de 1577,[1] quando era prelado o insigne humanista e teológo Jerónimo Osório. Entretanto, em 1540, com a elevação de Évora à condição de arcebispado, passou a diocese do Algarve a depender desta.
A residência do Bispo de Faro é o Paço Episcopal de Faro, situado no Largo da Sé.
Lista de Bispos de Ossónoba
Lista de Bispos do Algarve em Silves
Bispos encarregados da diocese:[1]
- D. Nicolau (1189-1191)
- D. Frei Roberto (1253-1261)
- D. Garcia (I) (1261-1268)
- D. Frei Bartolomeu (1268-1292)
- D. Frei Domingos Soares (1292-1297)
- D. João (I) Soares Alão (1297-1310/c. 1310)
- D. Afonso (I) Anes (1312-1320)
- D. Pedro (I) (1322-1333)
- D. Frei Álvaro (I) Pais (1333-1352)
- D. Vasco (1354-1367)
- D. João (II) (1367-1370)
- D. Martinho (I) de Zamora (1371-1379), depois arcebispo de Braga e bispo de Lisboa
- D. Pedro (II) (1383)
- D. Paio Gonçalves de Meira (1384)
- D. João (III) Afonso de Azambuja (1389-1390), também bispo do Porto, bispo de Coimbra, bispo de Lisboa e cardeal
- D. Martinho (II) Gil (1391-1401), primeira vez
- D. [[João (IV) Afonso Aranha (1404-1407)
- D. Martinho (II) Gil (1407-1409), segunda vez
- D. Fernando (I) da Guerra (1409-1414), depois bispo do Porto e arcebispo de Braga
- D. João (V) Álvaro (1414-1418)
- D. Garcia (II) de Menezes (1418-1421)
- D. Álvaro (II) de Abreu (1421-1429)
- D. Rodrigo (I) (1429-1440)
- D. Rodrigo (II) Dias ou Rodrigo Diogo (1441-?)
- D. Luís Pires (1450-1453)
- D. Álvaro (III) Afonso (1453-1467), depois bispo de Évora
- D. João (VII) de Melo (1467-1480), depois nomeado arcebispo de Braga[2]
- D. Jorge da Costa (1481-1485)
- D. João (VII) Camelo (1486-1501)
- D. Fernando (II) Coutinho (1501-1538)
- D. Manuel (I) de Sousa (1538-1545)
- D. João (VIII) de Melo (1549-1564)
- D. Jerónimo (I) Osório da Fonseca (1564-1577)
Lista de Bispos do Algarve em Faro
Bispos encarregados da diocese:[1]
- D. Jerónimo (I) Osório da Fonseca (1577-1580)
- D. Afonso (II) de Castelo Branco (1581-1585), também bispo de Coimbra-conde de Arganil e duas vezes vice-rei de Portugal
- D. Jerónimo (II) Barreto (1585-1589)
- D. Francisco (I) Cano (1589-1594)
- D. Fernando (III) Martins de Mascarenhas (1595-1616)
- D. João (IX) Coutinho (1617-1626)
- D. Francisco (II) de Menezes (1627-1634)
- D. Francisco (III) Barreto[desambiguação necessária] (1634-1649)
- Sede vacante
- D. Francisco (IV) Barreto (1671-1679)
- D. José (I) de Menezes (1679-1685)
- D. Simão da Gama (1685-1703), depois arcebispo de Évora
- D. António (I) Pereira da Silva[desambiguação necessária] (1704-1715)
- D. José (II) Pereira de Lacerda (1716-1738)
- D. Frei Inácio (I) de Santa Teresa (1741-1751)
- D. Frei Lourenço de Santa Maria e Melo (1752-1783)
- D. André Teixeira Palha (1783-1786)
- D. José (III) Maria de Melo[desambiguação necessária] (1786-1789)
- D. Francisco (V) Gomes de Avelar (1789-1816)
- D. Joaquim de Sant'Ana Carvalho (1820-1823)
- D. Frei Inocêncio António das Neves Portugal (1824)
- D. Bernardo António de Figueiredo (1825-1838)
- D. António (II) Bernardo da Fonseca Moniz (1844-1854)
- D. Carlos Cristóvão Genuês Pereira (1855-1863)
- D. Inácio (II) do Nascimento de Morais Cardoso (1864-1871), depois Patriarca de Lisboa
- D. António (III) Mendes Belo (1884-1908), depois Patriarca de Lisboa
- D. António (IV) Barbosa Leão (1908-1919)
- D. Marcelino António Maria Franco (1920-1955)
- D. Frei Francisco (VI) Fernandes Rendeiro (1955-1966), depois bispo de Coimbra-conde de Arganil
- D. Júlio Tavares Rebimbas (1966-1972)
- D. Florentino de Andrade e Silva (1972-1977)
- D. Ernesto Gonçalves da Costa (1977-1988)
- D. Manuel (II) Madureira Dias (1988-2004)
- D. Manuel (III) Neto Quintas (2004-presente)
Vigararias
Ordens e congregações religiosas
No espaço territorial da Diocese do Algarve estão implantadas as seguintes ordens religiosas e institutos de vida consagrada:
- Masculinos
- Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos)
- Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos)
- Congregação do Espírito Santo (Espiritanos)
- Ordem dos Frades Menores (Franciscanos)
- Companhia de Jesus (Jesuítas)
- Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas)
- Femininos
- Ordem das Carmelitas Descalças
- Congregação da Divina Providência e Sagrada Família
- Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição
- Congregação das Irmãs de Santa Doroteia
- Filhas de Maria Auxiliadora
- Franciscanas Missionárias de Maria
- Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria
- Irmãs Carmelitas Missionárias
- Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena
- Missionárias da Caridade
- Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus
Escutismo
- Escutismo nesta diocese: Região do Algarve
Ver também
Referências
- Cheney, David M. (2019). «Diocese of Faro». The Hierarchy of the Catholic Church. Consultado em 10 de julho de 2019. Cópia arquivada em 17 de junho de 2019
- Freire, Anselmo Braamcamp (1921). Brasões da Sala de Sintra, Livro Primeiro. Robarts - University of Toronto. Coimbra: Coimbra : Imprensa da Universidade. pp. 426, 433
Ligações externas
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